quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

Insônia é uma cobra negra que sussurra aos meus ouvidos. Saudade é o veneno que insisto em tomar

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...no parque de diversões de sua vida, funcionava feito carrossel, volta e meia se apaixonava e errava exatamente no mesmo lugar.

E qual o motivo de tua insônia?
Acordando no meio da noite com o peito carregado de tristeza e saudade. Em tua consciência vozes que gritam sobre coisas que não deveria ter feito e as que deveriam ter feito. E as vozes não param. E sufocam. Sufocam. Sufocam. E me deixam mais perdido quanto a saudade que sinto de um tempo em que tudo era perfeito. E essa saudade, meu bem? Saudade de que? Saudade de quem? Espreme. Aperta. Tira ela de dentro de ti. Tente fazer algo, meu bem. Tente. Tente. Tente. Tu estas sozinho. Tente. Continue tentando, meu bem. Continue tentando antes que seja tarde demais e essa tua saudade se transforme em vontade de suicídio. Mas...meu bem...suicídio? Porque falas uma palavra tão pesada quanto esta, meu bem? Não deverias falar coisas tão ultrapassadas quanto um sinônimo de fraqueza e desespero. E o que tu faz, meu bem? O que tu faz? O que te deixa menos triste em noites que não consegue dormir? OH DROGA!
As vozes não param. E elas me atormentam. E sufocam. Sufocam. Sufocam. Apertam. Me espremem até que eu não tenha mais nada. O que é essa saudade? Vontade. Desejos. Resultados de escolhas ruins que te transformam em saudades e lembranças e passado. Porque não voltar atrás e engolir um orgulho que nunca existiu?
 Mas que caralhos você está falando?
Vamos para o que interessa. Tudo escrito até agora não me surpreende de nada. Preparado?

Acordado no meio da noite. Madrugada em que a garoa fina bate pela janela. Lágrimas escorrem. Peito apertado. E eu grito em silêncio. Te procuro e não encontro. Tento lembrar da tua voz e não escuto. Tento te chamar e mal lembro teu nome. Tento lembrar qual a forma mais suave de teu olhar sob os meus, e percebo que foi esquecido. Tudo mal administrado pelo vislumbre de teus beijos que nem lembro mais o sabor. O peito aperta. Aperta mais um pouco. Duas e trinta e cinco da madrugada. Revejo tuas fotos. Relembro teus sorrisos. Tento lembrar teu nome. Não te encontro. Não te encontro. Não lembro onde tu mora. Não lembro teu número. Revejo tuas cartas. Desaprendi a ler. Desaprendi a fazer algo que tanto amo, ler e ler e ler. E choro. Choro contido. Choro que não escorre uma lágrimas sequer. E abro uma cerveja. Só mais uma. Uma mais. Três horas da madrugada. E o pensamento não para. O peito aperta mais ainda. Pensamentos de desistência me levam a crer que nada nesse mundo vale a pena. E eu quero continuar. Continuar caminhando. Continuar sonhando. Continuar acreditando que tudo isso, um dia, irá mudar. E eu grito, mais uma vez, em silêncio. Deitado em minha cama com a cabeça mais pesada que todos os carros que passam pelas ruas de São Paulo. E o peito chora. E chora. E chora. E grita. E chora. E ecoa sangue. E chora. E aperta. Coloco minhas mãos sob o peito e sinto ele bater. Acalma-te, coração, acalma-te. Por favor. Me entrega alguma paz. Só essa noite. Esta noite. Por favor. Por favor. Arranca o sentimento de solidão dai de dentro. Tu não está sozinho. Arranca o sentimento de saudade. Ela passa. Por favor, coração, por favor.
Três e trinta e cinco da madrugada...abro outra cerveja. Só mais uma. Só mais essa. E o sufoco toma conta dos meus pulmões, perco o ar ao lembrar teu nome. Perco a fala ao lembrar teus beijos. Perco a minha essência ao lembrar que tu se foi. E deixei você ir. Eu sempre deixei você ir, te entreguei esse presente assim que nos conhecemos, o livre arbítrio de ser livre da forma que bem desejas. Vai, eu disse. E tu foi. Escorreu pelas minhas mãos como meu próprio sangue em minhas entranhas. Essa droga de sangue que ainda faz meu coração pulsar forte ao lembrar teu nome e saber que tudo aconteceu de fato. Sufoco. Falta de ar. Pesadelos que tenho acordado. Vontade mais branda de desistir. Olho para os lados. Revejo os cantos de meu quarto. E percebo que, mesmo com várias pessoas em minha vida, não existe ninguém para me salvar. Não. Não tem. Não existe ninguém para me salvar dessas minhas insônias e crises constantes de depressão que me levam a crer que nada, nunca, ficará bem, novamente. Sufoco. Sufoco. Sufoco. O ar se perde. O coração se desprende. A mente flutua em um inferno que ela mesmo se coloca. Sozinho. Sozinho. Sozinho. Solitário. Bebendo enquanto a chuva bate um pouco mais forte pelas frestas de minhas janela. E o ar forte que passa pelas entradas não levam nada embora daqui de dentro. Perdido. Perdido. Sufocado. Sufocado. Sentiu o peito apertar ao ler minhas palavras? Sentiu o ar se acabar ao ler esta carta? Sentiu o coração chorar enquanto cai de encontro com tais tristezas? Quatro horas da madrugada e tudo piora.

Quatro e meia. Cinco horas. Cinco e meia. Seis horas. O barulho dos carros aumenta. Ônibus. Caminhões. Pessoas. O mundo acorda. Tudo e todos acordam. E eu ainda mal dormi. Outra cerveja. Só mais uma. E a mistura de um pensamento suicida me invade as ideias. Não. Não posso fazer isso. Não posso deixar esse mundo sem antes provar para mim mesmo que posso ser capaz de esquecer essa droga de saudade. E eu bebo. E flutuo dentro de mim mesmo. Sufocado. Sufocado. Preso aqui dentro de mim. E tento chorar. Não consigo mais. Esqueci o que é chorar por amar demais e errar sempre no mesmo lugar. O lugar de amar demais. E se tu amas demais, vai se encontrar em arrependimentos meus. Não. Não ame demais. Não deixe seu amor se transpor por cima de ti e de outro alguém. É um caminho sem volta. O amar. Seis e meia. Sete horas. Outra cerveja. Preciso trabalhar. Preciso "acordar". Preciso levantar. Lavar o rosto. Escovar os dentes. Tomar meu café. Dar comida para o cachorro. Viver. E esquecer que esqueci de dormir. Deixei a ultima cerveja pela metade. Que desperdício.
E a pessoa que tem coragem de me amar é como aquela metade de cerveja, um desperdício.

- Seu quarto está tão limpo.
- É, eu limpei tudo. Tirei toda a poeira. Joguei fora tudo que me lembrava o amor.
- Mas...e essas fotos?
- Oh droga, esqueci de jogar fora. Jogue para mim.
- Ok. Mas e essas cartas?
- Oh caralho, mais essa. Pode jogar também.
- Tudo bem. Mas e esse perfume?
- Oh porra, esse maldito perfume. Esse desgraçado perfume motivo de todas as minhas tristezas que não sai da minha cabeça. Essa merda não me deixa dormir. Eu posso esfregar o chão. Esfregar as paredes. Passar o que for, incenso, perfume meu, aromas, sabores, comidas, lixo e essa merda não some. Essa merda. Essa droga de perfume não sai.
- Estava perguntando sobre este seu perfume, querido. Só isso. Se acalme. É novo?
- Ah, é sim. Comprei na loja da esquina.

Consegue escrever uma carta em apenas 17 minutos? Eu consegui escrever mais uma porra de carta em apenas 17 minutos.

- Querido, já pensou em todas as cartas que tu escreve e joga fora?
- Não. Quer dizer, sim, mas jogo fora. O que é que tem demais?
- Meu bem, já pensou quanta coisa boa escreveu e ninguém sabe?
- Quem se importa com essa merda? Peço ajuda em todas elas e ninguém da a miníma. Que se foda!

terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

De tanto mergulhar em pessoas rasas, afogou-se em si mesmo

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- O argumento ignorante não se mantém.
- Qual seria o argumento ignorante, querida?
- Esse de que não amarás nunca mais. De que sentes raiva do amor. E escrever tantas coisas ruins sobre tal em todas as tuas poesias.
- O amor é um argumento ignorante, meu bem.
- Você é um argumento ignorante, querido. O amor não.
- O amor é um fracasso, linda.
- Você é um fracasso. E essas suas bebedeiras. E esses seus tragos. E essas suas noites solitárias escrevendo milhões de cartas que ninguém se importa em ler.
- Somos fadados ao fracasso a partir do momento em que somos paridos por nossas mães. Reflita, o amor de nossas mães nos colocam nesse mundo de fracassos e perdas e decepções e tristezas, começamos com o fracasso. Por amor e vivemos pelo amor.
- Você é um gênio patético. Sorte que escreves muito bem.
- Pegue mais uma cerveja para mim, querida. Prometo ser a última.
- Você disse isso na última que lhe entreguei.
- Cervejas são como amores. A gente bebe desse amargor sabendo que se trata de um erro.

Sonhei com o meu amor noite passada e acordei no fracasso. Tristeza absoluta. Solidão em plenitude. E eu apenas queria não ter mais a posse do sentir. Queria não mais me afundar em bebidas todas as noites para conseguir dormir um pouco sem ter que sonhar com o olhar de quem tanto me atormenta. Queria poder não sentir falta de teus braços. Essa falta constante que me apavora cada dia que passa. E isso não me traz um momento de paz. E toda aquela calmaria de teus braços que um dia senti, hoje é o meu maior tormento. Minha maior tentação. Minha maior enfermidade. E eu queria conseguir viver sem ti sabendo que sou forte o suficiente para continuar minha vida. E teus lábios, que tanto seguraram a barra de depressões maiores, hoje já não caem de encontro com meus ouvidos que tanto queria te escutar. Escutar o porque da sua partida. O porque da tua falta de despedida. O porque do teu descaso. Queria saber quando foi que se tornaste meu blues mais triste. Quando foi que se tornaste o motivo de eu beber tanto e o motivo de, vez ou outra, me encontrar tão deprimido a ponto de não querer entregar meu coração para mais ninguém. E eu queria saber quando foi que aprendi a sentir tanta falta assim. Se é que eu aprendi. E queria saber quando foi que retornei a escrever. Queria lembrar quando foi o começo dessa falta constante que me faz escrever cada vez mais e mais e mais sobre teu coração já partido por mim e que partiu de mim. E eu queria tê-lo em minhas mãos, não como sinônimo de posse, mas como sinônimo de que ele estará aqui para que sejas cuidado por mim, por mim e ninguém mais. E esse sintoma de posse me incomoda. Esse sintoma de abstinência. De tristeza. De falta. De desejo. Desejo do teu romance por mim. De tuas risadas. De teus olhos enormes ao anoitecer me chamando para se deitar logo com você porque está com saudade. Das cervejas que não tomamos. Aquelas duas cervejas que nunca tomamos juntos. E aqueles dois cigarros que não dividimos. E aqueles dois filmes que não assistimos mais juntos. E eu, na esperança de um final feliz, desejo que teus braços estejam em torno de alguém que te faça muito mais feliz do que nunca fui capaz, e que dividas todas essas coisas que um dia desejei sempre ter ao teu lado. E sabes aquelas poesias que ousei escrever sobre ti, meu bem? Todas aquelas declarações de amor? Queime. Assim como meu amor por ti queima aqui dentro diariamente. Jogue fora. Assim como me jogaste. E esqueça cada uma delas. Assim como me esqueceu tão facilmente e me tornaste o pior dos seres humanos existentes na terra, se é que tenho o privilégio de ser, pelo menos, isso para ti. E eu mergulhei em ti, assim como tentei mergulhar em uma imensidão de pessoas rasas e vazias depois de ti, bati a cabeça e me machuquei gravemente em todas elas. Pessoas rasas, vastas de uma solidão e carência sem fim que não posso aguentar. E tu sabes, meu bem. Me conheces o suficiente para saber que não sou capaz de lidar com tantas carências e tantos abraços que não sejam os teus. Sabes que nunca tive paciência para carências infinitas e desejos monótonos e sonhadores fúteis de um mundo que nada me agrega e agrada. Sabes, meu bem. Tu me conheceu melhor que ninguém. E por me conhecer tão bem, sabes que tu foste a unica pessoa em que me afundei, me afoguei, me perdi, estendi as mãos e tu sempre veio me salvar. Mas sabe, querida, estou me afogando cada vez mais dentro deste teu peito enegrecido por mim, e tu nem lembra mais como me salvar. E eu queria que me salvasse. De todo meu coração enegrecido por amores e romances rasos, queria uma salvação. Queria uma voz que me dissesse que tudo não passa de um pesadelo. Que tudo ficará bem. E que tudo não passou de lembranças pequenas e vazias de um coração que tanto queria amar. Esqueci o sentimento de ter o coração quente. Me afogo em ti e tu nem sabes. Me afogo em lembranças e tu nem sabes. Morro cada dia mais e tu nem sabes. E tudo isso por saberes que és o meu oceano de sentimentos mais profundo em que ninguém consegue me enxergar.

- Seu trabalho é sensacional!
- Que trabalho?
- Esses que escreves.
- Isso não é trabalho. Só...escrevo.
- Como assim?
- Não ganho nada para escrever tudo aquilo. Nem quero. Só quero ser salvo.
- Qual o teu segredo?
- Que segredo, porra?
- Como consegues escrever tão bem. Juntar todas as palavras. Dizer tudo que sente e conseguir espelhar tudo que os outros sentem?
- E aquela parte em que peço ajuda?
- Como você consegue criar poesias tão lindas?
- E aquela parte em que falo de suicídio?
- Tua forma de escrever sobre romances, sobre amores, sobre tragédias. É tudo tristemente magnifico.
- E aquela parte em que digo que estou me afundando em tragos e goles?
- Você escreve tão bem. Cheguei a chorar sorrindo lendo uma carta tua.
- E aquela parte em que digo que ninguém me entende?
- Eu queria escrever assim, tão bem quanto você, mas não consigo expressar nada do que sinto.
- E aquela parte em que disse que tentei me matar, porra?
- É fascinante esse seu dom.
- PORRA, ESTAS ME OUVINDO?!
- Oh querido, me desculpe. Estava viajando nessas tuas cartas, senti até vontade de transar com tanta coisa linda.
- OH PORRA, entendeu alguma coisa que eu escrevi?
- É genuinamente triste, mas tudo tão lindo.
- Você é maluca, meu bem.
- Maluca apaixonada pelos seus textos.
- Oh caralho, não entendeu nada do que eu queria dizer, como...
- É lindo, amor. É lindo.
- ...você consegue?

OH CARALHO, ELA É MALUCA!!!
Deve ser mais uma que arriscou amar. Deve ser mais uma que se entregou a essa loucura de sentimentos em que eu não sinto mais necessidade e vontade e posse de ter. Que se foda o amor!
E em ruínas, floresço, só para mostrar que flores podem ser mortas facilmente como todas as borboletas existentes em meu coração e estômago. Que se foda o amor, meu amor! Cansei dessa merda.

domingo, 10 de fevereiro de 2019

Embriagando-se até ser esquecido (ansiedade de todas as borboletas mortas em seu estômago)

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...e ele está se acabando. Acabando com tuas feridas pouco a pouco e criando outras maiores que as que estão semi-cicatrizadas dentro de seu coração. E ele fuma demais. E bebe demais. E tenta ficar o máximo de tempo possível fora de casa, mesmo que o voltar para casa seja o que ele mais queira naquele dia atordoante e escaldante que têm sido tua vida na Capital. E ele está completamente exausto. Já não existem tuas vontades dentro do peito. Só quer fumar, beber, amar e escrever. Mas casou-se com teu amor próprio, e também cansou. Casamento que durou poucos meses e ele, na esperança de que fosse durar para sempre, jogou tudo fora por lembrar que não existe essa história de "para sempre". Hoje teus passos são dados de mãos dadas com a solidão. E ele olha os bares e casas e pessoas e a imensidão de um mundo que ele já não quer fazer parte. E ele escreve. Continua escrevendo. Escreve demais. E nem ele acredita que seria possível uma mente tão vazia de sentimentos ter a capacidade de escrever tanto, mas tanto. Escreve tanto que os sentimentos são escolhidos a dedo para ficarem num canto escuro de seu quarto, e ele tenta controlar todos esses sentimentos. Tudo em vão. E ele tenta. Continua tentando. Encontrando forças onde ele jamais imaginaria ter alguma paz. E ele continua semeando coisas boas em teu coração. Tenta confortar o peito escuro com doses amargas e quentes de café. Tudo em vão. Mas ele está tentando. Continua suturando feridas de um passado que dificilmente será esquecido por ele e por todos a tua volta. São essas mesmas pessoas que não dão um momento de paz para que ele se esqueça de tudo que se passou e das pessoas que foram embora. São essas mesmas pessoas que insistem em cutucar teu amor ferido na esperança de que ele se encontre, novamente, bem consigo mesmo. Tudo em vão. E elas não percebem o quanto quero me afastar delas para que não lembrem que fui capaz de ferir o meu amor. Oh, é mesmo, estou escrevendo sobre mim. Esqueci por um momento. E estava escrevendo como se fosse uma história sobre outro alguém. Que tolice acreditar que minha vida não é triste demais para contar histórias sobre outra pessoa triste demais. E eu sei que existem várias delas. Mas não posso me esquecer. Não posso esquecer que não posso ajudar todo mundo. Não posso esquecer que não posso me esquecer da esperança de ajudar outro alguém tão perdido quanto eu. Não. Não quero que ninguém siga meus passos. Não quero que ninguém se encontre tão perdido quanto essa alma que vos escreve quase todos os dias. Também não quero que percas o sono. Quero que descanse. Descanse bem. E viva tua viva, a tua maneira, mas viva. Estou aqui quietinho tentando viver a minha, mesmo que eu lembre a todo momento acreditando e sabendo que esta não é a melhor e mais certa forma de se viver. Insônia. Insegurança. Solidão. Bebidas. Cigarros. Poemas. Besteiras. Pensamentos. Suicídios. Momentos. E blues. E não quero que vivas dessa forma. Um dia me encontrarei bem novamente. Apenas não sairei a procura de um novo amor que possa esquentar esse coração gelado. A procura é o que me espanta. Quanto mais procuras o amor, mais encontrará pessoas totalmente perdidas em tua forma de amar. E elas são loucas. Tão loucas quanto eu. E elas não sabem amar também. A forma delas de amar é totalmente contrárias as minhas. E tu percebes o quanto estamos nos transformando em pessoas completamente descartáveis umas para as outras. E isso é triste demais, porque as pessoas acreditam que estão sendo auto suficientes, quando no fim, elas estão apenas aprendendo a viver em tua própria solidão. Como uma blindagem errada na tentativa frustrada de ser a blindagem mais certa da vida. E todas essas pessoas morrerão sozinhas. E, mesmo que nós morreremos sozinhos, não queremos passar nossas vidas, até a morte, na solidão de nossos próprios braços. Mas o ser humano faz tudo sempre tão errado. E o ser humano é o único animal emburrecido o suficiente para acreditar que tudo que ele faz é suficientemente certo e bom para todos nós. Quando no fim, nos deparamos apenas com mais uma burrice e tragédia devastadora criada por nós mesmos. Não quero viver sozinho e morrer na solidão, mas também não quero encontrar pessoas por aplicativos ou sair de casa e encontra-las em um bar qualquer na frustrante tragédia que elas me lembrem o porque de eu não sentir vontade nenhuma de amar novamente. Não quero ser esquecido. Quero beber até esquecer. E, talvez, ser esquecido como o pior escritor bêbado que tu já deu de caras antes. E lembrar, por um momento que seja, o que é ter borboletas em meu estômago, porque essas borboletas foram mortas há tantos anos e esqueci de deixar anotado a forma delas se restabelecerem dentro de mim para que eu me lembre o que é estar verdadeiramente apaixonado pela existência de outro alguém. O amor sincero e simples é um grande e trágico pedido ao universo. E ele caçoa de minha cara sempre que lhe peço para ser amado da forma mais linda e trágica e sincera que sou capaz de amar. A forma que escrevo sobre o amor é a forma mais dramática e esquisita que foste capaz de ler? Talvez. Isso tudo que escrevo sobre minha forma de amar é arrogante o suficiente para que só a minha forma seja a certa e a de todas as pessoas sejam erradas? Você não entendeu minhas palavras e muito menos minhas borboletas mortas.
Minha forma de amar é supostamente errada por eu ter esse dom de me entregar por completo sempre que acredito estar amando de verdade. E todas as vezes que amei de verdade, entreguei a faca e meu coração. A ponta desta faca está encravada em meu coração enegrecido pelo tempo. E cada pontada nele é uma borboleta a mais sendo morta unica e especificamente por quem vos escreve. Eu sou a tragédia do amor. Eu sou o drama da paixão. E esse sofrimento é cabível apenas para mim e por mim. Quem mandou eu não me inscrever na escola especializada em amores e romances?! Talvez hoje estaria escrevendo mais uma comédia romântica ridicularizada por um único e clichê final feliz. Que ridículo. Que patético. Que estranho.
As pessoas gostam mesmo desses filmes românticos com finais sempre felizes ou elas só assistem na esperança de que elas vivam aquela baboseira toda? Que ridículo. Que patético. Que estranho. ROMÂNTICO DEMAIS...vomitei...preciso de uma cerveja para continuar.

- Porque não se senta, filho? Fica para lá e para cá. Está nervoso?
- Ansioso.
- Ansioso porque, filho?
- Não sei. Coração não aquieta. Não fica quietinho. Estômago sempre com esses calafrios. Vontade de vomitar. Quero dormir e não consigo. Quero chorar e não consigo. Quero morrer e não consigo.
- Filho, toma um chá. Eu que fiz. Vai te acalmar.
- Não quero. Estou bem.
- Você não está bem, filho. Não consegue nem ficar poucos minutos sentado sem tremer as mãos ou se levantar ou mexer as pernas.
- Minha ansiedade é como uma sinfonia de Beethoven. Por vezes calma. Vezes trágica. Por horas assustam. Por momentos se apaga e fica quietinha. Outras vezes fica linda. Por pequenos momentos felizes. Outras vezes mais assustadora. E eu sempre acho que passou. E que tudo está bem. Beethoven era um gênio louco, mãe. Talvez eu esteja nesse caminho. Gênio. Louco. Pensante. Sozinho. Escrevendo. Bebendo. Vomitando minhas besteiras sem ninguém entender nada do que eu sempre quis dizer.
- Filho, toma um chá.
...
- E mãe, ninguém pode me salvar. Beethoven era um gênio. UM GÊNIO. E Mozart também. E Bach também. Eu sempre entendi os loucos. E eles amavam muito. Amavam com a alma. Com o coração. Com a carne. Com o espírito. E arrancavam suas orelhas. E se cortavam. E bebiam. E ficaram surdos. E se enforcaram. E se suicidaram. E compunham todas as suas obras loucas e surtadas e devastadoramente lindas. E eternizadas. E Bukowski escrevia sobre eles e eu sempre entendi. E hoje as pessoas ridicularizam o amor. Se amam por aplicativos. Se escolhem por celulares. Mal se falam. Mal se olham. Mal sabem o que é amar, são incapazes. Mal se abraçam ou se beijam. São facilmente esquecidas e descartadas. QUE ESCROTO! Agora entendo mais ainda. Porra, mãe. É tudo mediocremente lindo e maravilhoso. GÊNIOS. UNS GÊNIOS. Eternizados pela loucura e capacidade de amarem outras pessoas senão eles mesmos. O amor é uma loucura que nos deixa loucos e burros e perturbados e geniosos há tantos e tantos anos. CARALHO, talvez eu me suicide escutando uma música clássica. Mas te deixarei uma bela e encantadora carta,  mãe. Ao meu amor. Ao mundo. Ao universo. Malditos loucos e geniosos.
- Filho, você não está bem. Não estou conseguindo entender nada do que está falando. Bebe o chá que eu te fiz. Vai te fazer bem.
- Meu amor será salvo por uma xícara de chá.
- Não, mas te fará dormir um pouco.
- Dormir? Eu preciso um pouco. Só um pouco. Mas antes preciso escrever. Vou tomar minhas cervejas guardadas e larga-las em meu quarto. Depois eu junto todas as garrafas. Olha, mãe, em meu quarto está tocando Beethoven, vou escrever. VOU ESCREVER. Uma poesia. Um poema. Uma carta. Em oito minutos. Escrevo uma trágica e maravilhosa carta que ninguém lerá em oito minutos, mãe. OITO MALDITOS MINUTOS.
- E vá descansar depois. Promete?
- Não sei.

"Chatterton suicidou
Cleópatra suicidou
Isocrates suicidou
Nietzsche enlouqueceu

Marc-Antoine suicidou
Van Gogh suicidou
Kurt Cobain suicidou
Goya enlouqueceu
Schumann enlouqueceu

E eu?! Puta que o pariu...não vou nada bem!"

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019

Semeou com seu coração um momento do espaço-tempo que guardava na memória...sentiu saudade.

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- Você consegue brincar com as palavras?
- Não sei. Talvez.

Tempo espaço do pouco espaço de tempo que encontro tendo tempo perdido de um tempo em que me encontrei perdido e hoje já não tenho espaço para tanto tempo perdido dentro de uma mente mais perdida que o tempo-espaço criado por mim dentro de uma mente tão impulsiva e gigante como o espaço imenso de um tempo em que eu queria esquecer e não consigo. Não consigo. Perdi num pequeno tempo-espaço de um tempo esquecido pelas lembranças de um passado que eu amaria esquecer. Aquele outono. Tempo bom. Tempo onde tudo é calmo e quieto. Muito mais quieto que essa mente perdida que vos escreve e tem muito a dizer. Muito. Muito mesmo. E eu tento dizer tudo que penso num curto período de tempo. E esse curto período de tempo é o tempo que me resta para dizer todas as coisas escondidas dentro deste peito tão angustiado que muito, mas muito tem para contar. E esse tempo que eu queria esquecer bate tão forte aqui dentro que me sinto completamente perdido num tempo-espaço que eu mesmo criei tendo você em meus braços e acreditando que aqueles momentos num curto período de tempo poderia durar uma eternidade. E não duram. Eles nunca duram. Tudo que é bom dura pouco tempo. E tudo que é bom, quando se acaba, a gente implora para esquecer e tirar todos os tempos, que acreditamos no momento terem sido perdidos, para que a gente se sinta bem novamente. Na esperança desse longo tempo cheio de amores e incríveis momentos seja uma esperança que passou e que conseguiremos viver cada lembrança ali acolhida nos braços de outro alguém. E esse tempo perdido que eu nunca senti que fosse perdido é o que bate em minha mente perdida por acreditar que nunca mais voltará e que nunca mais serei capaz de amar novamente na falta de esperança de que tudo de bom foi tomado por mim naquele outono calmo e quieto de que eu tanto quero esquecer. E eu gostaria de esquecer. E eu quero te esquecer. Gostaria de não chorar sempre que lembro dos nossos tempos perdidos em momentos felizes em que tive você em meus braços e acreditei que teus olhares seriam para sempre meus. E teus abraços seriam para sempre meus. E teus beijos seriam para sempre nesses meus lábios que muito tem para te dizer hoje...e...que...não...tem...coragem. Não mais. E eu gostaria de acreditar que meu amor perdido no tempo fosse para sempre teu, na esperança de que ninguém roubasse, e todos aqueles que tentassem roubar, de nada funcionaria. De nada adiantaria. Porque meu amor era só teu e de mais ninguém. E, talvez, sempre será. Esse é o tempo perdido que me pego pensando que nunca mais conseguirei amar novamente por todos os dias acordar e lembrar do teu nome e lembrar do que foi para mim e o que sempre será, e lembrar que ainda lembro de você. E lembrar do quanto quero te esquecer. E acordar é a maior tormenta que existe em minha vida nos últimos tempos, depois de cinco minutos acordado, lembro de tudo que és para mim. E os mesmos tormentos e sentimentos e turbilhão de sensações devastadoras que senti antes de dormir, invadem meu peito de novo ao amanhecer. Emburreço ao lembrar teu nome. Enegreço mais ainda esse coração ao lembrar de tuas palavras antes de partir. E eu sinto vontade de explodir. E queria que tu viesse me resgatar e juntar todos esses pedaços e dissesse que tudo isso não passa de um terrível pesadelo. Tempo e espaço esse que passo enxugando lágrimas constantes de um peito inconstante que muito tem a dizer. E eu tenho pouco tempo. Pouquíssimo tempo. E já estou bêbado. E chorando. E os olhos estão cada vez mais cheios de lágrimas. E eu bebo mais ainda. E me desespero. E surto. E grito em silêncio. Eu não moro sozinho. Não quero que ouçam meus gritos desesperadores pela falta que me faz. E não quero que se preocupem. Não mais. E meus braços doem. Meus dedos doem. Minhas lágrimas escorrem cada vez mais. A mente emburrece. E perco o foco. O peito enegrece. E perco as esperanças. O ego some. A vaidade vai embora. As lembranças felizes são apagadas. Os momentos bons são esquecidos. Os amigos não estão aqui. E o amor é o que está me matando. Talvez eu bote logo um fim nisso. Pedi socorro. Ninguém atendeu. Pedi ajuda. Ninguém correspondeu. E acharam besteira. E acharam que passava. E não passou. E eu, em balcões de bares, achei que seria só uma fase. Minha mãe me pergunta porque bebo tanto. Meu pai se pergunta porque passo tanto tempo acordado. Meus amigos estão perguntando o porque sumi. As dores na mente estão quase me impedindo de levantar para trabalhar. O peso nas costas não me deixa levantar. E teu olhar se apagava cada vez mais de mim e me apaga cada vez mais ainda de mim. E eu desisto. E desisti. E suplico, pela última vez, que me ajudem. Que encontrem cada caco quebrado de mim e cada entrelinha desse pequeno poema. E percebam que eu preciso de ajuda sem antes sentir a vontade absurda de dizer o quanto minhas palavras são lindas ou o quanto escrevo bem e o quanto isso consome a sua alma que sabes que um monte de gente se sente igualmente a mim, só que elas não sabem como se expressar e botar para fora da forma que coloco. Cada palavra em seu lugar. Tempo espaço de um tempo de uma passado que eu queria esquecer nesse exato momento para não cometer minhas besteiras nessa beirada de abismo profundo em que me encontro. Olhos embaçados. Coração com um borrão negro. Mãos exaustas. Mente atormentada. E apenas uma pessoa pode me salvar nesse exato momento. E essa pessoa é aquela que está me matando a cada dia que passa nesse mundo em que não suporto mais estar. É triste, você não acha?

- Você não sabe brincar com palavras.
- Não. Não sei.
- Soa como uma carta de despedida apenas.
- Então espero que entendam. E se for uma despedida, que entendam meus motivos.
- Você não era triste assim.
- Estou cansado. Muito cansado. Mente revirada. Passado. Passado. Tristeza. Tristeza. Amor jogado as traças sem uma esperança de reconciliamento.
- Você precisa de ajuda?
- Preciso de paz. Preciso dormir um pouco. Quatro noites seguidas com pouco mais de uma hora de sono.
- O que tu faz nessas noites sem dormir?
- Bebo. Choro. Escrevo. Penso. Tento suicídio. E durmo. Acordo. Escrevo. Penso. Penso. E choro. E durmo de tanto chorar. E pensar.
- Você precisa de ajuda.
- Estou cansado do mundo. Só queria ter o meu amor de volta. Aquele que me esquentava nas noites frias, entende?
- Para muitos, isso é besteira.
- Por isso estou sumido. Por causa desses muitos estou desaparecendo. O amor verdadeiro se tornou essa besteira e por isso o mundo é esse mar de escrotidão em que não aguento mais viver. Tudo muito descartável e eu não aprendi nada disso.
- Quer dar seu Adeus então?
- Adeus. Que eu tenha paz.

...

...o menino que precisou costurar a si mesmo...pois quando se deu conta já estava devastado por cortes profundos na alma e no peito e na vida.

domingo, 3 de fevereiro de 2019

Mergulho profundo em sopa de palavras

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E o acaso me deixou tão só. Palavras não valem de nada. Nunca valem. E nunca valerão. Assim como o tempo, doce tempo, tanto tempo que passo pensando palavras sobre um tempo que não volta mais. E eu queria que voltasse. Tanto tempo engolindo palavras que sempre tive tanto desespero em dizer e escrever e sentir e pensar. E esse é o meu tempo escondido dentro de mim com tanto tempo sobrando e palavras sem uma explicação que faça sentido do que aqui dentro bate. E como uma mensagem dentro de uma garrafa, tu se foi. E foi para sempre. Sem um retorno ou uma palavra sincronizada sequer do que tantos sentíamos um pelo outro. E o tempo é cruel demais para me mostrar que o amor é cruel demais. E nessa aula da vida, eu faltei. E não me passaram a lição para eu copiar em meu caderno de palavras e rabiscos sem muito a dizer. Por isso me encontro tão perdido em relação ao tempo e espaço e amores e romances. E minhas palavras sempre se encontram entupidas bem no meio de minha garganta, eu tomo uma garrafa de cerveja em uma virada e, em apenas um gole, entorpeço quase tudo que insisto em sentir. Palavras e tempo. Tempo esse que encontrei para dizer todas as palavras que as cervejas e fumaças engolidas por mim, em atos desesperados, não são capazes de apagar aqui dentro. E sozinho. Sozinho. Sozinho. Pensante. Pensante demais. Solitário. E esquecido. Perdido num mundo sozinho e pensante num acaso solitário criado apenas por mim e nada mais. E o amor me deixou tão só. Tragos não são capazes de apagar. Bebidas não são capazes de suprir. E ouço o grito perturbador dentro de mim que tanto ecoa em silêncio. Meus silêncios são perturbadores. Eu escuto todas as vozes de uma mente que me diz que já não tenho saída. E a saída é ser jogado em alto mar como todas aquelas cartas que escrevi e deixei dentro de garrafas na esperança de que um dia tu ache alguma delas. E que venha, meu bem. Que venha, meu amor. Que venha me salvar novamente, como sempre fez. E hoje não faz mais. E a lágrima sofrida que cai do canto esquerdo de meu olho que seja enxugada e estraçalhada pela sua mão quente que sempre fez os tormentos de minha alma serem alcançados por uma paz estrondosa de carinhos e momentos que só tu foi capaz de me entregar. O problema é o fato de eu saber que todas as cartas escritas por mim, deixadas dentro de garrafas e soltas em alto mar são sempre afundadas e afogadas por um passado escrito por nós mesmos. O teu olhar que está tão distante do meu é necessário para que eu lembre o motivo de tanto sofrimento. E o teu sorriso tão longe de mim é a arma necessária para que eu jamais me lembre como é amar de verdade...ou...melhor dizendo...novamente. Esqueci como se faz para amar. Ou nunca aprendi. Talvez, nunca soube. E porque eu sinto essa sinceridade em minha forma de te amar tanto? Meu jeito de amar é errado ou tu não soube lidar com meus erros? Esqueci que sou humano. Esqueci que erro tanto. Esqueci que existem danos que não consigo suportar. E, conforme minha velhice vai chegando, percebo que meus amores e sentimentos e romances são profanos. E, longe da verdade encontrada pelos teus olhos, te digo, meu amor, meus olhos já se cansaram de derramar lágrimas e meu coração está apertado o suficiente para que exploda fortemente dentro de mim como o dia em que foste capaz de desistir de nosso amor. Tu ainda me tens nas mãos.

- O engraçado sobre os relógios é que se os deixássemos de lado não teríamos hora para partir, mas ainda os fixamos nos pulsos pois não queremos perder a contagem dos minutos nem dos segundos para nos encontramos outra vez.

O marinheiro de uma viagem só está sempre perdido. Perdido dentro de si. Perdido e cheio de si. E esquisito perdido marinheiro no tempo espaço dentro de uma mente mais perdida e esquisita de um tempo e espaço sem a espera de um milagre sequer. E ele escreve. Sozinho. Pensante. Solitário. Escrevendo. Escrevendo. Sozinho. Gênio. Sozinho. Pensante. Escrevendo. E pedindo ajuda. Gritando por socorro. Perdeu sua bussola de sentimentos e encontra-se com a corda em teu pescoço por não ter mais esperanças de amores sinceros em um mundo onde ele já não enxerga suas reais cores. Tudo tão cinza e perdido num tempo solitário de um espaço sem uma mente perdida para lhe tirar da solidão. E teus erros o atravessam no coração como o arpão do mais forte dos deuses. E teu navio ancorado no cais dos sentimentos está sendo afundado não só por ele mesmo, mas como por todas as pessoas que passam por ele e não são capazes de amar na mesma proporção que ele ama. E esse amor ninguém é capaz de entender. E sentir. E escrever. E talvez ele não faça tanta questão assim de compreensões amáveis e sinceras como ele espera - sem esperar -, porque ele cansou de amores e sentimentos e paixões e romances e chegadas e partidas. Todas as pessoas que caem de encontro em nossas vidas são capazes de partir sem que ao menos a gente espere, sem um adeus, sem uma despedida sincera. E ele não é homem para despedidas. Mesmo que ele saiba que tua vida é como o cais dos sentimentos ou um aeroporto, cheio de chegadas e partidas sem uma explicação nítida qualquer em que todos merecemos pelo menos um aceno com as mãos de que não voltaremos mais. E o mar me engole. Todas as noites. Em meus sonhos sou engolido por esses mares de sentimentos que me levam cada vez mais para longe de ti. E essas partidas são como porta-alfinetes em teu coração que nada tem a dizer e deixar além do vazio existencial dentro de si. As pessoas são todos esses alfinetes. E meus amores estão cravados no meu coração. Alfinetes com cabeças negras que deixam o meu coração mais escuro desde que meu último verdadeiro amor foi embora de minha vida sem uma despedida concreta e explicações de tudo que ousei sentir. Partidas são as únicas certezas de nossas vidas. Tanto quanto a morte. E cada partida que reluto e insisto em ter em minha vida, é o que me mata cada vez mais. Pouco a pouco. E o marinheiro tão apaixonado por romances, hoje já não é mais o mesmo. E ele se encontra triste, solitário, pensante, perdido, sozinho, escrevendo, pedindo ajuda, cabisbaixo e escrevendo. Escrevendo. Escrevendo. Escrevendo. Ele sabe que teu pedido de ajuda jamais será ouvido e entendido e compreendido e realmente olhado como algo não só criado e lindo de um escritor ou poeta que tanto tem a dizer. Que essa ajuda venha antes que seja tarde demais e o mar me engula por completo. Jamais quero dizer que já não sei amar por completo. Ainda sinto que existe um amor dentro de mim. Sim, ainda sinto. Ainda sinto que posso amar e ser feliz da forma que me é cabível. Eu sei que sinto. E esse amor é por ti, minha querida. Mas, ainda sim, tua partida alfinetou esse coração enegrecido pelo tempo, mais uma vez. Outra vez mais. E o mar me engoliu por inteiro. Palavras já não valem de nada quando sei que teu tempo ao meu lado se acabou por completo.

- Já leu algo que escrevi?
- Sim.
- Acompanha?
- É tudo muito triste. Pra baixo. Não sei se quero acompanhar.
- Entendo.
- Porque é tudo tão triste dessa forma?
- Apenas escrevo meus sentimentos sinceros. Não forço nada. Não insisto em nada. Não fico horas na frente de uma tela na esperança que saia algo apenas para agradar ou causar admiração em alguém. É apenas...sincero...o eu. De verdade. Verdadeiro.
- Poderia escrever coisas mais felizes.
- Não sei escrever quando estou..."feliz". É assim que se fala?
- "Feliz"?
- Acredito na felicidade tanto quanto acredito em Deus, meu bem.
- Pelo menos ainda acredita no amor.
- Não mais. Deixei de acreditar. Amores escorrem por meus dedos tal qual a felicidade e não tem um Deus que possa vir me salvar ou alguém. É tudo interligado.
- Te entendo. Acredita que possamos ser felizes só por amar outro alguém?
- Já acreditei. Já fui feliz. Amei. Amei de verdade. E parti.
- Porque fez isso?
- Não sei lidar. Não merecia tanto amor.
- Ou ela não merecia teu amor?
- Meu amor não é lá grande coisa, meu amor.
- Porque se autodeprecia tanto? Você fala como se fosse a pior das criaturas do mundo.
- E não sou? Joguei fora o meu amor.
- Ele só partiu.
- Tudo parte. Todos partem. Amores acabam. E no fim, tudo é apenas mais uma crise alcoólica ou mais uma poesia em forma de carta largada dentro de uma garrafa.

Escrevendo. Escrevendo. Solitário. Pensando. Gênio. Pensante. Solitário. Sozinho. Sozinho. Bem sozinho. Escrevendo...


...leve meu amor com você, querida. Toma!