quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Sobre o dia que alimentei o meu ego

E hoje com você eu quero sorrisos. Eu quero trocar diária de mensagens, nem que seja pra dizer que está tudo bem ou dizer que sinto sua falta. Quero brincadeiras idiotas quando não tivermos nada pra fazer. Quero troca de carinhos quando estivermos tristes. Quero olhar pra você e pensar no quanto você é linda. Quero cuidar de você e sentir que nada pode te afetar. Quero morder meus lábios por medo e dizer que não quero te perder. Quero ouvir você dizer que sente ciúmes de mim e virar a cara quando alguém te afetar. Quero te roubar um beijo nessas horas e fazer você ficar com um pouco mais de raiva de mim, dizer que sou teu e fazer você sorrir pra mim. Quero cobertores em cima da gente enquanto você está deitada em meu peito. Quero segurar a sua mão e ouvir você dizendo que está frio só pra eu ir te esquentar. Quero sentir o teu perfume e pedir pra você me abraçar forte só pra ele ficar em minha roupa quando eu for embora da sua casa. Quero que esse mesmo perfume fique em meu travesseiro. Quero a minha cama bagunçada por você estar nela. Quero discutir com você e, mesmo que eu esteja certo, te pedir desculpas só pra ficar tudo bem. Quero acordar e fazer o primeiro pensamento do dia ser sobre você. Quero sorrir lembrando algo que fiz ao teu lado. Quero acreditar dia após dia que isso é pra sempre, mesmo acreditando que o pra sempre não existe. Quero deixar de ser limitado ao acreditar no amor. Quero fazer esse romance ser perigoso, mas ao mesmo tempo não me importar com o alto nível de sofrimento que pode vir depois que tudo isso acabar. Quero olhar pra trás e ver o porquê os meus outros romances não deram certo. Quero acreditar que você é a pessoa que sempre procurei. Quero que você seja só minha. Quero aqueles domingos de chuva ao seu lado assistindo um filme horrível e falando mal sobre ele. Quero que você seja a minha heroína, uma droga pela qual tenho que usar todos os dias. Quero que você seja o meu vírus, a minha cura e a minha fuga. Quero que seja a minha vontade de levantar a cabeça do travesseiro todos os dias.

Quero você. Quero demais. Quis-te ontem, te quero hoje, vou te querer amanhã, vou te querer depois de amanhã, mais uma vez, outra vez, outra vez mais...

E essas palavras se baseiam apenas no meu ego de querer você e não pensar em mais nada. E essas palavras são pra quando o egocentrismo aflorar.

Doce egocentrismo. Ele sempre esteve dentro de mim e quase nunca o deixo livre. Quase nunca.

terça-feira, 19 de agosto de 2014

Pequenas palavras sobre o grande amor

Eu poderia escrever uma linda história sobre o amor. Poderia falar bem sobre esse sentimento. Poderia até mesmo fingir que sei amar e que sinto falta em saber amar, quer dizer, fingir sentir falta do tempo em que pensava que sabia amar. Medíocre engano. Me sinto péssimo em sentir vontade de escrever sobre o amor. Minhas vontades de escrita sempre saem em palavras verdadeiras, em sentimentos verdadeiros, em pensamentos verdadeiros e eu queria alguma vez poder fingir coisas boas e sorrisos de apaixonado, perdi essa essência. O amor um dia me destruiu, entrou em mim como um tumor, cresceu, cresceu fortemente, pressionou, me fez sofrer, me fez chorar, me fez mudar e aqui me encontro, escrevendo e fingindo ser feliz e fingindo amar e fingindo ser um grande escritor. Sou apenas um escritor de quinta que já sofreu o suficiente pra se expressar de tal forma.

Minhas verdadeiras palavras sobre isso encontram-se nas próximas linhas. Me embebedo neste momento e entrego meus reais sentimentos a todos os que sabem amar.

*

Meu amor foi dilacerado. Meu romance foi apagado. Teu nome foi esquecido. Meu peito foi rasgado e sucumbido a falência de todos os sentimentos. Cartas eu já não escrevo mais. Calafrios eu já não sinto mais. Frios na barriga só pelo medo da morte. Borboletas não são mais sentimentos, nunca foram, são apenas belas criaturas que nada tem a ver com o amor. Meus domingos são frios e solitários. Minhas canções não tem mais você nas entrelinhas. Meus pensamentos não são mais sobre casamentos e filhos e felicidade e amor. Meu amor é como um tumor e minha quimioterapia são em mesas de bares ou sozinho em meu quarto escuro tomando doses grandes de cerveja. Meu peito já não palpita fortemente a ponto de me esquentar totalmente por dentro, a unica coisa capaz de fazer isso agora são minhas xícaras quentes de café. Já não tenho mais aquele medo constante de perder alguém. Já não tenho mais aquele ciúmes apertado por ver que alguém olha para o meu alguém. Carência já não bate mais a minha porta. Não entrego sorrisos quase que sem querer ao ouvir um nome. Já não sinto falta de estar abraçado embaixo dos cobertores, assistindo um filme qualquer ou um seriado qualquer, ou até mesmo olhando no fundo dos teus olhos enquanto ouço tua voz dizendo que me ama. Não te vejo mais nos filmes de romance ou nos livros de romance. Já não espero ligações e a voz do outro lado da linha dizendo "Liguei apenas pra ouvir tua voz", assim como já não ligo de madrugada pra entregar um "Dorme bem". Não gasto mais dinheiro com chocolates, flores, presentes, ursinhos, só gasto com bebida. Bebidas e mais bebidas. E gasto meu tempo, gasto meu tempo escrevendo e bebendo e pensando. Sozinho. Talvez seja bom não gastar mais tempo com o amor. É bom. É muito bom, mas ainda me sinto a pior das criaturas. 

Não sei amar mesmo.

Que saudade sinto em saber amar. Que saudade sinto em me sentir uma pessoa um  pouco melhor. Que saudade sinto de quando meu peito não era tão frio, quando meus sentimentos eram mais sinceros, quando meus sorrisos eram mais verdadeiros. Saudade de quando existia o frio na barriga e o medo de ouvir o teu nome e entregar meu sentimento por volta de um sorriso. Que saudade. Saudade de quando o amor cegava as minhas vistas e deixava essa visão míope e cansada tampada pra toda a podridão do mundo e a imbecilidade das pessoas. Esqueci de dizer tampada pra toda a ruindade e crueldade que o ser humano consegue entregar. Saudade de escrever bem sobre o amor.

*

Odeio você. Odeio o jeito que sorri. Odeio o jeito que me abraça. Odeio o jeito que fala eu te amo. Odeio como você é capaz de fazer eu sentir vontade de aprender a amar de novo. Odeio o seu perfume. Odeio suas refeições e bebidas preferidas. Odeio o seu jeito. Odeio suas canções preferidas. Odeio suas fotos. Odeio sua letra. Odeio suas cartas. Odeio seus poemas e poesias e livros preferidos. Odeio a forma como você vê o mundo. Odeio pensar em você. Odeio escrever sobre você. Odeio lembrar que você existe. Odeio te ver feliz. Odeio. Odeio. Odeio. Odeio os presentes que você me deu. Odeio os presentes que um dia pensei te dar. Odeio a forma como você entrou na minha vida. Odeio a forma como você foi embora. Odeio a maneira que você me fez sorrir. Odeio a maneira que você me fez chorar. Odeio os seus amigos e lembrar que meus amigos também são teus amigos e que eles ainda lembram teu nome. Odeio estar escrevendo esses sentimentos e pensamentos fictícios sobre você. Odeio saber que nada disso aqui existe. Odeio saber que você não existe. Odeio me embebedar por tua causa. Odeio a amargura que você me entregou embrulhada num papel de presente. Odeio minhas doses de você. Odeio essa abstinência de você. Odeio tudo isso, mas odeio mais ainda não te odiar de verdade.

Espera. O que foi tudo isso que aqui escrevi? Será que as pessoas irão entender tudo o que aqui quis escrever?

Poema ou poesia? Bom ou ruim? Cadê meu amor? Cadê meu romance? Cadê a minha vida? Você ainda lembra meu nome? Quem se identificaria com esses parágrafos ruins de um escritor de quinta perdido em um quarto escuro? Bem, não importa, estou me embebedando e me livrando dessa abstinência do amor.

O amor é como um tumor e ele já me matou faz um bom tempo. Pelos velhos tempos.

terça-feira, 12 de agosto de 2014

Eis aqui minha confissão


Envelheci. Acordei com a imensa vontade de escrever um romance, mas não daqueles romances que a gente sente o clichê, que a gente sente que aquilo não existe, mas mesmo assim a gente sonha em viver aquilo, porque naquelas linhas tristes e deslumbrantes contém um final feliz. A gente sempre espera um final feliz e isso sempre me soa triste demais, no final de tudo existe a morte e a morte nunca é feliz demais, a não ser que essa nossa morte não faça falta pra ninguém. Quem choraria por nós? Quem se desesperaria por essa perda? Acredito que isso já esteja começando a soar clichê demais e eu ainda nem passei do primeiro parágrafo. Ah sim, eu ainda quero escrever um romance. Um romance que fale de todos os meus amores que não deram certo. Um romance que explique todos os meus caminhos, certos e errado, até aqui. Um romance que acabe com um verso qualquer e que mostre que eu continuo sendo infeliz e triste, mas amando. E sendo amado, talvez. Minhas mãos estão cansadas demais pra acreditar em príncipes e princesas e finais felizes. Minhas mãos estão velhas demais e hoje, aqui, só encontro forças pra digitar alguns parágrafos mais. Esses velhos parágrafos que fazem com que eu me sinta um pouco mais jovem, um pouco mais aliviado, um pouco mais em paz. Será que sou a unica pessoa que para pra pensar no quanto a gente muda com o passar dos anos?! Cinco anos. Dez anos. Quinze anos. Rugas e doenças vão aparecendo. Uma ambição vai surgindo, aquela ambição de querer encontrar a paz, um canto pra morar, uma boa comida, uma boa companhia - mas continuamos gostando daquele café quente no fim da tarde. Pessoas em nossas vidas vão morrendo. Os amigos, os amores, os sentimentos, as alegrias. Tudo morre, pouco a pouco, assim como nós. A gente se pega sentado em um velho cômodo da casa e se sente cansado. Isso é triste. Os amores, porque todos eles morrem? O amor de nossas mães. O amor de nossos amigos. O amor de nossos corações. A gente esfria, a gente se frustra, a gente se deprimi, a gente se sente triste. Envelheci. É, eu envelheci, não o suficiente pra estar cheio de rugas e pronto pra morte, mas o suficiente pra se sentir cansado e menos amado. E eu ainda quero escrever um romance, mas ainda estou com medo do quão clichê esses meus parágrafos irão soar. Fico me perguntando quantas pessoas iriam ler um romance de um velho em espirito e triste como eu. Quem seria capaz de pagar algum valor por tais palavras? Fico pensando que só a morte seria louca o suficiente de fazer isso, ela me levaria, pensando: Pare logo de escrever essas coisas tristes.

Que triste seria...

Envelheci. Minhas mãos continuam cansadas, mas me encontro em posição de amar ainda. Amar os meus amigos. Amar os meus familiares. Amar as minhas escolhas e os meus erros. Amar os meus defeitos e minhas qualidades. Amar a minha depressão e a minha insônia. Me encontro em posição de amar qualquer coisa. A vida é feita só de amor? Não. A vida seria muito mais frustrante se tudo dependesse de amor. Eu já teria me suicidado. Envelheci e parei pra pensar em todas as coisas que vivi até aqui. Já bebi demais e passei mal. Já me fizeram sofrer e já fiz as pessoas sofrerem. Já sorri quando não deveria. Já chorei quando não poderia. Já escrevi várias e várias cartas e nunca entreguei pra alguém. Já senti falta de várias pessoas. Chorei por todas aquelas que já se foram. Já escutei música o suficiente pra uma vida inteira. Já li todos os meus livros e ainda penso em comprar montes e montes até que não caiba mais nenhum dentro do meu quarto. Já morri de preguiça. Já enjoei da vida, das pessoas e do mundo, mas no dia seguinte estava tudo normal. Já amei errado e me amaram erradamente - se você me ama, coloque isso dentro da sua caixa de defeitos e jogue essa caixa fora, JOGUE FORA, anda...JOGUE FORA. Já andei por tantos caminhos errados, mas andei por muitos caminhos certos, senão eu não estaria aqui hoje escrevendo mais um clichê para quem sente vontade de ler. Já me angustiei e deixei as pessoas angustiadas. Já me deprimi e deixei as pessoas deprimidas com a minha forma de pensar. Já teorizei demais, cheguei a alguma conclusão certa, mas algumas teorias não me levaram a lugar nenhum. Já fumei, cuspi e passei mal (como alguém pode gostar disso?). Já odiei um professor, já odiei meu chefe, já odiei meu pai. Já chorei noites inteiras por conta de uma briga com a minha mãe e chorei também pela ausência de meu pai de sangue que já se foi. Já senti medo de perder meu irmão, assim como já senti medo de perder meus amigos. Eu prefiro que eles me vejam dentro de um caixão do que eu veja eles ali dentro. O que eu irei levar de tudo isso? Lá na frente, quando eu estiver com a pele enrugada, os olhos cansados, as pernas fracas e o corpo todo trabalhado em minha idosa vivência, irei sentar numa cadeira velha e ouvir os pássaros cantando enquanto choro por minha velhice.

Que triste será...

Envelheci. Fico pensando no meu futuro. Nos meus filhos, netos, bisnetos, minha mulher. Desenho um futuro em minha mente, mas ao mesmo tempo fico me perguntando se vou chegar até lá. Será que eu vou sobreviver a tudo isso que está por vir ou, sem mais nem menos, irei cometer suicídio pra não ter que passar por todos os meus erros e defeitos? Já coloquei minhas mãos cansadas em meu rosto também cansado e chorei, chorei muito, chorei noites inteiras. Onde está o meu amor? Onde está o meu romance? Onde está o meu futuro? Porque as pessoas continuam lendo minhas palavras e se identificando com todas essas coisas tristes? A vida é triste demais quando você pensa demais. E eu penso demais e sinto demais e existo demais e tudo por demais. Cadê o meu romance? Cadê a morte pra me dizer que tudo isso é triste demais pra mim e para as pessoas? Cadê a minha velhice? Olho para as minhas mãos e vejo ela aqui, mas a morte sorri para mim como quem diz "Você tem muito o que viver ainda e muito o que escrever e muito o que chorar e muito o que amar.". Mas que droga tudo isso, talvez a morte esteja certa. Acordei com vontade de escrever sobre um romance, sobre um amor, sobre qualquer coisa e assim o fiz.

Que triste foi.

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Enquanto me afogo numa dose de melancolia

A falta que você me faz. A gente sempre sente falta. A gente sempre fica triste. A gente sempre ama errado e odeia errado. Muitas vezes a gente vive errado. A gente olha pro lado errado e logo nos pegamos indo atrás de pessoas erradas. A gente quer voltar pro passado, por mais que ele tenha sido obscuro demais, com medo de viver o futuro. A gente sente vontade de voltar a ser criança porque, naquela época, tudo era mais fácil, mais simples. Fazer amizades era mais fácil, gostar das pessoas era mais simples, confiar nos sorrisos era mais saboroso e proveitoso. Era tudo mais simples. A gente se arrepende e depois nos pegamos fazendo tudo aquilo de novo e chorando pelos mesmos motivos ou pelas mesmas pessoas. A gente enjoa, depois voltamos como se nada daquilo tivesse exatamente acontecido e depois enjoamos de tudo aquilo de novo, o ciclo se repete. Somos formados por tudo aquilo que enjoamos e odiamos e protestamos. A gente erra e erram com a gente. Somos perdoados e também perdoamos, mas nunca esquecemos e eles nunca esquecem. A gente se pega sentados a mesa de um bar, sozinhos, com uma bebida qualquer e já não quer mais saber do mundo. A gente entra em casa e nos aconchegamos em nossos travesseiros como se ali fosse o fim, como se nada mais existisse, como se o nosso mundo fosse apenas aquilo, aquele momento e nada mais. A gente se sente sozinho, mas no fim das contas nos pegamos se sentindo bem com a solidão. A gente assiste todos aqueles frustrantes e fúteis programas da TV até que adormeçamos. A gente ouve uma música de amor na rádio ou uma música mais estimulante de algum de nossos discos. A gente acorda no meio da madrugada pensando que em algumas horas toda aquela rotina exaustiva e maçante irá nos corroer novamente. A gente se entristece, nunca estamos verdadeiramente felizes, acredito que poucas pessoas saibam o que é realmente estar e ser feliz. Já escrevi uma vez e aqui repito, não sabemos ser felizes, assim como não sabemos amar, vivemos apenas breves momentos de alegria e ali no meio disso tudo se encontra um amor. A gente se irrita com os faróis, com os carros, com as buzinas, com o café frio, com a fumaça do cigarro jogada em nossas caras, com o ônibus lotado, com as crianças gritando e correndo pra lá e pra cá, com as pessoas mesquinhas e fúteis, com sentimentos e pensamentos frustrantes, com músicas ruins, com amores jogados no lixo, com romances que não deram certo, com a barriga roncando de fome, a gente sempre se frustra e depois voltamos pra casa, voltamos para o nosso mundo, para o nosso ambiente, para o nosso travesseiro. Voltamos para a solidão. A gente muda. A gente cresce. A gente envelhece, cansa, adoece e morre.

A falta que você me faz. A gente sempre sente falta de algo. Sempre estamos doentes pela falta de alguma coisa. Mas espera um bocado, porque estou generalizando tanto se nem todas as pessoas são iguais? Todos esses sentimentos e pensamentos que aqui escrevi são meus, só meus. Porque eu precisaria me preocupar com o mundo lá fora e com todas essas pessoas se no momento estou trancado no meu quarto escuro me degustando de um belo, quente e amargo café? Hoje em dia a vida é isso. Cada dia que se passa eu significo menos para as pessoas e cada dia que passa elas significam menos para mim. Li isso em algum lugar, é a verdade, os anos passam e a humanidade vai se afundando num mar de insignificâncias pelo qual todos fazemos parte. Eu gostaria muito de não fazer parte de nenhuma tribo, raça, ciclo, moda ou algo do gênero. Gostaria mais ainda de não fazer parte dessa humanidade que já não se importa com nada, quer dizer, apenas com suas ambições e os seus rabos cheios de dinheiro, gostaria apenas de fazer parte dessa minha humanidade e desse meu mundo que é composto por uma mesa onde eu possa escrever, uma xícara quente de café, uma música leve ecoando baixinho e meus pensamentos. E olha só em tudo o que me transformei. Olha eu aqui pensando novamente em mudanças e escrevendo sobre elas. As pessoas me fizeram mudar e os amores e os romances e as minhas insônias e minhas depressões e meus surtos suicidas. Tudo isso fez com que eu me tornasse essa pessoa infeliz que aqui se encontra escrevendo hoje.

Ah, um gole a mais de café, por favor...

A gente ama e muda. A gente conhece pessoas e muda. A gente vive uma rotina e muda. A gente envelhece e muda e vai ficando chato e vai ficando ranzinza e vai sendo cada vez mais infeliz. Espera, mais uma vez, estou apenas falando de mim, desculpe essa minha forma de generalizar as coisas, quando eu me sinto um saco de merda infeliz me lembro apenas de toda a humanidade e assim me sinto um saco de merda junto com eles porque somos todos assim - agora sim generalizei de uma vez, perdoe minha arrogância. Que fim esses parágrafos irão tomar? Não sei. Apenas estou deixando os meus dedos falarem um pouco mais por mim até que em meu peito eu sinta um grande alívio, aquele alivio que ecoa dentro de mim com que faça eu me sentir um pouco menos infeliz, um pouco menos vazio e um pouco menos triste. Acredito que já não estou mais me sentindo assim - HOJE - escrevi bastante, tomei bastante café e pensei bastante. Lembrei dos meus amores, dos meus romances, das minhas frustrações, das coisas que escrevo, da humanidade. Lembrei de todas as coisas que me deixam triste e também lembrei de todas as coisas que me deixam feliz. Lembrei também de todas as coisas que amo e lembrei também de todas as coisas que odeio. A gente ama. A gente muda. A gente envelhece. A gente morre. Até o dia da minha morte ou de meu suicídio me lembrarei a falta que ela me faz, minha querida companheira de todas as noites: A melancolia. Hey, minha querida amante, não me esqueci de você...solidão.

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Primeira nota de um louco

Enfim encontrei. Encontrei há tempos algo que amo. Algo que gosto. Algo que me liberta. Joguei fora todo o meu amor e romances e aqui me encontro, escrevendo. Escrevendo. Escrevendo. Escrevendo. Pensando. Pensando. E pensando. Eu sou isso. Criei isso. Me amo quando escrevo, mesmo que me odeie ao final de cada ponto final. Me encontro quando escrevo, mesmo que me sinta completamente perdido quando aquele tal texto, aquela tal criação, já não faz mais sentido algum pra mim. Sou assim. Depois que escrevo aquilo já não importa pra mim, é como se eu escrevesse em um folha qualquer de papel e me encontrasse de frente com um enorme lixo e o depositasse ali dentro para ser pra todo o sempre esquecido. Não sou forte quando não escrevo. Não sou feliz quando não escrevo - por mais que eu já não seja uma pessoa muito feliz comigo mesmo. Me sinto sufocado quando não escrevo e por fim, até então, criei isso, uma forma a mais com que faça que eu me encontre um pouco mais. Em algum lugar. Em algum estado. Em algum país. Em um outro alguém. Isso sou eu. Assim sou eu. Tentando me encontrar mesmo quando já sei o que sou, como sou e onde quero chegar. Odeio tudo o que escrevo e dificilmente vou dizer pra alguém que gostei de todas as palavras que escrevi, por mais que muitos amem, por mais que as pessoas se identifiquem, por mais que elas sintam tudo o que naquele momento senti e até mesmo chorem, por mais que eu me sinta em total alívio de tudo aquilo que estava sentindo e fui capaz de cuspir com algumas palavras melancólicas, eu sempre os odeio. Sempre falo de mim. Sempre coloco o meu ego acima de tudo. Sempre falo de romances, de amores, das pessoas, de como a vida está, de todos os meus breves goles em xícaras de café ou grandes goles em uma lata de cerveja enquanto escrevo. Sempre falo do mundo. Sempre falo da rotina. Já disse que sempre falo de amores? Sim, de amores, romances, essas coisas. Essa grande arma inventada por algo ou alguém ou por nós mesmos que sempre nos leva para o mais profundo abismo. Escrevendo. Escrevendo. Escrevendo. Passaram dias e dias desde a ultima vez em que me encontrei escrevendo dessa maneira. Vai sufocando. Cada dia sem escrever é uma tortura, é uma dificuldade, me falta ar, me falta ar de tanta palavra e sentimento engasgado dentro do meu peito e na minha garganta. Essa é minha forma de gritar, escrevendo, pensando, tomando um café ou uma cerveja e, mais uma vez, escrevendo, escrevendo, escrevendo. Sou solitário por escolha própria. Existem muitas pessoas a minha volta e todas elas tem algum valor, mas sou um homem rodeado de solidão e pensamentos e sentimentos e palavras sobre a minha melancolia. Escrevendo. Escrevendo. Escrevendo. Sozinho. Sozinho. Sozinho. E pensando. Escrever me livra de minha loucura. Me livra dos meus pensamentos de cometer suicídio. Me livra de mim mesmo. Quando todas essas vivências ruins voltarem cuspirei mais algumas palavras por aqui novamente e mais uma vez, e outra vez, e outra vez mais.

Me decifrei em algumas breves palavras. Entristeci por causa de algumas delas. Mas, por fim, sinto um grande alivio em escrever um pouco por aqui, pelo menos essa noite eu poderei dormir em paz. Outro dia continuo escrevendo...enquanto espero a minha morte, enquanto espero o meu alivio final.

Disponha sempre de minha melancolia, de minha tristeza, de meus amores, de meus romances, de meus suicídios e de minhas palavras. Pelos menos sei que deixarei algo depois que minha morte bater a porta: Tudo o que escrevo e e que já escrevi. Por fim...o alivio de hoje.