quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

Coração de boteco e cartas de luxo sem muito a dizer

Resultado de imagem para cigarros e bebidas tumblr

E por medo de partidas, meu bem, não deixo as pessoas entrarem. Não deixo o amor entrar. E ele tem batido em minha porta, insistentemente. E eu, ofegante, levanto de minha cama, chego de encontro à porta e não abro. Dou meia volta. E não abro. Continuo andando. Vou até a geladeira, pego a cerveja mais gelada, abro e continuo ouvindo o amor bater em minha porta. E ele não se cansa. Acha que quero ser teu amigo. E não, não quero. Nunca quis. Não seria hoje que sentiria um pingo de vontade sequer de ser amigo desse tal amor. Velho. Sujo. Surrado. Mal falado. Escroto. Medonho. Tal amor. Nunca te quis, porque ei de te querer hoje?
Não quero ser amado, querida, mas te queria aqui do meu lado para me dizer que o amor não passa de uma brincadeira sem graça que não tem muito que fazer. Não quero ser escolhido para ser o príncipe encantado de alguém, sendo que passo longe, muito longe disso. Não passo de um jovem velho bêbado que não sabe bem o que quer. Que é mais perdido que você que estará lendo esta carta. E se achas que irei dizer algo que faças seguir passos meus, estás muito do bem enganado. Não siga passos meus. Relembre minhas cartas e veja que não sou a melhor pessoa para ser seguida. E nem quero ser seguida. Não quero ser amado. Quero ser lembrado. Não amado. Amor machuca. Amor estraçalha. Essa merda de amor é a pior coisa que alguém conseguiu inventar dentro do ser humano. E para quê, meu bem? Para quê? Para que as melhores artes fossem criadas a base do sofrimento. Músicas. Poesias. Cartas. Desenhos. Livros. Filmes. Histórias. Memórias. Tudo será lembrado e escrito e feito sobre o amor, mas veja bem, todas as melhores artes são feitas e lembradas com o pior lado do efeito amar. Lembre-se bem. E pense. Pense se é o amor que queres em tua vida. É um amor que queres em tua vida? Reflita!
Não quero ser amado, mas queria teus lábios de encontro aos meus. Mesmo que esta distância seja conflitante. Mesmo que teus atos futuros seja de partida. Mesmo que amor seja uma partida. E um ciclo. E mesmo que eu seja esse bêbado insano que escreve coisas que ninguém nunca entende  - e ninguém nunca pergunta se estou bem quando escrevo minhas cartas, porque elas não entendem que estou mal, elas não entendem que todas as minhas cartas são um pedido de socorro e elas continuam achando que são apenas declarações de amor -, continuo querendo teus lábios e teus abraços e tuas mãos e teu corpo, teu belo corpo, eu nunca largaria teu corpo se soubesse que nunca partiria, e tu irá partir, eu sei que irá. E teus sentimentos, jamais largaria teus sentimentos se não tivesse essa certeza obsoleta de que um dia não estará mais aqui. Conflitante, não é, querida? E reluto em dizer que tu me salvou de um coração partido, mas hoje meu coração partido é por ti. Entendeu agora que o amor não passa de um ciclo, meu bem? Corações partidos são facilmente entendidos quando se tem um coração partido. E corações partidos são mal interpretados com o glamour de todas as relações e artes que deram certo. E todos acham que existe o amor da vida deles. Sendo que não existe. O amor é só uma névoa passageira que continua batendo em nossa porta até que a gente deixe ele entrar, ele entra, passa um tempo, toma um café, bate um papo. Se o amor é ousado, ele toma até umas belas cerveja e usa de uns bons tragos. Mas uma hora ele vai embora. O amor sempre vai embora. E ele irá embora. E quando tu se deparar, estará num balcão de bar bebendo todas as cervejas que a vida lhe é capaz de entregar. QUE SE FODA O AMOR, MEU AMOR! Essa merda sempre vai embora e não existe nada que somos capazes de fazer para que ele fique aqui quietinho dentro de nós. Eu queria amar, mas não queria ser amado. Ou melhor, eu queria ser amado, mas não queria amar. Não, não. Eu queria deixar de sentir algo por essa mulher que invadiu minha vida sem mais nem menos. Mas essa merda insiste em bater em minha porta.

- Estou amando, cara. Estou perdido. Não sei o que fazer.
- Beba.
- E de que adianta?
- Escute um bom blues.
- Funciona?
- Beba mais.
- Isso eu já faço. Qual o propósito?
- Beba. Ouça um blues. Escreva tuas cartas. Ocupe a cabeça. Esqueça o amor.
- Não penso em outra coisa, cara. Como faço para tirar ela da cabeça?
- Beba, cara. Beba! Ocupe a cabeça.
- O amor é uma merda, não é?
- Você é uma merda.
- Meu Deus, cara.
- Mas que merda, porque foi se apaixonar?
- Porque não bebi o suficiente.

A gente tem medo das partidas e não ama.
A gente tem medo de ser esquecido e não lembra.
A gente tem medo que pouco se importem e não se importa.
A gente tem medo de que não nos amem e fingimos.
A gente tem medo de que não nos permitam entrar em tuas vidas e nós não deixamos que entrem em nossas vidas.
A gente tem medo da decepção e acabamos decepcionando.
A gente tem medo do amor e ele ri de nossas caras.
O amor é simples. Ame e será amado. Esqueça e será esquecido. Lembre e será lembrado. Sofra e não sofrerão por você. Tu será esquecido. Eu serei esquecido. O amor é isso. Bipolaridade. Pouco importa o amor. Sendo que me importo até demais. Eu realmente serei esquecido. E as partidas sempre baterão em minha porta. E o amor, sagaz, virá bater em minha porta. E eu não abro. Deixa essa merda lá fora. Isso nunca me levou a nada. E todas as vezes que deixei ele entrar, sofri como um cão abandonado na beira da estrada em um temporal de nevasca. E essa merda não me surpreende mais. O amor não me surpreende mais. Teus lábios me fazem sorrir. Tua voz me acalma. E me destrói. Teus braços são meu abrigo, mas sempre que estou longe deles, sou o mais perdido marinheiro com uma bussola quebrada que se encontra nesse mundo. E tua percepção de mundo é meu alicerce. Tu és tão forte. Tu és tão madura. Tu és tão tudo. Me sinto uma alma ingênua do teu lado. E me sinto bem. Mas sempre que vais embora, sinto que sou o mais burro de todos os seres humanos. E que não sei de nada. E nunca saberei. E teu descaso sobre tua partida me faz tão mal, meu bem. E você não se importa que irás ficar longe de mim. E isso me atormenta. Me machuca. Me afronta. Me perturba. E não quero ficar longe. Mesmo sabendo que tua distância é o motivo de meu futuro e minhas próximas poesias. Será que farei alguma arte que jamais será esquecida assim que tu partir de minha vida? Será que beberei mais do que já bebo? Será que nada disso fará sentido para mim e eu mal me importarei? Quem se importa com está merda chamada poesia? Quem se importa com minhas cartas tão ricas em nada a dizer? As pessoas continuam dizendo que eu escrevo tão bem, mas elas não entendem nada do que escrevo. E elas nunca chegam em mim para perguntar como estão as coisas. E elas não chegam em mim para dizer que entenderam cada palavra que escrevi. Elas só dizem que escrevo bem demais. E QUEM SE IMPORTA, CARALHO?! Minhas cartas são como o amor, ninguém se importa. E eu não quero que se importem.
Oh, amor, PORRA, para de bater na minha porta???!!!

- Você já tentou não amar um outro alguém?
- Sim. Toda vez que meu peito bate mais forte na presença de outra pessoa.
- Tu consegue não amar?
- Eu sou o amor em pessoa. Esse merda que você bebe junto.
- Tu gosta de amar?
- Eu odeio amar. Essa merda só me trouxe problemas. E muitos problemas virão, porque sou burro o suficiente para acreditar nesse amor de merda.
- Acreditas no amor?
- Não.
- Tens algo a dizer?
- Só quero encher a cara e esquecer, por um momento, que amo outro alguém além de mim mesmo.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

O que aconteceria se um escritor se apaixonasse por você?

Imagem relacionada

E se eu te pedisse...
Te pedisse para pensar. Pensar em nós. Pensar na última noite em que estivemos juntos. E se eu te pedisse para não me esquecer. Para me abraçar novamente. Para não jogar fora o brilho no olhar de quem tanto te beijou e esqueceu, esqueceu de tudo. Esqueceu do mundo. Esqueceu de todos. Esqueceu de tudo que se passava lá fora. Só pensou no nós. E se eu te pedisse para não partir. Te pedisse para ficar. Ficar aqui embaixo dos lençóis enquanto sorrio bobo de suas piadas mal feitas. E se eu te pedisse para continuar a falar sobre sua vida tão sem sentido quanto a minha. Sobre suas feridas. Sobre suas curas. Sobre seus choros. Sobre seus risos. E dizer para ti que me importo. E segurar firme tua mão até você silenciar teus casos e me beijar novamente. E se eu te pedisse para ser minha melhor poesia. Te pedisse para deixar que eu escreva linhas e mais linhas para você toda semana e não me importasse com julgamentos e perguntas. E se eu te pedisse para esquecer do passado e que deixes eu fazer parte do teu futuro. Pedisse para que não se importasse com teus amores quebrados, porque foram eles que me levaram até você. Que deixasse de escutar tuas canções tristes. Que deixasse de lado toda a dor que alguém um dia te entregou. E se eu te pedisse que me curasse, com teus braços e abraços e beijos e sossegos e sorrisos e bobagens. Com tuas mensagens sem muito a dizer e outras de 'vem me visitar'. E se eu te pedisse, hein?! E se eu te pedisse para ser só minha. E de mais ninguém. E que tua cama fosse nosso abrigo. E que teu sossego fosse minha presença. E que tua paz fosse meu carinho. E que tua calma fosse meu coração batendo por ti fortemente sempre que escuto teu nome. E que tua paz fosse meu amor por ti. E se eu te pedisse para não foder minha vida e sumir dela da mesma forma que entrou. Rápido. Veloz. Feroz. Volátil. Perdido. Assustado. Fora da paz. Fora de mim. Fora de ti. Estou tão dentro de ti como tu estas dentro de mim para que eu tenha um pingo de moral sequer para te pedir todas essas coisas? Sinto-me um completo imbecil em pensar na possibilidade de criar coragem de amar de novo, meu bem. E teus olhos continuam a me assustar. E tua voz ainda me emburrece. E teu nome me faz fraquejar. Sinto-me um fraco toda vez que tremo ao lembrar deu nome e do que ele é capaz de fazer ou do que fará em minha vida. Sorte mesmo tem aqueles que não se importam nem um pouco com o amor. Mais sorte ainda tem aqueles que sabem brincar com o amor melhor que eu. E eu sou sempre a brincadeira preferida do cupido. E esqueci do momento exato em que comecei a me importar com tudo isso.
E se eu te pedisse para correr até meus braços agora? O que faria? O que diria? Viria me visitar ou daria tuas desculpas? Dirias que vem ou que não pode? Se esconderia ou apareceria em minha porta dizendo que estou absurdamente errado sobre a forma que penso do teu amor? Por mais incrível e ingênuo que pareça, eu sei todas as tuas respostas. E esse blues que toca enquanto escrevo essa carta e essa cerveja que desce por minha garganta são as únicas certezas, a não ser da morte, que tenho de que tudo ficará exatamente como está.
E se eu te pedisse para provar que estou errado em pensar tão mal do amor? Jogue-me fora logo, querida? O que esperas?

Diálogo 1:
- Porque tens demorado tanto para escrever?
- Não consigo escrever absolutamente nada quando estou bem.

Todas as minhas cartas são escritas por ruídos gritantes atrás de minha mente que diz que nada ficará bem até que eu bote exatamente tudo para fora. E eis aqui mais algumas palavras de sentimentos que não sei bem como explica-los. E é triste demais me pegar escrever mais uma carta triste enquanto degusto de cervejas e blues e bloqueios criativos de uma mente que tem tanto para dizer.
Querida, vem me salvar de uma vez por todas. Ou melhor, vem dizer que não quer que meu peito seja teu abrigo para que eu possa encontrar uma solução para todos os meus pecados nas formas de amar. Pecados que insisto em cometer. Burrices que insisto em sentir. Vem, querida. Diz que não significo nada para ti. Diz que sou um tolo por sentir todas essas coisas sobre você. Não seja a pessoa que brinca com o coração das pessoas, ainda mais essa pessoa que foi usada como brinquedo por um bom tempo e se perdeu no meio do caminho para a salvação se amores em vão. O que esperas de mim, meu amor? O que esperas desse cara tão perdido? Sou capaz de te dar todo meu amor, mas não sei se tens o mínimo desse sentimento por mim. E que merda de carta me pego escrevendo. Ainda bem que já estou bêbado. E nada disso fará sentido. Ou fará. E é nesse momento em que te peço para me salvar ou para chegar em mim e dizer para que eu pare de ser um tolo tão romantizado. Sabe, amor, pensei sobre coisas boas quando bati meus olhos em você, mas agora não enxergo mais nada e só tu tens a cura para tal miopia fortíssima.
Amores são tolos.
E eu sou tolo por te amar demais. Por sentir demais. Por te querer demais. A todo instante.
O amor é uma tolice.
E a gente insiste em cair nessa cilada de que existe alguém pronto para nos salvar de nós mesmos. O amor é uma situação tão chata, meu amor. Como as pessoas gostam dessa merda? Como as pessoas conseguem fazer canções e filmes e poemas falando bem desta merda, meu bem? Nada sobre o amor é exatamente explicável. E sempre que penso em teu nome, continuo me sentindo o marinho de uma viagem para o caminho de um nome só, a solidão.
E teu descaso me deixa tão só.
Alguma vez, alguma merda de vez, uma carta minha fez algum sentido? Alguma PORRA de vez alguém entendeu de verdade meus pedidos de socorro?
Desisto de minhas cartas tanto quanto desisto do amor.

Diálogo 2:
- Tu vais foder minha vida! Eu sei que vai.

E se eu te pedisse para passar essa madrugada comigo, querida? E se eu te pedisse pra explicar que o que sentes não é nada? E se eu te pedisse para deitar em minha calma e esquecer tudo que passa lá fora? Qual desculpa inventaria para não me ver? E quantos dias sem falar comigo ficaria? E quando voltasse a falar, qual seria tua brincadeira preferida com meu coração? E se eu te pedisse para esquecer todas as palavras e cartas e textos que um dia escrevi? E se eu te pedisse para me esquecer, conseguiria me esquecer ou me amaria de verdade? Conseguiria me tirar de tua vida facilmente e brincaria com outro coração enfraquecido ou sentiria saudades desse que vos ama de verdade? Querida, e se eu te pedisse para pensar em tua vida sem mim?

Ou melhor, não penses nisso, pode continuar sendo fácil demais para ti viver sem mim. E eu sei que é fácil demais.

- PUTA QUE PARIU, ESTOU AMANDO NOVAMENTE!
- Calma, querido, não é nada demais!
- "Não é nada demais", ESSA MERDA SEMPRE ME FODE!
- Querido, cadê ela?
- PORRA!
- Querido, peça para ela te encontrar.
- CARALHO!
- Querido, se acalme.
- Como?! Como a gente se acalma sabendo que estamos cometendo a mesma burrada novamente. O amor é só uma miséria de sentimento que as pessoas nunca sentem por nós, quando caímos de encontro com o amor de outra pessoa, sempre somos jogados fora.
- Querido, o amor não é tão terrível quanto pensa. Talvez ela goste de ti.
- PUTA QUE PARIU, ESTOU AMANDO NOVAMENTE!
- Tu tens medo do amor.
- Vai ficar a me julgar ou me ajudar?
- Estou te ajudando. Chame-a. Mostre teu sentimento. Tu és responsável por aquilo que demonstras e falas e ousas sentir, não pelo que as pessoas são capazes de destruir em algo tão lindo.
- Sempre que ouso amar, encontro-me destruído. PORRA!
- A culpa foi tua?
- Preciso escrever.
- Um escritor. Mesmo que a pessoa não se apaixone ou que o amor termine, eles nunca irá te esquecer. A vida de vocês vai continuar, como sempre continua, mas ele vai sempre guardar um parágrafo carinhoso no texto dentro dele sobre você. É como uma homenagem dele a tudo que você representou: toda a inspiração, todas as novidades e todas as palavras não ditas pela voz, mas pelas letras. Sempre terá um pedação de você dentro dele.

Tu és minha maior inspiração, querida. Qual a sensação de ser amada por um escritor?

quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

...lembro-me da cerveja sempre que tu parte

Imagem relacionada

Oh querida, não me venhas com desfeitas sobre o amor.
Você é madura o suficiente para captar meus atos e sentimentos. Tu és capaz. Eu sei que és. E sei que sabes de tudo que ouso sentir por ti. E já não me importo em demonstrar tudo que ouso sentir, mesmo que eu não saiba. Mesmo que eu tenha perdido o jeito. Mesmo que eu não consiga mais entregar o meu melhor. Eu sei que sabes. Eu sei que sabes o jeito com que te olho. E sei que sabes que sempre que vais embora, me afundo em copos e mais copos de cervejas baratas compradas em um mercado qualquer. Querida, me diz que sabes. Eu sei que sabe. E meu desejo de tocar teu corpo como B.B King tocava em Lucille me invade por inteiro. E sinto tua falta, meu bem. Sinto falta desse teu corpo. Foi a coisa mais linda que já vi e toquei e senti e beijei em toda face da terra. E, talvez, tu não se importe, mas, meu bem, preciso confessar que, pensando em teu corpo, escrevi minhas melhores poesias. E quando lembro do toque de teus lábios, ah querida, tu não tens noção do aperto em meu peito que sinto. Tu não tens noção do quanto quero ele tocando os meus novamente. E todos dizem que eu devia sofrer menos por amor, e que vida medíocre eles levam, não é, meu amor? O que seria de um poeta sem o sofrimento? O que seria de um escritor sem um amor para sentir? E eles não entendem, eu sei que não entendem. E tu não me entende. Ou finge não entender. E eu te queria aqui do meu lado. Não queria estar de porre novamente desde que partiu. Não queria estar de frente com as palavras mais uma vez. Não. Não queria, meu bem. E sempre que caio de encontro a teu olhar, me esqueço das piores coisas. De amores baratos. De cervejas baratas. De cigarros baratos. De poesias baratas. De romances baratos. De blues. Ah, meu amor, tu não entendes o quanto sinto tua falta, caralho?!
Eu tenho tentado. Eu juro que tenho tentado ficar longe dos meus porres e de minhas escritas. E juro, meu bem, juro que tenho tentado me cuidar mais. Juro que tenho tentado dormir melhor. Até em remédios para minhas ansiedades e pensamentos tenho pensado em tomar, mas não tomei. Confesso. E tenho tentado não pensar tanto em você. Em tua voz. Em teu abraço. Em tua calma me dizendo que tudo vai passar, que tudo vai ficar bem. Que tudo não passa de uma fase ruim. E teus carinhos, querida, teus carinhos me salvam das piores maldições. E me curam, me curam das piores doenças. E toda vez que escuto o som de tua voz, parece que nada mais importa. Que nada mais exista. Que nada mais me interessa. Passado. Presente. Futuro. E o som da tua voz pode me destruir e me salvar por inteiro. Tu escolhes bem como queres que eu me sinta. Tu sabes como eu quero que tu se sintas. Mas é difícil te entender, meu bem. É difícil olhar para ti e tentar enxergar se tens o mesmo medo de me perder que eu tenho toda vez que vais embora. Ah meu bem, tens noção de quantas vezes implorei por um amor simples?
Não. Eu sei que não tens.

Diálogo 1:
- Perco o ar toda vez que lembro teu nome.
- Ah, mas que besteira.
- É só o que sinto. Que meu amor por ti não passa de uma besteira.

Oh querido, não me venhas com ladainhas sobre o amor.
Sabes que não me importo com o que sentes. E eu amo estar em teus braços, mas isso não significa muita coisa para mim, meu bem. E toda vez que vou embora, sinto-me melhor de estar longe. E se eu te vejo em algum dia da semana ou não te vejo, pouco importa para mim. Tu devias saber e lembrar que não és tão importante assim em minha vida. E eu tenho minha vida, meu bem. Eu tenho meus amigos. Meu trabalho. Minha família. Minhas bebidas. E não preciso de você. Não preciso desse seu jeito de me dizer o que sentes por mim. Não preciso que me lembres como é o som da minha voz ou o que ela te faz sentir. Muito menos que me lembres as vezes em que estive em braços teus e que isso significou algo para ti. Ah meu bem, para de se iludir tanto acreditando que te darei todo meu amor. E que serei capaz de te amar da mesma forma que me amas. Teu amor é blues. O meu é carnaval. Teu amor é jazz. O meu é tango. E, meu bem, tu não entendes que só te quero aqui comigo para satisfazer a falta de algo que nem eu bem sei o que é. E tu és burro e estúpido o suficiente para acreditar que eu posso te dar tudo que quer, quando, na verdade, estou pronta e feita para viver sozinha. E tu não entendes que teus lábios são molhados demais para meu amor seco. E tu não entende que isso não passa de diversão. Não entendes que lá na frente te olharei apenas como uma história qualquer. Ah querido, não acredito que me amas dessa forma. Não acredito que não leva a sério todos os blues que escuta e todas as cervejas que engole, essas cervejas que fazem você olhar para o mundo de romances como algo extremamente ruim e péssimo e escroto e um lixo. E eu sei que se sentes um lixo todas as vezes que bebe, meu bem. E tu continuas a beber sempre que se sentes sozinho. Tu tentas preencher todo esse vazio em copos e mais copos de cervejas e tragos e mais tragos de fumos quaisquer. Querido, desde quando tu te tornaste tão burro e estúpido dessa forma? Lembra que tinha prometido que iria se cuidar? Beber menos. Fumar menos. Escrever menos. Pensar menos. Amar menos. Dormir mais. Lembra? E tu estas a fazer tudo do contrário. Continuas sofrendo por um amor que não é recíproco. Não da forma que tu enxerga. E tu continua esperando um sinal qualquer. MAS QUE CARALHO, meu amor. Quando foi que se tornaste escravo de teus romances? E eu estou aqui. Posso fazer o que quiser com teu coração. Posso amassa-lo. Joga-lo fora. Posso esfaqueá-lo. Posso acabar com todos os teus sentimentos. Mutila-los. E jogar tudo na sarjeta. Posso te deixar numa sarjeta pior do que está que se encontras, meu bem. E desde quando tornaste tão escravo de tuas próprias poesias? Ah meu bem, tens noção de que um amor simples não existe?
Não. Eu sei que não tens.

Diálogo 2:

Telefone toca.

- Porque anda bebendo tanto, meu bem?
- Quando não te tenho, bebo. E bebo demais.
- E o que isso te entrega?
- Bebendo penso que irei te esquecer.
- E esquece?
- Piora. Penso muito mais. Muito mais.
- Então porque continua bebendo, querido?
- Minha melhor companhia. Sempre que vais embora, eu bebo. Me embebedo. E torço para conseguir te esquecer. E enquanto torço, caio no sono. Assim consigo dormir.
- E dormes bem?
- Não, querida. Sonho com você todas as noites. E acordo com a pior de todas as ressacas.
- Tens que se cuidar, meu amor.
- Juro que estou tentando, meu bem, mas o que preciso fazer para suprir essa tua falta? Preciso de você e mal tenho coragem de dizer.
- Saudade de você, querido.
- Essa tua saudade é de verdade ou apenas um jogo?
- Sabes que odeio sempre que duvidas do que sinto, não sabes?!
- Sei, mas tu nunca deixa completamente a mostra tudo que diz sentir por mim, como queres que acredite?
- Ah meu bem, vai dormir. Estas precisando.
- Ok. Beberei um pouco mais. Até cair. Até dormir. E sonhar com teus lábios. E sonhar com tua boca dizendo-me verdadeiramente o que sentes por mim, já que por aqui não tens coragem de me mandar embora ou me pedir para ficar de uma vez por todas.
- Tchau, meu amor. Boa noite.
- Oh caralho...

E desligou.

*

"Um bom poema é como uma cerveja gelada
quando você está mais a fim,
um bom poema é um sanduíche de presunto,
quando você está faminto
um bom poema é uma arma quando
os bandidos te cercam,
um bom poema é algo que
te permite andar pelas ruas da morte,
um bom poema pode fazer a morte
derreter feito manteiga,
um bom poema pode enquadrar a agonia e
pendurá-la na parede,
um bom poema pode fazer
seu pé tocar a China,
um bom poema pode fazer
você cumprimentar Mozart,
um bom poema permite você competir
com o diabo e ganhar,
um bom poema pode quase tudo,
isso sem dizer que
um bom poema sabe quando
parar."

*

Ninguém vai entender essa merda. Ninguém vai entender que eu sinto falta dela. Que eu quero ela. AH, QUE SE FODA! Ninguém nunca entende, senão falariam!!!

terça-feira, 4 de dezembro de 2018

Entre tragos, bebidas e poesias, nada mais sobre você, querida!

Resultado de imagem para cigarros tumblr

- Alô, tu me ligou?
- Sim, já não lembro mais do som da tua voz.

Estou aprendendo a viver sozinho, meu bem. Já não espero por uma companhia nos almoços de domingo. Já não espero teus abraços quando o frio bate a minha porta. Não espero tuas mensagens quando me sinto sozinho. Já não te procuro em meus contatos quando quero dividir algo bom ou ruim que esteja acontecendo em minha vida. Não espero mais nada de ti. Assim como sei que não espera mais nada de mim. Se é que um dia tens esperado, querida. Já não procuro por você em momentos que sinto que meu mundo irá desabar em cima de minhas costas. Não espero perguntas sobre o que faremos no fim de semana. Também não espero perguntas sobre como estou. Se sentes saudades. Se sentes minha falta. Não espero mais nada de ti, querida. Não espero. Não espero teus carinhos quando a carência bate no fim da noite. Não procuro mais os seus desejos de boa noite perante as minhas insônias. Nem espero teus cuidados quando me sinto bêbado o suficiente para nem conseguir andar. Não espero que venhas assistir um filme romântico bobo em minha casa enquanto comemos todas aquelas besteiras e bebemos todas aquelas coisas estúpidas cheias de corantes e açucares. Não espero que me aqueça quando meu coração se sente perdido. Não espero que coloque uma música alegre quando em meu toca discos só se tem blues e choros. Não, meu amor. Não espero. Não espero mais nada de ti. Não espero que me ames. Se é que um dia tens me amado. Não espero te encontrar em livros, fotos, músicas, filmes e esquinas. Já não toco em teu nome em qualquer círculo de amizade que tenho. Não digo nada mais sobre ti. Mesmo que muitos me falem sobre nós. E isso me incomoda, querida. Não tanto quanto antes. Mas ainda me incomoda. E estou aprendendo a conviver com isso. Tua distância faz com que perguntem sobre nós. Tua falta de amor perante a mim façam que perguntem sobre nós. E o nós existiu por tão pouco tempo. Tempo suficiente para me destruir. Estou me acabando por inteiro, querida. Engolindo depressão. Tragando ansiedade. Flertando com a minha abstinência de você. E todos falam "nossa, como ele sofre". Não, meu bem, a frase certa é "nossa, como ele sente". E me sinto um idiota. Mas uma hora isso passa. E tudo passa. Aprendi a acordar e não te ter ao meu lado. Aprendi a acordar e saber que nunca estará do meu lado. Não naquele momento em que mais preciso. E esse momento é o agora. Eu preciso de você. E onde tu estás, meu bem? Longe. Bem longe. Como nunca esteve. E já não me importo se estas em abraços de outro alguém. Que se foda o outro alguém. Que se foda o que sinto por ti ou deixei de sentir ou deveria sentir. E eu quero que essa carta vá para o quinto dos infernos. Junto com todas as outras cartas em que escrevi e que continham teu nome. Qual era mesmo teu nome? Como era mesmo teu rosto? Qual era o som de tua voz? É, meu bem, estou te esquecendo. E tens sido cada dia mais difícil. É engraçado perceber que não passo de uma história qualquer em tua pequena memória, querida. É triste ver que não passo de um amor qualquer em tua ingenuidade sentida dentro de um peito que nada consta. Sou capaz de me matar nesse exato momento apostando com outro alguém que dentro de você nunca bateu absolutamente nada sobre mim. O que sentes ao lembrar meu nome? O que sentes ao lembrar meu rosto? O que sentes ao lembrar de minha voz?
Querida. Querida. Tens noção do quão sinceras tem sido minhas cartas? Tens noção do quanto o amor me machuca? E a frase tatuada em minha pele, meu bem? Aquela que diz que tu cresceu em mim como um tumor, lembra? Espero que lembres, baby. Espero que saibas, hoje, o significado necessário da palavra amor. Amor é essa névoa passageira pela manhã em que sentimos e se esvai numa fração de segundos. E espero que se importes. Espero que minhas palavras toquem em teu peito e te lembrem que ainda existo. Que ainda não me acabei por inteiro com meus tragos, bebidas e poesias. Espero que lembre que sou o tipo de pessoa que demonstra tudo que sente. Eis aqui tudo que sinto. Raiva. Saudade. Tristeza. Amor. Esquecimento. Lembrança. Cervejas. Tragos. E blues.
Nossa, querida, se recorda das vezes que falei para ti que seria esquecido por você? Acho que não se lembra, não é? Sinto-me um Deus por saber tanto do futuro. Esse ser tão triste, depressivo, chato, velho e poeta é facilmente esquecido. E sinto-me sozinho. Ah, como sinto-me sozinho. Mesmo rodeado das melhores pessoas do mundo. Sinto-me constantemente sozinho. Depressão e crises fortes de ansiedade tem sido minhas melhores companhias, mas isso é bom o suficiente para que eu nunca mais me esqueça o quanto é perigoso amar outro alguém. Quem se importa com meu amor? NINGUÉM, QUERIDA! Eles só olham para mim e falam "Nossa, como ele sente demais. Como ele sofre demais". E eu disfarço. Continuo com meus tragos, cervejas e poesias. Escrevendo. Sozinho. Sozinho e escrevendo. E ouvindo meu bom e velho blues.
Parece besteira para você, meu bem? Lógico que parece. Você pouco se importa. Se é que um dia se importou. Mas lembre que nunca ninguém irá escrever algo por ti e para ti como eu escrevo e escrevi e ainda escreverei. Escreverei até que tua voz seja apagada por completo dentro dessa mente que nunca soube entender direito essa droga que chamam de amor. E essa cabeça lateja querendo lembrar de tua voz. Não. NÃO CONSIGO MAIS. Sempre que tento lembrar da tua voz e teu rosto e teu olhar e teu sorriso e teu amor, tudo se escurece e logo em seguida vem uma dor de cabeça terrível que atrapalha todo o desandar de um dia que deveria ser bom. E não é!

- Querido, você lê tudo que escreve?
- Não. Não leio nada do que escrevo.
- Como consegues?
- Só escrevo.
- E não se importa com o que os outros vão achar?
- Quem tem que se importar com o que sinto sou eu, querida. Não os outros. Se eles se sentem da mesma forma que eu ou diferente, o que posso fazer?
- Consegues entender que irão julgar tuas cartas e teu amor?
- Não me importo, querida. Não me importo. Acha mesmo que B.B King e Gary B.B Coleman se importavam com julgamentos anti-amor em tuas músicas?

E esqueci teu rosto enquanto ouvia um solo de guitarra no melhor dos blues tocados dentro deste recinto, meu bem.
Comecei está carta por volta das 23:11h e terminei ás 23:37h. Não tenho nada mais a escrever sobre você, querida. Bem que eu queria, mas a madrugada me aguarda. Bebendo da depressão. Tragando ansiedades. Vivendo um caso amoroso com a insônia. Esperando tu vir me salvar, mesmo sabendo que isso nunca mais acontecerá.
QUE DESGRAÇA TÃO SEM GRAÇA ESSE MEU AMOR, QUERIDA!