quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Sobre todas as coisas que deixam um homem triste


"Não. Não estrague a sua vida! E NUNCA chore na frente das pessoas, não seja fraco!", diziam eles. E eles sempre me diziam isso. Meus pais, meus tios, os mais velhos que sempre acreditam e sabem que estão sempre certos. Os mais vividos quase sempre estão certos do que dizem. Quase, quase sempre apenas. Eles sempre me disseram isso, mas sempre erraram nesse maldito conselho sobre a vida. Não. Não sou eu que estrago a minha vida, ela que estraga a gente e se não fosse o meu pequeno e precioso dom de escrever, eu não estaria mais aqui. Não. Eu já teria me suicidado, já teria sido morto. Já teria pedido para qualquer Deus ou santo ou ser humano me arrancar dessa merda de mundo. Você está lendo mais um conto melancólico que sai de meus dedos fracos e da minha mente bêbada. Irá acreditar em todas as palavras ou quase todas, irá se identificar, chorar ou sorrir e se deprimir. Eu saberei que você está lendo esse meu conto, apenas mais um conto de minha vida e você saberá que eu sei que você está lendo. Confuso, né? Mas a vida é essa confusão sem pé nem cabeça que passa, e passa depressa. Muito depressa.
E qual o sentido dessa nossa vida nesse mundo cruel? Nascer, crescer, amadurecer, chorar, sofrer, sentir tesão, transar, amar, ganhar dinheiro, beber, beber muito e fazer mais e mais sexo, cada vez mais. Acordar cedo, trabalhar, estudar, se cansar, se frustrar, e andar de metrô, ônibus, van e voltar para de novo e de novo e de novo. Cansa só de pensar. Cansa só de acordar. Acordar, bocejar, se alongar e lembrar da rotina. E que cansativo essa rotina de ter que sair da cama. Droga. A vida deveria ser feita apenas de álcool e sexo. Sexo. Muito sexo. E muito, mas muito álcool. Alguém reze para algum maldito Deus e peça que a vida seja feita apenas disso. Minha fé não é muito forte para coisas abstratas e inexistentes.

Esperem, perdoem minha petulância. Voltarei a me focar em coisas quase boas.

O tempo. O tempo é essa coisa mais louca que qualquer ser humano em desespero por algo. Seja pelo relógio ou seja pela temperatura ambiente. Ambos nunca estão favoráveis a mim. O tempo nunca, NUNCA está do meu lado. Não tenho todo tempo do mundo e ele não me aguenta por todo o tempo dele. A temperatura ambiente é tão indecisa quanto a escolha de sofrer por amor ou permanecer sozinho nesse mundo louco. Ele não sabe se esquenta ou se esfria. Não sabe se molha a gente com a chuva ou se escalda a gente com o sol quente, lindo e imenso. Por favor, se decida, oh tempo ingrato. Venha por mim. Caia por mim. Chore por mim. Só por mim. Deixa eu ser egoísta e desesperado só dessa vez. Me mostre seu choro apenas quando eu estiver chorando e sofrendo por amor. Me mostre seu calor quando eu estiver sorrindo por estar com o coração quente e palpitante. Deixa chover, pode chover, enquanto isso olho cada gota que cai do céu e lembro que minha alma é mais triste do que cada choro ali contido. Minha alma e minha mente são mais tristes do que todas as árvores de natal molhadas e destruídas depois de uma grande tempestade. E ainda me pergunto, qual o sentido dessa vida? Sofrer, sofrer, chorar, chorar, amar, amar e morrer. MORRER.

- Você irá continuar escrevendo? - ela perguntou.
- Mas é CLARO, sempre. Se não escrevo, eu morro! - respondi.

Perdi a linha do meu raciocínio entre essas palavras tristes e melancólicas. O céu escuro continua chorando, assim como minha alma sem religião, sem amor e sem paz. De longe sinto o cheiro forte da chuva limpa. Minha mente parece uma máquina de lembranças pronta para explodir. Oh, mas que diabos, eu daria qualquer coisa para estar nos braços de minha amada nesse triste momento ou estar nos braços de meu pai e ouvi-lo contar histórias sobre sua vida que nunca ouvi, mas meu pai morreu e meu coração apaixonado está triste demais para se importar. Então me deixa aqui em silêncio, bem quieto e ouvindo a chuva bater forte lá fora. Deixa minhas sementes mortas renascerem, mas melhor estar triste e solitário do que estar triste e muito bem acompanhado. Agora eu deixo a lágrima escorrer. Agora eu posso chorar. Uma lágrima nem tão sofrida nem tão feliz. Uma lágrima um tanto quanto "sei lá" pelo café quente e amargo que deixei largado em cima da mesa.

E ela disse:
- Que conto horrível esse teu. Muito triste! VAI TRANSAR!
- Esse é só mais um entre os 6, 7 contos que escrevi hoje, querida - eu disse.
Foi quando percebi que estou escrevendo demais e pensando demais e teorizando demais. O dia tem 24 horas e por quase metade desse tempo estou escrevendo e escrevendo e escrevendo. E boa parte desse tempo a humanidade está trabalhando, sofrendo, amando, estudando, correndo, ganhando dinheiro...

CHEGA! Uma cerveja, pelo amor de Deus. VÃO TRANSAR, HUMANOS. VÃO TRANSAR!

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