terça-feira, 28 de outubro de 2014

Peter Pan. Talvez aquele personagem clichê estivesse certo

Infância.
Eu nunca quis crescer, nem mesmo quando eu era criança. Nunca quis ser adulto. Nunca quis carros, morar sozinho, viver sozinho, ser de maior, beber, trabalhar, ganhar dinheiro. Era uma criança estranha que não gostava de crianças. Eu queria ser criança para sempre e todas as crianças deveriam pensar assim. Crescer é triste. Ser adulto é perturbador. Viver maduramente é difícil. Hoje sou um velho chato com apenas 23 anos de idade. Sou inconstante e confuso, mas sempre sei o que quero e onde quero chegar. Cresci, vivi demais, sofri demais, amei demais, confiei demais e hoje sou apenas um velho insuportável. Virei alcoólatra e escritor. Tornei-me qualquer coisa. Uma vez me disseram que eu deveria ser menos maduro, discordo disso. Esse foi o argumento mais imbecil e inútil que tive em toda a minha vida. Ninguém pode viver a vida toda sendo criança. Ninguém pode ter pensamentos de crianças. A gente brinca. A gente sorri. A gente finge ser criança, mas não o tempo todo. A vida é muito mais que isso. É crescer, amadurecer, sofrer, amar, viver, adoecer e morrer. Minha infância passou há alguns anos atrás e sinto falta dela. Não das surras que tomei na escola, dos amores que não me correspondiam, nem por ser uma criança estranha. Não sinto falta disso. Sinto falta em não ter responsabilidades. Sinto falta em sentir prazer facilmente com situações e relações simples. Sinto falta de escrever palavras clichês e gostar de todas elas, mas hoje me encontro escrevendo essas palavras clichês e me sentindo um completo inútil por não estar escrevendo algo melhor. Existe uma coisa muito boa em crescer, o fato de poder beber livremente. Sentindo a cerveja ou vinho ou vodca ou outra coisa que contenha álcool descendo pela minha garganta, consigo suportar mais o mundo e as pessoas.

Infância.
Fique de olho em minhas repetições. Preste atenção em minhas pequenas repetições que podem se tornar chatas. Minhas palavras e pensamentos repetidos sempre mostram alguma coisa obscura e desesperadora de mim. São em repetições que mostro o meu melhor e o meu pior. Eu repito palavras para as pessoas entenderem claramente e tediosamente que têm algo de errado comigo. Na minha infância. No meu amor. No meu choro. Nas minhas palavras. Nos meus pensamentos. Na minha vida. Existe algo errado. Pelo amor do seu Deus, acredite. ACREDITE. Existe algo muito errado dentro de mim. Eu não lembro de nada que tenha feito eu me tornar isso que me tornei hoje. Chato, insuportável, maduro demais, gênio demais, depressivo demais, triste demais. Eu não lembro. Não lembro da existência de alguma pessoa que seja capaz em me salvar. Estou escrevendo tediosamente hoje. Eu jurei e pensei que iria escrever algo sobre a infância, algo que fizesse as pessoas sentirem falta da infância delas e se identificarem com a minha, mas não estou conseguindo pensar em nada. Não estava pensando direito nem no título desse conto. Sou a pior pessoa para escrever contos. Acho que pelo fato de estar muito cedo para escrever ou pelo fato de não estar bêbado o suficiente. Quem sabe eu devesse estar mais triste. Quem sabe eu devesse me aprofundar mais na minha infância, mas tudo fica clichê demais quando se fala dos desenhos animados e surras no recreio. Eu não quero mais escrever sobre nunca sentir vontade de crescer. Não quero deixar tudo isso mais clichê do que o normal.

Infância.
Eu morri na infância e renasci. Eu morri na adolescência e renasci. Eu morri na fase adulta e renasci, mas ainda irei morrer de novo e, talvez, renascer. Irei morrer na velhice e permanecer morto. Ainda bem. Peter Pan estava errado. Eu amo ser adulto. Trabalhar. Estudar. Ganhar dinheiro. Beber. Escrever. Transar. Olhar todas aquelas bundas e peitos e pernas no meio das calçadas. Eu amo ter força para poder bater em alguém ou ter idade maior para entrar em qualquer bar de esquina. Posso entrar nos bordéis. Sair sem dar satisfações. Falar palavrões e beber. Beber e beber e beber. Posso cometer o erro infeliz de amar ou apenas me apaixonar. Amar uma outra vez, outra vez, mais uma vez. Posso odiar e praguejar contra quem eu quiser. Posso assassinar alguém, me sentir a pessoa mais imunda do mundo e ser preso, assim como posso salvar a humanidade e ser a pessoa mais importante do mundo. Posso conviver com as pessoas e também odiar todas elas. Posso acordar meio dia e não me importar com o resto do meu dia, assim como posso acordar seis horas da manhã e me preocupar com todas as coisas que tenho para fazer.
Espera. Isso aqui está tudo errado. Não quero cometer o erro infeliz de amar. NÃO. ESPERA. QUE DROGA. DROGA. DROGA - sinta as minhas repetições, não esqueça -. Eu não quero me apaixonar de novo, mas eu já estou apaixonado. Estou apaixonado e amando, mas não quero sair de casa. Quero me trancar aqui até isso passar. Quero sofrer calado. Bem quietinho. Bem aflito. Bem angustiado. Quero virar doses de vinho e chorar e sofrer e surtar. Quero ama-la, mas quero odiá-la. Quero esquecer. Quero viver. Quero renascer. Mas tudo isso sem o amor. Sem amor e estando apaixonado? Tem alguma lógica? O amor é uma navalha que te corta lentamente. Vai te matando. Ele está me matando. E eu só quero continuar aqui, bem quietinho.

Talvez Peter Pan estivesse mesmo certo. Não deveríamos crescer, amar, sofrer, amadurecer, trabalhar, beber, envelhecer, adoecer, morrer. Talvez deveríamos ser crianças para sempre. AH, PARA O INFERNO esse personagem clichê. Crescer é uma delicia. Amadurecer é necessário. Amar é uma desgraça cancerígena. Viver é difícil, mas ser adulto tem seus momentos lindos e de muito glamour. Ser adulto tem seus desprazeres, mas também existe seus fetiches. Eu seria bem mais infeliz se todos nós fossemos crianças para todo o sempre. Esse personagem de desenho animado é muito clichê para mim, ainda mais agora que me tornei esse velho chato realista.
Meu peito está doendo. Minha alma está sangrando. E isso não é pela falta que estou sentindo dela. Não. Eu não estou em condições de continuar amando e não quero isso. Estou assim porque meu vinho acabou.

Maldito Peter Pan. Maldita infância. Maldito amor. Me fizeram escrever o conto mais medíocre e tedioso e sem sentido de toda a minha vida.

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

São Paulo. Em favor de uma cidade cinza que matará todos nós


São Paulo me frustra. São Paulo me cospe. São Paulo é sempre cinza, dificilmente você irá ver o céu todo azul estando em São Paulo. Aqui a gente chora. A gente ama. A gente nasce, cresce, adoece e morre. São Paulo me traz boas lembranças, mas também me traz péssimas lembranças sobre um passado que sinto obrigação em esquecer. Avenidas. Ruas. Bairros. Casas. Vielas. Guetos. Favelas. Existe a parte rica e a parte pobre. Existe sim amor em São Paulo, mas também existe o ódio, o rancor, a doença, o choro, a lágrima, a dor. São Paulo já me acolheu, mas também me jogou fora. Eu sempre amei São Paulo, mas também odeio essa cidade com todas as forças que existe no mundo. É triste morar em São Paulo, mas também é gratificante. Cidade cinza. Me descobri nela. Encontrei-me nela quando mais estava perdido e quando mais precisei de amparo. Ela me acolheu em teus braços, mas quando eu não precisava mais, ela me jogou fora e aqui estou. Se não existisse São Paulo, eu não teria muito que escrever. Não teria muito que viver. Não teria muito que contar. Já me embebedei e cheguei a experimentar drogas fracas na Rua Augusta. Já quase apanhei de punk's nos bares baixos e sujos do Anhangabau. Já fiquei pobre gastando dinheiro na Galeria do Rock. Já fiquei impressionado várias e várias vezes com os prédios e edifícios e beleza da Avenida Paulista. Já beijei e transei em São Paulo. Quase morri em São Paulo, nasci em São Paulo e renasci em São Paulo. Trabalhei na cidade cinza, em prédios lindos e feios. Com pessoas humildes e chatas. Conheço todos os metrôs e estações, mas não sei andar de ônibus. Não me peça informações em São Paulo sobre ônibus, obrigado. São Paulo me abraça, mas também me bate. Nossa. Como São Paulo me bate, me bate muito, mas muito mesmo. Já apanhei inúmeras vezes dessa cidade. Já perdi as contas de quantas vezes xinguei a cidade cinza de desgraçada, de odiosa, de pavorosa, de lixo. Oh São Paulo, você me abraçou, mas também me ignorou. Lembre-se que você é culpada pelo meu caráter e me deu também respeito. Como eu amo todos os Starbucks que contém nessa cidade. Já passei horas e horas dentro de uma dessas cafeterias, enquanto a chuva batia na janela do local, pensando sobre a vida. Vendo todas aquelas pessoas, homens e mulheres. Nossa. As mulheres de São Paulo são lindas. Com seus salto altos, sempre bem vestidas. De social ou saias curtas. Avenida Paulista é isso. Andar por essa avenida é pedir para ver e apreciar belas pernas e peitos e bundas andando de lá para cá. Como eu amo São Paulo. Como eu amo a Avenida Paulista. Mas eu também te odeio São Paulo. Eu também te odeio Avenida Paulista. Com toda aquela multidão de pessoas andando para lá e para cá. Fazendo eu me sentir perdido e diminuído em meio a um milhão de pessoas que estão apenas correndo atrás de seu afazeres e trabalhos e tarefas e estudos. Eu já amei São Paulo e odiei São Paulo. Hoje apenas não me interesso tanto assim pelo meu amor e pelo meu ódio. São Paulo já me engrandeceu bastante e sou grato por isso, mas já me diminuiu bastante. Eu gostaria de estar fazendo um brinde por São paulo lá na Rua Augusta, enquanto vejo alguma prostituta me perguntando se eu quero passar uma hora com ela. Seria genioso e maravilhoso. Como seria.

Os metrôs são sempre os mesmos. Pessoas infelizes, tristes, cabisbaixas. Os olhares vazios em seus bancos sempre cheios. O coração das pessoas pulsam sempre iguais dentro do metrô. O estresse. A raiva. O cansaço. O pensamento de que deixamos o nosso lar para enfrentarmos essa multidão dentro de um lugar que necessitamos para nos levar aonde precisamos. É horroroso andar de metrô, mais horroroso ainda andar de trem. Como eu odeio esses momentos, mas também amo porque são pequenos e longos momentos do dia em que posso ficar sozinho, apenas observando a cidade cinza e todas essas pessoas infelizes, assim como eu, que um dia morrerão, provavelmente, em São Paulo. Eu já adoeci por causa de São Paulo, mas também fui curado por causa de São Paulo. Teatros. Igrejas. Políticas. Cinemas. Mendigos. Hippies. Correios. Maconha. Álcool. Restaurantes. Bolsa de Valores. Centro. Ladrões. Táxis. Bibliotecas. Bares. Prostíbulos. Japoneses. Brancos. Negros. Todas as raças, sexualidades, modas, cores, padrões. Tudo existe em São Paulo. Tudo mesmo. A paixão e o desprezo. O rancor e a ternura. O lindo e o feio. O certo e o errado. A segurança e a desproteção. O pecado e o perdão. Eu vivo isso. Eu gosto disso, mas ainda canso-me. Eu gosto dessa cidade cinza. Eu prefiro mil vezes entrar em um metrô num dia cinza, andar sozinho por São Paulo e me frustrar, do que estar em outra cidade pacata qualquer. Eu gosto desse lugar que tanto me bate. Gosto de estar aqui escrevendo sobre essa cidade cinza e grande. São Paulo me moldou de uma forma surreal. Nunca escrevi sobre São Paulo, apenas falei. Se você mora em outro lugar, não aconselho a sua vinda permanente para São Paulo. Aconselho a tua visita. Venha, visite, deguste do que São Paulo tem do bom e do pior, mas vá embora. Vá embora antes que São Paulo te abrace, te engula e depois te cuspa. Não diga que não te avisei. São Paulo é isso. São Paulo é aquilo. São Paulo é monótona. Eu poderia ficar aqui escrevendo o dia inteiro sobre São Paulo e sobre todas as coisas que já enfrentei, presenciei, vangloriei e amedrontei nela. Poderia falar mais ainda sobre o meu amor e o meu ódio por São Paulo. Poderia falar de todas as vezes que quase morri e todas as vezes que me senti realmente vivo nessa cidade. Poderia falar de quantas garotas eu já beijei e me apaixonei em São Paulo, assim como posso falar de quantas garotas eu já desprezei e ignorei. Quantas vezes enchi a cara nos melhores bares e piores botecos. Quantas vezes trabalhei nos melhores e piores prédios de São Paulo. Poderia escrever sobre quantas vezes me perdi em becos e vielas e avenidas. Quantos shows eu já fui. Quantas vezes apanhei e bati. São Paulo tem o seu glamour, mas também tem a sua luxúria. Tem o seu pecado, mas também tem o seu perdão. São Paulo tem de tudo um pouco e eu já vivi esse de tudo um pouco. Vivi muito, muito mesmo. E quase morri muitas vezes, muitas mesmo. Poderia escrever sobre todas elas, mas São Paulo já não me é tão interessante assim. Não hoje. Não agora. Não nesse momento.

São Paulo me frustra, me deprime, me odeia, me ama, me abraça, me engole, me joga fora e depois me pega de volta. Estou preso a ela e ela está presa a mim. Nunca sairei dessa cidade maravilhosa. Posso sair. Posso rodar o mundo, mas eu irei voltar. Eu sei que sempre irei voltar para os braços longos e cinza de São Paulo. Essa cidade me acolheu quando eu mais precisava e por conta disso tenho muitas histórias para contar. São Paulo é uma prostituta barata com muito glamour, luxúria, tristeza e solidão que está aqui para abraçar quem quiser, mas não diga que não avisei que ela te mostra tudo. O bom e o ruim. O ruim. O ruim. São Paulo é cruel quando quer ser cruel e você irá se arrepender de não ter me ouvido. Volte para sua terra se você não é daqui. Volte para sua terra antes que teu coração fique cinza, assim como o meu, assim como o de São Paulo. Se o teu coração ficar cinza em São Paulo, quer dizer que você se converteu para a religião dessa cidade, e então, meu caro, esse é o momento de dizer adeus. Disse adeus? Sente em uma mesa de bar de luxo ou boteco de lixo e desfrute uns belos drinques, você não terá mais nada do que fazer além disso. Amanheça em São Paulo, caia na sua vida de rotina e desfrute. Desfrute de tudo que falei antes. Do amor. Do ódio. Do luxo. Da tristeza. Do lixo. Do rancor. Do cinza. Desfrute de cada pequeno detalhe que São Paulo te entrega antes que você morra. Das prostitutas. Dos bares. Das bibliotecas. Do centro. Dos lares. Dos prédios. Da avenida Paulista e da Rua Augusta. Da galeria do rock e dos bordéis e cinemas pornográficos. Dos shoppings e dos teatros. Das casas de shows e orquestras. Dos shows caríssimos até os shows gratuitos nas ruas do centro. Dos punk's e skin heads. Dos ônibus aos metrôs. Das rodoviárias até as estações. Se perca em São Paulo. Se encontre. Se frustre. Se deprima. Ame. Odeie. Transe. Beba. Fume. Adoeça. Apanhe de São Paulo, apanhe muito, mas seja abraçado quando você mais precisar. E viva São Paulo, mas nunca, nunca mesmo, deixe que São Paulo viva a vida por você.

Certo?

Ah, lembre-se disso: São Paulo é como a confiança. É uma mulher ingrata que você amou, deu de tudo, entregou a sua alma e depois te jogou fora como se fosse um nada. São Paulo é um lugar interessante até demais, mas você não é nem um pouco interessante para São Paulo.

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Ninguém se interessa por isso aqui, pensava enquanto transávamos

Eu poderia dar um tiro em minha própria cabeça e ninguém iria se interessar. Ninguém iria notar. E, oh meu Jesus Cristo, lá vem ele de novo escrever sobre essas coisas trágicas e depressivas. Isso é um saco. Ninguém se interessa por nada que eu escrevo. Eu não me interesso. Eles não se interessam. E isso tudo faz eu soar como um ser humano patético. Acredito não estar passando além do que isso. Patético. Triste. Pensante. E sozinho. Sim, eu quero estar sozinho. Eu quero ser sozinho. Estou me apaixonando, mas estou matando isso. Eu matei o meu amor, lembra? Eu o matei antes que ele me matasse. Me senti feliz por isso. Eu jurei que não escreveria nada essa semana e olha onde estou. Olha essas palavras. Já reparou como sou desesperado e confuso e tolo e patético? Acredito que eu esteja me menosprezando demais, mas é assim que me sinto. Ah, e burro. Sinto-me bastante burro em meio a esse mundo estúpido. Por favor, me diz que todas essas palavras sairão um grande saco de lixo, porque é assim que eu me sinto. Um enorme saco de lixo solitário e bêbado. Um brinde a minha estupidez.
- Querido, pegue outra dose para mim - ela disse, enquanto se sentava. - Whisky, água e gelo, por favor.
- Você irá abrir as pernas para mim logo que eu fizer isso ou ficaremos aqui apenas bebendo? - perguntei e ela sorriu.

Porque estou escrevendo hoje? Porque continuo me sentindo assim? Cadê meus sentimentos, minha loucura, minha solidão, minha depressão? Oh, meu Deus, o que estou sentindo de verdade? Será que estou mesmo me apaixonando e entrando em caminho de uma perdição? NÃO, EU NÃO QUERO PERDER MINHA ALMA, querida. Tira-me dessa, por favor. E me sirva outro drinque. Sirva-me todos os drinques possíveis para eu brindar em nome da minha estupidez que tem se tornado imensa demais. Nem eu me suporto. Não suporto mais a minha maturidade, os meus amores, o meu jeito, o seu jeito, os meus amigos, a minha família, as minhas insônias, os livros, os carros, as calçadas. Não suporto mais nada. A minha paciência se foi. O meu amor se foi. A minha vida se foi. A morte levou tudo que existia de bom em mim e esqueceu de me levar também. Droga. Ela poderia ter feito algo apenas para ter me salvado disso tudo aqui. Não precisava ter me matado, mas também não precisava matar tudo que existia de bom em mim. Cansei de mim. Cansei de você. Cansei deles. Cansei de nós. E estou tão, mas tão cansado de sempre entregar tudo e não receber nada. Isso soa egoísmo, mas os egoístas são eles. Eles me pedem, me chamam, me ligam. Eu faço, eu vou, eu atendo. Que estúpido eu sou. Estou me perdendo. Estou me afundando mais ainda num abismo sem fim e não existe ninguém para me salvar. Eu não tenho um Deus. Eu não tenho um amor. Eu não tenho uma vida. Eu tenho apenas os meus demônios e as minhas bebidas, mas elas nunca me salvaram, apenas controlam um pouco tudo isso. E o que eu faço? Continuo aqui bebendo, escrevendo e lembrando que um dia amei de verdade.
- Você é um idiota. Você sempre escreve essas mesmas coisas tristes e nunca sobra tempo para mim - ela disse.
- Sim, eu sou um idiota, mas me torno menos idiota sempre que escrevo essas coisas idiotas para pessoas idiotas que nunca irão ler. Elas não se importam de eu ser um idiota, querida - eu disse.
- Pegue outra dose para mim? - ela perguntou.
- Pego. A hora de fazermos sexo está chegando ou apenas ficaremos brigando? - perguntei, ela não respondeu e fui até a cozinha pegar outra dose.

Que desperdício essas minhas palavras. Eu deveria guarda-las ou deveria escreve-las numa folha qualquer de papel, depois amassa-la e joga-la fora. Todas as minhas palavras soam terroristas demais, como se eu estivesse escrevendo tiros e mais tiros e estivesse prestes a matar várias e várias pessoas. Minhas repetições são fascinantes apenas para mim. Meus tormentos soam como música clássica apenas para mim. Tudo que escrevo é para mim e por mim. Ninguém se importa. Ninguém se interessa. Ninguém lê toda essa merda. Eu passei o dia todo solitário, sem escrever, sem fazer nada de muito útil e me senti uma merda. Ninguém me ligou e quando me ligaram era engano. Me senti uma escória nesse mundo e há tempos não me sentia dessa forma. Se fosse para escolher entre uma xícara quente de café ou uma cerveja gelada para dar alívio para a minha alma, confesso que eu escolheria uma dose bem forte e longa de veneno. Ninguém se importa com tudo isso aqui e eu ainda tentei virar um escritor. Isso gera uma piada. Aguardem.
- Você é um maldito escritor e miserável. Você só escreve, escreve, escreve e ninguém se importa com toda essa sua merda. Eles devem rir da sua cara - ela disse, enquanto bebia sua dose de Whisky com água e gelo.
- Você está certa. Eu sou um estúpido, querida. Ninguém se importa com nada que eu escrevo e essas suas pernas são deliciosas - sentei no sofá e fiquei de frente com ela, enquanto bebia a minha vodca.
- Você gosta das minhas pernas, querido? - ela perguntou e levantou a saia.
- Gosto. Poderíamos transar a noite inteira e eu ficaria olhando para as suas pernas por um bom tempo - virei a minha dose.
- Você é um escritor de péssima qualidade. Você é triste, frustrante, depressivo e bêbado. Pensa demais. Escreve demais. Enxerga o mundo demais - ela disse.

E transamos.

A vida é esse saco de merda inventado por um Deus. Não. A vida é um Deus inventado por um saco de merda. Também não. A merda é uma vida inventada pelo meu Deus. Muito menos. A merda é um Deus inventado pela vida. Quem se importa com essa merda toda. Eu só quero beber e escrever e continuar sabendo que ninguém se importa. Eu não ia escrever nada hoje e olha o quanto escrevi. E você acha que alguém se interessa? HÁ HÁ HÁ! Dou risada porque daqui gerou uma piada: A minha vida é uma merda inventada por mim mesmo.

Droga. Porque não tinha pensado nisso antes?!

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Oh querida, me deixe tentar colocar um pouco de humor e sexo aqui

Estou sempre escrevendo alguma coisa. Sempre escrevendo por aqui, em folhas de papel, num caderno velho, não importa, mas estou sempre escrevendo. Em nenhuma de minhas confissões escrevi sobre sexo, mas que diabos, eu sou completamente apaixonado por sexo. Assim como, em nenhuma de minhas confissões escrevi algo que contenha humor, mas que diabos novamente, eu sou totalmente a favor da comédia, do humor, seja ele negro ou inocente. Sou completamente a favor dos sorrisos. É sorrindo ou gargalhando que esquecemos de toda a podridão do mundo. Confesso que se não fossem os sorrisos, nossos e das pessoas a nossa volta, o mundo estaria mais afundado ainda na merda. Oh querida, me deixe falar sobre humor. Me deixe escrever sobre sexo. Isso não faz mal a ninguém. O que faz mal é escrever sobre coisas ruins. O que faz mal é ser ruim. E eu não sou ruim, pelo menos acredito assim. Não sou uma pessoa ruim, sou apenas depressivo. Ser depressivo é ruim, mas ser depressivo não te torna uma pessoa ruim, apenas te torna uma pessoa triste. E eu sou triste, mas sou a favor do humor. Faz algum sentido isso? Não importa o sentido dessa merda toda. O que importa é essa minha vontade incontrolável em querer fazer sexo agora mesmo. Eu sou um louco triste e perturbado e bobo, mas sou louco por sexo e humor. E triste. Você acha isso triste? Esse conto ficará triste e você se sentirá louco como eu? Essa é a intenção, querida. Leia e fique louca. Leia e queira fazer sexo comigo. Leia e dê algumas boas risadas. Quem sabe eu não te convença do meu charme arrancando algumas boas risadas de você. E quem sabe depois de arrancar umas boas risadas de sua boca a gente não possa fazer sexo loucamente a noite inteira. Seria divertido, mas não me ligue amanhã. Eu continuarei sendo louco, triste e perturbado. Mas a gente pode repetir a dose um dia desses. Só basta eu arrancar alguns sorrisos desses seus lábios lindos e carnudos. Quem sabe. Ah sim, querida, eu estou louco, mas é porque eu dei boas risadas hoje e isso me fez sentir vontade em fazer sexo com você. Quem é você? NÃO IMPORTA, mas que diabos.

- Você só escreve coisas tristes e deprimentes e melancólicas - ela disse.
- E você acha isso ruim? - perguntei.
- Não. Você escreve bem, você será um ótimo escritor, mas é tudo muito triste - ela disse e desceu uma dose de vodca pura.
- Ah querida, você é a pessoa mais gostosa desse bar. Um dia escreverei sobre você, quem sabe esse conto será bem humorado e com um caso sexual - eu disse e também virei uma dose de vodca.
- Oh querido, você não irá transar comigo, mas confesso que você é um homem e tanto - ela disse, se despediu, me mandou um sorriso e foi para outra mesa de bar com vários caras sentados nela.

Sou horrível para com piadas. Sou horrível quando tento ser engraçado. Sou um desastre quando tento arrancar sorrisos das pessoas. Sempre que eu tento ser engraçado, acabo não sendo engraçado. É frustrante. MAS QUE DIABOS, eu ainda quero fazer sexo com alguém e ainda quero deixar esse conto interessante. Estou saindo da escrita que costumo deixar no ar. Meu Deus, será que estou ficando mais louco que o normal? Será que tem alguma coisa errada comigo? Deveria continuar escrevendo essas palavras inventadas sobre sexo e humor ou deveria parar por aqui? As pessoas irão pensar que sou mais louco do que o normal e que sou um pervertido. Mas deixa. Deixa elas pensarem que sou um louco pervertido. Sou apaixonado pelas mulheres. Sou apaixonado por sexo. Sou apaixonado por humor. Eu solto piadas e sorrisos depois de ter tido uma grande noite de sexo carnal. É uma loucura. As pessoas são hipócritas e essa não será a minha primeira vez que serei também. Eu amo sexo. As pessoas têm vergonha em falar sobre sexo, principalmente as mulheres. Dificilmente você encontrará uma mulher que fale tão bem e abertamente sobre sexo. Acredito que uma mulher amadurecida tenha esse dom, elas sabem falar sobre sexo e fazem sexo muito bem. Adoro isso. Adoro as mulheres. Adoro as mulheres que sabem usar o humor e sabem fazer sexo. Continuem assim. Não sejam hipócritas: TODOS NÓS AMAMOS SEXO!

A mulher do bar se dirigiu até o balcão pelo qual eu estava sentado. Sentou-se ao meu lado, abriu um pouco mais o seu decote, pediu duas doses puras de vodca, uma para mim e outra para ela, sorriu e disse:
- Nós iremos transar essa noite, querido. Eu gosto dos escritores, mesmo que eles sejam um nada.

Fiquei apenas na mão essa noite. Se é que você me entende. Um brinde a isso. Adorei essa noite.

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Os mais vividos sempre sabem o que dizer sobre a vida

E porque eu deveria salvar o mundo? O mundo está acabando. As pessoas estão acabando com ele. Porque eu deveria salvar todas essas pessoas? Porque eu deveria ao menos tentar? Eu me sentiria um tolo em acreditar que posso salvar o mundo. Acreditar que poderia salvar algo ou alguém com todas as coisas que ouso e sinto em escrever. Sou um tolo aprisionado dentro de mim mesmo quando paro para pensar que eu poderia fazer desse mundo um lugar melhor. Nossa. Como eu me sinto um tolo desprezível em acreditar que eu posso salvar alguém com minhas palavras. Estou fugindo dessa. Estou fugindo desse pensamento de que posso salvar essa humanidade patética com todas as minhas cartas. Para falar a verdade, estou fugindo de qualquer pensamento que venha passar pela minha cabeça agora. Estou com o meu físico e o meu psicológico cansados. Acredito que eu esteja morrendo. Morrendo aos poucos. O ontem acabou e eu morri um pouco. Amanheceu hoje e também morri mais um pouco. Estou apenas morrendo e tentando acreditar que posso salvar as pessoas antes mesmo de estar enterrado. Sou um louco por acreditar nisso ou eles são loucos de lerem cada conto que escrevo? Estou prestes a desistir de escrever. Perto de desistir da humanidade. Prestes a desistir do mundo. Bem perto de desistir de mim. A vida é feita de algumas desistências, assim como a minha vida foi feita em base de minha desistência do meu amor. Eu já não amo mais e já não sinto falta disso. Mais uma vez, para o inferno com o amor.

Os mais velhos deveriam salvar o mundo. Digo, eles tentaram. Eles, com toda a certeza absoluta do mundo, tentaram salvar o mundo. E desistiram. Meu bisavô desistiu. Meu avô desistiu. Meu pai desistiu - se é que ele um dia sequer tentou salvar o mundo -, todos eles tentaram. O seu bisavô desistiu, assim como o seu avô e o seu pai. E desistiram. E morreram. Morreram de verdade ou morreram apenas hoje e amanheceram para mais um dia de morte. Aliás, o dia está quase chegando ao fim, você está morrendo e não fazendo nada para salvar o mundo. E eu, o que eu estou fazendo para salvar o mundo? Isso é fácil de responder: Escrevendo essa merda de carta para que alguém leia e perceba que sou um louco tentando salvar o mundo.
O mundo é feito pelos loucos ou pelos sãos? O mundo é feito por aqueles que amam ou por aqueles que odeiam? Os velhos dizem o que devemos fazer. Será que eles sabem a resposta para todas as minhas perguntas? Mas, se eles sabem a resposta para todas as perguntas e conseguem fazer a gente se sentir melhor com suas estratégias sobre a vida, com suas formas de saberem viver, com todos os seus conselhos e ordens e mandamentos e vivências, porque eles não conseguiram salvar o mundo? Muitos desses velhos estragaram o mundo. Muitos desses velhos, esses mesmos velhos que nos dão conselhos sobre como devemos ser e sobre como devemos agir, cagaram na terra, cagaram para o mundo, cagaram em cima de nós e assim nos encontramos em cima de toda essa merda que é essa grande bola azul pela qual vivemos. Droga. Os velhos também estragaram o mundo. Eles já podem parar de acreditar que são as melhores pessoas do mundo por apenas terem vivido mais que nós, mas ainda assim, respeitai-vos os mais velhos. Eles sabem de muitas coisas boas pelas quais não sabemos. Ah, eles sabem. Eles poderiam salvar o mundo se quisessem, mas eles preferem passar esse trabalho em vão para todos nós, os mais novos.

Que eu não vire um velho chato já sendo esse jovem chato. E bêbado. E louco. E acreditando que posso salvar o mundo. Não caguem mais em cima do mundo. Não defequem mais depressão e melancolia para cima de mim.

*

E o amor? O que eu fiz com o meu amor? O que eu fiz com a minha vida? 
Eu já não sei amar. Eu não lembro em qual lixeira joguei fora o meu amor. Eu estraguei minha vida.
Eu escrevo para não amar. Eu joguei o amor no lixo, mas o peguei de volta. Eu estraguei minha vida.
Eu amo para escrever. Eu tranquei o meu amor dentro de um quarto escuro. Eu poupei a minha vida.
Eu escrevo por amor. Eu fui visitar o amor naquele quarto escuro. Eu estraguei a minha vida, mais uma vez.
Eu sou louco? O que está acontecendo? Jurei nunca mais escrever sobre o amor, mas eu ainda tenho em mente uma escrita geniosa sobre um romance. Eu escreverei um belo romance, um dia. Um dia eu estragarei a minha vida, mas escreverei um romance por amor. E amarei cada palavra escrita naquele romance. E amarei ter escrito por amor em cada noite de insônia que vem me visitar. Por amor, pelo amor e para o amor. Eu escreverei por noites e mais noites algo sobre um romance e terminarei, mas entrarei em coma. Acordarei com um velho me dizendo que eu deveria amar de novo. Acordarei com um velho me dizendo que eu posso ser melhor que isso e que tenho o direito em amar de novo. Sinto falta de me apaixonar, joguei o meu amor fora e o velho me dirá tudo o que devo fazer. 

E quem é esse velho? Fácil de responder também: Aquela velha lembrança boa que eu tinha do amor.

Eu já amei e sorri. Eu já amei e fui feliz. Eu já amei e fui amado. Eu já amei e fui estraçalhado. Eu já amei e me jogaram fora. Eu já amei e chorei. Eu já amei e fui infeliz. Eu já amei e morri.

Eu já amei e morri. Por isso eu não amo mais. O amor me matou, mas antes eu o assassinei. Que alguém me prenda por isso, mas morrerei com orgulho no peito. Antes ser preso com orgulho no peito do que ser preso com amor ou pelo o amor. 

terça-feira, 7 de outubro de 2014

É sempre tarde demais para dizer palavras bonitas


Cai em meu patético período de loucura. Eu poderia ficar por horas e horas dentro do meu quarto escrevendo cartas e contos e textos e livros. Mas espera, eu já faço isso. Eu já escrevo incontáveis contos deprimentes e vou jogando pelos ares para que essa humanidade monótona veja. E deixa eles verem. E deixa eles lerem. Deixa. Deixa eles sentirem que estão se identificando com tais palavras, enquanto isso estou aqui me embebedando ou entrando em uma overdose de cafeína. Deixa. Deixa eles acreditarem que sou um escritor sensacional. Deixa a humanidade acreditar que nunca irá morrer. Eu fico de longe observando cada ser humano e me sinto dentro de um teatro. Sou o único telespectador dentro de um teatro onde a humanidade é o personagem principal. Deixa eles apenas acreditarem que são felizes. Isso me faz bem. Isso me faz soar como um louco, mas me faz bem. Deixa essa humanidade chata acreditar que nada tem um fim. Que nunca é tarde demais. Que o amor perfeito está no ar. Deixa, mais uma vez, eles acreditarem que nunca irão morrer. Que humanidade chata e deprimente essa. Sinto que estou ficando mais chato do que o normal por conta deles. Eles poderiam morrer, poderiam se suicidar, poderiam se explodir, que eu continuaria preso dentro desse meu casulo. Não existe mal nenhum em acreditar que todas as coisas são perfeitas, mas a humanidade exagera até nisso. Não existe mal nenhum em amar, mas a humanidade também exagera nisso. Não existe mal nenhum desse ser o ultimo dia de nossas vidas, mas a humanidade idiota também acredita que esse pode não ser o ultimo dia de nossas vidas. Mas que diabos eles pensam que são? A gente nasce, cresce, envelhece, adoece e morre. Mas eles acreditam que não existe o fim. Eles acreditam mesmo que não existe o fim. Eles acreditam que seremos para sempre esse câncer aqui na terra. NÃO. Não podemos pensar assim, mas deixa eles acreditarem.

Cada carta que escrevo para as pessoas lerem, tento escrever melhor que a ultima, mas só tento. Minhas cartas são péssimas. Minhas cartas são horríveis. Minhas cartas são melancólicas. E de novo irei me encontrar com algum ser humano sentindo orgulho de cada palavra que escrevo. Droga. Não sejam tão patéticos quanto eu, por favor! Minhas cartas são desprezíveis. Eu tento escrever algo feliz e não consigo. Eu tento escrever algo sobre o amor e não consigo, meus romances são uma desgraça e não servem de exemplo para ninguém. Eu tento escrever sobre minhas melancolias e eles choram por mim. Eu abaixo minha cabeça, tento chorar e não consigo. Deixa eles chorarem por mim. Deixa eles sentirem por mim. Eles esqueceram que esse pode ser o ultimo dia de minha vida. E confesso que estou desejando isso desde a hora que acordei. Sinto-lhe informar que não estou dando muito valor para a minha vida nesse meu período de loucuras. E o que você irá fazer por mim? Dizer que sentiria minha falta? Dizer que eu deveria dar mais valor para as coisas? Dizer que eu deveria tentar ser mais feliz? Dizer que eu poderia procurar o seu Deus? Não. Não preciso desses conselhos. Eu já sei disso tudo e isso faz com que eu vomite cada vez mais as minhas palavras. Isso faz com que eu me torne mais melancólico e triste ainda. Deixa eles acreditarem que podem vencer minha depressão com seus conselhos chatos. Deixa.

Degusto um belo e quente café - mas preferia estar me embebedando numa garrafa de cerveja -, e penso: Eu poderia morrer hoje, mas o que eu fiz? O que eu escrevi? O que eu falei?
Que inferno. Eu gostaria de conseguir proferir um "eu te amo" para alguém e dizer as palavras mais bonitas que existem antes de morrer, mas isso eu não sei fazer há tempos. Eu poderia telefonar para todas as pessoas que amo e ouvir a voz deles acreditando que essa seria a ultima vez que eles ouviriam a minha voz, mas eu odeio telefones. Eu poderia escrever milhares de palavras lindas e fantásticas para as pessoas que mais me fazem bem, mas quando pego para escrever alguma coisa tudo sai tão triste e trágico e deprimente e patético. Joguem fora todas as minhas cartas, pelo amor de Deus.
Já pensou se você morresse hoje? O que você fez? O que você escreveu? O que você falou?
Dificilmente você pensará em sua morte, acredito assim. Se você é uma pessoa feliz, você dribla a morte com seus sorrisos e ela vai passando despercebida, mas veja que você deve estar sentindo falta de alguém hoje, você brigou com alguém na semana passada, você escreveu bobagens fúteis no mês passado e proferiu palavras que não deveriam ser ditas nem para o seu pior inimigo. De quem seria a ultima voz que você ouviu antes de morrer? Quem ouviria a tua voz antes de morrer? Quem ouviria o seu "eu te amo" pela ultima vez? Você lembra?

Essa madrugada eu pensei em cometer suicídio. Senti uma doce e grande vontade de abandonar esse mundo por não suportar mais todas essas coisas e toda essa humanidade. Do meu patético período de loucura passei para o meu patético período de desligamento. Foi triste e está sendo triste. Tente imaginar quantas vezes pensei em desistir. Apenas tente. As pessoas acreditarão que estou tentando chamar algum tipo de atenção por dizer sobre meu suicídio. Deixa eles acreditarem. Deixa. Outras pessoas acreditarão que estou ficando louco e doente, mas isso eu já sou, então deixa eles acreditarem. Deixa. E muitas ficarão preocupadas, que fiquem, mas joguem fora essa carta, pelo amor de Deus.

Desisti da minha tentativa frustrante de cometer suicídio essa ultima madrugada porque não tinha alguém para dizer eu te amo. Quem sabe essa madrugada eu tenha ou quem sabe a próxima. Quem sabe eu não me importe tanto assim. Quem sabe. Mas joguem fora essa patética carta, pelo amor de Deus.