quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Lembranças e saudades


Lá atrás estou e poucos sabem o que isso significa. Eu nunca disse adeus, mas estou lá atrás. Com minha visão completamente embaçada eu vejo as falhas de um passado que me trouxe até aqui. E entre todas as falhas existem feridas abertas dentro de um coração que perdeu o caminho de casa. E esse mesmo coração foi desligado de um passado que não faço mais questão de esquecer, mas ele se encontra fracamente forte dentro de um peito gravemente ferido. Um coração que nasce, cresce, vive, adoece e cada segundo vem morrendo um pouco mais e renasce. Isso é drasticamente perturbante quando tu percebes que cresceu o suficiente para saber onde estão as linhas dramáticas de uma vida que eu jurava que era esquecida por muitos. Permaneço forte. Nascendo, vivendo, crescendo, adoecendo e renascendo. Sempre foi assim e sempre será. Não faço questão de acordar de meus comas da vida e ser levado para casa. Eu não quero. Eu quero acordar e ver o mundo. Eu quero renascer e viver de acordo com as falhas e feridas que o mundo me entrega. Eu quero viver os dias cinzentos para depois enxergar tudo lindo novamente. Quero crescer. Quero chorar. Quero falhar. Quero adoecer por conta disso tudo e depois ressurgir. Minhas falhas me descrevem. minhas lutas sofridas mostram o que talvez seja o sentido da vida. Não existe nada que possa me vencer. E mesmo que eu morra depois de uma luta constante, serei lembrado como algo bom para muitos. E serei lembrado como uma pessoa forte que lutou para vencer. Quero deixar saudades boas, mas ainda preciso lutar e vencer muito. Encontro muitas vezes o meu coração enfraquecido e cheio de angustia, mas existe uma saída no começo de todas as lágrimas ruins.

Tenho me afastado dessas linhas por medo de escrever meus clichês. E me perguntam se enlouqueci e respondo que sim. Parte da minha doença vem de minhas loucuras e ninguém está aqui para me salvar. E diante de minhas sinceras palavras, digo que não quero mais escrever sobre as mesmas coisas de sempre. Por isso poupo o meu tempo para deixar pequenas teorias em minha mente, para ter tempo o suficiente de escrever coisas grandes. Minhas loucuras escritas são suficientemente grandes para mim. Os dias de calor estão abertos para o mundo, o sol está lá fora, bate em meus olhos e meu corpo, mas eu ainda me encontro cego e sem a limpeza da alma que há tempos eu tinha encontrado. Podem me desligar do mundo por enquanto, estou internado em minha própria penitência por uns tempos. E todo dia é um novo recomeço diante das mesmas lutas. Não compensa escrever linhas grandes demais quando o pensamento pequeno é inevitavelmente imenso a todas as teorias medíocres do mundo. Esqueci as palavras bonitas em algum lugar. Talvez ela esteja lá atrás onde me deixei e me esqueci. Palavras bonitas e difíceis são cheias de falhas e nem um pouco distintas de uma navalha que te deixa feridas imensuravelmente abertas. E meu peito já está cheio delas. Sinto falta da minha visão limpa e clara diante de todas as situações de dificuldade, mas sinto mais falta ainda dos abraços de esperança que a vida me proporcionava. Deixei a lágrima escorrida em algum canto da casa junto de uma carta que continha apenas uma palavra: Adeus!

Ao acaso, no feriado de finados eu estava no cemitério vendo todas aquelas pessoas visitarem seus parentes e conhecidos. Não sei bem o que era, mas a imagem de uma pessoa diante de seu ente querido permanece constante em minha visão míope. Talvez um pai, talvez um filho, talvez um marido diante do túmulo da pessoa falecida. Sozinho, triste, com os olhos cheios de lágrimas. Homem de meia idade, talvez 50, 55 anos. Cabelos brancos. Com uma das mãos em cima do túmulo e a outra sobre os olhos embriagados de saudades. E isso me deixou ali parado a observar. Isso me trouxe a teoria óbvia de que todos irão partir um dia. Eu, tu, eles. Todos, mas é certo que um dia estaremos ali diante de um túmulo repleto de saudades e lembranças. Não sei o dia de amanhã. Não sei de quem será a saudade. Não sei como será a saudade. E não faço a mínima ideia de como serão as lembranças. Meu pai chorará pela saudade de seu pai. Minha mãe chorará pela saudade de sua mãe. Eu irei chorar pela saudade de ambos. Meus filhos chorarão pela saudade de mim. Minha mulher chorará pela saudade de seus pais e de mim. E o ciclo vai se repetir. E os anos irão passando e no final tudo o que nos resta, antes da morte, são saudades e lembranças e lágrimas. Por conta disso eu largo o meu sono constante para acordar para vida e lutar por saudades e lembranças boas, mesmo a vida estando deveras difícil. Acordei para lembrar que todos os dias eu morro um pouco mais e todos os dias a saudade e a lembrança vai chegando em minha vida. Não posso me deixar completamente para trás quando lá atrás existem lembranças e saudades boas. Nunca é tarde demais para acordar e fazer coisas boas para quem você ama. Essas pequenas linhas já disseram muito sobre mim hoje. Eu apenas preciso acordar e me sentir feliz mais uma vez e tentar esquecer que a felicidade está longe demais quando o coração já está tão cansado. Tão cansado que estou sendo repleto de falta de ar em meus pulmões. Talvez eu esteja morrendo um pouco mais. Talvez seja apenas as palavras fazendo com que eu me lembre que ainda estou vivo. Sinta. Reflita. Viva. Sinta. Sinta. Sinta. Cuspa no chão todas as coisas ruins e esqueça as lágrimas nos cantos de tua casa.
- Você está se sentindo bem aqui no cemitério? Está tudo bem? - ela perguntou.
- Tudo certo. É como se eu estivesse em casa. - brinquei.

E um dia será minha casa.

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Sendo humano entre cigarros, bebidas e poemas



Cigarros matam, bebidas matam, até a vida mata e eu estou morrendo. Não estou morrendo pouco a pouco como antigamente, estou morrendo muito a muito. Todos os dias. Cansado. Exausto. Nada faz sentido. Tudo esgotando. Tudo se apagando. Tudo acabado, inclusive eu. O tempo dentro de mim vem me causando um estrago danado. Absurdo. Comprimidos não funcionam. A fumaça de qualquer coisa tragada pelos meus pulmões não me satisfazem e logo em seguida entrego-me para a ânsia de uma vômito lamentável de palavras apertadas. Qualquer gota de álcool que entra em meu corpo também não me satisfaz mais e a loucura logo em seguida que sobe para a minha cabeça me permite ser tudo aquilo que nunca quis ser. Apenas um louco varrido que não sabe mais o que quer a não ser um fim. Fim de mim mesmo. Fim do mundo chato. Fim da angústia. Qualquer coisa semelhante a isso. Dizem para eu parar de fumar. Dizem para eu parar de beber. Dizem para eu procurar um Deus e encontrar algum sentido para minha vida. E eu os ouço. Apenas os ouço. Eles pensam quem sabem muito quando não estão no meu lugar e eu daria tudo para eles estarem no meu lugar, pelo menos uma vez. Eles saberiam de verdade o que é estar no meu lugar e eu conseguiria enxergar certa derrota estando no lugar deles por me ver com outra visão. Minha visão míope está mais cansada que nunca. O choro apenas embaça mais ainda a minha visão, mas ela não cai. E quando cai eu me arrependo. E eu só queria me livrar do mundo chato. E eu só queria alguém que estendesse a mão de verdade, sem me cobrar nada, para apenas conseguir me tirar dele. Salvar-me de algo que não sei bem o que é. Volto a fumar e beber. Volto a tragar e engolir. Cansei de engolir até minhas palavras e hoje as cuspo por aqui num pensamento medíocre de que alguém lerá minhas medíocres palavras para que entendam tudo aquilo que ouso passar, sentir, pensar e viver. E eu queria apenas um pouco de paz sem ver meu próprio sangue escorrendo pelas minhas mãos.

Cadê meu trabalho? Cadê meu dinheiro na conta? Cadê minha lucidez? Cadê meu coração lembrando que está vivo? Cadê as pessoas perto de mim sem ser para dizer o que devo ou não fazer e como devo ou não me sentir? Cadê meu sorriso sincero? Eu sempre quis tomar conta de mim e hoje não estou me importando com isso. E cada dia é uma morte nova. E cada dia a espera pelo fim do mês com a expectativa de que tudo terá passado, mas o fim do mês é sempre longe demais quando os dias são um piores que os outros. Ninguém me segurou quando eu cai no chão e daqui não sai, apenas me levantei hoje para escrever algumas péssimas e tristes palavras que estão dentro de um coração tão vazio quanto minha alma. Meus remédios para a loucura pararam de fazer efeito. Meus outros remédios para depressão tenho medo de tomar. Escrevendo aqui pois estou. Escrevendo aqui para tentar lembrar o que é servir para alguma coisa. Escrevendo com aquela velha expectativa, lembra? E cadê o fim do mês? Não. Eu não sou louco. Escrevendo não sou louco. Ou dormindo. Ou bebendo. São nesses momentos que encontro minha lucidez. Escrevendo. Pensando. Dormindo e não pensando. Bebendo sem pensar para pensar no muito que eu lembro que me convém.  Mas esse muito nunca chega e eu só quero que isso chegue ao fim. Quero a paz de uma cama tranquila. Quero a paz de uma vida menos chata. Quero uma paz que não sei onde está. Quero a paz de uns meses atrás de um romance que eu tenho, sem ter que usar o meu romance para encostar a cabeça em teu ombro com a expectativa de querer chorar e desabafar sobre os meus problemas. Queria entender o que é estar no meu lugar. De alguma forma. De algum jeito. Só uma vez. Solto o trago que dei e bebo um gole mais de minha bebida quase quente.

Existiu um tempo em que eu acreditava ser um gênio por causa de minhas palavras escritas, mas eu não sou a porra de um gênio. Apenas sei escrever e juntar minhas tristezas em pequenas linhas como essas. Pensar demais até se sentir exausto não faz de mim um gênio. Invés de falar demais, eu apenas penso demais enquanto o mundo fica cada vez mais chato. Tão chato quanto eu. Sou chato, mas na vida só eu deveria ser invés do mundo todo. Não sou super herói. Não sou a melhor pessoa do mundo. Não encontro minha sanidade junto com a vontade de viver há tempos. Não procuro a cura, mas também não quero lembrar da doença. Não procuro o resgate, mas também não estou em frente a janela para me jogar. Não quero tomar conta de mim, mas também não quero que ninguém se meta em meus pensamentos e sentimentos. Só quero pegar uma arma, dar um tiro para o alto e esquecer todas as frustrações. Só quero tacar tudo para o alto sem lembrar que o amanhã existe. Quem as pessoas acham que são para me julgar pelos meus atos e a forma com que penso? Quem as pessoas pensam que são quando elas são tão podres e malucas quanto eu e estão apontando o dedo na minha cara exigindo que eu saia da tristeza de minha cama para fazer o certo por elas? Eu não sou ninguém, mas essas pessoas também não são ninguém para mim. Elas, assim como eu, fazem parte desse mundo chato e eu só quero ficar aqui fumando o meu trago e bebendo a noite toda. Quero aproveitar essa segunda-feira cinza para fazer alguma coisa errada novamente e lembrar que sou ser humano. Que eu vivo errando. Que eu nasci para errar. Que sou mal educado. Que falo palavrões enquanto cuspo minhas palavras. Que sou nostálgico. Que não preciso pedir esmolas para escrever minhas poucas palavras. QUE SE FODA O MUNDO. Que se foda os meus erros. Sou deveras filho da puta para esquecer que não sou perfeito. E eu bebo enquanto escrevo isso que chamo de poema.
Tenho quase 25 anos e hoje vejo o estrago enorme que o tempo fez em minha vida. Escrevo como se fosse um velho. Escrevo como se tivesse vivido tempo suficiente para apenas viver minha vida a espera da morte. Esse ser humano que vos escreve esta carta é apenas carcaça de jovem com a alma podre de velho.

E eu tento todo dia me esconder. Ao mesmo tempo que tento todo dia encontrar a saída para tudo isso, aquela saída que vai fazer a minha vida melhorar, mas, de uma forma ou de outra, sempre encontro a janela fechada de algum lugar me mostrando que dificilmente as coisas mudam para melhor. Como diz aquela teoria: "Nada tão ruim que não possa piorar!". E eu brindo o meu fundo do poço. E eu bebo. E escrevo. E erro. E vivo. E morro. Sim, eu morro, mas sempre escrevendo para, de alguma forma, nunca ser esquecido. Quem sabe, algum dia, alguém se lembre de minhas palavras como uma coisa boa. Quem sabe.
E eu cansei de tudo lá fora. E eu cansei de mim. Minha paz só virá quando o coração não tiver mais forças para trabalhar? Não sei. Sei que hoje ele tem força suficiente para uns belos drinques. Houve um tempo em que eu queria me casar, fazer alguns filhos, ter vários problemas solucionáveis. Parar de beber. Sim, largar minhas cervejas e meus porres. Quem sabe começar a escrever coisas bonitas e clichês para pessoas que realmente compram, mas minhas cervejas e porres são meus poemas quando não sei o que falar e todas essas coisas que escrevo são tudo aquilo que sou de verdade. Finalizo esse poema, carta ou qualquer coisa parecida aos desinteressados por mim dizendo que se eu escrevesse outra coisa para vocês, isso sim seria a minha maior farsa. Essa seria a minha maior mentira. Escrever minhas verdades me faz lembrar que estou vivo. Vivo de verdade.

- Você é um puta de um escritor, mas eu não gosto de ler suas coisas! - ela disse.
- Obrigado. - respondi.

E para minha amada, se tu esqueceres de mim ou de meus sentimentos por ti, mesmo em meio a todos os problemas do mundo, leia minhas cartas para ti e saiba que meu coração ainda é o teu lugar.

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

E eu nunca quis dizer adeus

Eu nunca quis dizer adeus. Procuro todas as respostas para todas as milhões de questões contidas em minha mente e tudo fica tão preso que me sinto impotente. E o que eu faço? Nada. Absolutamente nada. E como eu me sinto? Ninguém se importa. Eu não me importo. Mas as milhões de questões em minha cabeça continuam ali. Ecoando. Ecoando. Sem esvair. Sem nem dizer adeus. E eu nunca quis dizer adeus. Deixa as perguntas e questão desolarem minha mente incapaz de ser e ter o que sempre quis. E ainda sim, como eu me sinto? Em palavra sincera e em curta grosseria de meus pensamentos rudes: Foda-se, porra!
E eu poderia nunca mais escrever. Poderia abandonar todas as palavras que assolam o meu peito na hora do aperto, mas o que eu ganharia com isso? Absolutamente nada. Nada. e NADA. Porra, continuo sendo esse jovem velho que se auto tortura ao anoitecer com sua cerveja do lado. Continuo sendo esse insuportável chato com pensamentos tristes e agonizantes, mas sempre me levanto. E continuo. A vida tem que continuar. Eu não quero morrer. Não agora, não hoje. Tenho que ser forte o suficiente para lidar com muita coisa e deixar a minha marca e meu nome em algum lugar qualquer. Tenho que ser lembrado, talvez esquecido. Tenho que ser amado, talvez odiado. Tenho que ser a alegria, talvez a tristeza. Quem se importa? Eu. Nesse ponto, eu me importo e sempre me importarei. Nunca escrevi da forma que escrevo hoje. Nem tão feliz nem tão alegre, apenas forte. Forte o suficiente para não chorar. Forte o suficiente para não desmoronar e desistir. E o que eu faço? Volto a escrever e relembro todas as minhas cartas e poesias para ninguém. Penso e repenso que se voltei a escrever é porque minha mente e minha alma - se é que ela existe ainda - estão em completa agonia e depressão desse mundo e da vida que levo, mas o que eu faço? Morro, renasço, levanto, fortaleço e começo tudo outra vez. E outra vez. E mais uma vez. E mesmo sendo difícil continuo me levantando até o dia em que eu puder olhar o mundo lá fora, ver todas aquelas pessoas com seus sorrisos amarelos e cabelos ao vento e enfim dizer: - Hoje sou tão feliz quanto todos vocês!

- Vai dar tudo certo!
- Você vai sair dessa!
- É só uma fase!
E blá blá blá blá blá. A humanidade me enche de preguiça e revolta. Todos esses discursos baratos para tentarem fazer as pessoas se sentirem melhores quando algo ruim está acontecendo é completamente corrosivo. Não existe. E, para mim, se Deus existisse, tivesse com algum tipo de problema, pedisse ajuda ou conselho de vocês e ouvisse algo do tipo, Ele explodiria essa grande bola azul sem pensar duas vezes. E que tal Ele fazer isso mesmo? Que tal ele começar tudo do zero como estou acostumado a fazer? Não! Deus não está aqui por ninguém. Minha visão é apenas essa e, mesmo não querendo focar absolutamente nada desse ponto religioso que em minha falta, fui capaz e corajoso o suficiente de escrever tais palavras, mas elas não são o foco dessa carta.
Tenho medo da morte. Penso nela todos os dias, mas qual a diferença da morte e do amor sendo que todas as pessoas tem o medo constante de passar por tais momentos? A morte e o amor estão e estarão para sempre ligados um ao outro. A morte mata o amor. O amor mata a morte. E o ciclo continua. E o que acontecerá quando eu morrer? Eu poderia morrer agora. assim que terminar essas minhas palavras. Iriam achar essa ultima carta que escrevi e diriam o que de mim? O que fariam com ela? O que pensariam de mim? Pelo menos o meu sonho teria se concretizado, sonho de deixar as minhas palavras para todas as pessoas que amo e odeio como herança, porque isso, para mim, é o bem mais valioso que tenho. Mas e seu eu demorar anos e anos para morrer, o que será? Continuarei escrevendo e escrevendo, lutando, fortalecendo, morrendo e renascendo. E a cada carta um sentimento e uma verdade. E a cada carta um valor maior de minha herança deixada para todos que estão longe e perto de mim. Amor, ódio, rancor, alegria, tristeza, choro, sorriso, lágrima, mágoa, depressão, saudade, tudo junto numa só carta. Tudo junto num só livro. Tudo junto em papéis que escrevi cada palavra que saiu de mim. E talvez eles dirão:
- Michel Rodrigues era um gênio bêbado depressivo que sabia muito bem o que queria!

E se for para isso acontecer, que eles não me exaltem e vangloriem tanto a ponto de eu vomitar, mas que todos eles saibam que eu nunca quis dizer adeus, mesmo amando e odiando alguns. Que meus amigos se lembrem de mim. Que meus pais continuem me amando. Que minha amada não esqueça tudo que fiz por ela e o toque de meus lábios ao fechar dos meus olhos são sempre dela. Que meus inimigos sempre se lembrem o porque me odiaram. Enquanto isso, que eu continue bebendo e escrevendo o suficiente para aguentar o peso do mundo sobre minhas costas, as milhões de questões que consomem minha mente e ser suportável para todas as pessoas que aqui me querem.

Que o meu Adeus demore para chegar!

segunda-feira, 22 de junho de 2015

Depois de tempos

Depois de tempos encontrei um tempo para confessar. Confessar aquilo que sinto há tempos e não encontrava um tempo sequer do meu tempo para cuspir tudo para fora. E sempre me faltou coragem em apenas falar tudo aquilo que ouso sentir. Escrever sempre foi a melhor forma e sempre será.
Depois de tempos encontrei um pequeno tempo para confessar minhas angustias em uma pequena carta. Carta de desabafo. Carta ofegante. Carta sofrida. E que depois que eu terminar esta carta o tempo leve embora tudo de ruim que ouso sentir. Só o tempo e as palavras são capazes de fazer tais coisas com a minha pessoa.
Depois de tempos encontrei o arrepio das palavras passando por meus dedos, assim como o arrepio que sinto em beber um belo gole daquela cerveja gelada e o arrepio que sinto por cada nota de música clássica tocada aos meus ouvidos, enquanto deixo as palavras serem moldadas e cuspidas pouco a pouco de dentro de mim. Há tempos não fazia isso e há tempos tudo mudou.
E dentro desse quarto escuro que me encontro enxergo a clareza de todas as coisas. O meu quarto. O meu mundo. A minha fronteira para outra dimensão criada apenas por minha imaginação e teorias. Há tempos não durmo direito e há tempos deixei de me importar com isso. Minha insônia nunca foi passageira e há tempos ela vem tornando os meus dias longos e minhas noites curtas. Sempre foi assim. E existe algo dentro do meu peito querendo aquela certa liberdade que nunca tive. E eu quero que saia de dentro do meu peito, mas nunca sei exatamente o que se encontra dentro dele. E dói, eu sinto muito que dói. Sempre esqueço que meus demônios estão todos em casa, escondidos embaixo de minha cama. Deixa eles por lá mesmo!

Há tempos não escrevo e depois de tempos criei um tempo. E tudo porque o tempo toma todo o tempo do meu tempo, mas isso sempre foi a forma normal e criativa de se viver. O tempo machuca e cria lembranças e pensamentos do futuro dentro de uma cabeça fortemente cansada. O tempo cria teorias e filosofias dentro de um órgão tão pequeno, mas tão genioso, mas isso machuca. Dói e dói muito. Porque há tempos venho criando imagens de pensamentos futuros dentro de minha cabeça que dentro deles se encontram minha vida sem algumas pessoas e sensações e momentos como os que tenho agora. Olho para as rugas e mãos cansadas sendo formadas no corpo de meu pai de criação e imagino minha mãe quase com rugas e mãos cansadas sem ele. E há tempos penso no tempo depois dessa teoria, o que seria de minha mãe sem meu pai e o que seria de mim sem minha mãe. E sofro. E dói. E machuca.
A vida é curta e dolorida. O tempo é longo e tortuoso. As pessoas dizem e escrevem que o tempo é curto, mas isso é a mais pura mentira contada há tempos. O tempo é mais longo do que vocês pensam e por vivermos até demais ele soa como sendo rápido demais. Acredito que se o teu tempo está passando depressa demais é apenas porque você está aproveitando a vida demais ou desmerecendo ela demais para que lhe entregue um bom tempo do tempo dela, eis então a sensação de que a vida passa rápido demais. Só que, parando para raciocinar, olho para todas as pessoas que querem viver por 100 anos ou mais, eu já estou bem triste e deprimido vivendo com 24. E sofro. E dói. E machuca.

Escrevo uma curta carta depois de tempos e escrevo apenas para dizer que o tempo da vida que tenho hoje está me torturando pouco a pouco. Fico deitado abraçado com minha mulher por horas e horas, vezes tardes e noites inteiras e não sofro tanto quanto quando estou sozinho. Coloco minha alma dentro do meu quarto, dentro desse mundo isolado e esquecido por muitos e lembro que tenho uma alma sofredora e angustiada que por tanto luta. Minha mente fica desvencilhada com tanto pensamento confuso e certeiro, mas ainda bem que sei lidar e ainda bem que voltei a ter o tempo do meu tempo em saber escrever no tempo certo. Estou cuspindo palavras mais uma vez e tenho a certeza absoluta que alguém me chamará de gênio pensante de novo por estar escrevendo tais palavras, mas eu não passo de porra nenhuma além de um jovem velho confuso, ansioso, com receios e medos. Pensante de um futuro que a mim cabe tanto, mas o medo muitas vezes me segura na cama ou apenas dentro de casa.
Penso no meu futuro e tenho a visão de sentar ao lado de minha mulher amada, seguro uma de suas mãos, ela sorri para mim, abaixo a cabeça e sinto o perfume dela exalar por minhas pequenas narinas, logo em seguida fico pronto para dizer:
- Ainda serei tão feliz quanto todas essas pessoas lá fora!

Depois de tempos encontrei o tempo do meu tempo para escrever tais palavras repetitivas de mim mesmo e coragem para confessar que ainda não me encontro em plena felicidade que mereço e almejo, mas estou no caminho certo. Minha amada é a força que sempre me faltou e o amor que sinto por ela que corre por dentro de mim é o brilho para cada momento de escuridão, só tenho medo suficiente de um dia não ser forte o suficiente e deixa-la aqui jogada e sozinha nesse mundo dilacerador, mas, se um dia isso vier a acontecer seja lá qual for o motivo, que ela carregue para sempre minhas palavras de 'eu te amo' dentro do peito dela.
E que o tempo demore o tempo suficiente para tirar meus pais e meu irmão de mim, eles são a outra grande metade de minha força, mas que se um dia isso vier a acontecer ou ao contrário, que eles sempre se lembrem que eu os amo.

Depois de tempos, finalmente, eis aqui minha triste e sincera confissão. E que eu arranje mais tempos dos meus tempos. E que eu tenha vários e vários outros tempos para passar meus tempos com os tempos deles e escrever logo em seguida. E se liberte, mais uma vez, pássaro triste que se aloja em meu coração.

segunda-feira, 11 de maio de 2015

E antes que eu morra...

Outra cama. Outra bebida. Outra pessoa. Outro alguém. Outro eu. Outro teu. Outra vida. Outro cigarro. Outro lugar. Outro emprego. Passei longas semanas longe de minhas genuínas escrituras e enlouqueci. Meses, na verdade. Meses longe de minhas palavras. Oh, sim. Eu enlouqueci. Quase morri. Não quis mais lutar um minuto sequer por meus minutos de vida restantes. Caralho, como eu sofri, mas voltei. Um jovem bêbado com a alma tão velha e o coração tão frio voltou ao seu cantinho escuro e triste e voltou a escrever. E ele está escrevendo. Incansavelmente. E não, não quero mais ficar longe disso daqui. Nunca mais. Outra palavra. Outra carta. Outra melancolia. E não, não quero nunca mais permanecer afastado de minhas lindas palavras. Essas palavras que só eu enxergo beleza e grandeza e leveza e paz. Sinto-me honrado em voltar a decifrar minha alma através delas porque talvez essa seja uma noite em que eu vá descansar em paz. Meu coração está cheio de sentimentos vazios e minha mente está vazia de pensamentos fascinantes. Minha alma está lá fora. Não está dentro de mim. Não agora. Não nesse exato momento. Nem nunca esteve. E eu quero outra cerveja. E eu quero outro trago. E eu quero outra loucura. Onde está o meu eu? Onde está aquela pessoa que sonhava em ser feliz, mas que precisa da beleza de suas próprias palavras para se sentir, pelo menos por algumas horas, liberto? Minha vida é como uma prostituta barata usada por todos. Os mais perversos e fedidos velhos que não pagam nem o jantar para depois foderem o meu cu. Isso é triste. E eu permaneço triste.

Outro amor. Outra mulher. Outra angustia. Outro ciúme. E eu cansei de me sentir vazio. Por isso comecei a amar. Não. Um minuto! Ou dois! Comecei a amar porque estava vazio o suficiente para não ser feliz. E hoje, em relação ao amor e algumas pequenas outras coisas, me sinto feliz e calmo e aliviado e em paz. Cadê a paz de todas as outras coisas? A paz e felicidade são sentimentos difíceis de serem encontrados, mas que porra. Outro palavrão. Outro susto. Outra angustia. E mesmo amando continuo me sentindo sozinho na escuridão do luar. E eu abro uma cerveja, acendo o trago da minha alma, ligo a TV num canal qualquer e fico ali apenas observando o tempo passar.Essa é a minha maneira de lutar minuto a minuto da minha vida. Estou fazendo alguma coisa de bom. Claro que estou. O maior bem que posso fazer é não ter que sair de casa para enfrentar um rosto humano qualquer e encher o saco das pessoas ou elas encherem o meu saco. E eu continuo com a esperança de poder entrar em meu pequeno casulo e dormir pelos próximos cinco anos, mas claro, a porra da humanidade nunca deixaria com que eu fizesse algo assim. Isso é triste também.

Outra história. Outra hora. Outro minuto. Outro segundo. E antes que eu morra gostaria de fazer todas as coisas que ainda não fiz. E enfrentar muitos minutos. E amar do jeito que estou amando, mesmo sendo devastado pelo ciúme que corrói o meu peito medíocre de sonhador bobo e tolo. E eu quero ingerir muito mais álcool do que o comum. E fazer merda. Cuspir em minha própria testa. Quero ser esse desgraçado que sabe escrever algumas boas palavras e aliviar a própria alma. E antes que eu morra quero conseguir salvar a humanidade de alguma forma, faze-los enxergar que o mundo e eles mesmo são muito melhores do que isso que hoje eles são. E eu quero tomar muito café. E sentir medo da morte, mesmo muitas vezes a desejando-a como nunca desejei uma mulher de tal maneira. E não quero mais ficar longe de minhas palavras. NUNCA MAIS. Elas me dão medo, mas eu sinto que elas me amam a ponto de sentirem minha falta e ficarem martelando em minha mente até que eu cuspa todas elas para fora. E chegando nessas linhas já começo a me sentir muito mais aliviado do que quando comecei a primeira palavra desse conto tão escroto quanto eu.

- Porque você é tão triste? Tudo o que escreves é verdade? - ele perguntou.
- A tristeza veio com o tempo. O tempo vem com a tristeza. Você passa a observar melhor o mundo depois que começa a escrever bastante e observar demais e pensar demais sobre tudo que observou te deixa triste. - respondi.
- Então tudo que escreves é verdade? Não respondeu minha pergunta. - ele insistiu.
- Sim. Tudo que escrevo é verdade, porra. Tudo que penso é verdade. Seja o pensamento inventado ou criado ou verdadeiro. Eis ali minha verdade. Em minhas palavras. - respondi.
- Não te entendo! - ele disse.
- Não tentes me entender! - eu disse.

Outro romance. Outra poesia. Outra fotografia. Outro amanhecer. E todas as coisas da vida são como aquela pequena névoa que ecoa antes de todo amanhecer, PASSAGEIRA. E tudo que fazemos é tão passageiro como nossa jornada nisso que chamam de terra. E eu apenas gostaria que há muito tempo depois que eu morresse, alguém encontrasse todas as minhas tristes e melancólicas palavras e lessem todas elas. Talvez, se eu estivesse nesse momento por aqui, me sentisse imortal. E eu quero que todas essas minhas palavras sejam imortais de uma forma ou de outra. Assim como eu nunca serei. Assim como nada é. E tudo é passageiro. Tudo. E isso é triste também, mas animador. É bom saber que todas as coisas boas não irão durar para sempre porque não perdemos o gosto daquilo e nem enjoamos. Tudo que é demais cansa e enjoa e ensurdece. Mas é muito melhor saber que todas as coisas ruins são passageiras também e que nada, incluindo as coisas ruins, não duram para sempre. Nem a morte dura para sempre. Nem a porra da morte.

- Você tem a vida que muitas pessoas queriam ter. Tem tudo em suas mãos. Família, amigos, namorada, casa, dinheiro e todas as outras coisas mais, porque continua se sentindo deprimido e frustrado desse jeito!? - ela disse.
Não respondi. Mas refleti. E sei a resposta. Apenas não quis dar por não saber se é a resposta certa.

E antes que eu morra...que eu descubra o caralho da resposta. E que eu descubra bebendo uma bela cerveja gelada. E que seja nesse meu cantinho onde liberto todos os cuspes em forma de palavras.

domingo, 22 de fevereiro de 2015

A explicação monótona de todas as coisas inexplicáveis em três xícaras de café


Primeira xícara de café (O sentimento):

Meu silêncio mostra e rebate em todas as palavras que quero dizer e em todos os sentimentos que cansei de sentir e sinto desde os tempos que me conheço bem. Quer dizer, nunca me auto-conheci suficientemente bem para saber como lidar com todos os meus sentimentos, principalmente os que machucam por demais, mas ao mesmo tempo fazem com que eu sinta uma alegria imensa de poder estar vivo para sentir isso. Um deles é o amor. Oh, monótono e chato amor. Cansei de te sentir, mas ainda te quero aqui dentro de mim. Antes o amor do que o ódio. Antes a alegria do que a tristeza profunda. Antes dormir levemente bem do que a insônia. Se é que entende essas minhas confusões. Se bem que hoje já não faço questão que entendas minhas confusões. É dentro delas que me encontro. Uma junção de sentimentos, confusões e loucuras. Cansei de amar, mas também cansei de não me sentir completamente bem. Mas é amando que me sinto bem sem me sentir completamente bem e isso me mata pouco a pouco. Guardei o amor para o alguém certo ou certo alguém. Não. Talvez eu tenha guardado o amor certo para a pessoa errada por eu ser a pessoa mais errada e louca do mundo. Dessa vez eu sinto viva a loucura romântica dentro de mim, mas hoje já não quero cerveja ou uma bebida mais forte, quero continuar nessas minhas xícaras quentes de café e escrevendo minhas tais loucuras porque isso é o que sei fazer de melhor. Por partes dessa vez, apenas para tentar me encontrar de alguma tal forma. Cansei de me sentir perdido também. Incrível ressaca de loucuras que me invade manhã após manhã e me ensurdece noite após noite. Canso de mim. Cansei de mim. Sempre canso de mim por cansar demais as pessoas com minhas palavras e chatices e amores e romances e loucuras. Sinto que o amor cansou de mim também. Onde ele está? Guardado numa caixinha qualquer.

Segunda xícara de café (O diálogo):

- Porque tu sempre se cala quando é para a gente conversar e resolver as coisas? - ela perguntou.
- Prefiro calar meus sentimentos e ciúmes ao invés de enche-la de tanta merda acumulada em mim - eu disse e me deitei.
- Você é um idiota. Você sempre faz isso. Você fica mal, mas esqueces que me deixa mal também - sentou-se ao meu lado na cama e chorou.
- Sim. Eu sou um idiota. Meus sentimentos são a prova disso - eu disse e virei para o lado.
- Me desculpa - ela disse e se deitou.
- Você pede desculpas demais sem saber ao menos porque está pedindo desculpas. Isso é uma grande falha em você.
E dormimos abraçados.

E quantas pessoas você já amou ou se apaixonou? E quantas pessoas já te amaram e você nem se importou? Andando pelas calçadas de São Paulo, teorizei sobre os sentimentos que as pessoas já devem ter sentido por mim e cai numa profunda tristeza ao saber que muitas outras pessoas podem ter me amado em tal ponto de se entregarem por completo para mim. Que triste melancolia saber que várias outras pessoas ou até poucas podem ter me amado como talvez eu esteja sendo amado hoje. Tristeza saber que não sou capaz de retribui-las e deixa-las tão para baixo a ponto de sentirem vontade de não amar ninguém por NUNCA mais na vida delas. Já devo ter entristecido pessoas por estar amando outra pessoa, mas também já fui entristecido por amar alguém e ela estar amando outra pessoa. A vida amorosa de todo mundo faz parte desse ciclo constante em que amamos e não amamos, somos amados e não amados. O amor é mais triste que a vida e a morte. A gente vive para amar e morremos amando tal coisa ou um tal alguém. Não me importo em morrer amando, mas me importo bastante em não amar vivendo e me importo mais ainda que pessoas me amem e eu não possa fazer absolutamente nada por elas. Triste jogada do amor machucar a todos nós para ensinarmos o que devemos fazer, falar e entregar nas nossas vidas. Viver é muito triste. Viver amando é mais triste ainda. E que todos aprendam a separar apenas um momento da sua vida para ter aulas sobre o amor e que todos nós tentemos amar a pessoa errada do jeito certo e amar errado a pessoa certa. E que esse amor dure tempo suficiente para atrairmos a nossa felicidade. E que o amor arda dentro do peito ao fechar dos cílios e o encontro dos lábios. Que o coração daquelas pessoas se amem tanto a ponto de se tornarem apenas um.
Lembre-se sempre de minhas palavras clichês e monótonas: Todos nós seremos amados e amaremos também. Machucaremos pessoas sem querer. Entristeceremos pessoas por querer fazer outra pessoa feliz. Mas tudo, tudo mesmo na vida, é um certo aprendizado dentro dessa caixa que contém o amor mais inteligente guardado ali. Seremos inteligentes o suficiente para tira-lo de lá?

Terceira xícara de café (As palavras):

Achei em você explicação de todas as minhas confusões e loucuras inexplicáveis. Nunca quis amar do jeito que te amo e não ter uma pequena capacidade sequer em te odiar. Nunca quis me calar com o ciume do jeito que me calo quando sinto de você. Nunca quis todas as brigas bobas por conta de sentimentos mais bobos ainda, mas também nunca quis te ver chorar por coisas pequenas. Isso é triste, mas também sou um ser humano tolo que muitas vezes não sabe encaixar as peças certas nesse quebra-cabeças chamado Amor. Guardei por todos esses anos o amor que meus pais e avós e mais velhos que não conheço amam seus parceiros. Guardei o amor que arde. O amor que não tem explicação. Guardei sem um ao menos porque. Apenas guardei. Toquei todas as canções de amor em minha rádio para tentar te encontrar em qualquer entrelinha musical. Guardei o amor certo sendo eu a pessoa mais errada e ignorante de sentimentos que existe no mundo. Guardei a ultima xícara quente de café para escrever um pouco mais sobre ti de forma bem clara. Fecho os meus olhos e lembro de você. Entristeço por lembrar que já te entristeci com sentimentos tristes que batem e fluem dentro de mim. Te fiz chorar algumas vezes quando quem queria e devia chorar era eu. Continuo sendo apenas um tolo por não saber amar direito e que se encontra domingo atrás de domingo escrevendo cartas que poucas pessoas irão se interessar de verdade em ler. Acredito que ninguém se identifique com o meu amor ou romance, mas acredito que muitos desses já amaram e foram amados. E sofreram. E choraram. E ainda sofrerão e amarão. Que essa minha forma guardada de amar seja apenas para você. Meu coração arde ao me lembrar de um nome. Minhas noites são frias quando não tenho suas palavras. Teu amor em mim é viciante e o que mais queria era teus braços quentes para me esquentar nesse dia tão inquietante em que me encontro mais perdido do que todos os seres humanos burros desse planeta esquisito.

O amor está apenas me matando essa tarde e eu ainda não saquei a verdadeira explicação e motivo para esse sentimento tão inexplicável quanto te amar. Queimem minhas mãos para que eu sinta dor o suficiente e lembrar de que estou vivo. Queimem minhas cartas de amor para que eu sinta alguma outra tristeza além dessa que está corroendo o meu peito por conta do medo de ter um outro braço amável atrás de tua doce presença. Machucaria ver teus cílios piscando e se fechando para encostar os lábios em um outro lábio que não seja o meu.
O convite do meu olhar exibe em minhas retinas o poder te amar tão erradamente que sinto como se estivesse amando completamente certo. A vida deu o tiro certo em meu peito e descobri isso quando senti nada mais do que medo. O amor me deixou burro.

O meu lar é onde está o seu coração. Finalizo aqui minhas palavras porque acredito que todos os que vivenciaram as tristezas do amor não estão satisfeitos e felizes com a minha primeira realização verdadeira de amar. PARA O INFERNO com isso. Estou amando mesmo que seja errado. Certo ou errado. Estou amando.

Estou te amando. E errado. E vivendo. E escrevendo os piores contos de domingo que alguém como eu poderia escrever. A ultima xícara quente de café foi esvaziada por mim assim como minhas loucuras desses dias contidas na minha mente. Posso fechar os olhos agora e fingir uma certa felicidade.

domingo, 8 de fevereiro de 2015

Domingo, o dia mais desgraçado entre todos os dias da semana

Eis que me encontro aqui. Percebo que somos instantes. Que sou um instante do instante de mim mesmo. Somos todos instantes. Num momento nos amamos, em outro instante nos odiamos. Abro as portas do meu caminho e não encontro mais nada. Abro as janelas de minha vida e vejo outras milhares fechadas. As lágrimas que escorreram há anos atrás pelo meu rosto já não quero que sejam lembradas pelos mesmos olhos constantemente tristes que aqui vos enxergam essas palavras. A mesma boca que proferiu palavras de amor e ódio, hoje se permanece calada por várias situações que hoje fazem com que eu sinta amor e ódio. Sou um instante constante de mim mesmo ou de você. Não sou eu quem decido. Sou ternura e compaixão. Desgraça e confusão. Sou malandro e bom garoto. Bêbado e louco. Sou um amor e um ódio que não sei bem explicar se é composto de exatos sentimentos burros de amor ou ignorantes compreensões de ódio. Sou a repetição e o instante absolutamente novo. Sou muitas vezes burro e outras muitas vezes mais inteligente. Pensativo de mente cheia e coração muito mais que vazio. Percebo que estou escrevendo nesse domingo em que o sol veio visitar a todos nós. Poderia estar em um belo e suculento almoço de família ou poderia estar dentro de um bar com meus amigos bebendo algumas boas cervejas e contando como foi a minha semana. Poderia estar na casa de minha amada não fazendo absolutamente nada, deitado em sua cama ouvindo sua respiração cansada enquanto ela está em braços meus. Poderia estar suspirando ao sentir teu perfume correndo por entre minhas entranhas e dizer baixinho em seu ouvido o quanto a amo. Poderia estar em algum parque ou praça. Alguma parte do mundo em que eu encontre algum tipo de calmaria. Poderia estar passeando pelas calçadas de São Paulo e me sentindo bem com o meu lar tão odioso. Aquele lar em que vejo os prédios, as cafeterias, os bares, as pessoas, os mendigos, as bancas, os carros, os faróis, os metrôs. Poderia estar amando São Paulo sem odiá-la. Poderia estar pensando em coisas boas sobre a vida e esquecer, por alguns momentos, todas as que me fazem ficar com a cabeça cheia de merda. Poderia também, simplesmente, estar embebedando-me diante de meus quadros e retratos que um dia me trouxeram tanta tristeza e lembrar de tudo, mas tudo mesmo, pelo que passei e os dias e sentimentos que não voltaram nunca mais. E o que estou fazendo então? Simplesmente em frente a um computador, deixando cada palavra fluir de uma mente que se encontra cansada e cheia. Poderia ter acordado e feito qualquer outra coisa, mas ainda sim, meio sonolento, sentei de frente da tela, estralei os dedos, olhei para cada letrinha miúda no teclado e liberei a mente de um ser completamente biruta que não escreve há dias e dias. Assim libero toda a minha loucura. Isso é a coisa mais sensata a se fazer num dia como esse.

Meus olhos estão inchados. A barriga está vazia. Minha mente ainda se encontra sonolenta. A música clássica da mais alta qualidade está passando friamente pelos meus ouvidos. Tive um dos melhores finais de semana que alguém poderia desejar. Amei. Sorri. Abracei. Bebi. Isso, sim, enchi muito a cara. Festejei. Mas mesmo assim o domingo vem no final para me mostrar qual é o dia mais desgraçado da semana, mesmo sorrindo, mesmo amando, mesmo desejando, mesmo bebendo, ele faz questão de mostrar o que é ser algo desgraçado. Encontro-me perdido dentro de meu próprio lar. Teorizando sentimentos e pensamentos que nem sei bem quais são. Abro a mente. Deixo os dedos fluírem tudo que querem. Mesmo assim não encontro nenhuma esperança para mim. Droga, mas oh infernos, porque sempre encontro-me perdido desse jeito. Será deveria voltar a dormir até segunda-feira ou deveria encontrar algum sentido da vida em algum livro meu? Será que eu deveria ligar para minha amada para ouvi-la dizer que tudo ficará bem como ela sempre faz? Perco a esperança ao saber que a esperança não está em mim, mas sim em um outro alguém ou outra coisa. Devo confessar que estou teorizando que sempre, sempre mesmo, as coisas que irão me salvar se resumem nas palavras e no amor. A morte e o ódio estão descansando em minha vida dessa vez. Sinto-me um tanto quanto alegre ao pensar assim. Deixa esses dois extremos descansarem, enquanto vivo a minha vida de uma forma deliberadamente certa. Deixa eu amar, deixa eu sorrir, deixa eu abraçar, deixa eu me embebedar, deixa eu festejar e escrever nos domingos que encontro-me sem fazer absolutamente nada, onde poderia estar fazendo alguma outra coisa qualquer. Escrever e me embebedar é sempre o caminho mais bonito que posso enxergar.

Sinto que minhas palavras estão começando a ficar confusas, clichês ou sem sentindo. Ou tudo isso junto. Ainda tenho em mente que sou um escritor de quinta categoria que sabe muito bem o que quer. Louco. Gênio pensante. Bêbado. Estranho. Tudo isso e mais um pouco. Sou tanta coisa, mas ao mesmo tempo não sou nada. Sou tudo. Sou o meu tudo. Sou o seu nada. O nosso nada. Sou um poeta triste sendo salvo mais uma vez. Sou um escritor escrevendo mais algumas palavras para que um dia não seja completamente esquecido e as pessoas falem "Poxa, ele fez algo verdadeiramente bom" ou quase. Espero que um dia as pessoas sigam algum exemplo meu e mandem para um outro alguém algumas de minhas palavras de amor e, quando eu me for, que elas amem e sejam amadas pelos exemplos bonitos que dei em cada palavra sincera que escrevi. De certa forma eu sei amar. De certa forma eu sei sofrer. De certa forma eu sei escrever. Todos temos um dom e há tempos descobri o meu. O talento em amar para escrever e escrever para amar. Depois eu sofro. Depois eu me embebedo. Depois eu morro. Enquanto isso aproveito essa brisa cansativa do vento de domingo, observo o sol batendo pela fresta de minha janela e penso na unica esperança desse domingo que tenho. E por saber amar verdadeiramente certo e sincero, encontro minha esperança de ser algo ou alguém melhor em você, minha amada. Que meus lábios toquem os seus mesmo estando longe. Que meus braços te confortem quando você não souber qual caminho seguir. Que você não me esqueça se eu sumir por dias e dias, muito menos me esqueça quando eu morrer. Que você não sinta ódio ou raiva de mim, e sim ternura e amor. Que sorria quando lembrar de todas as coisas boas que passamos e passaremos, mas se for para nunca mais passar, se algo triste me acontecer, que você saiba que a minha esperança de não ter um domingo ou uma vida desgraçada está em você.

- Bebe e ama comigo? - perguntei.
- Que essa história nada clichê seja eterna e boa enquanto dure.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Meus demônios estão todos em casa

Entrei em minha crise existencial. Vivo, mas não existo. Não existo, mas vivo. Oh Cristo, como odeio quando estou nesses meus dias. Sinto-me como se fosse uma mulher quando estão naqueles dias delas, mas pior, muito pior. Sinto-me como se fosse durar para sempre e permaneço assim por dias e dias. Sem saber o porque. Sem saber a resposta para todas as minhas perguntas. Enjoado de mim. Enjoado de todos. Das vozes. Das rotinas. Das pessoas. Dos temperos. Enjoado de tudo. Cansado. Tento dormir e não encontro uma solução sequer em minha cama, só encontro o desespero. Tenho sono, mas não consigo pregar os olhos e sonhar o sono dos justos. Tenho cansaço, mas não um cansaço normal daqueles que você deita e acorda bem no dia seguinte. Meu cansaço é mental. Meu cansaço é na alma. É no espírito. Oh diabos, me matem, por favor. Estou tão cansado desses meus dias onde nada têm explicação. Não me entendo. Não me compreendo. Não me aguento. Tenho sono, mas não durmo. Estou cansado, mas não descanso. Boto os pés dentro de casa e toda a doença do mundo cai sobre meus ombros. Sinto-me pesado até mesmo para beber uma xícara de café ou embebedar-me com algumas boas cervejas ou outra dose mais forte. OH DEUS, ME ASSASSINE. Nem beber sem sentir um pingo de agonia e desespero eu consigo. Olho para todos os olhos e não me enxergo. Olho para todos os sorrisos e não sinto uma vontadezinha sequer de sorrir de volta. Meu corpo grita e minha mente reclama. Impossível sonho de dormir e nunca mais acordar esse meu. Oh sonho impossível.

Estou enlouquecendo. Tenho certeza absoluta disso. Enlouquecendo mais uma vez. Uma vez mais. Não me aguento mais. Estou muito mais chato. Chato. Insuportavelmente chato. Insano. Nostálgico. Inquieto. Triste. O mundo está me trazendo todo aquele peso novamente e não estou com forças de suporta-lo. Volto correndo para casa na esperança de que alguém me salve, mas o que mais quero é entrar dentro de minha casa e não encontrar absolutamente ninguém. Vontade estuprada pelas maldades do destino, minha casa está sempre mais cheia que meu coração, mas nunca mais cheia que minha mente. Eu fujo das pessoas que conheço. Não me reconheço mais. Subo para o meu quarto e escrevo, escrevo, escrevo. Quero ficar sozinho. Tentativa frustrada de fugir do mundo e encontrar um caminho de volta para aquela pessoa que não estava mais se sentindo assim. Depressão maldita e desgraçada que me mata pouco a pouco. O grande problema em ser esse louco depressivo não é você ter essa doença, é que ela não afeta só a você, mas sim a uma grande quantidade de pessoas que existe a sua volta. Se você têm depressão e é um louco como eu, tenha o menor contato possível com pessoas. Assim você não surta com ninguém e não reclama com ninguém.
Meus demônios estão todos dentro de casa. E isso não se trata sobre religião ou alguma fantasia do tipo. Trata-se de minhas tristezas, meus choros, minhas frustrações, meus pensamentos. Todos os meus demônios se escondem dentro de minha casa e eles NUNCA me deixam em paz.

Que conto horrível e triste esse que estou escrevendo aqui. Uma merda como todos os outros, a unica diferença é que alguns deles são mais bonitos e alegres do que esse. Tinha prometido para mim mesmo que não iria mais escrever quando estivesse nesses meus momentos em que minha unica vontade é a de não fazer parte desse mundo, mas eu já estava ficando cheio das palavras engasgadas e de alguma forma teria que coloca-las para fora. Estava a ponto de explodir e quando as palavras estão a ponto de explodir dentro de você, escreva. Escreva muito. Se permita botar qualquer porcaria dentro de você para fora, por mais que seja tudo triste e melancólico como essas palavras que vos escrevo aqui. As palavras são capazes de explodir, sim, elas são, e quando elas explodem te fazem em picadinhos e ninguém é capaz de juntar nenhum pedaço teu. O que acontece nesses casos? Você acaba vivendo, mas continua não existindo. Encontro-me assim nesse momento.
Alguém poderia oferecer-me uma dose bem forte de uma bebida qualquer? Alguém poderia me salvar de mim mesmo? Existe alguém capaz de apagar o cigarro na ponta da minha alma para que ela grite de dor e não apenas de agonia? Minha alma está morrendo e me levando junto. Não quero apenas viver, quero existir também. Quero ser lembrado. Quero ser esquecido. Quero fazer parte desse mundo que nunca me convida para coisas boas. Quero continuar tentando ser feliz. Não quero apenas sentir vontade de me enfiar dentro de meu quarto e dormir até essa minha crise existencial passar. OH CÉUS, preciso me embebedar.

- Já sentiu vontade de se matar esse ano? - ela perguntou.
- Não até hoje - respondi.
- O que acontece com sua felicidade? - ela perguntou e bebeu a cerveja.
- Todos os meus demônios estão dentro de casa fazendo a dança da frustração em cima das minhas costas. Como ser feliz quando você se sente excluído do mundo todo estando dentro de casa? Não tem como - respondi.
- Você se exclui do mundo - ela disse.
- Me excluo do mundo porque enjoo dele, então fujo para casa e me sinto enjoado e frustrado e recluso de tudo até dentro de minha casa. A vontade em cometer suicídio me surpreende ai - eu disse.
- Você não tem cura - ela disse, terminou sua cerveja e foi embora.

Isso. Eu não tenho salvação dentro de um mundo que é tão meu. Ninguém pode me salvar. Eu não tenho a cura de mim mesmo. Minha morfina momentânea são as minhas palavras escritas ao acaso, logo a dor volta. Deixa minhas tristes palavras irem embora enquanto não sinto nenhuma dor. Deixa. A vida logo voltará a me bater e eu só quero deitar e conseguir dormir em paz. Alguma paz eu sentirei essa noite por ter escrito palavras demais.

Eu não tenho cura e os meus demônios sabem disso, por isso eles zombarão tanto de mim essa noite. Um drinque ou um café forte, por favor.

domingo, 11 de janeiro de 2015

Envelhecendo

É horrível a sensação de escrever um conto como se fosse o último. Escrevo um conto razoavelmente bom - para mim - e fico com o pensamento de que aquele conto será o melhor que já fiz na vida. O melhor que já dei de mim, mas nunca é. Então, posso morrer amanhã ou não ter idéias boas o suficiente para fazer um conto melhor do que aquele. Que sensação perturbadora.
Penso. Sinto. Vivo.
Penso em minha velhice. Não vivi nem a metade de uma vida inteira e já me sinto um velho. Um velho sem rugas, mas me sinto velho. Gosto das coisas antigas, gosto das canções antigas, dos momentos antigos, dos perfumes e temperos que hoje já não existem mais. Gosto do tempo perdido e dos amores não correspondidos. Gosto de lembrar das pessoas que parti o coração e de lembrar os erros que cometi. Já pensou nos teus pecados essa tarde?
Daqui uns anos terei rugas, as pernas estarão cansadas, dores e doenças me afetarão. Terei dificuldades em dar uma boa foda e beberei menos (ou não). Triste pensar assim. Talvez, estarei em um leito de hospital com minha mulher do lado dizendo que morrerá logo em seguida que eu partir ou talvez morrerei sozinho por ser esse novo velho chato e rabugento. Quem sabe. Penso nos sorrisos tristes que darei até chegar lá e nos momentos angustiantes que ainda enfrentarei. Penso no meu coração que baterá forte por várias e várias vezes, mas no momento de minha morte ele estará fraco, tão fraco quanto o meu sorriso triste. É triste morrer tão só e tão triste, mas seria mais triste ainda morrer e não ter o que escrever. Volto então a pensar nas mãos que aqui vos escreve. Esse pensamento continuo de que logo em breve terei o meu em meu peito e o formigamento na boca do estômago por não saber o que escrever, por onde começar e onde colocar o ponto final. Fico pensando nos olhos que lerão essas palavras tristes e os possíveis sorrisos que elas darão ao compartilhar minhas idéias. Também penso nos choros contidos que as pessoas darão ao lerem algumas palavras que entrarão tão fundo no peito delas que parecerá uma navalha cortando suas veias. Assim são minhas palavras, muitas vezes.

- Quero crescer ao teu lado. Tanto em vida, quanto em amor e felicidade! - eu disse.
- Eu chorei tanto com suas palavras. Eu te amo! - ela respondeu.

Gosto que sintam minha falta antes que eu morra. Gosto que transpareçam sorrisos por mim e por quem sou. Gosto que lembrem de mim enquanto ainda estou aqui. Não. Não quero morrer e me tornar um herói, um poeta, um exemplo de escritor. Não. Não quero morrer e me tornar a pessoa mais magnifica do mundo, onde elas sintam vontade de fazer um filme sobre mim, mostrar tudo aquilo que fui e o que não fui. Me fazer de exemplo para seus filhos e netos. Não. Não sou exemplo nem para mim mesmo, imagina para a humanidade. Quero apenas que lembrem de mim como a pessoa que escrevia tuas idéias em publicações avançadas ou em simples folhas de papel. Quero que vejam minhas palavras e se lembrem de tudo aquilo que fui e deixei de ser. Deixei minha herança. Uma rica herança. Cartas, folhas de papel, cadernos, anotações, livro, publicações e pensamentos. Não tenho todo dinheiro do mundo, mas tenho todas as palavras que o mundo me entrega e faço questão em lhe entregar todas essas palavras sem cobrar valor algum. Eis aqui minha velha e caridosa pessoa.
Volto a refletir. Daqui uns anos terei o olhar cansado, o sorriso forçado, as costas corcunda, orelhas e nariz maiores, cabelos brancos, pele enrugada. Estarei velho, muito velho. Isso é triste de se pensar também. Gostaria de morrer da forma em que me encontro. Velho de espirito, mas novo em corpo. Bebendo, escrevendo, pensando, transando, falando milhares de palavrões, aguentando andar, sonhando, sorrindo, chorando. Penso que não quero morrer tão velho assim, sem um sonho, sem uma ambição, sem ter pelo que sorrir a não ser meus filhos, netos e esposa. Não quero ver o sorriso, também forçado, de minha mulher me implorando para não ir embora. Não quero que as pessoas usem a frase de conforto "Já viveu tudo o que tinha para viver. Já era hora e ele não precisou sofrer". Não. Não quero. Odeio esse pensamento aflito, mas no fim das contas ele faz todo sentido.

- Você ainda me amará amanhã? - perguntei.

Ao clichê passível ter medo de envelhecer. Clichê se tornar velho. Clichê ter medo de morrer. Clichê amar e escrever poemas e poesias. Sou esse velho escritor que logo fará aniversário. Estou envelhecendo rapidamente, mas ainda devo amar, devo viver, devo escrever, devo beber, devo fazer sexo loucamente. Devo errar e aprender. Devo ser clichê e verdadeiro. Devo dar lições de moral e tomar vários puxões de orelha. Devo ser burro e inteligente. Devo ser tudo e nada. Devo amar tudo e odiar todos. Não preciso parar de beber, não agora, não ainda. Não preciso ter medo de ter ambições e valores. Meu caráter bate no peito e isso me dá o respeito que preciso. Não preciso parar de amar as coisas antigas e todas as situações que vivi, elas me trouxeram até aqui. Devo ter medo de envelhecer, mas não devo ter medo da morte. Morrer se torna clichê demais quando se tem medo de viver. Nunca tenha medo de viver. NUNCA.
Transpareço tudo que penso. Escrevo e lhes entrego. Não sinto vergonha de palavra nenhuma e nem elas sente vergonha de mim. As palavras me amam e isso é reciproco. Deixa as palavras me amarem enquanto a humanidade se odeia.
Quero acordar e ver tudo que existe de lindo no mundo. Quero esquecer que a humanidade sempre estraga tudo. Quero esquecer dos amores passados e lembrar desse tão lindo que estou vivendo agora. Quero lembrar dos amigos, esquecer os inimigos e sorrir. Quero abraçar meus pais. Ouvir as alegrias de meu irmão. Quero me embebedar. Quero conversar e sorrir e aprender e esquecer da morte. Quero a melhor noite de toda a minha vida depois de um dia de merda. Quero tudo, mas tudo do pouco que me convém, mesmo nunca esquecendo que o mundo sempre me entrega coisas ruins também. Quero essas poesias e sentimentos clichês, mas sempre sendo revestidos pelos verdadeiros. Quero olhar para o lado e ver o meu amor aqui e esquecer, mais uma vez, a quantidade de portas que bati atrás desse sentimento verdadeiro. Me deixa sorrir até envelhecer. Que eu crie rugas pela quantidade de sorrisos que obtive na vida e não pela quantidade de tristezas que colecionei.
Consegui me livrar dessa angustiante sensação de que não conseguiria escrever um conto novamente. Minhas palavras estão aqui, Encaixadas onde deveriam. Agora é a hora que pago as consequências por todas elas e então, num outro dia qualquer em que for escrever, que essa sensação angustiante volte.

Escrevo através da angustia e a maioria me compreende. As horas passaram e eu envelheci mais um pouco.

- E você ainda me amará daqui uns anos? - pensei.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Clichê impresso em papéis de presente. (Tudo novo de novo)

A auto-estima de um novo amanhecer. Um novo dia de céu azul. Um dia lindo do começo de Janeiro. Um novo ano. Uma nova perspectiva de vida. Tudo novo. Tudo de novo. E continuo aqui, o mesmo homem melancólico de sempre, mas meus contos mudaram, estão mais apaixonantes e apaixonados. Estão muito mais sinceros do que sempre estiveram. Estão um tanto quanto menos melancólicos por conta de minhas tristezas disfarçadas em um lindo romance. Minha visão para o mundo mudou, ainda sinto novo dele, mas já consigo sair de casa sem me queixar.
Um ano novo de novo e a gente se pergunta se é um ano a mais ou um ano a menos. Para os otimistas é um ano a mais de vida. Para os pessimistas um a menos. E para mim, bem, para mim é só uma espera a mais para a morte. Um passo largo para o fim. Algo a mais em minhas experiências de bebedeiras. Algo a mais para a vida me dar socos no estômago até que eu sinta ânsia, enquanto isso ela ri da minha cara e logo em seguida eu vomito. Pobre ser humano. Ou melhor, pobres seres humanos dando um passo para mais perto da morte.
Finais de ano chegam cada vez mais depressa e cada vez mais eu me importo menos com as pessoas e elas se importam menos comigo. É tudo recíproco. Você vive melhor quando se importa pouco. Se importe muito consigo mesmo ou morra. Se você não se importar com você mesmo, quem irá? Muitos irão morrer antes de você e alguns deles são os que se importavam com você, mas e quando eles se forem, quem irá se importar?
Tudo novo de novo e eu ainda me sinto triste em prol da humanidade, mas hoje tenho motivos o suficiente para acordar e querer continuar vivo. Meus pais, meu irmão, meus amigos, meu trabalho, minhas bebedeiras, meu romance, mas ainda enlouqueço, dia após dia, e então escrevo e escrevo muito. Passei duas semanas sem escrever e já estava quase vomitando, perdendo os meus sentidos sobre a vida e voltando a pensar em suicídio. Não. Não posso ficar um dia sequer sem escrever, Escrever, na minha vida, é que nem Jesus Cristo na vida dos que acreditam, por mais que as coisas estejam bem, elas têm que ser preenchidas com o poder do sobrenatural, no meu caso é o físico: Papel e Caneta.
Eis ai a minha espiritualidade.

Acredito que meus contos estejam melhores. Estou escrevendo diferentemente do que sempre escrevi. A forma de cada palavra, cada sentimento, cada pensamento. Tudo encaixado em seu devido lugar. Quando se faz com o coração e várias vezes ao dia, escrever se torna fácil para quem já tem um talento. Obrigado, melancolia, por ser o meu talento.
Lembra do tudo novo de novo? Ame de novo. Chore. Sorria. Abrace. Se apaixone por você e por um outro alguém. Viva. Transe. Fume. Beba. Reflita. Pense. Aja. Sinta. Seja clichê. Seja verdadeiro. Seja único. Aprenda. Erre. Salve o mundo começando por você. Gaste. Economize. Busque o seu Deus ou continue acreditando que Ele não existe. Sofra. Beba. Beba de novo. E faça tudo novo de novo e outra vez mais. Faça tudo melhor e pior do que o ano que foi embora. Viva por você. Só por você. VIVA.

*

E hoje quero acordar e lembrar de você. Quero sorrir ao lembrar do teu jeito. Quero entristecer quando estiver longe. Quero sentir falta e pensar em todos os nossos momentos juntos. Quero cuidar de você quando precisares de mim e estar ali quando ninguém mais está. Quero fazer planos para o futuro mesmo sabendo que amanhã podes não estar mais ao meu lado. Quero brincadeiras e sorrisos bobos. Quero te abraçar e sentir meu peito explodindo de felicidade por ter te encontrado. Quero deitar a cabeça no travesseiro e antes de dormir agradecer à vida por ter esbarrado em você num lugar qualquer. Quero te beijar todos os dias como se fosse a primeira vez. Quero ouvir tua voz do outro lado da linha me dizendo que está com saudades. Quero você. Quero me entregar ao ouvir você dizer que me ama. Quero ser teu, como sempre fui. Quero sua mão junto da minha. Quero ouvir sua voz cansada e de sono no fim do dia. Quero crescer ao teu lado. E se for para eu morrer hoje, que você seja feliz e nunca me esqueça. Se for para esse amor morrer que ele seja preenchido com um outro melhor, mas enquanto isso, escrevo aqui as três palavras que sempre tive dificuldade em dizer: Eu te amo.

Uma pessoa não precisa deixar o amor clichê, um escritor muito menos. Se o teu amor por um outro alguém é clichê, chute-o na bunda e engula cacos de vidro.

AH, PRO INFERNO OS AMORES CLICHÊS, minhas palavras estão começando a soarem clichês demais e esse é apenas o meu primeiro conto publicado do ano. Uma cerveja, pelo amor de Deus, que o amor eu já encontrei.