domingo, 21 de dezembro de 2014

Natais, Viradas de ano e essas histórias repetidas

Eu amo escrever, mas já não tenho tanto tempo assim para enfurnar-me dentro de meu próprio quarto, pegar algumas cervejas e escrever, escrever e escrever. Já não tenho meu próprio tempo e quando se está perto de mais um final de ano a gente para e repensa em todas as coisas que estão acontecendo e as que ainda irão acontecer. Oh mundo chato. Oh seres humanos que me deprimem. Oh tempo que não corre lado a lado com meu ser. O ano está acabando, mais uma porra de vez, e estou aqui num domingo, com dez dias para acabar o ano, escrevendo e embebedando-me por me dar conta de como fico triste em finais de ano. As festas de natal, os enfeites, os presentes, os embrulhos, os corais dentro dos supermercados que fazem com que eu odeie música, coisa que tanto amo. Oh ser humano chato pelo qual me tornei, mas ei de encontrar alguém que fique verdadeiramente feliz com finais de ano, Todos sabemos que está sendo um ano a menos de nossas vidas e não existe tanto motivo assim para estar triste em dar um passo para mais perto de nossa morte. O ser humano é burro e as pessoas que ficam verdadeiramente felizes com essas melancólicas festas de finais de ano não entenderam isso ainda. Não existe tantos motivos assim para ser feliz no dia do seu aniversário e cheguei a conclusão de que não existe motivos para se sentir feliz no aniversário de uma pessoa que NINGUÉM sabe em verdade se existiu. Se existiu de fato e verdade, Ele deve estar triste nesse exato momento por ter que ficar mais velho daqui uns dias. Mas que merda estou escrevendo?

Dez dias para acabar o ano e o que eu fiz? E o que nós fizemos? As pessoas que conhecemos, os lugares que andamos, os empregos que largamos, os corações que partimos. Os dias que choramos e sorrimos, abraçamos e nos afastamos. Os dias de vitórias e os de derrotas. As pessoas que não queremos nunca mais ao nosso lado e as pessoas que conhecemos há alguns meses e já parece que faz anos e anos. Eu mudei, você mudou, eles mudaram. Outros continuam a mesma merda que sempre foram e para eles eu continuo sendo a mesma merda que sempre fui, mas mudamos, para melhor ou para pior. Acredito que eu tenha me transformado numa pessoa bem melhor do que sempre fui. Um pouco mais impaciente, intolerante, chato e apaixonado, mas mudei e mudei bastante. Um pouco mais alcoólatra também e sozinho e pensante e escritor. Transformei-me num escritor de verdade esse ano e não me arrependo disso. Me apaixonei, sofri, chorei, amai, esperei, trabalhei, escrevi e como escrevi. Escrevi até os meus dedos começarem a doer, li, reli, repensei sobre meus contos. Publiquei a maioria deles, fiz uma promessa para mim mesmo de que não iria mais joga-los fora e está sendo gratificante. E foi gratificante. Salvei a mim mesmo de minhas loucuras e salvei várias outras pessoas por terem o mesmo pensamento que eu, mas que nunca teriam coragem o suficiente de cuspi-los em formas de palavras. Esse ano foi verdadeiramente bom e ruim, assim como todos os anos. Todos os anos a gente sofre e vive. Chora e sorri. Cresce e amadurece. Aprende e erra. Todos os anos é a mesma coisa. Todos os anos a gente faz promessas, algumas que nunca serão cumpridas, outras que dão certo. Final do ano passado eu fiz duas pequenas promessas para mim mesmo e não cumpri nenhuma das duas. Prometi que beberia menos e não me apaixonaria. Me apaixonei, fui fisgado pelo amor e por conta disso comecei a beber mais e mais e mais e mais. E escrever muito mais e mais e mais e repetidamente mais. É triste, melancólico, depressivo, mas me engrandeceu e confesso que só me arrependo esse ano de não ter bebido mais e ter amado muito mais do que deveria. Prometo fazer mais de ambas as coisas nesse novo ano.

O ano está acabando. Indo embora. Quem diria que há quase 15 anos atrás eu estava morrendo de medo do mundo acabar. Quem diria que eu cresceria tanto e hoje seria diferente, que eu estaria torcendo para ele acabar de fato e verdade. Veja bem que ser humano triste e desinteressante me transformei. Perdoe-me por isso. Perdoe-me por não ser tão interessante assim. Por eu escrever demais. Por eu falar demais sobre coisas tristes por ser tão, mas tão triste. Perdoe-me por eu não me importar por nenhum pedido de perdão que venha de mim, porque eu não me importo tanto assim com as pessoas e com o que elas irão achar e pensar de mim. Perdoe-me por estar tentando encontrar a minha felicidade dessa forma, por ter o sonho genioso dentro da mente de acordar e não ter que enfrentar nenhuma outra face humana, porque foram essas faces humanas que me transformaram nessa pessoa triste, chata, desinteressante e melancólica. E bêbada e pensante e tão tudo. E tão nada. Perdoe-me por gostar tanto de escrever, de livros, de poemas e poesias. Por gostar tanto dela. Por estar acreditando amar uma pessoa que possa parecer ser proibida de amar. Não. Eu não me importo. O ano está acabando. O natal está chegando. E estamos todos morrendo. E esse é o ultimo conto que escreverei publicamente para todas as pessoas que se interessam em ler e para as que não estão pouco se importando. Sim, existem poucas coisas pelas quais me arrependo nesse ano que está indo embora e uma delas é a de ser muito mais no ano todo como sou hoje, tão assim, tão sem me importar com a felicidade das pessoas se elas não se importam com a minha. Tão sem abrir mão de minhas próprias alegrias porque as pessoas querem apenas a delas. Deixa esses egoístas morrerem sozinhos, enquanto tenho abraços verdadeiros para o Natal e a virada de ano.

Nosso tempo está acabando. O tempo, pequeno tempo. Grande tempo que me leva pouco a pouco. Tempo que ocupa todo tempo do meu tempo. Tempo inteiro do meu tempo do pouco tempo que tenho por viver tempo demais nesse mundo que muito tempo têm. Oh! Tempo do meu tempo tão distante de mim. Tempo que gasto escrevendo e bebendo e tentando sorrir de verdade. Sorriso sincero que o tempo levou faz tempo. Tempo perdido. Jogado fora. Encaixado no tempo. Tempo de vida. Tempo de morte. Tempo de bons tempos e nostalgia. Tempo em que choro e dou risada de canto da boca. Tempo penoso e lento que me leva rápido demais. Tempo chato e velho, E irritante. E louco. Oh droga! Eu sou o tempo. Entendeu?
Isso deveria ser uma poesia, mas gastei esse longo tempo que tenho para escrever curtas palavras. Seria uma poesia ruim e já não tenho tempo para poesias ruins. E já não tenho muito tempo para sentir essa náusea misturada com agonia e vontade de chorar. Pouco tempo para muito sentimento. Sentimento pouco barato para muito tempo.
Confuso tempo do tempo em que me amou há tempos. Hoje me odeia, esse pequeno e velho tempo que me deixa tão pequeno e velho. Chato tempo, tempo chato. Chato. E tempo. E muito chato. Para de chorar em cima de mim, oh tempo chato e velho!

E peço ao Papai Noel, um único pedido de final de ano: ME MATE!
Mas como Papai Noel não existe, minha alma apenas permanece triste e melancólica quanto todas as árvores de natal queimadas no centro do mundo.

Amém. Por esse ano.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Sobre todas as coisas que deixam um homem triste


"Não. Não estrague a sua vida! E NUNCA chore na frente das pessoas, não seja fraco!", diziam eles. E eles sempre me diziam isso. Meus pais, meus tios, os mais velhos que sempre acreditam e sabem que estão sempre certos. Os mais vividos quase sempre estão certos do que dizem. Quase, quase sempre apenas. Eles sempre me disseram isso, mas sempre erraram nesse maldito conselho sobre a vida. Não. Não sou eu que estrago a minha vida, ela que estraga a gente e se não fosse o meu pequeno e precioso dom de escrever, eu não estaria mais aqui. Não. Eu já teria me suicidado, já teria sido morto. Já teria pedido para qualquer Deus ou santo ou ser humano me arrancar dessa merda de mundo. Você está lendo mais um conto melancólico que sai de meus dedos fracos e da minha mente bêbada. Irá acreditar em todas as palavras ou quase todas, irá se identificar, chorar ou sorrir e se deprimir. Eu saberei que você está lendo esse meu conto, apenas mais um conto de minha vida e você saberá que eu sei que você está lendo. Confuso, né? Mas a vida é essa confusão sem pé nem cabeça que passa, e passa depressa. Muito depressa.
E qual o sentido dessa nossa vida nesse mundo cruel? Nascer, crescer, amadurecer, chorar, sofrer, sentir tesão, transar, amar, ganhar dinheiro, beber, beber muito e fazer mais e mais sexo, cada vez mais. Acordar cedo, trabalhar, estudar, se cansar, se frustrar, e andar de metrô, ônibus, van e voltar para de novo e de novo e de novo. Cansa só de pensar. Cansa só de acordar. Acordar, bocejar, se alongar e lembrar da rotina. E que cansativo essa rotina de ter que sair da cama. Droga. A vida deveria ser feita apenas de álcool e sexo. Sexo. Muito sexo. E muito, mas muito álcool. Alguém reze para algum maldito Deus e peça que a vida seja feita apenas disso. Minha fé não é muito forte para coisas abstratas e inexistentes.

Esperem, perdoem minha petulância. Voltarei a me focar em coisas quase boas.

O tempo. O tempo é essa coisa mais louca que qualquer ser humano em desespero por algo. Seja pelo relógio ou seja pela temperatura ambiente. Ambos nunca estão favoráveis a mim. O tempo nunca, NUNCA está do meu lado. Não tenho todo tempo do mundo e ele não me aguenta por todo o tempo dele. A temperatura ambiente é tão indecisa quanto a escolha de sofrer por amor ou permanecer sozinho nesse mundo louco. Ele não sabe se esquenta ou se esfria. Não sabe se molha a gente com a chuva ou se escalda a gente com o sol quente, lindo e imenso. Por favor, se decida, oh tempo ingrato. Venha por mim. Caia por mim. Chore por mim. Só por mim. Deixa eu ser egoísta e desesperado só dessa vez. Me mostre seu choro apenas quando eu estiver chorando e sofrendo por amor. Me mostre seu calor quando eu estiver sorrindo por estar com o coração quente e palpitante. Deixa chover, pode chover, enquanto isso olho cada gota que cai do céu e lembro que minha alma é mais triste do que cada choro ali contido. Minha alma e minha mente são mais tristes do que todas as árvores de natal molhadas e destruídas depois de uma grande tempestade. E ainda me pergunto, qual o sentido dessa vida? Sofrer, sofrer, chorar, chorar, amar, amar e morrer. MORRER.

- Você irá continuar escrevendo? - ela perguntou.
- Mas é CLARO, sempre. Se não escrevo, eu morro! - respondi.

Perdi a linha do meu raciocínio entre essas palavras tristes e melancólicas. O céu escuro continua chorando, assim como minha alma sem religião, sem amor e sem paz. De longe sinto o cheiro forte da chuva limpa. Minha mente parece uma máquina de lembranças pronta para explodir. Oh, mas que diabos, eu daria qualquer coisa para estar nos braços de minha amada nesse triste momento ou estar nos braços de meu pai e ouvi-lo contar histórias sobre sua vida que nunca ouvi, mas meu pai morreu e meu coração apaixonado está triste demais para se importar. Então me deixa aqui em silêncio, bem quieto e ouvindo a chuva bater forte lá fora. Deixa minhas sementes mortas renascerem, mas melhor estar triste e solitário do que estar triste e muito bem acompanhado. Agora eu deixo a lágrima escorrer. Agora eu posso chorar. Uma lágrima nem tão sofrida nem tão feliz. Uma lágrima um tanto quanto "sei lá" pelo café quente e amargo que deixei largado em cima da mesa.

E ela disse:
- Que conto horrível esse teu. Muito triste! VAI TRANSAR!
- Esse é só mais um entre os 6, 7 contos que escrevi hoje, querida - eu disse.
Foi quando percebi que estou escrevendo demais e pensando demais e teorizando demais. O dia tem 24 horas e por quase metade desse tempo estou escrevendo e escrevendo e escrevendo. E boa parte desse tempo a humanidade está trabalhando, sofrendo, amando, estudando, correndo, ganhando dinheiro...

CHEGA! Uma cerveja, pelo amor de Deus. VÃO TRANSAR, HUMANOS. VÃO TRANSAR!

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Diálogo de boteco (Desabafos tão normais de Dezembro)

Deixa eu morrer por amor. Deixa eu sofrer e chorar e beber e morrer para depois renascer e voltar a ser chato mais uma vez. Deixa eu acreditar que esse amor aqui dentro de mim irá durar para sempre. Acreditar que estou feliz apenas por amar alguém. Deixa. Deixa eu ser feliz, porra! Deixa-me tentar acreditar que o amor me salvou. Fazer planos para o futuro em nome de um outro alguém e esquecer o meu passado. Deixa-me ser burro dessa forma. Acreditar em filmes de romances com finais felizes ou enxergar o nome de alguém em cada canção de amor. Há tempos não escrevo sobre o amor.
- Quando foi a ultima vez que você amou, querido? - ela perguntou.
- Meu bem, meu bem, como sabes que já amei? - perguntei.
- Está estampado em teu olhar triste, querido. Quem irá salvar esse teu olhar lindo da decepção? - ela disse e sorriu antes de beber um gole de cerveja.
- O amor é capaz de salvar alguém. Acho que a gente só se perde quando estamos amando - respondi e pedi uma cerveja para o atendente do bar.
- Você fala sempre muito mal do amor, querido. Muito mal. Entristece-me esse teu jeito.
- Botecos sujos como esse são feitos para falar mal do amor ou conseguir uma prostituta barata, seja lá o que for, ambos me farão sair frustrado daqui de dentro - eu disse.
Bebi minha cerveja e ela me acompanhou.

O amor mata pouco a pouco. Te faz feliz. Te enobrece. Te faz ser uma nova pessoa, mas ele cresce, cresce muito dentro de ti e, se você não tem uma cabeça sã e certa do que quer, você se perde. Então ele te assassina, esfaqueia teu coração e é ai que você fica infeliz, perde a dignidade e nobreza, se torna uma pessoa chata, patética e velha. Não deixe o amor te encontrar, prefira a morte invés do amor, mas se ele te encontrar não se perca, mantenha os pés no chão e seja forte ou se prepare para morrer ou estar escrevendo um conto sobre o amor em uma mesa suja de um bar qualquer.
O amor me encontrou, deixa ele me matar. Deixa, não importo-me mais.

*

Dezembro chegou. Enfeites, luzes de natal, papai noel, presentes. Toda aquela correria chata e patética de final de ano. Sempre assim. Sempre isso. E todo mês de Dezembro eu sinto essa vontade absurda de não sair de casa o mês inteiro. Natais me deixam tão deprimido quanto os outros feriados do ano. Minha alma permanece cabisbaixa o mês inteiro e meu coração se encontra mais triste do que todos os enfeites de natais jogados no fundo do lixo. E o que eu faço? Escrevo. Escrevo sem parar. E me frustro. 
Dezembro começou me dando um banho de realidade. Dezembro começou faz quatro dias e estou escrevendo só hoje, simplesmente, pelo fato de estar me sentindo o pior dos seres humanos. Motivo: Por meu pai. 
As pessoas acreditam sabiamente que eu não sabia quem ele era e como ele era. O que ele fez e fazia. Os erros, as falhas, as bobagens. Sim, eu sabia de tudo isso. Escrevi inúmeras vezes sobre o meu falecido pai e poucos entendem o verdadeiro motivo de eu sentir tanta falta "dele". Não. Não sinto falta da maldita pessoa que ele era, sinto falta da companhia de um pai verdadeiro. Um pai biológico. Sinto falta de conhecer a pessoa que fez eu estar aqui enfrentando todos os anos esses natais desgraçados e chato e monótonos e sem fim. Preciso ressaltar que meu pai é um homem de sorte nesse exato momento, ele não está aqui para ouvir todas aquelas músicas infernais de natal e o presente dele está bem escondido dentro desse coração vazio que aqui vos escreve. 
Deixem eu escrever. Deixem. Me deixem sofrer quietinho, em silêncio, em paz. Me deixem ser esse velho de 23 anos amargurado pela falta de alguém, por favor. Não é pedir muito. 
E reivindico a liberdade em continuar escrevendo meus contos tristes e melancólicos. Eles sempre me salvam de qualquer loucura ou suicídio. Dificilmente as pessoas lerão algo lindo e feliz de mim e elas ficam chocadas por conta disso por estarem acostumadas demais com contos felizes e contos de fadas. No meu mundo não existe nada cor de rosa. Eu sinto muito.
Meus contos não precisam ser grandes ou bons ou alegres ou românticos ou até mesmo inspiradores, eles só precisam me salvar de mim mesmo. Salvar-me de minhas loucuras. Um belo jeito de não arriscar cometer suicídio. Uma bela forma de não morrer por minhas próprias mãos e deixar saudade e tristeza no peito daqueles que ousam me amar. E para aqueles que fazem isso, os loucos e insanos que ousam me amar, que eles agradeçam a existência de meus contos dia após dia.

*

O amor é louco                                           Loucura rima com tortura
E eu sou louco                                           Amor rima com dor
E eu me perco                                            Dor rima com qualquer amor     
O amor me encontrou                                E eu quero a mulher mais linda
                                                                   da cidade        
             Oh inferno!                                   E chega de palavras vazias
Não. Não. Esconda-me                             O amor me encontrou
O amor me encontrou                               E eu chorei por meu pai                                                    
e eu não sei escrever poesia                      enquanto o natal chegou.
ou poemas ou rimas

domingo, 23 de novembro de 2014

Dizem que Jesus morreu por amor e ninguém acredita que isso mata. Tolos!

Estávamos abraçados e ela disse:
- Quero só ver como será o seu próximo texto, querido.
- Ainda não sei, mas não escreverei mais sobre o amor - respondi.

Mentira. Se eu não escrever sobre o amor, sobre o que escreverei? Eu necessito escrever sobre minhas loucuras e melancolias, e é o amor que me deixa louco e melancólico. Já não me importo sobre o que as pessoas pensam disso. Já não me importo se as pessoas acreditam convincentemente que sou uma pessoa triste que odeia amar. Sim, eu sou isso. Eu sou assim. Eu sempre fui assim. Repito várias e várias vezes, mas as pessoas são burras. Que inferno. Elas gostam dos meus contos. Elas sempre estão lendo os meus contos melancólicos e pedindo cada vez mais e mais. E eu fico louco. Mais louco do que o normal e sem querer escrever, sem querer ver todas essas pessoas lendo os meus contos e se identificando cada vez mais com eles a ponto de chorar por minhas tristezas transparecidas na mente delas. Como me sinto estúpido em amar e escrever. Como me sinto idiotizado em escrever e ter que amar. O que seria de mim sem sofrimento? O que seria de mim sem amor? Eu não escreveria e não viveria, mas o que mais quero é permanecer dentro desse meu buraco escrevendo e sem viver. Embebedando-me e enlouquecendo-me. Ouvindo a chuva bater forte pela minha janela, forte e mais alto que a música clássica ecoando sobre os meus ouvidos. Coloco as melhores sinfonias de Beethoven e me sinto vivo. Deixa fluir. Deixa eu me embebedar. Deixa eu escrever. Deixa eu enlouquecer. Hoje é domingo e ninguém se importa. Eu não me importo. Deixa a chuva cair forte e limpar toda a mente de um louco insano que não sabe mais o que quer e onde quer chegar. Deixa eu entrar em contradição de minhas próprias palavras, porque eu sei o que quero e onde quero chegar. Mas me deixa aqui, quieto, em paz, sem ver as pessoas. Me deixa amar em silêncio. Ninguém se importa com o meu amor, apenas eu, eu e ninguém mais.
As pessoas acreditam mesmo que nos tornamos pessoas melhores depois que nos apaixonamos. Essa é a mentira mais estúpida e sem bom senso que já ouvi e li em toda a merda da minha vida. As pessoas se tornam perdidas, chatas e burras quando se apaixonam. Elas perdem a noção no humor e do tempo. Perdem a qualidade de vida e o pensamento fixo de que sabemos onde queremos chegar. As pessoas se apaixonam e se perdem. O amor é a pior invenção do ser humano. Não. Não é a bomba nuclear, não são as drogas, não é a poluição. O amor é a coisa mais desgraçada e sem nexo que inventamos. Dizem que ninguém nunca morreu por amor, mas na bíblia eles pregam que o tal Jesus morreu por amor. Sim. Ele devia ser chato e burro. Desculpem minha sinceridade babaca de ateu, mas muitos outros morreram sim por amor. Cristãos ou não. Se você ama, você fica chato, burro, tedioso e com um pé a frente da morte. Não ouse amar. Não ouse me amar. NÃO OUSE.

- Você acredita mesmo que sou como as outras pessoas que entraram na sua vida, né? - ela perguntou.
- Acredito, querida. Todas as pessoas que amam estão propensas a machucarem as outras. Elas querendo ou não - respondi e pensei mais um pouco. - Todas as pessoas que amei me machucaram de tal forma que me trouxe até aqui e me transformou nesse miserável tolo que sou hoje - e a beijei.
E ela quase chorou.

Embebedo-me para esquecer. Embebedo-me para escrever. Embebedo-me para não amar. Embebedo-me para ficar sóbrio. Embebedo-me para ficar louco. Embebedo-me para achar uma cura. Mas eu sou a doença. A doença está dentro de mim. Esse tumor chamado amor. Ele está crescendo. Cada vez mais. Cada minuto que passa encontro-me mais burro e chato e tedioso e com o humor entre altos e baixos. A saudade aperta e eu fico chato. Penso em teus lábios tocando os meus e fico burro. Lembro do teu sorriso e fico tedioso. Lembro do teu corpo colado ao meu e bate mais aperto da saudade, então o meu humor se torna um grande saco de merda. Fico tão burro que não sei o que escrever. Tão burro que não sei o que pensar. Eu paro, penso, reflito, teorizo e repenso. OH DIABOS, estou apaixonado pela mulher mais linda dessa cidade. Espero que ela não morra. Espero que ela não me mate. OH DROGA, ela já está me matando. Pouco a pouco. Cada dia mais. Cada semana mais. Não. Cadê a porcaria da minha bebida? Cadê a porcaria do meu copo cheio para sustentar esse coração vazio de quem não sabe o que quer? CADÊ?
Tolo eu em pensar dessa forma. Meu copo está tão vazio quanto essa música clássica de Beethoven tocando aos meus ouvidos, eu encho ele com uma bela quantidade de cerveja gelada e, ao preenche-lo, percebo que meu coração se encontra como aquele copo. Cheio. Cheio de vida. Cheio de saudade. Cheio de um aperto doce de quem não se sente vivo por causa de alguém há anos. Meu copo está cheio, assim como o meu coração, e então, sei o que quero. Sei muito bem o que quero: A mulher mais linda dessa minha vida.

- Não ouse sair da minha vida - eu disse em nossa primeira conversa.
- Não sairei - ela respondeu e sorriu.

Embebedo-me em nome desse romance. Embebedo-me em nome dessa promessa. Embebedo-me por me sentir triste em saber que as promessas dentro da minha vida NUNCA são cumpridas. Embebedo-me por sentir que sou um adolescente de colegial escrevendo sobre um câncer chamado amor, mas sou velho. Um idoso no corpo de um jovem de 23 míseros anos. Meu olhar nesse momento se encontra tão triste quanto a música clássica e a chuva caindo lá fora. Tão triste.

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Preenchendo o meu vazio em palavras vazias

E hoje não tem música clássica. Hoje não tem cerveja ou uma dose mais forte. Hoje não tem um café quente. Hoje não tem você. Não, não tem você. Não agora. Não nessas palavras. Você me preenche demais para estar nessas palavras vazias e todas as pessoas já estão cansadas de lerem coisas sobre o amor. Me estabeleço através do que? Me estabeleço através de quem? Eu ando pelas ruas rotineiras e vejo todas aquelas pessoas que nem conheço. Os mesmos rostos. Os mesmos sorrisos. As mesmas tristezas. Eu me vejo através delas e não me encontro. Me perco. Me iludo. Me frustro. Me deprimo. E já não aguento mais escrever nada sobre o amor. Escrever algo sobre romance faz apenas com que eu me sinta vazio, quero dizer, depois de escrever. As coisas funcionam da seguinte forma: Eu me apaixono. Eu amo. Eu me perco. Eu fico louco. Muito louco. Cada vez mais louco. E cheio de palavras para escrever, algo como fonte de fuga ou fonte de expressar sentimentos. Escrevo sobre o meu amor, escrevo sobre o meu romance, me sinto cheio de vida naquele momento e depois volto a me sentir vazio. Logo em seguida, vejo todas aquelas pessoas que conheço bem e outras nem tanto falando que estão cansadas de lerem coisas sobre o amor, mas dizem que o meu amor deve ser uma pessoa de sorte. Tolo eu por acreditar nisso. Eu sou triste. Deprimido. Frustrado. Confuso. Perdido. Será alguém capaz de me salvar?

Estou escrevendo essas palavras vazias. Sem planos. Sem choros. Sem sentimentos. Não estou pensando muito, apenas escrevendo. E escrevendo. E escrevendo. E escrevendo. E repetindo as mesmas palavras para que algo se encaixe no final. Entediante? Sim. Monótono? Sim. Frustrante? Sim. Confuso? Com certeza. E quem eu sou? O garoto entediante, monótono, frustrante, confuso e apaixonado, mas que não se ama e que não faz questão nenhuma de se auto-conhecer mais ainda. Eu daria qualquer coisa para poder estar bebendo alguma dose forte de uma bebida qualquer. Daria tudo para não estar sóbrio. Hoje, existem duas coisas que tornam o meu mundo mais suportável, o meu romance e as minhas bebidas. Mas HOJE, não tenho o meu romance e nem as minhas bebidas. O que eu faço? Escrevo. Escrevo feito um louco. E digito. E desenho. E penso. E reflito. E fico mais louco, muito louco e perdido. Me salvem. Me ajudem, pelo o amor de Deus, seja Ele quem for. Estou quase enfiando uma faca em meu peito para sentir que estou realmente vivo. Eu não me sinto mais vivo escrevendo. Não sóbrio, não sem música, não seu o meu romance. Mas que inferno, levem tudo isso para longe de mim. Me tirem desse inferno que é estar apaixonado. E sintam, espera, sintam, sintam minhas pequenas e medíocres palavras vazias. Não me levem tão a sério, a não ser quando eu peço, imploro, suplico e invoco ajuda. Não esqueçam de me ajudar. Não esqueçam de me trazer umas boas doses ou uma música clássica ou o meu amor. Não existe nada mais chato do que um homem apaixonado por uma mulher. Não. Não existe.

Prestou atenção em todas as minhas palavras vazias de sentimentos cheios? Se encheu de sentimentos cheios com minhas palavras vazias? Não. Não deixe o seu coração transbordar com minhas pequenas palavras vazias e imundas. Estou odiando cada vez mais todos os meus contos. Estou me odiando e me perdendo. Não se perca comigo. É horrível sentir que você não faz parte desse mundo. É horrível. É um abismo e a visão cansada vai ficando embaçada. Não deixem minha visão escurecer. Não me deixem morrer. Não me deixem amar. Não me amem. Não deixem minhas palavras vazias entrarem no coração de vocês. Aviso de amigo. Aviso de um louco. Eu avisei. ESTOU AVISANDO.

Eu odeio me apaixonar e mesmo assim peço todas as noites para o meu romance não me esquecer. Quer um conselho de um escritor de quinta categoria? Sofra, sofra muito. Ame, ame muito. Viva, viva muito. E escreva, você sendo um ótimo ou terrível escritor, mas escreva e nunca deixe que o teu romance te preencha mais do que tuas palavras.

E, OH INFERNO, me perdi dentro de meu próprio sentimento. Perdi a linha do raciocínio. Cairei em contradição de minhas próprias palavras, oh querida. As palavras não foram capazes de preencher o meu vazio, não essa noite, não como o teu sentimento, que tu dizes ter por mim, é capaz de preencher. O amor é como a corda de uma forca, e ela está enroscada em meu pescoço. Puxem a alavanca para a minha morte de uma vez por todas. Antes que seja tarde demais.

domingo, 16 de novembro de 2014

Todas as minhas cartas para você

Estou vivendo um sonho. Um sonho real. Peço que não me acordem. Suplico que não me libertem desse sonho. Amar, para mim, era um pesadelo, agora é apenas um sonho. Não me acordem. Eu imploro. Eu poderia estar escrevendo alguma coisa sobre minhas lamentações e tristezas. Algo sobre minhas incertezas e inseguranças. Todos sabem como isso aqui funciona. Sabem a forma que escrevo e o jeito que me dou com as palavras. O jeito que eu me encaixo nelas e a forma que elas se encaixam em mim. Não. Eu não quero escrever, novamente, sobre alguma coisa triste. Estou lutando e relutando para conseguir escrever algo bonito, algo que faça com que as pessoas apenas coloquem sorrisos entre seus lábios e não apenas lágrimas passando por eles. Eu sou triste e quero salvar o mundo, mas não apenas com minhas tristezas. Eu sou louco e quero mesmo salvar o mundo, mesmo acreditando que ele não tem mais salvação. Eu evito escrever, falar e pensar no amor, mas hoje é difícil. E é por isso que não perco mais a esperança em nada. Um dia eu perdi a esperança no amor e hoje isso está sendo completamente diferente. Estou aqui trabalhando fortemente em algo que transpareça cada sentimento que está pulsando dentro do meu peito. Não. Não me acordem. Não me acordem desse sonho que está sendo suplantado dentro desse meu amor. Estou vivendo melhor e sorrindo mais. Apenas preciso me preocupar em não deixar o meu romance se tornar algo clichê demais, por isso estou aqui escrevendo algo lindo e bom sobre ele. Tentarei não falar tão mal do amor dessa vez. Tentarei apenas me expressar da melhor forma que consigo fazer: Escrevendo.

O amor é como um tumor e ele está crescendo dentro de mim. E qual o meu tratamento? Uma voz. Um perfume. Um sorriso. Uma brincadeira. Um abraço. Um beijo. Um carinho. Uma atenção. O meu romance. Estou sendo salvo. Estou criando esperanças, muitas esperanças. Quase acreditando que o amor existe de verdade. Eu escrevo cartas e mais cartas, quero te entregar. Quero apresentar cada palavra que expressa o que tenho sentido dentro do peito. Vale a pena lutar por alguém. Tenho medo de me entregar, mas já estou em suas mãos. Tenho medo de demostrar os sorrisos bobos, mas eles são lançados pelos ares cada vez que penso nesse alguém ou simplesmente lembro do teu nome. E eu escrevo. Cartas e mais cartas. Rascunhos e mais rascunhos. OH MEU DEUS, esse romance está me tirando do fundo do poço. Eu tenho que escutar cada dia mais ele, mas estou enlouquecendo. Vale a pena enlouquecer por conta do amor? Não, amor. Não me deixe mais louco do que o normal. Não me obrigue a pedir salvação. O amor é como um tempestade que devasta toda uma cidade. É como uma bomba nuclear capaz de destruir todo um mundo. Não me destrua, amor. Não me jogue na sarjeta. Não me deixe ser apenas esse velho de 23 anos que bebe para esquecer os amores passados. Não. Não me deixe de lado. Não me faça escrever apenas sobre coisas tristes que o mundo é capaz de me proporcionar. Estou apaixonado por acaso. Um acaso capaz de me matar ou de fazer com que eu me mate. Mas eu não quero que me acordem. NÃO ME ACORDEM. Pela primeira vez, depois de anos e anos, estou escrevendo algo lindo sobre o amor. Deixe-me acabar essas linhas e depois disso alguém pode me acordar. Deixe-me escrever essas palavras clichês para eu tentar acreditar que estou me sentindo vivo depois de muito tempo. Oh amor, não seja traiçoeiro comigo, mais uma vez. Só dessa vez, me deixe viver em paz ao lado de um outro alguém.

Ela tem medo e sorri. Ela chora e depois sorri. Ela me abraça e depois sorri. Ela me olha, eu vejo, ela sorri e olha para o lado com vergonha. Ela me olha, só o fato dela lembrar a minha existência faz com que eu permaneça em choque. Esses sentimentos. Para onde eles irão me levar? Porque ela é tão otimista? Porque ela é tão eu? Isso é mais uma armadilha da vida? Porque o amor sempre me deixa com essas perguntas sem respostas. O amor é pior que Deus. O amor é pior que qualquer coisa. Você tem que estar muito bem preparado para poder sentir isso e não sei qual a minha posição em estar preparado. Eu nunca estive preparado, mas ele me pegou de jeito. Pulsa, coração, pulsa. Bate forte dentro de mim. Me deixa com essa sensação de estar vivo. Pulsa. Bombeia. Explode. Mas não morre. Não morre por amor. Não. Não. NÃO MORRE. Aguenta o tranco. Aguenta a pancada. Aguenta o susto. Vai aguentando e sendo atormentado cada dia mais por conta de um sorriso, mas aguenta. Você é forte. Eu sou forte. E ela me fortalece mais ainda. Cadê a minha paz? Cadê o meu alívio? Eu poderia passar o resto do dia escrevendo sobre o meu romance e não encontraria uma calmaria sequer dentro de mim. Eu não me senti melhor e nem pior. O que é o amor? Mais uma pergunta sem resposta. Mas eu sei que ele está lá fora. Eu sempre soube. Hoje, ele bate na minha porta e o convido para tomar uns bons drinques comigo. Se embebede comigo, oh amor. Deixe as mágoas longe. Engula uma boa dose forte. Cuspa suas palavras em mim. E depois vá embora da minha casa. Deixe-me seguro do que estou fazendo e vá embora. É difícil amar. É difícil se apaixonar. Mas já não tenho tanto medo. E eu aguento. E sofro. E sorrio. E escrevo. Escrevo bastante. Cartas e mais cartas, lembra? Depois eu queimo todas ou jogo todas elas fora. Menos essa. Eu quero que leiam essa carta. Eu quero que saibam o que hoje pulsa dentro do meu peito. E não me importo que perguntem sobre quem estou escrevendo. E não me importo que amem ou odeiem cada palavra. E não me importa se o meu romance irá ler e depois jogar fora.

Se o seu coração parar de bater, peço que cavem a sua cova e a minha. Lado a lado. Se o teu carinho por mim fugir, que eu faleça antes disso. Se eu sonhar, que seja com você. Se eu abrir os olhos, que você esteja bem na minha frente. Se você me esquecer, que eu esteja lá para você lembrar de mim e se eu te esquecer, que teu perfume passe pelas minhas entranhas e aqueça o meu coração triste. Se você se for, que me leve junto, mas se eu for embora, que você venha comigo. Me dê a mão. Sorria. Me abrace. Me beije. E não me esqueça. Sinta medo, mas só o medo de que eu vá embora da tua vida, mesmo você já sabendo que nunca sairei dela. Que eu sorria por você e para você. Que você chore apenas quando sentir saudades de mim.
ESPERA. Estou escrevendo tudo muito lindo demais. Cadê a minha melancolia? Eu jurei que não deixaria esse meu conto clichê demais. Então, assim farei. Terminarei por aqui.

Sonhei com você essa noite, oh amor. E foi tão bom. Receba essa carta e só a jogue fora quando enjoar de mim. Tente entender. Você me entende quando ninguém mais está aqui por mim. Juro que tentarei não escrever mais nada sobre o amor, nem tão cedo.

domingo, 9 de novembro de 2014

Amargas palavras sobre um domingo


Odeio o domingo. Odeio tristemente por ele ser tão parecido comigo. Chato, Ranzinza. Frustrante. Desinteressante. Entediante. Sem amor. Sem prazer. Sem sabor. Sem tempero. Não gosto de estar trancafiado dentro do meu quarto escrevendo palavras amargas sobre o primeiro ou último domingo de minha vida. Cada domingo é diferente, mas também é a mesma coisa. Sinto-me longe. Sinto-me cansado. Sinto-me com saudades de escrever palavras verdadeiras sobre coisas boas. Minhas palavras me levam onde não quero ir, mas elas me salvam. Já fui salvo várias e várias vezes pelas minhas palavras, mesmo fugindo e quase desistindo de tê-las. Eu penso inúmeras vezes antes de começar a escrever. Penso na primeira palavra e na última. Penso no título. Penso nas pessoas que irão ler e no que elas irão pensar. Eu poderia escrever coisas boas e lindas, já que muita gente está lendo meus contos tristes. Poderia tentar deixar o dia delas mais animado, mas o que eu faço? Trabalho em minhas palavras num domingo triste. Arranjei um tempo. Tirei um dia de folga. Mas estou trabalhando. Trabalhando duro para deixar essas minhas palavras as mais lindas possíveis. Pensando em escrever sobre o meu amor. Sobre o meu romance. Sobre coisas lindas. O mundo está sendo enxergado por mim de forma diferente nesses últimos dias. Será que o meu amor está me salvando? Será que estou mudando ou apenas ficando mais e mais louco? Me salva, oh amor. Tira-me desse dia frustrante. Tira-me dessa agonia de não poder tê-la. Você está aqui dentro de mim, mas está tão longe, tão longe, muito longe. E eu repito para mim mesmo: Não. Não lute pelo seu amor. Não lute por sua vida. Desista. Desista enquanto é tempo. DESISTA!
Se eu desistir do meu amor, acredito que desisto da minha vida. Se eu desistir da minha felicidade, desisto dos meus amores, mas que INFERNO, eu não acredito em amores. Eu não acredito no amor que cabe dentro do meu peito. Ele é como um pássaro preso que quer voar e se sentir em liberdade há anos, mas eu o prendo. Ele não vai fugir. Ele não vai voar. Ele não vai escapar de dentro desse peito que tanto chora em silêncio. Já sofri demais por amores passados e não estou em vantagens de sofrer de novo. Degusto um belo café quente nesse domingo em defesa de meu amor.

Eles falam que cabelos crespos são ruins e reforçam que é errado ter cabelo ruim. Eles falam que ser gordo é errado. Eles falam que isso é errado. Que aquilo é errado. Que viver de tal forma é errado. Tudo errado. Muito errado. E eu me afasto. Permaneço longe. Permaneço e reluto em acreditar que a unica coisa errada nesse mundo é o ato de amar. Amar é errado. Eu amo errado. Eu sinto errado. Tudo errado mais uma vez. Que hoje eu não fuja da linha do meu pensamento. Que eu tente e me esforce ao máximo em escrever um conto verdadeiramente bom. Só dessa vez. Só mais uma vez. Em defesa do meu amor. Meus contos são entediantes, mas meu amor me tira do tédio. Meu domingo está chato, mas o meu amor me deixa menos chato. Eu sou triste, mas meu amor me traz momentos de alegria. Eu penso em suicídio, mas meu amor me salva. E eu jurava para mim mesmo nunca mais escrever NADA sobre amor. Tolo sempre fui em pensar assim. Não ame e não ouse me amar, mas se for para eu amar, que seja dessa forma que ele está batendo dentro de mim, cada dia mais, um pouco mais, muito mais. Se for para você me amar, que você me ame do jeito certo, com carinho, com felicidade, com otimismo, com ternura, com sabedoria, com o dom de me salvar, porque sou triste, entediado, frustrado e depressivo. Pessoa difícil com uma vida difícil em meio a pensamentos difíceis. Existe alguém que está sendo capaz de me salvar um pouco mais a cada dia, mas tenho medo que ela vá embora. Um dia ela irá embora. Meu amor irá me abandonar mais uma vez, logo estarei escrevendo palavras mais tristes que essas sobre o meu amor. Eu penso e vivo assim. Triste pensar tão mal sobre o amor. Triste ser triste por conta do amor. Amar é uma solidão egoísta, assim como os domingos. Domingo, o dia mais desgraçado entre todos os dias da semana.

Eu poderia ficar aqui escrevendo a tarde inteira. Inspiração e vontade de cuspir todas as minhas tristezas não me falta. Poderia escrever mais e mais sobre o meu amor. Esse aperto constante dentro do peito. Sobre ter escrito teu nome dentro do meu coração e por conta disso fazer com que eu sinta sua falta cada vez mais. Poderia escrever mais sobre o domingo, mas não quero. NÃO QUERO. Não quero me frustrar bem mais que isso e não quero frustrar você com minhas tristes palavras. Acredito que já é triste o suficiente as pessoas me conhecerem de longe apenas por minhas palavras tristes, mas hoje deixei minha mensagem. Trabalhei duro nesse domingo para fazer alguém se sentir melhor. Não. Espera. Trabalhei duro nesse domingo para fazer com que EU me sinta melhor. E não estou me sentindo melhor. E olha quantas palavras cuspi para fora de mim. E olha quantos pensamentos e sentimentos deixei em minhas palavras. Só que a vida é muito mais que isso. O domingo é muito mais que apenas tristezas e tédios, mas seria melhor se eu estivesse com o meu romance em meus braços. Meu romance está longe, muito longe e eu gostaria de agarra-lo para sempre.
Expresso-me de forma estranha e triste. Expresso-me de forma carinhosa e entediante. Eu poderia escrever uma carta para o meu amor e ele nem sequer se importaria em ler. Não irei me dar ao trabalho de escrever. Estou fazendo rimas e diálogos constantes dentro de minha mente. Pensando. Pensando. Entristecendo. Lembro do meu amor. Lembro do meu romance. Lembro do seu beijo, do seu perfume, do seu carinho, da sua voz, do seu gosto. Lembro que fui feliz por uma noite depois de muito tempo. Entristeci no dia seguinte por saber que estava longe, muito longe, de novo. Lembro do seu sorriso, da sua ironia, do seu cinismo. Lembro suas palavras e abraços e ternuras. Você escreveu e eu li. Eu escrevi e você leu.

Mas que diabos é o amor afinal? Se tornar esse depressivo solitário que não para de beber e pensar em alguém. Cuida de mim, oh amor, antes que eu faleça de tanta saudade de você. Antes que eu faleça em um domingo qualquer e você nem sinta a minha falta. Será que você sentiria a minha falta se eu morresse hoje? Triste história para ser contada em um domingo.

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Nem a morte me salva do amor

Eu não me sinto salvo. Eu não me sinto em sã consciência. Sou insano e louco e perturbado e triste. Eu já dormi na rua. Fiquei algumas noites para fora de casa. Eu já apanhei injustamente e apanhei calado. Eu já bebi demais e fui largado em qualquer lugar, mas outras vezes cuidaram de mim. Eu já corri de seres humanos ruins. Já senti vontade de nunca sair de minha casa. Eu já fui humilhado. Eu já chorei em silêncio. Eu gritei quando deveria ficar em silêncio e me calei quando deveria gritar. Eu já me senti sozinho, inúmeras e inúmeras vezes. Eu sempre me sinto sozinho, tendo pessoas ao meu lado ou não. Eu sou sozinho. Eu sou esquecido. E esqueço também, mas em algum ponto eu lembro das pessoas e não cobro nada para que elas lembrem de mim. Eu já sofri por amor. Sofri muito por amor. Chorei. Odiei. Serrei os punhos. Fechei os olhos. Ajoelhei e implorei por perdão. Eu entrei em depressão. Eu escrevi cartas e contos e textos e resenhas. Joguei fora todos os rascunhos e me afundei em bebidas fortes. Eu já me cortei. Cortei meus pulsos fracos quando a minha alma estava fraca. Já tentei me matar. Já tentei me envenenar e pensei em me enforcar. Ouvi canções tristes nos meus discos e nas rádios e continuei sofrendo por amor. Sofri por meu pai. Perdi meu pai, mesmo que eu nunca tenha tido o meu velho aqui do meu lado. Eu já senti inveja de todas as pessoas que têm seus pais ao seu lado e já senti raiva por todos aqueles que não respeitam os pais que estão ali com eles, de criação ou não. Eu sinto isso e vivo isso. Eu sou triste desde a barriga de minha mãe. Eu era triste por ter sido rejeitado quando ela descobriu que eu não era o que ela queria. Hoje sou amado, muito amado, mas continuo sendo triste. É triste demais ser triste e não sei porque faço questão de repetir essa mesma história, mas quero escrever e estou aqui escrevendo para alguns gatos pingados que ousam ler meus contos tristes e chatos. Eu escrevo por me sentir perturbado e insano e louco e triste. Repito minhas palavras e elas falam algo por mim. Eu sempre repito alguma coisa que esteja me conflitando naquele exato momento. Eu trabalho. Eu estudo. Eu corro atrás de tudo. Eu sonho. Eu vivo. Eu sofro. Eu choro. Eu me alegro e me entristeço. Lembro de meus amigos e eles me esquecem. Esqueço dos meus amigos e eles se lembram de mim. Assim como, esqueço do amor e ele se lembra fortemente de mim. Lembro do amor e ele me despreza. É triste ser desprezado, mais triste ainda ser desprezado e esquecido pelo seu amor. Eu odeio o meu amor e ele ama o meu ódio. Ele se alimenta do meu ódio. E eu continuo me sentindo triste e sem me importar com minhas deprimentes e amargas repetições. Você irá ler isso? Pensará no meu amor? Sentirá curiosidade em saber quem é o meu amor? Sinta-se a vontade.

Não escrevia há uma semana. Estava me sentindo sufocado por conta disso. As palavras sempre ousam me sufocar quando me afasto delas. Elas pegam pesado com a minha mente quando tento me esquecer que sei escrever alguns pequenos contos ruins - quer dizer, existem as pessoas que falam que meus contos são enormes, mas são as pessoas preguiçosas que, mesmo assim, falam que todos os meus contos são sensacionais e lindo -, me pegam de jeito e esboçam em mim alguns rascunhos para que eu bote tudo para fora. Essa é a minha vida, depender de algumas breves palavras para se sentir um pouco melhor ou feliz ou alegre ou apenas menos triste. QUE INFERNO, eu preciso das palavras para me sentir um pouco mais feliz. E quando eu não tiver mais forças para escrever? E quando eu não souber mais o que escrever? E quando o meu desespero não for capaz de me trazer algo de valor? OH, JESUS CRISTO. Me sinto um surdo, cego e burro ao pensar que nunca sentirei desespero e tristeza e depressão a ponto de não saber o que escrever. Como me sinto burro ao pensar que um dia poderei ser feliz e ser amado de verdade. Como me sinto estúpido em pensar que o amor e a felicidade estão lá fora, em algum lugar, em algum canto. Uma vez eu joguei o amor fora, mas ele voltou. Ele sempre volta. SEMPRE. Mas eu sei que ele está lá fora. Mas eu sei que ele está aqui dentro de mim, porque estou sentindo esse amor mais forte do que nunca. Meu peito está apertado, pulsando, bombeando. Ele palpita forte quando ouço um nome. Ele chega a ponto de sofrer uma parada quando esse alguém está perto de mim e ele sofre quando ela está longe. Longe. Muito longe. Sempre longe. Mas tão perto. Eu não me importo com o amor, nunca me importei, mas ele sempre faz questão de se importar comigo. O meu amor se junta sempre com minhas tristezas. Meu amor e minhas tristezas sempre vão me moldando e fazendo com que eu seja essa pessoa patética que um dia caiu de joelhos para orar. Hoje eu sei que nada e nem ninguém irá responder minhas orações. Não existe Deus. Quer dizer, me sinto dentro de muita arrogância em escrever assim, mas eu sei e confio sabiamente de que Deus não existe. Ele não vai me salvar. Ele nunca me salvou. Ele nunca salvou ninguém. Ele nunca salvou o meu amor. Meu amor nasceu, cresceu, adoeceu, sofreu e morreu. Morreu. Apenas morreu. E me deixou um grande vazio. Minha felicidade foi junto. Minha tristeza e depressão tomaram conta de mim, pelo meu amor e por tudo que já passei. Escrevi quase todas as minhas situações e pensamentos ruins, mas falta muito, muito, mas muito mesmo. Muita coisa ruim já me aconteceu e eu tenho certeza absoluta que sou esse ser humano genioso, pensante e triste por conta disso. Eu escrevo demais e as vezes, tudo que escrevo, parece mentira. Eu nunca escrevi uma mentira ou algo inventado. Eu nasci, cresci, amei, sofri, amadureci e quase morri de verdade. E foi tudo muito triste.

Minha cerveja acabou. Meu amor renasceu. A música clássica chegou em seu último segundo. Minhas palavras não querem mais sair. O que mais eu deveria escrever então? Sobre o meu amor ou sofrimento? Sobre mim ou sobre ela? Sobre felicidade ou tristeza? Sinceramente, não sei mais o que escrever. Jurei para mim mesmo que escreveria um conto melhor que o último. Que escreveria como se fosse morrer amanhã. Que escreveria algo que encantasse de verdade caso eu morra essa madrugada ou caso eu resolva cometer suicídio, mas não me esforcei nem um pouco para isso. Apenas precisava colocar para fora todo o meu sofrimento, minha tristeza, minha depressão e, claro, o meu amor. Eu precisava escrever algo novo sobre o meu amor, porque isso está me sufocando, me deixando estranho, fazendo eu pensar em situações e momentos felizes. Não. Eu não quero um amor. EU NÃO QUERO AMAR, não estou preparado ainda. Eu não sei lidar com essa situação e acho melhor eu cometer suicídio antes que isso cresça e piore. NÃO, DROGA, nem suicídio eu posso cometer, não teria mais como beber algumas boas e geniosas cervejas. Mas que diabos, não sirvo nem para me matar, porque eu serviria para amar?

Me perdoe, meu amor. Você já me faz tão bem!

terça-feira, 28 de outubro de 2014

Peter Pan. Talvez aquele personagem clichê estivesse certo

Infância.
Eu nunca quis crescer, nem mesmo quando eu era criança. Nunca quis ser adulto. Nunca quis carros, morar sozinho, viver sozinho, ser de maior, beber, trabalhar, ganhar dinheiro. Era uma criança estranha que não gostava de crianças. Eu queria ser criança para sempre e todas as crianças deveriam pensar assim. Crescer é triste. Ser adulto é perturbador. Viver maduramente é difícil. Hoje sou um velho chato com apenas 23 anos de idade. Sou inconstante e confuso, mas sempre sei o que quero e onde quero chegar. Cresci, vivi demais, sofri demais, amei demais, confiei demais e hoje sou apenas um velho insuportável. Virei alcoólatra e escritor. Tornei-me qualquer coisa. Uma vez me disseram que eu deveria ser menos maduro, discordo disso. Esse foi o argumento mais imbecil e inútil que tive em toda a minha vida. Ninguém pode viver a vida toda sendo criança. Ninguém pode ter pensamentos de crianças. A gente brinca. A gente sorri. A gente finge ser criança, mas não o tempo todo. A vida é muito mais que isso. É crescer, amadurecer, sofrer, amar, viver, adoecer e morrer. Minha infância passou há alguns anos atrás e sinto falta dela. Não das surras que tomei na escola, dos amores que não me correspondiam, nem por ser uma criança estranha. Não sinto falta disso. Sinto falta em não ter responsabilidades. Sinto falta em sentir prazer facilmente com situações e relações simples. Sinto falta de escrever palavras clichês e gostar de todas elas, mas hoje me encontro escrevendo essas palavras clichês e me sentindo um completo inútil por não estar escrevendo algo melhor. Existe uma coisa muito boa em crescer, o fato de poder beber livremente. Sentindo a cerveja ou vinho ou vodca ou outra coisa que contenha álcool descendo pela minha garganta, consigo suportar mais o mundo e as pessoas.

Infância.
Fique de olho em minhas repetições. Preste atenção em minhas pequenas repetições que podem se tornar chatas. Minhas palavras e pensamentos repetidos sempre mostram alguma coisa obscura e desesperadora de mim. São em repetições que mostro o meu melhor e o meu pior. Eu repito palavras para as pessoas entenderem claramente e tediosamente que têm algo de errado comigo. Na minha infância. No meu amor. No meu choro. Nas minhas palavras. Nos meus pensamentos. Na minha vida. Existe algo errado. Pelo amor do seu Deus, acredite. ACREDITE. Existe algo muito errado dentro de mim. Eu não lembro de nada que tenha feito eu me tornar isso que me tornei hoje. Chato, insuportável, maduro demais, gênio demais, depressivo demais, triste demais. Eu não lembro. Não lembro da existência de alguma pessoa que seja capaz em me salvar. Estou escrevendo tediosamente hoje. Eu jurei e pensei que iria escrever algo sobre a infância, algo que fizesse as pessoas sentirem falta da infância delas e se identificarem com a minha, mas não estou conseguindo pensar em nada. Não estava pensando direito nem no título desse conto. Sou a pior pessoa para escrever contos. Acho que pelo fato de estar muito cedo para escrever ou pelo fato de não estar bêbado o suficiente. Quem sabe eu devesse estar mais triste. Quem sabe eu devesse me aprofundar mais na minha infância, mas tudo fica clichê demais quando se fala dos desenhos animados e surras no recreio. Eu não quero mais escrever sobre nunca sentir vontade de crescer. Não quero deixar tudo isso mais clichê do que o normal.

Infância.
Eu morri na infância e renasci. Eu morri na adolescência e renasci. Eu morri na fase adulta e renasci, mas ainda irei morrer de novo e, talvez, renascer. Irei morrer na velhice e permanecer morto. Ainda bem. Peter Pan estava errado. Eu amo ser adulto. Trabalhar. Estudar. Ganhar dinheiro. Beber. Escrever. Transar. Olhar todas aquelas bundas e peitos e pernas no meio das calçadas. Eu amo ter força para poder bater em alguém ou ter idade maior para entrar em qualquer bar de esquina. Posso entrar nos bordéis. Sair sem dar satisfações. Falar palavrões e beber. Beber e beber e beber. Posso cometer o erro infeliz de amar ou apenas me apaixonar. Amar uma outra vez, outra vez, mais uma vez. Posso odiar e praguejar contra quem eu quiser. Posso assassinar alguém, me sentir a pessoa mais imunda do mundo e ser preso, assim como posso salvar a humanidade e ser a pessoa mais importante do mundo. Posso conviver com as pessoas e também odiar todas elas. Posso acordar meio dia e não me importar com o resto do meu dia, assim como posso acordar seis horas da manhã e me preocupar com todas as coisas que tenho para fazer.
Espera. Isso aqui está tudo errado. Não quero cometer o erro infeliz de amar. NÃO. ESPERA. QUE DROGA. DROGA. DROGA - sinta as minhas repetições, não esqueça -. Eu não quero me apaixonar de novo, mas eu já estou apaixonado. Estou apaixonado e amando, mas não quero sair de casa. Quero me trancar aqui até isso passar. Quero sofrer calado. Bem quietinho. Bem aflito. Bem angustiado. Quero virar doses de vinho e chorar e sofrer e surtar. Quero ama-la, mas quero odiá-la. Quero esquecer. Quero viver. Quero renascer. Mas tudo isso sem o amor. Sem amor e estando apaixonado? Tem alguma lógica? O amor é uma navalha que te corta lentamente. Vai te matando. Ele está me matando. E eu só quero continuar aqui, bem quietinho.

Talvez Peter Pan estivesse mesmo certo. Não deveríamos crescer, amar, sofrer, amadurecer, trabalhar, beber, envelhecer, adoecer, morrer. Talvez deveríamos ser crianças para sempre. AH, PARA O INFERNO esse personagem clichê. Crescer é uma delicia. Amadurecer é necessário. Amar é uma desgraça cancerígena. Viver é difícil, mas ser adulto tem seus momentos lindos e de muito glamour. Ser adulto tem seus desprazeres, mas também existe seus fetiches. Eu seria bem mais infeliz se todos nós fossemos crianças para todo o sempre. Esse personagem de desenho animado é muito clichê para mim, ainda mais agora que me tornei esse velho chato realista.
Meu peito está doendo. Minha alma está sangrando. E isso não é pela falta que estou sentindo dela. Não. Eu não estou em condições de continuar amando e não quero isso. Estou assim porque meu vinho acabou.

Maldito Peter Pan. Maldita infância. Maldito amor. Me fizeram escrever o conto mais medíocre e tedioso e sem sentido de toda a minha vida.

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

São Paulo. Em favor de uma cidade cinza que matará todos nós


São Paulo me frustra. São Paulo me cospe. São Paulo é sempre cinza, dificilmente você irá ver o céu todo azul estando em São Paulo. Aqui a gente chora. A gente ama. A gente nasce, cresce, adoece e morre. São Paulo me traz boas lembranças, mas também me traz péssimas lembranças sobre um passado que sinto obrigação em esquecer. Avenidas. Ruas. Bairros. Casas. Vielas. Guetos. Favelas. Existe a parte rica e a parte pobre. Existe sim amor em São Paulo, mas também existe o ódio, o rancor, a doença, o choro, a lágrima, a dor. São Paulo já me acolheu, mas também me jogou fora. Eu sempre amei São Paulo, mas também odeio essa cidade com todas as forças que existe no mundo. É triste morar em São Paulo, mas também é gratificante. Cidade cinza. Me descobri nela. Encontrei-me nela quando mais estava perdido e quando mais precisei de amparo. Ela me acolheu em teus braços, mas quando eu não precisava mais, ela me jogou fora e aqui estou. Se não existisse São Paulo, eu não teria muito que escrever. Não teria muito que viver. Não teria muito que contar. Já me embebedei e cheguei a experimentar drogas fracas na Rua Augusta. Já quase apanhei de punk's nos bares baixos e sujos do Anhangabau. Já fiquei pobre gastando dinheiro na Galeria do Rock. Já fiquei impressionado várias e várias vezes com os prédios e edifícios e beleza da Avenida Paulista. Já beijei e transei em São Paulo. Quase morri em São Paulo, nasci em São Paulo e renasci em São Paulo. Trabalhei na cidade cinza, em prédios lindos e feios. Com pessoas humildes e chatas. Conheço todos os metrôs e estações, mas não sei andar de ônibus. Não me peça informações em São Paulo sobre ônibus, obrigado. São Paulo me abraça, mas também me bate. Nossa. Como São Paulo me bate, me bate muito, mas muito mesmo. Já apanhei inúmeras vezes dessa cidade. Já perdi as contas de quantas vezes xinguei a cidade cinza de desgraçada, de odiosa, de pavorosa, de lixo. Oh São Paulo, você me abraçou, mas também me ignorou. Lembre-se que você é culpada pelo meu caráter e me deu também respeito. Como eu amo todos os Starbucks que contém nessa cidade. Já passei horas e horas dentro de uma dessas cafeterias, enquanto a chuva batia na janela do local, pensando sobre a vida. Vendo todas aquelas pessoas, homens e mulheres. Nossa. As mulheres de São Paulo são lindas. Com seus salto altos, sempre bem vestidas. De social ou saias curtas. Avenida Paulista é isso. Andar por essa avenida é pedir para ver e apreciar belas pernas e peitos e bundas andando de lá para cá. Como eu amo São Paulo. Como eu amo a Avenida Paulista. Mas eu também te odeio São Paulo. Eu também te odeio Avenida Paulista. Com toda aquela multidão de pessoas andando para lá e para cá. Fazendo eu me sentir perdido e diminuído em meio a um milhão de pessoas que estão apenas correndo atrás de seu afazeres e trabalhos e tarefas e estudos. Eu já amei São Paulo e odiei São Paulo. Hoje apenas não me interesso tanto assim pelo meu amor e pelo meu ódio. São Paulo já me engrandeceu bastante e sou grato por isso, mas já me diminuiu bastante. Eu gostaria de estar fazendo um brinde por São paulo lá na Rua Augusta, enquanto vejo alguma prostituta me perguntando se eu quero passar uma hora com ela. Seria genioso e maravilhoso. Como seria.

Os metrôs são sempre os mesmos. Pessoas infelizes, tristes, cabisbaixas. Os olhares vazios em seus bancos sempre cheios. O coração das pessoas pulsam sempre iguais dentro do metrô. O estresse. A raiva. O cansaço. O pensamento de que deixamos o nosso lar para enfrentarmos essa multidão dentro de um lugar que necessitamos para nos levar aonde precisamos. É horroroso andar de metrô, mais horroroso ainda andar de trem. Como eu odeio esses momentos, mas também amo porque são pequenos e longos momentos do dia em que posso ficar sozinho, apenas observando a cidade cinza e todas essas pessoas infelizes, assim como eu, que um dia morrerão, provavelmente, em São Paulo. Eu já adoeci por causa de São Paulo, mas também fui curado por causa de São Paulo. Teatros. Igrejas. Políticas. Cinemas. Mendigos. Hippies. Correios. Maconha. Álcool. Restaurantes. Bolsa de Valores. Centro. Ladrões. Táxis. Bibliotecas. Bares. Prostíbulos. Japoneses. Brancos. Negros. Todas as raças, sexualidades, modas, cores, padrões. Tudo existe em São Paulo. Tudo mesmo. A paixão e o desprezo. O rancor e a ternura. O lindo e o feio. O certo e o errado. A segurança e a desproteção. O pecado e o perdão. Eu vivo isso. Eu gosto disso, mas ainda canso-me. Eu gosto dessa cidade cinza. Eu prefiro mil vezes entrar em um metrô num dia cinza, andar sozinho por São Paulo e me frustrar, do que estar em outra cidade pacata qualquer. Eu gosto desse lugar que tanto me bate. Gosto de estar aqui escrevendo sobre essa cidade cinza e grande. São Paulo me moldou de uma forma surreal. Nunca escrevi sobre São Paulo, apenas falei. Se você mora em outro lugar, não aconselho a sua vinda permanente para São Paulo. Aconselho a tua visita. Venha, visite, deguste do que São Paulo tem do bom e do pior, mas vá embora. Vá embora antes que São Paulo te abrace, te engula e depois te cuspa. Não diga que não te avisei. São Paulo é isso. São Paulo é aquilo. São Paulo é monótona. Eu poderia ficar aqui escrevendo o dia inteiro sobre São Paulo e sobre todas as coisas que já enfrentei, presenciei, vangloriei e amedrontei nela. Poderia falar mais ainda sobre o meu amor e o meu ódio por São Paulo. Poderia falar de todas as vezes que quase morri e todas as vezes que me senti realmente vivo nessa cidade. Poderia falar de quantas garotas eu já beijei e me apaixonei em São Paulo, assim como posso falar de quantas garotas eu já desprezei e ignorei. Quantas vezes enchi a cara nos melhores bares e piores botecos. Quantas vezes trabalhei nos melhores e piores prédios de São Paulo. Poderia escrever sobre quantas vezes me perdi em becos e vielas e avenidas. Quantos shows eu já fui. Quantas vezes apanhei e bati. São Paulo tem o seu glamour, mas também tem a sua luxúria. Tem o seu pecado, mas também tem o seu perdão. São Paulo tem de tudo um pouco e eu já vivi esse de tudo um pouco. Vivi muito, muito mesmo. E quase morri muitas vezes, muitas mesmo. Poderia escrever sobre todas elas, mas São Paulo já não me é tão interessante assim. Não hoje. Não agora. Não nesse momento.

São Paulo me frustra, me deprime, me odeia, me ama, me abraça, me engole, me joga fora e depois me pega de volta. Estou preso a ela e ela está presa a mim. Nunca sairei dessa cidade maravilhosa. Posso sair. Posso rodar o mundo, mas eu irei voltar. Eu sei que sempre irei voltar para os braços longos e cinza de São Paulo. Essa cidade me acolheu quando eu mais precisava e por conta disso tenho muitas histórias para contar. São Paulo é uma prostituta barata com muito glamour, luxúria, tristeza e solidão que está aqui para abraçar quem quiser, mas não diga que não avisei que ela te mostra tudo. O bom e o ruim. O ruim. O ruim. São Paulo é cruel quando quer ser cruel e você irá se arrepender de não ter me ouvido. Volte para sua terra se você não é daqui. Volte para sua terra antes que teu coração fique cinza, assim como o meu, assim como o de São Paulo. Se o teu coração ficar cinza em São Paulo, quer dizer que você se converteu para a religião dessa cidade, e então, meu caro, esse é o momento de dizer adeus. Disse adeus? Sente em uma mesa de bar de luxo ou boteco de lixo e desfrute uns belos drinques, você não terá mais nada do que fazer além disso. Amanheça em São Paulo, caia na sua vida de rotina e desfrute. Desfrute de tudo que falei antes. Do amor. Do ódio. Do luxo. Da tristeza. Do lixo. Do rancor. Do cinza. Desfrute de cada pequeno detalhe que São Paulo te entrega antes que você morra. Das prostitutas. Dos bares. Das bibliotecas. Do centro. Dos lares. Dos prédios. Da avenida Paulista e da Rua Augusta. Da galeria do rock e dos bordéis e cinemas pornográficos. Dos shoppings e dos teatros. Das casas de shows e orquestras. Dos shows caríssimos até os shows gratuitos nas ruas do centro. Dos punk's e skin heads. Dos ônibus aos metrôs. Das rodoviárias até as estações. Se perca em São Paulo. Se encontre. Se frustre. Se deprima. Ame. Odeie. Transe. Beba. Fume. Adoeça. Apanhe de São Paulo, apanhe muito, mas seja abraçado quando você mais precisar. E viva São Paulo, mas nunca, nunca mesmo, deixe que São Paulo viva a vida por você.

Certo?

Ah, lembre-se disso: São Paulo é como a confiança. É uma mulher ingrata que você amou, deu de tudo, entregou a sua alma e depois te jogou fora como se fosse um nada. São Paulo é um lugar interessante até demais, mas você não é nem um pouco interessante para São Paulo.

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Ninguém se interessa por isso aqui, pensava enquanto transávamos

Eu poderia dar um tiro em minha própria cabeça e ninguém iria se interessar. Ninguém iria notar. E, oh meu Jesus Cristo, lá vem ele de novo escrever sobre essas coisas trágicas e depressivas. Isso é um saco. Ninguém se interessa por nada que eu escrevo. Eu não me interesso. Eles não se interessam. E isso tudo faz eu soar como um ser humano patético. Acredito não estar passando além do que isso. Patético. Triste. Pensante. E sozinho. Sim, eu quero estar sozinho. Eu quero ser sozinho. Estou me apaixonando, mas estou matando isso. Eu matei o meu amor, lembra? Eu o matei antes que ele me matasse. Me senti feliz por isso. Eu jurei que não escreveria nada essa semana e olha onde estou. Olha essas palavras. Já reparou como sou desesperado e confuso e tolo e patético? Acredito que eu esteja me menosprezando demais, mas é assim que me sinto. Ah, e burro. Sinto-me bastante burro em meio a esse mundo estúpido. Por favor, me diz que todas essas palavras sairão um grande saco de lixo, porque é assim que eu me sinto. Um enorme saco de lixo solitário e bêbado. Um brinde a minha estupidez.
- Querido, pegue outra dose para mim - ela disse, enquanto se sentava. - Whisky, água e gelo, por favor.
- Você irá abrir as pernas para mim logo que eu fizer isso ou ficaremos aqui apenas bebendo? - perguntei e ela sorriu.

Porque estou escrevendo hoje? Porque continuo me sentindo assim? Cadê meus sentimentos, minha loucura, minha solidão, minha depressão? Oh, meu Deus, o que estou sentindo de verdade? Será que estou mesmo me apaixonando e entrando em caminho de uma perdição? NÃO, EU NÃO QUERO PERDER MINHA ALMA, querida. Tira-me dessa, por favor. E me sirva outro drinque. Sirva-me todos os drinques possíveis para eu brindar em nome da minha estupidez que tem se tornado imensa demais. Nem eu me suporto. Não suporto mais a minha maturidade, os meus amores, o meu jeito, o seu jeito, os meus amigos, a minha família, as minhas insônias, os livros, os carros, as calçadas. Não suporto mais nada. A minha paciência se foi. O meu amor se foi. A minha vida se foi. A morte levou tudo que existia de bom em mim e esqueceu de me levar também. Droga. Ela poderia ter feito algo apenas para ter me salvado disso tudo aqui. Não precisava ter me matado, mas também não precisava matar tudo que existia de bom em mim. Cansei de mim. Cansei de você. Cansei deles. Cansei de nós. E estou tão, mas tão cansado de sempre entregar tudo e não receber nada. Isso soa egoísmo, mas os egoístas são eles. Eles me pedem, me chamam, me ligam. Eu faço, eu vou, eu atendo. Que estúpido eu sou. Estou me perdendo. Estou me afundando mais ainda num abismo sem fim e não existe ninguém para me salvar. Eu não tenho um Deus. Eu não tenho um amor. Eu não tenho uma vida. Eu tenho apenas os meus demônios e as minhas bebidas, mas elas nunca me salvaram, apenas controlam um pouco tudo isso. E o que eu faço? Continuo aqui bebendo, escrevendo e lembrando que um dia amei de verdade.
- Você é um idiota. Você sempre escreve essas mesmas coisas tristes e nunca sobra tempo para mim - ela disse.
- Sim, eu sou um idiota, mas me torno menos idiota sempre que escrevo essas coisas idiotas para pessoas idiotas que nunca irão ler. Elas não se importam de eu ser um idiota, querida - eu disse.
- Pegue outra dose para mim? - ela perguntou.
- Pego. A hora de fazermos sexo está chegando ou apenas ficaremos brigando? - perguntei, ela não respondeu e fui até a cozinha pegar outra dose.

Que desperdício essas minhas palavras. Eu deveria guarda-las ou deveria escreve-las numa folha qualquer de papel, depois amassa-la e joga-la fora. Todas as minhas palavras soam terroristas demais, como se eu estivesse escrevendo tiros e mais tiros e estivesse prestes a matar várias e várias pessoas. Minhas repetições são fascinantes apenas para mim. Meus tormentos soam como música clássica apenas para mim. Tudo que escrevo é para mim e por mim. Ninguém se importa. Ninguém se interessa. Ninguém lê toda essa merda. Eu passei o dia todo solitário, sem escrever, sem fazer nada de muito útil e me senti uma merda. Ninguém me ligou e quando me ligaram era engano. Me senti uma escória nesse mundo e há tempos não me sentia dessa forma. Se fosse para escolher entre uma xícara quente de café ou uma cerveja gelada para dar alívio para a minha alma, confesso que eu escolheria uma dose bem forte e longa de veneno. Ninguém se importa com tudo isso aqui e eu ainda tentei virar um escritor. Isso gera uma piada. Aguardem.
- Você é um maldito escritor e miserável. Você só escreve, escreve, escreve e ninguém se importa com toda essa sua merda. Eles devem rir da sua cara - ela disse, enquanto bebia sua dose de Whisky com água e gelo.
- Você está certa. Eu sou um estúpido, querida. Ninguém se importa com nada que eu escrevo e essas suas pernas são deliciosas - sentei no sofá e fiquei de frente com ela, enquanto bebia a minha vodca.
- Você gosta das minhas pernas, querido? - ela perguntou e levantou a saia.
- Gosto. Poderíamos transar a noite inteira e eu ficaria olhando para as suas pernas por um bom tempo - virei a minha dose.
- Você é um escritor de péssima qualidade. Você é triste, frustrante, depressivo e bêbado. Pensa demais. Escreve demais. Enxerga o mundo demais - ela disse.

E transamos.

A vida é esse saco de merda inventado por um Deus. Não. A vida é um Deus inventado por um saco de merda. Também não. A merda é uma vida inventada pelo meu Deus. Muito menos. A merda é um Deus inventado pela vida. Quem se importa com essa merda toda. Eu só quero beber e escrever e continuar sabendo que ninguém se importa. Eu não ia escrever nada hoje e olha o quanto escrevi. E você acha que alguém se interessa? HÁ HÁ HÁ! Dou risada porque daqui gerou uma piada: A minha vida é uma merda inventada por mim mesmo.

Droga. Porque não tinha pensado nisso antes?!

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Oh querida, me deixe tentar colocar um pouco de humor e sexo aqui

Estou sempre escrevendo alguma coisa. Sempre escrevendo por aqui, em folhas de papel, num caderno velho, não importa, mas estou sempre escrevendo. Em nenhuma de minhas confissões escrevi sobre sexo, mas que diabos, eu sou completamente apaixonado por sexo. Assim como, em nenhuma de minhas confissões escrevi algo que contenha humor, mas que diabos novamente, eu sou totalmente a favor da comédia, do humor, seja ele negro ou inocente. Sou completamente a favor dos sorrisos. É sorrindo ou gargalhando que esquecemos de toda a podridão do mundo. Confesso que se não fossem os sorrisos, nossos e das pessoas a nossa volta, o mundo estaria mais afundado ainda na merda. Oh querida, me deixe falar sobre humor. Me deixe escrever sobre sexo. Isso não faz mal a ninguém. O que faz mal é escrever sobre coisas ruins. O que faz mal é ser ruim. E eu não sou ruim, pelo menos acredito assim. Não sou uma pessoa ruim, sou apenas depressivo. Ser depressivo é ruim, mas ser depressivo não te torna uma pessoa ruim, apenas te torna uma pessoa triste. E eu sou triste, mas sou a favor do humor. Faz algum sentido isso? Não importa o sentido dessa merda toda. O que importa é essa minha vontade incontrolável em querer fazer sexo agora mesmo. Eu sou um louco triste e perturbado e bobo, mas sou louco por sexo e humor. E triste. Você acha isso triste? Esse conto ficará triste e você se sentirá louco como eu? Essa é a intenção, querida. Leia e fique louca. Leia e queira fazer sexo comigo. Leia e dê algumas boas risadas. Quem sabe eu não te convença do meu charme arrancando algumas boas risadas de você. E quem sabe depois de arrancar umas boas risadas de sua boca a gente não possa fazer sexo loucamente a noite inteira. Seria divertido, mas não me ligue amanhã. Eu continuarei sendo louco, triste e perturbado. Mas a gente pode repetir a dose um dia desses. Só basta eu arrancar alguns sorrisos desses seus lábios lindos e carnudos. Quem sabe. Ah sim, querida, eu estou louco, mas é porque eu dei boas risadas hoje e isso me fez sentir vontade em fazer sexo com você. Quem é você? NÃO IMPORTA, mas que diabos.

- Você só escreve coisas tristes e deprimentes e melancólicas - ela disse.
- E você acha isso ruim? - perguntei.
- Não. Você escreve bem, você será um ótimo escritor, mas é tudo muito triste - ela disse e desceu uma dose de vodca pura.
- Ah querida, você é a pessoa mais gostosa desse bar. Um dia escreverei sobre você, quem sabe esse conto será bem humorado e com um caso sexual - eu disse e também virei uma dose de vodca.
- Oh querido, você não irá transar comigo, mas confesso que você é um homem e tanto - ela disse, se despediu, me mandou um sorriso e foi para outra mesa de bar com vários caras sentados nela.

Sou horrível para com piadas. Sou horrível quando tento ser engraçado. Sou um desastre quando tento arrancar sorrisos das pessoas. Sempre que eu tento ser engraçado, acabo não sendo engraçado. É frustrante. MAS QUE DIABOS, eu ainda quero fazer sexo com alguém e ainda quero deixar esse conto interessante. Estou saindo da escrita que costumo deixar no ar. Meu Deus, será que estou ficando mais louco que o normal? Será que tem alguma coisa errada comigo? Deveria continuar escrevendo essas palavras inventadas sobre sexo e humor ou deveria parar por aqui? As pessoas irão pensar que sou mais louco do que o normal e que sou um pervertido. Mas deixa. Deixa elas pensarem que sou um louco pervertido. Sou apaixonado pelas mulheres. Sou apaixonado por sexo. Sou apaixonado por humor. Eu solto piadas e sorrisos depois de ter tido uma grande noite de sexo carnal. É uma loucura. As pessoas são hipócritas e essa não será a minha primeira vez que serei também. Eu amo sexo. As pessoas têm vergonha em falar sobre sexo, principalmente as mulheres. Dificilmente você encontrará uma mulher que fale tão bem e abertamente sobre sexo. Acredito que uma mulher amadurecida tenha esse dom, elas sabem falar sobre sexo e fazem sexo muito bem. Adoro isso. Adoro as mulheres. Adoro as mulheres que sabem usar o humor e sabem fazer sexo. Continuem assim. Não sejam hipócritas: TODOS NÓS AMAMOS SEXO!

A mulher do bar se dirigiu até o balcão pelo qual eu estava sentado. Sentou-se ao meu lado, abriu um pouco mais o seu decote, pediu duas doses puras de vodca, uma para mim e outra para ela, sorriu e disse:
- Nós iremos transar essa noite, querido. Eu gosto dos escritores, mesmo que eles sejam um nada.

Fiquei apenas na mão essa noite. Se é que você me entende. Um brinde a isso. Adorei essa noite.

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Os mais vividos sempre sabem o que dizer sobre a vida

E porque eu deveria salvar o mundo? O mundo está acabando. As pessoas estão acabando com ele. Porque eu deveria salvar todas essas pessoas? Porque eu deveria ao menos tentar? Eu me sentiria um tolo em acreditar que posso salvar o mundo. Acreditar que poderia salvar algo ou alguém com todas as coisas que ouso e sinto em escrever. Sou um tolo aprisionado dentro de mim mesmo quando paro para pensar que eu poderia fazer desse mundo um lugar melhor. Nossa. Como eu me sinto um tolo desprezível em acreditar que eu posso salvar alguém com minhas palavras. Estou fugindo dessa. Estou fugindo desse pensamento de que posso salvar essa humanidade patética com todas as minhas cartas. Para falar a verdade, estou fugindo de qualquer pensamento que venha passar pela minha cabeça agora. Estou com o meu físico e o meu psicológico cansados. Acredito que eu esteja morrendo. Morrendo aos poucos. O ontem acabou e eu morri um pouco. Amanheceu hoje e também morri mais um pouco. Estou apenas morrendo e tentando acreditar que posso salvar as pessoas antes mesmo de estar enterrado. Sou um louco por acreditar nisso ou eles são loucos de lerem cada conto que escrevo? Estou prestes a desistir de escrever. Perto de desistir da humanidade. Prestes a desistir do mundo. Bem perto de desistir de mim. A vida é feita de algumas desistências, assim como a minha vida foi feita em base de minha desistência do meu amor. Eu já não amo mais e já não sinto falta disso. Mais uma vez, para o inferno com o amor.

Os mais velhos deveriam salvar o mundo. Digo, eles tentaram. Eles, com toda a certeza absoluta do mundo, tentaram salvar o mundo. E desistiram. Meu bisavô desistiu. Meu avô desistiu. Meu pai desistiu - se é que ele um dia sequer tentou salvar o mundo -, todos eles tentaram. O seu bisavô desistiu, assim como o seu avô e o seu pai. E desistiram. E morreram. Morreram de verdade ou morreram apenas hoje e amanheceram para mais um dia de morte. Aliás, o dia está quase chegando ao fim, você está morrendo e não fazendo nada para salvar o mundo. E eu, o que eu estou fazendo para salvar o mundo? Isso é fácil de responder: Escrevendo essa merda de carta para que alguém leia e perceba que sou um louco tentando salvar o mundo.
O mundo é feito pelos loucos ou pelos sãos? O mundo é feito por aqueles que amam ou por aqueles que odeiam? Os velhos dizem o que devemos fazer. Será que eles sabem a resposta para todas as minhas perguntas? Mas, se eles sabem a resposta para todas as perguntas e conseguem fazer a gente se sentir melhor com suas estratégias sobre a vida, com suas formas de saberem viver, com todos os seus conselhos e ordens e mandamentos e vivências, porque eles não conseguiram salvar o mundo? Muitos desses velhos estragaram o mundo. Muitos desses velhos, esses mesmos velhos que nos dão conselhos sobre como devemos ser e sobre como devemos agir, cagaram na terra, cagaram para o mundo, cagaram em cima de nós e assim nos encontramos em cima de toda essa merda que é essa grande bola azul pela qual vivemos. Droga. Os velhos também estragaram o mundo. Eles já podem parar de acreditar que são as melhores pessoas do mundo por apenas terem vivido mais que nós, mas ainda assim, respeitai-vos os mais velhos. Eles sabem de muitas coisas boas pelas quais não sabemos. Ah, eles sabem. Eles poderiam salvar o mundo se quisessem, mas eles preferem passar esse trabalho em vão para todos nós, os mais novos.

Que eu não vire um velho chato já sendo esse jovem chato. E bêbado. E louco. E acreditando que posso salvar o mundo. Não caguem mais em cima do mundo. Não defequem mais depressão e melancolia para cima de mim.

*

E o amor? O que eu fiz com o meu amor? O que eu fiz com a minha vida? 
Eu já não sei amar. Eu não lembro em qual lixeira joguei fora o meu amor. Eu estraguei minha vida.
Eu escrevo para não amar. Eu joguei o amor no lixo, mas o peguei de volta. Eu estraguei minha vida.
Eu amo para escrever. Eu tranquei o meu amor dentro de um quarto escuro. Eu poupei a minha vida.
Eu escrevo por amor. Eu fui visitar o amor naquele quarto escuro. Eu estraguei a minha vida, mais uma vez.
Eu sou louco? O que está acontecendo? Jurei nunca mais escrever sobre o amor, mas eu ainda tenho em mente uma escrita geniosa sobre um romance. Eu escreverei um belo romance, um dia. Um dia eu estragarei a minha vida, mas escreverei um romance por amor. E amarei cada palavra escrita naquele romance. E amarei ter escrito por amor em cada noite de insônia que vem me visitar. Por amor, pelo amor e para o amor. Eu escreverei por noites e mais noites algo sobre um romance e terminarei, mas entrarei em coma. Acordarei com um velho me dizendo que eu deveria amar de novo. Acordarei com um velho me dizendo que eu posso ser melhor que isso e que tenho o direito em amar de novo. Sinto falta de me apaixonar, joguei o meu amor fora e o velho me dirá tudo o que devo fazer. 

E quem é esse velho? Fácil de responder também: Aquela velha lembrança boa que eu tinha do amor.

Eu já amei e sorri. Eu já amei e fui feliz. Eu já amei e fui amado. Eu já amei e fui estraçalhado. Eu já amei e me jogaram fora. Eu já amei e chorei. Eu já amei e fui infeliz. Eu já amei e morri.

Eu já amei e morri. Por isso eu não amo mais. O amor me matou, mas antes eu o assassinei. Que alguém me prenda por isso, mas morrerei com orgulho no peito. Antes ser preso com orgulho no peito do que ser preso com amor ou pelo o amor. 

terça-feira, 7 de outubro de 2014

É sempre tarde demais para dizer palavras bonitas


Cai em meu patético período de loucura. Eu poderia ficar por horas e horas dentro do meu quarto escrevendo cartas e contos e textos e livros. Mas espera, eu já faço isso. Eu já escrevo incontáveis contos deprimentes e vou jogando pelos ares para que essa humanidade monótona veja. E deixa eles verem. E deixa eles lerem. Deixa. Deixa eles sentirem que estão se identificando com tais palavras, enquanto isso estou aqui me embebedando ou entrando em uma overdose de cafeína. Deixa. Deixa eles acreditarem que sou um escritor sensacional. Deixa a humanidade acreditar que nunca irá morrer. Eu fico de longe observando cada ser humano e me sinto dentro de um teatro. Sou o único telespectador dentro de um teatro onde a humanidade é o personagem principal. Deixa eles apenas acreditarem que são felizes. Isso me faz bem. Isso me faz soar como um louco, mas me faz bem. Deixa essa humanidade chata acreditar que nada tem um fim. Que nunca é tarde demais. Que o amor perfeito está no ar. Deixa, mais uma vez, eles acreditarem que nunca irão morrer. Que humanidade chata e deprimente essa. Sinto que estou ficando mais chato do que o normal por conta deles. Eles poderiam morrer, poderiam se suicidar, poderiam se explodir, que eu continuaria preso dentro desse meu casulo. Não existe mal nenhum em acreditar que todas as coisas são perfeitas, mas a humanidade exagera até nisso. Não existe mal nenhum em amar, mas a humanidade também exagera nisso. Não existe mal nenhum desse ser o ultimo dia de nossas vidas, mas a humanidade idiota também acredita que esse pode não ser o ultimo dia de nossas vidas. Mas que diabos eles pensam que são? A gente nasce, cresce, envelhece, adoece e morre. Mas eles acreditam que não existe o fim. Eles acreditam mesmo que não existe o fim. Eles acreditam que seremos para sempre esse câncer aqui na terra. NÃO. Não podemos pensar assim, mas deixa eles acreditarem.

Cada carta que escrevo para as pessoas lerem, tento escrever melhor que a ultima, mas só tento. Minhas cartas são péssimas. Minhas cartas são horríveis. Minhas cartas são melancólicas. E de novo irei me encontrar com algum ser humano sentindo orgulho de cada palavra que escrevo. Droga. Não sejam tão patéticos quanto eu, por favor! Minhas cartas são desprezíveis. Eu tento escrever algo feliz e não consigo. Eu tento escrever algo sobre o amor e não consigo, meus romances são uma desgraça e não servem de exemplo para ninguém. Eu tento escrever sobre minhas melancolias e eles choram por mim. Eu abaixo minha cabeça, tento chorar e não consigo. Deixa eles chorarem por mim. Deixa eles sentirem por mim. Eles esqueceram que esse pode ser o ultimo dia de minha vida. E confesso que estou desejando isso desde a hora que acordei. Sinto-lhe informar que não estou dando muito valor para a minha vida nesse meu período de loucuras. E o que você irá fazer por mim? Dizer que sentiria minha falta? Dizer que eu deveria dar mais valor para as coisas? Dizer que eu deveria tentar ser mais feliz? Dizer que eu poderia procurar o seu Deus? Não. Não preciso desses conselhos. Eu já sei disso tudo e isso faz com que eu vomite cada vez mais as minhas palavras. Isso faz com que eu me torne mais melancólico e triste ainda. Deixa eles acreditarem que podem vencer minha depressão com seus conselhos chatos. Deixa.

Degusto um belo e quente café - mas preferia estar me embebedando numa garrafa de cerveja -, e penso: Eu poderia morrer hoje, mas o que eu fiz? O que eu escrevi? O que eu falei?
Que inferno. Eu gostaria de conseguir proferir um "eu te amo" para alguém e dizer as palavras mais bonitas que existem antes de morrer, mas isso eu não sei fazer há tempos. Eu poderia telefonar para todas as pessoas que amo e ouvir a voz deles acreditando que essa seria a ultima vez que eles ouviriam a minha voz, mas eu odeio telefones. Eu poderia escrever milhares de palavras lindas e fantásticas para as pessoas que mais me fazem bem, mas quando pego para escrever alguma coisa tudo sai tão triste e trágico e deprimente e patético. Joguem fora todas as minhas cartas, pelo amor de Deus.
Já pensou se você morresse hoje? O que você fez? O que você escreveu? O que você falou?
Dificilmente você pensará em sua morte, acredito assim. Se você é uma pessoa feliz, você dribla a morte com seus sorrisos e ela vai passando despercebida, mas veja que você deve estar sentindo falta de alguém hoje, você brigou com alguém na semana passada, você escreveu bobagens fúteis no mês passado e proferiu palavras que não deveriam ser ditas nem para o seu pior inimigo. De quem seria a ultima voz que você ouviu antes de morrer? Quem ouviria a tua voz antes de morrer? Quem ouviria o seu "eu te amo" pela ultima vez? Você lembra?

Essa madrugada eu pensei em cometer suicídio. Senti uma doce e grande vontade de abandonar esse mundo por não suportar mais todas essas coisas e toda essa humanidade. Do meu patético período de loucura passei para o meu patético período de desligamento. Foi triste e está sendo triste. Tente imaginar quantas vezes pensei em desistir. Apenas tente. As pessoas acreditarão que estou tentando chamar algum tipo de atenção por dizer sobre meu suicídio. Deixa eles acreditarem. Deixa. Outras pessoas acreditarão que estou ficando louco e doente, mas isso eu já sou, então deixa eles acreditarem. Deixa. E muitas ficarão preocupadas, que fiquem, mas joguem fora essa carta, pelo amor de Deus.

Desisti da minha tentativa frustrante de cometer suicídio essa ultima madrugada porque não tinha alguém para dizer eu te amo. Quem sabe essa madrugada eu tenha ou quem sabe a próxima. Quem sabe eu não me importe tanto assim. Quem sabe. Mas joguem fora essa patética carta, pelo amor de Deus.

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Papel, caneta e coração

Se eu não viver, o que irei escrever?
Se eu não escrever, o que irei viver?
Decidi virar esse escritor de quinta e por conta disso tenho que sair de casa para viver. Viver muito. Eu preciso viver para conseguir escrever alguma coisa, senão eu falharei com essa minha tentativa frustrada de ser alguém por conta das palavras. Ah, para o inferno com isso de ser alguém melhor. Eu nunca quis ser rico ou famoso ou conhecido por escrever alguns contos ruins. Eu nunca quis mais do que apenas demonstrar meu desespero, pensamento e sentimento em relação a vida. Sinto vontade de cometer suicídio sempre que alguém fala que eu poderia escrever um livro e virar o melhor escritor de todos os tempos, mas mesmo assim dei um tiro em meu próprio pé. Acabei de escrever o meu primeiro livro e odiei. Li, reli, e odiei. Mas que inferno, como eu odiei. Também não seria para menos, se eu odeio todos os meus contos e textos e lamentações, porque eu não iria odiar um livro que eu mesmo escrevi e logo estará sendo vendido em um lugar qualquer da internet. Se alguém terá que ganhar dinheiro com essa porcaria toda que seja eu, né?

Escrevo desde que me conheço por gente. Escrevo desde que me sinto essa pessoa triste e infeliz. Tornei-me papel, caneta e coração desde o momento em que tive a minha primeira depressão. MAS ESPERA. Eu já escrevia antes mesmo de ser completamente essa pessoa infeliz, mas escrevia coisas bonitas e românticas e felizes. Isso sim era triste. Não ter essa visão da realidade do mundo. Ser triste é ser uma pessoa que acredita ser feliz. Você não precisa de muito mais que isso se quer ser um escritor de verdade. Você precisa ser louco, ser triste, ter dor. Você precisa viver para ser um escritor. Você precisa ser muito mais que um ser humano feliz para ser um escritor de verdade. Você precisa ouvir músicas boas antes de escrever. Precisa se entupir de cerveja ou café antes mesmo de escrever. Precisa sentir as palavras chegando até você. Você não será um bom ou péssimo escritor se não conseguir sentir, pelo menos um pouco, as palavras chegando até você.
Do que estou falando? Mal terminei de escrever um livro e estou acreditando que sou um escritor de verdade? Estou prestes a cair no meu período patético de desligamento por conta disso. Sou apenas um escritor bêbado de quinta categoria, não sou mais que isso. As pessoas acreditam de verdade que sou um escritor de verdade e que tenho futuro com minhas palavras. Que eu não me mate por conta disso. Que minhas loucuras me entreguem forças para sair dessa, senão não sei o que será de mim daqui para frente.

O seres humanos têm algo em comum. Somos assim e acredito que você irá entender. Nós nunca gostamos das coisas que criamos e fazemos. Dificilmente nos damos por satisfeitos com todas as coisas que nós mesmos criamos. Um desenhista dificilmente irá se contentar com seus desenhos. Um músico dificilmente se contentará com suas músicas. Um fotógrafo dificilmente se contentará com suas fotos.  Um jornalista dificilmente se contentará com suas reportagens. Uma confeiteira dificilmente estará satisfeita com seus bolos. A porra de um escritor dificilmente se contentará com seus contos. E assim vai. Nunca estamos felizes e satisfeitos com as coisas que fazemos. NUNCA. Sempre odiamos tudo que nós mesmos fazemos. Sempre queremos ser melhores do que a ultima coisa que tenhamos feito. Um desenhista sempre irá querer fazer um desenho melhor que o ultimo. Um músico irá querer fazer uma música melhor que a ultima. Um fotógrafo sempre estará atrás de fotos melhores. Um jornalista SEMPRE estará atrás de polêmicas melhores. Uma confeiteira sempre irá querer melhorar seus ingredientes e enfeites. A porra de um escritor está sempre querendo superar seus últimos textos e contos e tristezas. Todos tem algo em comum, menos os escritores. Todos são capazes de sempre se superarem por conta de suas artes, mas os escritores são obrigados a viver mais e mais para conseguirem superar seus contos. Se um escritor vive uma vida de merda, seus textos serão um grande saco de merda. Se um escritor vive uma vida a mesa de um bar, seus textos serão apenas para bêbados e loucos. Se um escritor vive atrás de prostitutas e romances e amores, seus textos serão apenas sobre sexo, tristezas e solidão. Se um escritor vive atrás de finais felizes, ah, meu caro, seus textos serão um clichê sem fim. Se um escritor vive como eu, ele será apenas um escritor bêbado de quinta escrevendo sobre todas essas coisas. Um pouco aqui. Um pouco ali. Um pouco lá. Não digo que o modo de viver de todos os escritores estejam erradas e só a minha esteja certa ou que eu esteja vivendo errado e eles do modo certo, isso não existe, cada um vive a sua maneira, mas digo que todos os escritores devem ser papel, caneta e coração.

Você não precisa ser um escritor profissional para botar todas as suas loucuras para fora. Vai lá. Levante, viva e tente. Escrever salvou a minha vida, pode salvar a sua também. Somos todos escritores de nossas próprias vidas.

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Poesia para ser lida em uma mesa de bar

Eu estou morrendo.
Cada minuto que passa estou morrendo. Cada segundo que passa estou envelhecendo. Cada respiração profunda que estou dando é um esforço a menos em minha vida. Todos estamos morrendo. A vida está passando e estamos morrendo. Morrendo. Morrendo. Morrendo.
Acredita nisso ou nunca parou para pensar nisso?
É algo incrível para pensar. A humanidade está lá fora defecando suas regras e fazendo suas merdas e nós estamos aqui apenas morrendo. Droga. Eles também estão morrendo. Nunca estamos livres da morte e cada minuto que passa é um caminho mais próximo para o nosso velório. E a gente se preocupa com coisas tão fúteis ao invés de tomar um belo e grande copo de cerveja. Sente em uma mesa de um bar e tome um belo e grande copo de cerveja ou então sente em frente a um balcão de alguma cafeteria e tome uma bela e grande xícara de café. Aproveite a vida. Olhe o que tem de melhor nela. Você está morrendo, lembra? MORRENDO.
A vida é como uma orquestra frustrante e alegre se afogando em depressão. A vida é uma música clássica longa, mas que por ser tão paralisante ela acaba rápido. Quando nos damos conta, a música acabou ou a nossa vida acabou. E quantos estão morrendo enquanto escrevo essas palavras? E quantos morreram enquanto Beethoven compunha a sua nona sinfonia? E quantos morreram escutando essa sinfonia? Estamos morrendo. Morrendo. MORRENDO.

Eu estou morrendo e não fazendo mais questão dos que me esquecem. Estou morrendo e não fazendo questão dos esquecidos. Porque eu deveria me importar se não sou tão importante para todas aquelas pessoas que um dia me disseram que eu era importante para a vida delas? Talvez elas notem o quão importante sou para elas assim que minha morte for declarada. Talvez eles nem notem a minha ausência. Eu não preciso correr atrás das pessoas e dizer que sinto falta. Não preciso ir atrás delas e dizer que elas sumiram. Também não quero que elas venham atrás de mim para dizer que eu sumi. MAS QUE DIABOS, elas sabem onde moro, sabem como vivo, sabem o que faço, elas tem meu número. Essas pessoas que me colocam na lista dos esquecidos poderiam até me mandar uma carta, elas conhecem o meu endereço. Porque eu deveria me importar com o esquecimento delas por mim? NÃO, já não me importo. Estou morrendo, mas ainda me encontro aqui. Estou morrendo, mas elas podem vir atrás de mim e me deixarem com a impressão de que não sou tão esquecido assim. É difícil acreditar nas pessoas quando elas dizem que sou importante para elas, mas elas passam meses e meses sem nem lembrar o meu nome. Essa sociedade que lista os esquecidos lá no fundo do baú é que nem políticos, eles estão lá, contando mentiras e mais mentiras com seus sorrisos falsos e você está acreditando e acreditando e acreditando e morrendo, até que um dia você se encontra totalmente na merda. Eu não preciso ser lembrado sempre, mas também não preciso ser esquecido para todo o sempre. Mas que droga. Eu estou morrendo. Eles estão morrendo. E as pessoas esperam a morte de alguém ou a delas mesmo para saberem que significam ou significaram alguma coisa. A humanidade me entristece.

Um dia me disseram "- Você não consegue sequer escrever um romance" e no mesmo dia outra pessoa me disse "- Você me deixa triste com seus romances. Como você consegue escrever tão bem?". Eu sou um péssimo escritor, meu bem. Um péssimo escritor que está morrendo. Leia e releia essas minhas palavras de quinta categoria. Um bêbado sequer, cambaleando dentro de um bar, compraria essas minhas palavras. EU NÃO CONSIGO ESCREVER UM BOM ROMANCE. E eu estou morrendo. E eu preciso de uma cerveja. E eu preciso escutar uma música clássica deprimente. Mozart. Tchaikovski. Vivaldi. Façam mágica diante dos meus ouvidos. Deixa eu ouvi-los alto e claro enquanto a humanidade toda está morrendo. Deixa eu ouvi-los alto e claro enquanto estou escrevendo essas palavras medíocres e morrendo. Morrendo. Morrendo. MORRENDO.
Acabei de escrever um romance. Um romance sobre o meu delírio cotidiano. Um delírio cotidiano que nem um bêbado se identificaria e gostaria de comprar. Eu sou um bêbado e estou morrendo. Eu sou um louco e estou sendo esquecido. Eu sou um poeta de quinta categoria, um péssimo escritor, mas um dia escrevi um romance que começava assim: "Eu estou morrendo. Cada minuto que passa eu estou morrendo. Cada segundo que passa eu estou envelhecendo. Cada respiração profunda que estou dando para a vida é um esforço a menos em minha vida. Todos estamos morrendo..."

Que eu seja esquecido por esses contos ruins e deprimentes que aqui escrevo. Me perdoem. Amém.


domingo, 21 de setembro de 2014

Amor por R$10,85

O que é o amor?

O amor é uma mulher que lhe dá um tiro de graça. O amor é uma mulher que estupra a sua alma, aquela mulher que faz você gritar e gritar e gritar e permanecer em completa agonia de todos os seus sentimentos escondidos dentro de você. O amor é uma mulher que rouba. Rouba o teu coração e o teu ser. Tua dignidade e integridade. Rouba a tua alma, ah sim, uma mulher que rouba a tua alma e quando você se da conta, você está dentro de um quarto escuro se afundando em um copo gelado de cerveja ou uma dose mais forte e esperando a morte. Sim, esperando a morte. O amor é isso. Isso é o amor. Você tem que estar muito bem preparado se quiser amar ou você tem que ser muito burro se sente vontade de amar. O amor é uma música clássica, daquelas que tocam por horas e horas e você nunca enjoa, mas que uma hora invade teus ouvidos de uma certa forma que faz você se sentir um homem desesperado e perdido e confuso e amedrontado. O amor é como uma faca imensa e afiada que te atravessa ao meio. O amor é como um demônio que vive cochichando baixinho dentro do seu ouvido e dizendo o que você deve ou não fazer. O amor é um inferno pelo qual eu já fiz parte e ainda sinto o cheiro ruim de carne queimada que exala de dentro de mim. Oh amor, não digas que sou ingrato contigo, porque não sou e nunca fui, tu fostes ingrato comigo e lhe agradeço por isso. Oh amor, que poema ruim sobre você estou escrevendo nessa noite gelada. VOCÊ É UM DEMÔNIO, oh amor. Um demônio no corpo de um mulher com um perfume magnifico, belas curvas, sorriso maldoso e lábios grandes e deliciosos cheio de batom vermelho. Oh amor, você me faz queimar, mas eu não quero mais voltar pra esse inferno. Oh amor, afasta-te de mim.

Mas que droga. Espera um pouco. Eu nunca falei bem sobre o amor. O que é o amor afinal de contas? Algum bem aventurado ou bastardo bêbado pode me dizer o que é? NINGUÉM PODE ME DIZER O QUE É O AMOR.

O que é o amor?

Você sabe o que é o amor? Você sabe o que é amar? Acredito que não.
O amor é como Deus, muitos dizem que o avistaram, mas que não sabem como ele é. Outros tantos dizem que já sentiram, mas ninguém sabe ao certo qual o sentimento que ele lhe traz. Porque eu deveria acreditar no amor se nem mesmo acredito em Deus? Oh amor, que confusão você se encarrega de me entregar de presente.
Não sei ao certo o que estou escrevendo sobre o amor. Não sei do que se trata essas palavras, se é um poema ou uma poesia ruim. Não irei ler nenhuma das palavras que aqui escrevi, mas quero tentar entender o que é o amor e quero fazer com que as pessoas parem pra pensar no que é o amor. OH AMOR, cadê você pra responder todas as minhas perguntas. Acredito que você seja como Deus, sempre estive atrás de todas as minhas respostas e sempre fui ignorado. O amor faz a mesma coisa. Lhe faço milhares de perguntas e nunca obtenho respostas. NUNCA. NUNCA. NUNCA. Oh amor.

Droga. O amor é um Deus. Olha a conclusão que cheguei em minhas próprias palavras. OH DROGA. OH AMOR, você é um Deus.

O que é o amor afinal?

O amor é um Deus que lhe dá um tiro e depois estupra a sua alma. Depois rouba teu coração. Depois te deixa louco, oh sim, e como te deixa louco. OH AMOR, OH AMOR, OH AMOR. Como você me deixou louco. Depois você escreve milhares e milhares de cartas de amor e enlouquece. Se encontra dentro de um quarto escuro, bebendo cerveja, ficando bêbado sozinho e louco. LOUCO. LOUCO. LOUCO. Para o inferno com o amor. Eu já não busco e nem oro por ele.

*

- VOCÊ NÃO SABE AMAR! VOCÊ NÃO É HOMEM DE ROMANCE! - gritou ela.
- Ah, para o inferno com o amor. Que todos os meus romances vão para o inferno junto com todas as minhas cartas de amor. - respondi.
- Nossa. O que essa garota fez com você? - ela perguntou.
- Ela apenas levou tudo o que tinha de melhor em mim e eu não poderia esquecê-la mesmo se quisesse. Ela levou o melhor de mim, querida, levou o meu melhor. - respondi docemente.
E eu queria apenas uma cerveja. Queria apenas uma café. Queria qualquer coisa forte pra beber. MAS QUE DIABOS. É tão difícil conseguir algo para beber?
Essa humanidade monótona ama demais, se apaixona demais, se entrega demais e depois me encontro com eles fazendo essas perguntas baratas por conta de amores baratos.