domingo, 9 de novembro de 2014

Amargas palavras sobre um domingo


Odeio o domingo. Odeio tristemente por ele ser tão parecido comigo. Chato, Ranzinza. Frustrante. Desinteressante. Entediante. Sem amor. Sem prazer. Sem sabor. Sem tempero. Não gosto de estar trancafiado dentro do meu quarto escrevendo palavras amargas sobre o primeiro ou último domingo de minha vida. Cada domingo é diferente, mas também é a mesma coisa. Sinto-me longe. Sinto-me cansado. Sinto-me com saudades de escrever palavras verdadeiras sobre coisas boas. Minhas palavras me levam onde não quero ir, mas elas me salvam. Já fui salvo várias e várias vezes pelas minhas palavras, mesmo fugindo e quase desistindo de tê-las. Eu penso inúmeras vezes antes de começar a escrever. Penso na primeira palavra e na última. Penso no título. Penso nas pessoas que irão ler e no que elas irão pensar. Eu poderia escrever coisas boas e lindas, já que muita gente está lendo meus contos tristes. Poderia tentar deixar o dia delas mais animado, mas o que eu faço? Trabalho em minhas palavras num domingo triste. Arranjei um tempo. Tirei um dia de folga. Mas estou trabalhando. Trabalhando duro para deixar essas minhas palavras as mais lindas possíveis. Pensando em escrever sobre o meu amor. Sobre o meu romance. Sobre coisas lindas. O mundo está sendo enxergado por mim de forma diferente nesses últimos dias. Será que o meu amor está me salvando? Será que estou mudando ou apenas ficando mais e mais louco? Me salva, oh amor. Tira-me desse dia frustrante. Tira-me dessa agonia de não poder tê-la. Você está aqui dentro de mim, mas está tão longe, tão longe, muito longe. E eu repito para mim mesmo: Não. Não lute pelo seu amor. Não lute por sua vida. Desista. Desista enquanto é tempo. DESISTA!
Se eu desistir do meu amor, acredito que desisto da minha vida. Se eu desistir da minha felicidade, desisto dos meus amores, mas que INFERNO, eu não acredito em amores. Eu não acredito no amor que cabe dentro do meu peito. Ele é como um pássaro preso que quer voar e se sentir em liberdade há anos, mas eu o prendo. Ele não vai fugir. Ele não vai voar. Ele não vai escapar de dentro desse peito que tanto chora em silêncio. Já sofri demais por amores passados e não estou em vantagens de sofrer de novo. Degusto um belo café quente nesse domingo em defesa de meu amor.

Eles falam que cabelos crespos são ruins e reforçam que é errado ter cabelo ruim. Eles falam que ser gordo é errado. Eles falam que isso é errado. Que aquilo é errado. Que viver de tal forma é errado. Tudo errado. Muito errado. E eu me afasto. Permaneço longe. Permaneço e reluto em acreditar que a unica coisa errada nesse mundo é o ato de amar. Amar é errado. Eu amo errado. Eu sinto errado. Tudo errado mais uma vez. Que hoje eu não fuja da linha do meu pensamento. Que eu tente e me esforce ao máximo em escrever um conto verdadeiramente bom. Só dessa vez. Só mais uma vez. Em defesa do meu amor. Meus contos são entediantes, mas meu amor me tira do tédio. Meu domingo está chato, mas o meu amor me deixa menos chato. Eu sou triste, mas meu amor me traz momentos de alegria. Eu penso em suicídio, mas meu amor me salva. E eu jurava para mim mesmo nunca mais escrever NADA sobre amor. Tolo sempre fui em pensar assim. Não ame e não ouse me amar, mas se for para eu amar, que seja dessa forma que ele está batendo dentro de mim, cada dia mais, um pouco mais, muito mais. Se for para você me amar, que você me ame do jeito certo, com carinho, com felicidade, com otimismo, com ternura, com sabedoria, com o dom de me salvar, porque sou triste, entediado, frustrado e depressivo. Pessoa difícil com uma vida difícil em meio a pensamentos difíceis. Existe alguém que está sendo capaz de me salvar um pouco mais a cada dia, mas tenho medo que ela vá embora. Um dia ela irá embora. Meu amor irá me abandonar mais uma vez, logo estarei escrevendo palavras mais tristes que essas sobre o meu amor. Eu penso e vivo assim. Triste pensar tão mal sobre o amor. Triste ser triste por conta do amor. Amar é uma solidão egoísta, assim como os domingos. Domingo, o dia mais desgraçado entre todos os dias da semana.

Eu poderia ficar aqui escrevendo a tarde inteira. Inspiração e vontade de cuspir todas as minhas tristezas não me falta. Poderia escrever mais e mais sobre o meu amor. Esse aperto constante dentro do peito. Sobre ter escrito teu nome dentro do meu coração e por conta disso fazer com que eu sinta sua falta cada vez mais. Poderia escrever mais sobre o domingo, mas não quero. NÃO QUERO. Não quero me frustrar bem mais que isso e não quero frustrar você com minhas tristes palavras. Acredito que já é triste o suficiente as pessoas me conhecerem de longe apenas por minhas palavras tristes, mas hoje deixei minha mensagem. Trabalhei duro nesse domingo para fazer alguém se sentir melhor. Não. Espera. Trabalhei duro nesse domingo para fazer com que EU me sinta melhor. E não estou me sentindo melhor. E olha quantas palavras cuspi para fora de mim. E olha quantos pensamentos e sentimentos deixei em minhas palavras. Só que a vida é muito mais que isso. O domingo é muito mais que apenas tristezas e tédios, mas seria melhor se eu estivesse com o meu romance em meus braços. Meu romance está longe, muito longe e eu gostaria de agarra-lo para sempre.
Expresso-me de forma estranha e triste. Expresso-me de forma carinhosa e entediante. Eu poderia escrever uma carta para o meu amor e ele nem sequer se importaria em ler. Não irei me dar ao trabalho de escrever. Estou fazendo rimas e diálogos constantes dentro de minha mente. Pensando. Pensando. Entristecendo. Lembro do meu amor. Lembro do meu romance. Lembro do seu beijo, do seu perfume, do seu carinho, da sua voz, do seu gosto. Lembro que fui feliz por uma noite depois de muito tempo. Entristeci no dia seguinte por saber que estava longe, muito longe, de novo. Lembro do seu sorriso, da sua ironia, do seu cinismo. Lembro suas palavras e abraços e ternuras. Você escreveu e eu li. Eu escrevi e você leu.

Mas que diabos é o amor afinal? Se tornar esse depressivo solitário que não para de beber e pensar em alguém. Cuida de mim, oh amor, antes que eu faleça de tanta saudade de você. Antes que eu faleça em um domingo qualquer e você nem sinta a minha falta. Será que você sentiria a minha falta se eu morresse hoje? Triste história para ser contada em um domingo.

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