segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Sendo humano entre cigarros, bebidas e poemas



Cigarros matam, bebidas matam, até a vida mata e eu estou morrendo. Não estou morrendo pouco a pouco como antigamente, estou morrendo muito a muito. Todos os dias. Cansado. Exausto. Nada faz sentido. Tudo esgotando. Tudo se apagando. Tudo acabado, inclusive eu. O tempo dentro de mim vem me causando um estrago danado. Absurdo. Comprimidos não funcionam. A fumaça de qualquer coisa tragada pelos meus pulmões não me satisfazem e logo em seguida entrego-me para a ânsia de uma vômito lamentável de palavras apertadas. Qualquer gota de álcool que entra em meu corpo também não me satisfaz mais e a loucura logo em seguida que sobe para a minha cabeça me permite ser tudo aquilo que nunca quis ser. Apenas um louco varrido que não sabe mais o que quer a não ser um fim. Fim de mim mesmo. Fim do mundo chato. Fim da angústia. Qualquer coisa semelhante a isso. Dizem para eu parar de fumar. Dizem para eu parar de beber. Dizem para eu procurar um Deus e encontrar algum sentido para minha vida. E eu os ouço. Apenas os ouço. Eles pensam quem sabem muito quando não estão no meu lugar e eu daria tudo para eles estarem no meu lugar, pelo menos uma vez. Eles saberiam de verdade o que é estar no meu lugar e eu conseguiria enxergar certa derrota estando no lugar deles por me ver com outra visão. Minha visão míope está mais cansada que nunca. O choro apenas embaça mais ainda a minha visão, mas ela não cai. E quando cai eu me arrependo. E eu só queria me livrar do mundo chato. E eu só queria alguém que estendesse a mão de verdade, sem me cobrar nada, para apenas conseguir me tirar dele. Salvar-me de algo que não sei bem o que é. Volto a fumar e beber. Volto a tragar e engolir. Cansei de engolir até minhas palavras e hoje as cuspo por aqui num pensamento medíocre de que alguém lerá minhas medíocres palavras para que entendam tudo aquilo que ouso passar, sentir, pensar e viver. E eu queria apenas um pouco de paz sem ver meu próprio sangue escorrendo pelas minhas mãos.

Cadê meu trabalho? Cadê meu dinheiro na conta? Cadê minha lucidez? Cadê meu coração lembrando que está vivo? Cadê as pessoas perto de mim sem ser para dizer o que devo ou não fazer e como devo ou não me sentir? Cadê meu sorriso sincero? Eu sempre quis tomar conta de mim e hoje não estou me importando com isso. E cada dia é uma morte nova. E cada dia a espera pelo fim do mês com a expectativa de que tudo terá passado, mas o fim do mês é sempre longe demais quando os dias são um piores que os outros. Ninguém me segurou quando eu cai no chão e daqui não sai, apenas me levantei hoje para escrever algumas péssimas e tristes palavras que estão dentro de um coração tão vazio quanto minha alma. Meus remédios para a loucura pararam de fazer efeito. Meus outros remédios para depressão tenho medo de tomar. Escrevendo aqui pois estou. Escrevendo aqui para tentar lembrar o que é servir para alguma coisa. Escrevendo com aquela velha expectativa, lembra? E cadê o fim do mês? Não. Eu não sou louco. Escrevendo não sou louco. Ou dormindo. Ou bebendo. São nesses momentos que encontro minha lucidez. Escrevendo. Pensando. Dormindo e não pensando. Bebendo sem pensar para pensar no muito que eu lembro que me convém.  Mas esse muito nunca chega e eu só quero que isso chegue ao fim. Quero a paz de uma cama tranquila. Quero a paz de uma vida menos chata. Quero uma paz que não sei onde está. Quero a paz de uns meses atrás de um romance que eu tenho, sem ter que usar o meu romance para encostar a cabeça em teu ombro com a expectativa de querer chorar e desabafar sobre os meus problemas. Queria entender o que é estar no meu lugar. De alguma forma. De algum jeito. Só uma vez. Solto o trago que dei e bebo um gole mais de minha bebida quase quente.

Existiu um tempo em que eu acreditava ser um gênio por causa de minhas palavras escritas, mas eu não sou a porra de um gênio. Apenas sei escrever e juntar minhas tristezas em pequenas linhas como essas. Pensar demais até se sentir exausto não faz de mim um gênio. Invés de falar demais, eu apenas penso demais enquanto o mundo fica cada vez mais chato. Tão chato quanto eu. Sou chato, mas na vida só eu deveria ser invés do mundo todo. Não sou super herói. Não sou a melhor pessoa do mundo. Não encontro minha sanidade junto com a vontade de viver há tempos. Não procuro a cura, mas também não quero lembrar da doença. Não procuro o resgate, mas também não estou em frente a janela para me jogar. Não quero tomar conta de mim, mas também não quero que ninguém se meta em meus pensamentos e sentimentos. Só quero pegar uma arma, dar um tiro para o alto e esquecer todas as frustrações. Só quero tacar tudo para o alto sem lembrar que o amanhã existe. Quem as pessoas acham que são para me julgar pelos meus atos e a forma com que penso? Quem as pessoas pensam que são quando elas são tão podres e malucas quanto eu e estão apontando o dedo na minha cara exigindo que eu saia da tristeza de minha cama para fazer o certo por elas? Eu não sou ninguém, mas essas pessoas também não são ninguém para mim. Elas, assim como eu, fazem parte desse mundo chato e eu só quero ficar aqui fumando o meu trago e bebendo a noite toda. Quero aproveitar essa segunda-feira cinza para fazer alguma coisa errada novamente e lembrar que sou ser humano. Que eu vivo errando. Que eu nasci para errar. Que sou mal educado. Que falo palavrões enquanto cuspo minhas palavras. Que sou nostálgico. Que não preciso pedir esmolas para escrever minhas poucas palavras. QUE SE FODA O MUNDO. Que se foda os meus erros. Sou deveras filho da puta para esquecer que não sou perfeito. E eu bebo enquanto escrevo isso que chamo de poema.
Tenho quase 25 anos e hoje vejo o estrago enorme que o tempo fez em minha vida. Escrevo como se fosse um velho. Escrevo como se tivesse vivido tempo suficiente para apenas viver minha vida a espera da morte. Esse ser humano que vos escreve esta carta é apenas carcaça de jovem com a alma podre de velho.

E eu tento todo dia me esconder. Ao mesmo tempo que tento todo dia encontrar a saída para tudo isso, aquela saída que vai fazer a minha vida melhorar, mas, de uma forma ou de outra, sempre encontro a janela fechada de algum lugar me mostrando que dificilmente as coisas mudam para melhor. Como diz aquela teoria: "Nada tão ruim que não possa piorar!". E eu brindo o meu fundo do poço. E eu bebo. E escrevo. E erro. E vivo. E morro. Sim, eu morro, mas sempre escrevendo para, de alguma forma, nunca ser esquecido. Quem sabe, algum dia, alguém se lembre de minhas palavras como uma coisa boa. Quem sabe.
E eu cansei de tudo lá fora. E eu cansei de mim. Minha paz só virá quando o coração não tiver mais forças para trabalhar? Não sei. Sei que hoje ele tem força suficiente para uns belos drinques. Houve um tempo em que eu queria me casar, fazer alguns filhos, ter vários problemas solucionáveis. Parar de beber. Sim, largar minhas cervejas e meus porres. Quem sabe começar a escrever coisas bonitas e clichês para pessoas que realmente compram, mas minhas cervejas e porres são meus poemas quando não sei o que falar e todas essas coisas que escrevo são tudo aquilo que sou de verdade. Finalizo esse poema, carta ou qualquer coisa parecida aos desinteressados por mim dizendo que se eu escrevesse outra coisa para vocês, isso sim seria a minha maior farsa. Essa seria a minha maior mentira. Escrever minhas verdades me faz lembrar que estou vivo. Vivo de verdade.

- Você é um puta de um escritor, mas eu não gosto de ler suas coisas! - ela disse.
- Obrigado. - respondi.

E para minha amada, se tu esqueceres de mim ou de meus sentimentos por ti, mesmo em meio a todos os problemas do mundo, leia minhas cartas para ti e saiba que meu coração ainda é o teu lugar.