segunda-feira, 17 de julho de 2017

...uma nota sobre os 26


E eu tenho procurado por sonhadores nas nuvens. Sonhadores como eu. Afinal, sempre me disseram que sonhar era de graça. Vai, garoto, vai. Sonha. Sonha alto. Sonha leve. Sonha longe. Deixa essa sua mente viajar no melhor de todos os sonhos e sentimentos e sensações que tu poderes ter. Vá, menino, vá. Vá para bem longe. Vá para bem alto. Mas nunca esqueças da queda. Nunca esqueças. Mantenha suas esperanças mesmo quando todo o resto de você morrer, mas nunca se esqueça que a realidade pode quebrar de vez seu coração. E a realidade sempre quebra. Ela sempre bate na porta como quem diz "olha, eu vim para ficar e você não pode fazer nada a respeito disso". A realidade é triste demais de ser suportada. É uma amiga que ninguém nunca gostaria de ter. E eu a tenho como uma de minhas belas companheiras. Deixa ela entrar. Deixa ela se sentar onde seria o meu canto, e ficar por lá. A realidade me mostra que já não sou aquela criança feliz que há tempos fui. Que minhas mãos já não aguentam tanto peso assim e que minhas pernas já começam a reclamar no fim da noite. Ela mostra que já não sou tão forte assim. Que os problemas físicos e psíquicos começam a aparecer e serem mais frágeis que o normal. Que meu coração deve ser verificado vez ou outra e que minha mente deve ser estudada mais afundo por um profissional para que não me esqueças de quem sou e quem quero ser e para onde quero ir e, acima de tudo, como devo amar. Como lidar com uma mente e um coração que nunca soube amar? Estou passando mal, tanto no corpo quanto na alma quanto na mente, mas tudo está tão ótimo que não sei por onde começar pra melhorar essa minha sensação de mal estar que preenche esse coração solitário e perdido. Aquele garoto com a cabeça no lugar e boas escolhas já não existe mais. Ele perdeu os pés do chão há alguns meses e sua cabeça se encontra tão confusa, confusa, confusa. Dentro de um coração perdido, perdido, perdido. E a realidade olha bem no fundo dos meus olhos e solta sua mais doce gargalhada.

Diálogo 1: - Quando foi que tu se perdeu tanto dentro de si mesmo?

Qual a resposta para todas as minhas perguntas? Não sei nem quando me encontrei - se é que existiu esse dia - nem quando me perdi. Talvez quando cai na realidade de que a gente sempre perde todas as pessoas. As que amamos, as que odiamos, as que sentimos carinho, as que sentimos saudade. Saudade! Eis a palavra. A gente sempre perde todas as pessoas a nossa volta, sem nem perceber, sem nem enxergar, e como num piscar de olhos...TSC...estamos com a saudade apertada no peito e a tristeza mais apertada ainda. Mas um dia tu se conforma. E um dia tu se perde. E aprende - errando muito - a não criar laços e ser essa pessoa solitária. Oh claro, nunca sigas passos meus, sou tão perdido quanto qualquer um capaz de ler minhas notas.
Sempre tive tanto medo de perder as pessoas que sempre tive medo de crianças laços com elas. E, na casa dos meus 27, percebo que isso piorou e percebo que essa é a pior doença contida dentro de mim. Sinto falta dos sorrisos sinceros. Sinto falta dos abraços apertados. Das ligações demoradas. Das besteiras contadas. Das cervejas tomadas. Sinto falta dos amores contidos. Dos carinhos preservados. Do calor de amantes. Sinto falta do aperto de mão dado por uma amizade. Sobre uma música compartilhada. De um choro aliviado. De uma saudade afastada por um olhar. Do silêncio contido dentro desse olhar. Silêncio que me entrega calma e não esse silêncio que tanto me perturba hoje em dia. Sinto falta de me sentir preenchido. Falta dessa sensação de que algo me falta estando bem, mas bem longe de mim. Perdi as contas de quantas vezes senti que tudo está se esvaindo do meu corpo. E a mente insisti em mentir para mim mesmo que meu pensamento e meu coração logo encontrarão uma calma. Um alívio ou uma solução. Quem foi que disse que a solidão é a melhor coisa que existe? Quem foi que disse que é gostoso sentir saudades? Quem foi que disse que não é doloroso sentir falta de si mesmo e dos tempos onde acreditávamos que tudo estava bem? Quem foi que disse?

Diálogo 2: - Você é como um líquido que eu não posso segurar!

Certa vez, em meus devaneios, pensei em como estará a minha vida na casa da velhice. Em que roupas estarei vestindo num domingo a tarde. Quantas pessoas estarão em minha casa. Quantos netos terei. Quais pessoas já terei perdido. Quanta dor e felicidade já terei passado. E em como será minha amada, minha parceira, minha mulher. A roupa que ela estará vestindo. Se o braço dela estará entrelaçado aos meus numa cadeira de balanço qualquer. Se a felicidade estará em seus olhos. Se estaremos completos um com o outro e com nossas vidas e nossas famílias. Se estaremos cheios de vida através de um sorriso por termos sobrevivido, juntos, tanta coisa que a vida conseguiu nos oferecer. Ou se serei um velho solitário - como sou hoje, esse jovem velho solitário - prestes a morrer sozinho lembrando de todos os erros que cometeu e tristezas que passou e pessoas que perdeu sem nunca ter mostrado mais e mais e mais pequenos e grandes gestos de carinho. E chorei. E chorei sozinho. E chorei demais. E me perdi entre lágrimas que eu nem sabia que eram contidas dentro de mim. E percebi que sou uma rodovia com várias entradas e saídas que levam todas as pessoas e sentimentos e sensações para lugar nenhum. Sou um velho jovem perdido ao sul de lugar nenhum. Ao norte. Ao Oeste. Ao Leste. E eu me perdi mais um pouco. Talvez, as pessoas que cairão nessa carta escrita por mim não entenderão nada do que quis dizer, mas que elas entendam, de algum jeito, que a realidade é triste demais, muito triste. Triste. Triste. Triste. E solitária. Solitária. Solitária. Mas ela é muito mais triste e deprimente quando compartilhada sozinha. Sem ninguém ao teu lado, a realidade fica muito mais triste e pesada e difícil do que ela é realmente. E que nessa estrada que me leva para lugar nenhum, eu encontre, em uma esquina qualquer, a solução para o meu amor. Amor compartilhado. Amor solitário. Amor que escorra pelos dedos. Amor que dure a vida toda. Não importa. Mas que eu encontre algo que preencha esse vazio contido há meses dentro de mim. E que minha vida amorosa na casa dos 60, não seja tão triste quanto a casa dos 27. Que triste seria não ter ninguém para segurar minhas mãos cansadas. Entre exageros ou não, quando minha vida vai deixar de ser essa canção triste sem nada a dizer que ninguém quer ouvir?!

segunda-feira, 26 de junho de 2017

Bom mesmo era antigamente...

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Bom mesmo era antigamente, quando as únicas feridas que cicatrizavam eram os ralados nos joelhos. Quando os sorrisos não eram forçados. Quando os abraços eram merecidos. Quando os olhares eram sinceros. Bom mesmo era antigamente, quando os beijos eram inesquecíveis. Quando as amizades eram eternas. Quando as rosas da morte floresciam apenas nos desenhos animados. Quando as lágrimas eram passageiras. Bom mesmo era antigamente, quando eu não tinha que lembrar de esquecer. Quando meus braços eram fortes. Quando minhas pernas aguentavam correr por horas e horas. Quando me afundava em chocolate em pó ao invés da cerveja gelada. Quando não precisava de uma dose qualquer ou uma tragada forte em uma de minhas besteiras quaisquer para aquecer um amor triste dentro de ti. Bom mesmo era antigamente, quando eu sentia ciúmes apenas de meus brinquedos. Quando minha mãe me entregava o mais caloroso 'boa noite' e abraço apertado e dizia que tudo iria ficar bem. Quando o único laço existente com alguém era apenas esse. Quando o choro contido era cuspido por lágrimas e não por tais palavras. Bom mesmo era antigamente, quando eu tinha a comida quente e bem temperada me esperando na mesa de casa e não as comidas pouco temperadas de botecos em que vivo hoje em dia. Bom mesmo era antigamente, quando mal existia internet. Quando as pessoas realmente se olhavam. Se sentiam. Se amavam. Quando as pessoas realmente conversavam e sabiam de suas existências. Quando as pessoas se entendiam. Quando a gente passava muito mais além do que apenas pessoas felizes atrás de uma fotografia em meio a um aplicativo. Quando as pessoas se esbarravam e pediam desculpas. Quando as pessoas entregavam sorrisos sinceros para as outras sem estarem olhando para baixo em uma tela de celular. Bom mesmo era antigamente, quando as pessoas saiam de casa para sentirem o sol bater em suas vidas e não apenas para tirarem fotos com legendas bonitas. Quando as pessoas não queriam ser tão melhores que as outras em meio a uma rede social. Quando as pessoas enxergavam o mendigo que sorria para elas e sorriam de volta. Um sorriso sincero salva vidas. Muda vidas. Molda mais e mais sorrisos. Bom mesmo era antigamente, quando as pessoas viam músicos e artistas e poetas em meio á multidões e entregavam uma moeda, um sorriso, uma flor, um abraço e não apenas o desprezo por, mais uma vez, não largarem o celular. Bom mesmo era antigamente...que eu acreditava ser feliz. Sem nunca ser.

Diálogo 1: - Eu não sei ficar só!

Mais de um ano sem escrever e noto que não sei fazer isso. Nunca soube. Nunca fui um bom escritor nem nunca cheguei perto disso. Acredito que não posso nem me considerar um escritor. Colocaremos assim então: Péssimo escritor barato de balcão de boteco.
Bêbado solitário que não sabe o que quer. Aquele que não sabe amar. Aquele que não sabe lidar. Aquele que mal sustenta teus pensamentos e sentimentos. E quantas vezes me senti perdido nesses 12 meses que se passaram? E quantas vezes deixei de gostar de mim mesmo? E quantas vezes pensei em colocar todas as minhas palavras para fora, mas sempre pensei "Deixa pra depois. Deixa pra mais tarde"?
E todas aquelas pessoas felizes com seus sorrisos amarelados escondidas  dentro de tudo que elas nunca puderam ser. Amotinadas em suas rotinas nada passageiras esperando por algo que elas nunca terão, mas elas são felizes no fim de tudo e eu as invejo aqui de longe. Daqui do meu casulo. E bebo um belo gole de cerveja enquanto penso que um dia serei tão feliz quanto todas elas. Em uma boa e velha e gostosa rotina que sempre fez tão bem para mim. E um dia pensarei "Não preciso mais me afastar de todas essas pessoas que um dia me fizeram ser essa pessoa tão infeliz". E, talvez, eu me torne o que elas são. Ou, talvez, continuo escrevendo minhas poesias tão infeliz como sempre fui. Felicidade é algo que ninguém nunca soube suportar. O amor é algo que todos nós fingimos suportar. E todo mundo finge que se importa.

Diálogo 2: - E todo recomeço tem um preço que eu não posso pagar!

Há meses não escrevo nada e percebi que a vida é como poesia. Ela sempre acaba, mas antes disso, ela vem linda, com um golpe de histeria, amargor, beleza, agonia, desespero, vez ou outra paixão, muitas vezes amor e por fim, ela acaba. Que a minha vida seja como a mais bela poesia escrita pelo melhor escritor. Silenciosa, apaixonante, atrativa. Que lhe tire o ar. Que lhe mostre o caminho quando não saibas mais de nada e que o fim seja surpreendente, calmo e feliz como muitos esperam. Que tu venhas até a mim quando não souberes mais para onde ir e que me bebas como a tua dose preferida.
E essa vida que passa num piscar de olhos, nesse mundo onde ninguém mais enxerga? Onde ninguém mais se fala. Onde ninguém mais se ama. Onde está a saudade das cosias boas? Onde está o medo da morte de pessoas próximas? Onde está a verdadeira paixão por nós mesmos que vá muito mais além do dinheiro?
Tenho medo da morte. Um dia a cumprimentei como uma velha amiga e já até bebi uns bons drinques ao seu lado. Hoje não abro a porta para ela. Pelos meus pais, meus amigos, meus amores. E talvez, por mim.

Diálogo 3: Cadê o mais belo e forte abraço quente nessa noite fria?