segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

01:19h. Bebendo cerveja. Pensando besteiras. Ressaca de amores.

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É você. E sempre foi você.
O motivo do meu peito estar tão amargo quanto goles elevados de saudades. E eu já não sei até que ponto suportar essa vontade de ti que nunca se apaga. E eu sei que não deveria estar pensando tais coisas sobre ti. Não mais. Não depois de tanto tempo. E eu acho que estou perdido. E confuso. E exausto. E sempre foi você. E eu queria lembrar do som da tua voz, mesmo que nunca tenha esquecido. Lembrar do teu abraço. Do teu gosto. Do teu sorriso. Do teu perfume. Queria lembrar da última vez que sorrimos um para o outro. E lembrar também de quando senti tanto a tua falta. Sendo que essa falta nunca passa. E me atormenta. E perturba. E esse vem sendo o motivo de eu frequentar tantos bares. E querer nunca ficar sozinho. E estar sempre com alguém. Fazendo algo. Falando sobre tudo e nada. Só para eu não lembrar que não te esqueci. E eu gostaria de esquecer. Como um apagão. Como um relâmpago. E eu cansei de chorar. Cansei de lembrar. Cansei de pensar. E continuo escondendo tudo isso atrás de mim mesmo. De minhas cervejas e de meus sorrisos. Sorrisos forçados. Sorrisos breves. Sorrisos que fingem que tudo está bem, quando na verdade, dentro deste peito atordoado não se encontra absolutamente nada bem. E eu queria conseguir chorar um pouco mais. E eu forço. E eu espremo uma lágrima mais sequer. E não sai. Deve ser por isso que sempre caio de encontro com meu peito apertado. E desço cerveja goela a dentro. E sempre foi você. Queria conseguir negar para mim mesmo o quanto sua falta é avassaladora em minha vida. E todos acham que estou completamente bem. Superado. Invencível. Acreditando que o amor é a próxima situação brilhante prestes a bater em minha porta como a mais consagrada de todas as divindades. E sempre foi você. Essa saudade. Sempre foi por você. E de você. E eu não consigo mata-la. Não consigo olhar um palmo a minha frente sem lembrar que dentro de mim existe uma saudade. E ela é de você. Dos abraços que não demos. Dos filmes que não assistimos. Dos romances que não passamos juntos. Dos beijos esquecidos que nunca demos. Das duas cervejas que não tomamos juntos para comemorar alguma de nossas vitórias. Das conversas jogadas ao vento por acasos de um romance que eu mal sei se deveria ter começado...um dia. E o eu e você não existe. Nem lembro quando foi a última vez que ele existiu ou quando foi que ele deixou de existir. E isso exemplifica um pouquinho da saudade que eu sinto. Saudade de quando eu era feliz e não sabia. Clichê, não é? E eu tentei. Tentei pintar dentro de mim com várias cores o coração enegrecido pelo passado. Pelo teu olhar. Pela tua voz. Pela tua alma. Pelo teu descaso. E vi que esse nada mais é muito mais existente que qualquer coisa que nunca foi compreendida pelo teu amor por mim. E eu sinto falta de quando eu entregava o meu mais precioso valor pelo amor que me era dado. E eu queria nunca poder errar. Queria nunca poder dizer adeus. Queria nunca poder sentir saudades. Queria nunca ser esse sonhador solitário que muito tem a dizer e nunca diz nada, e quando diz, só estraga tudo que lhe é capaz de deixar tua vida mais colorida e sonhadora. E ele sempre estraga tudo. E sempre foi você. E as lágrimas caem de meu rosto. Caem tanto a ponto de que eu não enxergue mais nada. Lágrimas que deixam a minha miopia pior do que já é e a minha visão muito mais cansada do que costuma estar. Vai ser difícil amar de novo.

- Tu sentes falta dela?
- Não mais.

E eu aprendi a mentir muito bem depois que deixei o amor escorrer pelos meus dedos. Aprendi a mentir constantemente quando observei que ninguém tem nada a ver com meus amores e romances e momentos em que eu quero cuspir tudo para fora na esperança de que alguém venha me salvar. Até mesmo você. E eu minto toda vez que me perguntam sobre o amor. E eu apenas sorrio quando citam teu nome ao meu lado. E eu finjo. Finjo bem. E choro por dentro toda vez que lembro de nós. E as flores em meu coração murcham cada vez que lembro que não estará mais aqui para confortar esse peito depressivo que muito tem medo da solidão. E essa solidão é aquela solidão derradeira que me leva para a beira do precipício feito por mim mesmo. Espero que não leiam minhas besteiras dessa madrugada. Espero que estas palavras jamais cheguem a você. Espero que o universo não mostre para absolutamente ninguém o quanto sinto tua falta. Espero mais ainda que as cervejas em minha casa acabem logo. Espero que eu não crie mais forças para continuar escrevendo. E espero que as lágrimas que estão escorrendo em meus olhos não me deem essa força para cuspir e vomitar tudo para fora como estou fazendo nesse exato momento. Porque esse foi o meu ponto e meu momento de fraqueza. E eu não estou sabendo lidar com nada disso. Porque toda vez que lembro de nós, choro, e bebo, e penso em desistir novamente. E eu lembro da força contida dentro de mim para que eu tenha uma vida melhor e mais feliz do que nunca costumei ter. Mas lembro que a voz de toda a minha força sempre veio de ti. E isso não posso apagar de dentro de mim. E hoje entendo as pessoas que bebem. E hoje entendo o porque delas sempre estarem bebendo sozinhas. Sem a questão de que alguém esteja junto delas. Porque elas se sentem sozinhas o suficiente. Porque elas perderam o amor delas. E por elas. Porque essa é a forma de manter um conforto dentro do peito cansado que muito tem a dizer. E elas bebem porque o peito aperta de uma forma que mal conseguimos nos controlar. Momentos como este que é mais fácil ter um ataque cardíaco do que aguentar as pressões nada momentâneas de um amor que não está mais conosco. E isso machuca. Cada gole dado em nossas cervejas é um soco em nosso estômago. E perdemos o ar. E cuspimos tudo para fora. E choramos baixinho. E gritamos em silêncio. E vomitamos tudo na esperança de que esse amor e esses sentimentos saiam de dentro de nós. Tudo em vão. Tudo falho. E dormimos na esperança de que, quando acordemos, tenhamos esquecido de tudo que se passou. E a gente esquece. Por pequenos momentos. Nos esquecemos. Mas a ressaca moral nos lembra que fizemos tudo errado novamente. E não existe ninguém aqui para me ouvir. E fazer eu mudar esse jeito que insisto em viver nos últimos meses. E estou sufocado. E aflito. E gritando por socorro. E o ciclo se repete. A gente finge que esqueceu. A gente finge que estamos bem. E a gente sai para nossas vidas no mundo em que nada tem pena de nós. E a gente sorri. E finge que não passamos mais uma noite atordoados por nossos próprios pesadelos a base de um amor que aqui já não se encontra. E pensamos "Vai ficar tudo bem. Tudo vai passar. É só uma fase". E vivemos. Vivemos da nossa maneira. Do nosso jeitinho. E passamos mais um dia de fingimento e escondendo tudo que ousamos sentir. Desse nosso jeitinho mesmo. E ao anoitecer, nos pegamos em balcões de bares escrevendo mais uma carta de amor para quem nem se importa mais com tudo isso. E é triste demais. E eu queria o fim disso ou alguém para me salvar ou um amor para me salvar. Ou apenas esquecer. E viver sozinho de bem comigo mesmo. E estou aprendendo a viver sozinho. Mas esses dias sozinho comigo mesmo tem sido tão difíceis. Tão, mas tão difíceis. Ainda mais pelo fato de lembrar a cada minuto que o teu dia está chegando. Que tu aches o teu amor, meu amor. E sejas feliz.

- Tu sentes falta dela, filho?
- Todos os dias.

"foi você,
sempre foi você,
desde que chegou e se aninhou no meu peito e deu
razão as minhas certezas.
amor aos meus gestos,
carinho aos meus toques e sentidos as minhas
palavras."

Será que existe alguém para me ouvir e me salvar? Eu insisto.

terça-feira, 22 de janeiro de 2019

...e ele é assim, observa a vida dentro do aquário sem ao menos suspeitar que vive nas mesmas circunstâncias

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E sem perceber, tudo se foi. O aroma se foi. O perfume se foi. O sabor se foi. O brilho no olhar por todas as pessoas já se foi faz tempo. O sentimento se foi. Tudo se foi. Tudo partiu. O amor se foi. E você se foi. Assim, sem eu perceber. E o coração manifesta uma saudade que aperta com todas as forças que ele é capaz de me entregar. E percebo que tudo realmente se foi. Você se foi, meu bem. Era o que eu menos queria. Tua partida. E hoje me sinto enclausurado nessa circunstâncias de vida sem o menor sentido que tudo se encontra quando estou tão, mas tão longe de ti. Sem sentir teu perfume. Sem lembrar teu aroma. Sem ter o teu sabor. O brilho no meu olhar foi embora desde que me virou as costas, querida. Aquele brilho no olhar por todas as coisas da vida já não existem mais. E isso não tenho medo nenhum de falar. Não finjo que estou bem quando na verdade estou desmoronando por dentro. E isso é o que mais me corrói. Esses meus pedidos de socorro por algo que sei que não tem jeito. Esse amor estraçalhado que não tem mais formas e desejos e sonhos e pensamentos. Apenas lembranças. E tu se foi, meu bem. Tu partiu. E nem quero mais saber como você está. Se está bem ou se está mal. Se vive bem ou se sente minha falta. Nem quero saber se tua saúde está boa o suficiente para respirar em ares que passei há poucos minutos antes de ti. E não quero saber mesmo. Não quero lembrar do teu nome, querida. Por isso nunca escrevo. E nunca digo. E nunca penso. E quando penso, finjo muito bem que esqueci de todas as nossas memórias. Quer poesia sobre todos os sentimentos ruins? Então toma. Te entrego gratuitamente. Tudo escrito por inteiro de um coração completamente quebrado que sente demais a tua falta. E ele não fala. E ele não admite. E ele não grita. E fica ali, quietinho, em silêncio de tua própria penitência se culpando por todas as coisas ruins que nos foram acometidas. E esse mesmo coração ainda te ama, meu amor. Mesmo coração que chora em silêncio por ti noite após noite. E como não sentir tua falta, não é mesmo? Quando ninguém mais se compara a ti. Quando ninguém mais tem o teu sorriso. Quando ninguém mais tem a voz calma que tanto me acalma como a que tu tens. Sem contar os abraços e carinhos. Sem contar a forma que cuidavas de mim. Sem contar a forma que teu olho brilhava sempre que falava sobre mim para outro alguém, estando perto ou longe, eu sabia e via que teu olho brilhava forte o suficiente para fazer teu coração bater forte o bastante para que fosse ouvido a quilômetros de distância. Ninguém se compara a você. E nunca irei fazer uma mísera comparação sequer sobre você. Porque, talvez, nunca ninguém fará com que eu me sinta como me senti na ultima noite em que nos falamos. Tão forte e tão fraco. Tão rico e tão pobre. Tão verdadeiro e sem esperança. E eu tenho um péssimo sentimento sobre nós, meu amor. Sei que não me amas. Não. Não me amas. E nunca amou, verdadeiramente. O fogo em teu coração que sentia por mim durante um tempo não passa de chama ardente de um coração que queria ser amado, mas que não sabia amar e nunca soube. E nunca saberá. E tu, meu bem, acharás que amou o suficiente para ser forte o bastante sozinha. E tu, querida, acharás que teu próximo abraço em que se encontrará como abrigo será teu amor de fato e verdade, mas não será. Eu sei que não será. Porque sempre pensarás que me amaste de verdade. E eu posso estar enganado, como sempre estive, mas sei que não me amou da forma que sempre disse. E se teu coração bater tão forte por outro alguém quanto o meu coração bate, ainda, por ti, será esse amor de verdade que nunca sentiu, mas tu nunca irá aproveitar dele, porque saberás e aprenderás que o amor é uma droga qualquer que todos jogam fora e nem sequer fazem questão de experimentar. E quando experimentam, como eu experimentei? Eles sofrem. E colocam o nome de outro alguém nesta droga, sem saberem que tudo que estão passando e passarão é por livre arbítrio de escolhas ruins feitas por nós mesmos. Sabe esse sentimento que pulsa em teu coração? O tal do amor?! Daqui um tempo será apenas lixo que precisa ser esquecido por outro alguém. E a pessoa lembrará de ti como uma mera lembrança de um passado em que ela sorri com desdém de tua cara. E esse amor não é de verdade. Nunca foi. Nunca será. E nunca sentirá. Pense, achas mesmo que és capaz de ser verdadeiramente amado por outro alguém? Não responda para mim. Não faça essa questão. Eu mesmo sei que não sou merecedor do amor de outro alguém. Sou uma criança imatura de sentimentos que aprendeu a amar sozinho. E minha mãe sempre disse "Cuidado com o amor, filho, isso machuca demais", e eu nunca dei ouvidos. A gente nunca da ouvidos para nossas mães. E elas sempre, mas que caralho, estão certas.

- Você tem bebido demais, filho.
- Eu sei, mãe.
- Estou ficando preocupada com você. Não está bem?
- Agora estou. Bêbado o suficiente para me sentir bem. Só assim fico bem.
- Tenho percebido.
- Ainda sinto falta dela, mãe. Muita falta.
- Eu sei.
- E só bebendo me sinto suficientemente bem.
- Eu sei, meu filho. Quer um café?
- Sinto falta dela, mãe. Todos os dias.
- Eu sei, filho. Durma um pouco.
- Voltei a não conseguir dormir direito.
- Você está emagrecendo, filho. Coma alguma coisa.
- Não tenho vontade.
- Está tudo bem?
- Estou bêbado, mãe. Tudo fica bem assim.
- Isso que me preocupa. Parece que não está bem. E se não estiver bem, converse com a mãe aqui, tá?!

Estou preso dentro de um romance criado por mim mesmo e não sei como me libertar dele. Tenho feito pedidos de socorro gritantes e silenciosos. Ninguém me ajudou. Ninguém nunca ajuda. E eles acham que tudo é lindo demais para não ser glamourizado da forma que eles fazem. E eles dizem que sou esse grande escritor e todas aquelas coisas. Que escrevo demais. Que sou foda demais. E eu não me importo. Nunca me importei. E eles dizem que tudo que ele escreve faz sentido. É tudo tão mágico e lindo e encaixado. E não enxergam os meu pedidos de ajuda em cada linha contida. Por isso tenho desistido tanto de escrever minhas palavras. Penso. Reflito. Escrevo. Crio. Peço ajuda. E só se importam com as flores. E se esquecem das flores mortas dentro de meu coração. Eles sempre se esquecem. E esquecem do real motivo por eu escrever tanto e beber tanto e ficar tanto tempo acordado e emagrecer tanto e chorar tanto em silêncio. E sabe aqueles domingos em que eu tinha como massacre ficar sozinho? Estou conseguindo ficar sozinho comigo mesmo. Estou me conhecendo. E esse é o meu medo. Está sendo tudo muito bom. Marinheiro de terceira viagem sem muito a dizer encontrando tua bussola para conseguir voltar para casa. E quando ele se encontrar e voltar, verá que teu lugar não é ali. E verá que teu amor foi verdadeiramente embora. E verá que nada daquilo mais importa. E verá também que todos os teus sentimentos foram jogados fora por quem nunca se importou. E ele verá que não vale a pena lutar por uma pessoa que vive tão bem longe de dele. E ele verá que não vale a pena lutar por amor nenhum. Que continuar sendo esse marinheiro perdido é a melhor opção. E ele percebe que já não se importa com cartas enroladas dentro de garrafas largadas em alto mar na esperança que alguém tenha a dignidade suficiente para encontrar e  salva-lo. E ele mesmo se prendeu nesse mar de sentimentos tão sufocados por ele mesmo.

- ...você não está bem, filho. Quer conversar?

...e chorei.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

Após horas e horas de conversa a fio...fazendo as pazes com o demônio interior

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E o que eu posso arrancar de dentro do meu coração?
Me consideram um artista e eu só queria poder responder a essa desprezível pergunta. O que eu posso arrancar de dentro do meu coração? Com que facilidade posso abstrair todas as coisas ruins de um coração tão ferido quanto o meu? E que porra de artista é esse que enche a mente de cervejas e cigarros e escreve qualquer porcaria que passa pela tua cabeça e depois não lê absolutamente nada daquilo que as mãos dele foram capazes de externar?! Que artistazinho mais medíocre esse que vos escreve. Que escritor de quinta categoria esse que vocês esperam uma carta a mais para ler em tuas vidas. Carta que, por ele, é simplesmente arremessada aos quatro ventos sem um direito sequer de julgamento por ele mesmo. Algo que ele mesmo criou, não tem direito nenhum de ser julgado com uma sentença final de que aquilo não deveria ser entregue para o mundo. Aquilo de nada serve para mim. Está vendo estas palavras que estais lendo? Não servirão de nada para mim a partir do momento que eu externar para o mundo e liberar minhas piores fraquezas como ser humano pensante e solitário e apaixonado que sou. E o que eu posso arrancar de dentro do meu coração? Ansiedade que me tira o sono. Depressão que me consome cada vez mais. Tristeza de não ser capaz de amar outro ser humano da mesma forma que lhe é entregue o amor. Esse amor fraquejado que tanto luta em ser liberto. Esse amor enriquecido de fraquezas e solidões que é entregue por um outro alguém para esse ser que vos escreve. Eu devo ser o pior dos seres humanos por não conseguir encontrar alguém capaz de entender a minha forma simples de amar. E talvez, essa forma simples seja o maior dos meus problemas. E talvez, seja essa forma simples que devo arrancar de dentro do meu coração que tanto tem a dizer. E o simples que eu digo é a ternura de um amor calmo que me alcance a maior de todas as grandezas que o ser humano nunca foi capaz de entregar para ninguém. E esse amor ninguém pode me dar. A paz de um domingo tranquilo. A paz de um beijo com um sorriso. A paz de um abraço com abrigo. A paz do final de uma briga com o melhor do sexo que já foi feito. A paz de um carinho sem pressões e supostas falta de confiança. Amor simples esse que tanto peço e suplico há tempos e tempos, e a unica coisa que o universo é capaz de me dar é a decepção e solidão de um quarto escuro onde me encontro bêbado o suficiente para externar todos os sentimentos meus. Sentimentos esses que ninguém é capaz o suficiente de entender. E nem quero que entendam. Porque sempre será a mesma porcaria de situação em que as pessoas dizem que sou o artista que muitos gostariam de ser. E que CARALHO de artista esse que só está a procura de um amor simples. Amor desgraçado que insiste em bater na porta de minha casa para fazer com que as arestas sejam desfeitas através de flores e cantigas sem nada a dizer e entregar para ninguém. Amor sublime que insiste em persistir no erro de encontrar alguém que o cure de todas as dores que o mundo e as pessoas foram capazes de te entregar. Mas porque caralhos ele continua procurando essa droga de amor quando não existe canto nenhum do mundo capaz de lhe dar o que ele mais quer? E como caralhos ele é capaz de acreditar que as pessoas são capazes de amar-lhe da forma que ele procura e espera e implora? Sendo que ele já nem implora mais. Sendo que ele nem acredita mais no amor. E as pessoas acreditam que ele odeia o amor e odeia ser amado. Quando, na realidade, ele só quer um amor calmo o suficiente para lhe tirar da cabeça a unica pergunta que dentro dele lhe cabe "O que eu posso arrancar de dentro do meu coração?".

- Quantas borboletas foste capaz de assassinar?
- A maioria.
- Isso quer dizer que ainda da pra encontrar algumas ai dentro, não é?
- Talvez. Poucas.
- O que pretendes fazer?
- Continuar assassinando todas elas.
- Mas porque?
- O amor é esse caminho sem fim para o inferno que estamos acostumados e predestinados a ter dentro de nós, quando, no fim, a unica experiência cabível dentro deste estômago é o tormento sem um sentido qualquer.
- Não entendo nada do que diz.
- Acha mesmo que essa porcaria de amor é a unica coisa que importa no mundo? Puta que me pariu, cara.

O que eu posso arrancar de dentro do meu coração?
E pensas mesmo que tudo que escrevo é pensando em como outra pessoa ou outro romance irá pensar sobre as coisas que penso e sinto e insisto e reflito? Se pensas assim, não entendeu absolutamente nada do que fui capaz de escrever aqui para ti. E vamos consagrar esta carta com um pouco de minhas grosserias capazes de serem sentidas pelo amor insuportavelmente chato que sou capaz de ter dentro de mim. Achas mesmo que tudo que escrevo é por causa de um outro alguém, porra? Achas que o amor me deixa burro o suficiente para escrever tais palavras pensando em como outro ser humano iria se sentir se ele soubesse tudo que sou capaz de ter aqui dentro de mim? Se pensas assim, você é um ser humano completamente egoísta e burro o suficiente para pensar que revelo todas as minhas fraquezas a ponto de que outro ser humano apenas se apaixone por mim. E o que eu mais queria era tirar todas as coisas ruins de dentro desse coração que tanto insiste em sentir. E o que eu mais queria era entregar todas as minhas garrafas vazias para o meu romance e dizer que o motivo de minhas bebedeiras tem sido ela mesmo. E gostaria de entregar todas as bitucas de cigarros apagadas em teu melhor momento diário e dizer que foste a unica pessoa do mundo a me fazer fumar o suficiente para desejar a morte por falta de ar. E eu só queria arrancar essa merda de dentro do meu coração até ser capaz de dizer que não sou mais capaz de sentir absolutamente nada por outro alguém. E o amor é como essa droga de vida, não faz sentido ALGUM. E eu só queria não te enxergar nos meus livros que falam sobre romances. E eu só queria não formular diálogos com você dentro de minha mente e nunca tira-los daqui. E eu só queria compartilhar com você minhas cervejas e cigarros em uma noite qualquer, numa varanda qualquer, para poder te dizer que és a falta de algo que mais tenho sentido nos últimos tempos. E eu queria acreditar tanto, mas tanto no amor, a ponto de ser uma dessas pessoas estupidamente ignorantes que acreditam nos finais felizes de todos os filmes românticos de merda que insistem em passar nas telas de cinema. E queria que nossa história de amor fosse como todos os suspiros soltados por todas aquelas pessoas que queriam uma história de amor real só para elas. Com um final feliz. E essa porra de final feliz nunca existiu para ninguém. Vivemos o tormento da convivência. A agonia da rotina. A perda de desejos. A saudade de momentos que nunca mais viveremos. E somos esquecidos. Mesmo convivendo. Mesmo no tormento. Na agonia. E nas perdas de vontades. E esse romance é o que mais quero tirar de dentro deste coração solitário quanto uma cascavel nas areias do deserto escaldante. E sabe aqueles momentos que nos deparamos pensando em outro alguém? Momentos que suspiramos e nos confrontamos a nos entregar aos amores por mensagens baratas que farão o outro alguém sorrir por dentro e acreditar que tens você nas próprias mãos? Queria apagar todos eles. E dizer-lhe, de fato, que não sou mais escravo do amor. Nunca fui. Muito menos agora. E jamais serei. E se tu queres a distância de nossos abraços, vá em frente. Prossiga com essa bobagem de viver longe de mim. Não me importo. Mas me deixa aqui quietinho e exaltando cada momento que insisto em viver de bem comigo mesmo. E se tu queres a distância de nossos lábios, vá, isso, vá em frente. Me importo tão pouco. Mas me deixa aqui quietinho. E com o pensamento do que posso arrancar de dentro do meu coração, senão você?! E sabe o que eu queria arrancar de dentro do meu coração? O perfume que deixou em minha camisa a ultima vez que nos abraçamos. Não fui e nunca serei capaz de apagar teu perfume. E é esse perfume que me atormenta cada dia mais. E é essa droga de perfume que afronta o demônio dos romances contido dentro de mim. E eu só queria te esquecer tão facilmente como consegue esquecer tudo que fui, um dia, em tua vida. Sabe as cervejas que se acabam? É o teu amor por mim. Sabe as bitucas que caem no chão? É o nosso passado. Sabe meus porres e tristezas e escrituras? É minha paz. E pensas que me importo de estar acabando comigo mesmo pouco a pouco? Não. Não me importo. Só continua me deixando quietinho se não tens nada melhor do que teu descaso para me entregar. E se um dia fores capaz de me entregar tudo que é possível de sentimentos, me procure. Sabes onde me encontrar. Sabe os demônios que tenho passado para te manter no passado. E sabes melhor ainda qual é meu ponto fraco. Ponto fraco que é você e sempre será você. E não me importo de dizer e escrever e pensar. Sei que um dia meu ponto mais forte será o fato de ter te esquecido com tanta dificuldade. Pois cada vez que te esqueço um pouco mais, sou capaz de lembrar o porque te esquecer cada vez mais.

- Vejo que estas escrevendo bastante, não é?
- E o que isso importa?
- Vejo também que tens bebido bastante, não é?
- E dai?
- Vejo que emagreceu. Tuas roupas que não cabiam antes estão vestindo bem em ti, não é?
- O que queres?
- Você está feliz?
- O que queres, caralho?
- Tens amado alguém ultimamente?
- Porque todas estas perguntas?
- Consegue falar sobre amores e romances sem pigmentar uma lágrima sequer em teu olho?
- VAI TE FODER, PORRA!

E eu não quero teu amor se não podes me dar. E eu não quero teu amor se ele é pouco ou pequeno demais. E eu não quero teu amor se sempre inventas desculpas para me ver. E eu não quero teu amor se ele não é suficiente. E eu não quero teu amor se pouco se importa se estou bem de verdade. E não quero teu amor se tens em mente que logo partirá. E eu não quero teu amor, esse amor barato o suficiente para que me esqueças em breve. E não quero essa porcaria de amor se tu só me usa em momentos que se sente sozinha. Não quero teu amor como se eu fosse uma roupa qualquer esquecida em teu guarda-roupa. Não quero teu amor para ser usado quando lhe é conveniente. NÃO QUERO TEU AMOR BARATO, PORRA. Quero o caro. O verdadeiro. O existencial. O simples. O sincero. Se não és capaz disso, vá embora!!! Já irias fazer isso quando enjoaste de mim.

...e ele não foi capaz de superar amores passados por medo de sofrer em amores futuros. E esse é um de seus demônios. E o que posso arrancar de dentro deste coração quando o amor se tornou algo tão ruim e ele continua matando todas as borboletas dentro do estômago?

terça-feira, 15 de janeiro de 2019

Ensaio sobre a saudade de todas as borboletas mortas em minha barriga

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E sinto saudades de situações e fatos que nem vivemos juntos ainda. E nem viveremos. Sinto saudade do teu beijo quente de boa noite enquanto me abraça para dormir com a cabeça em meu peito. Do beijo roubado depois de uma briga. Dos sábados a noite comendo qualquer besteira e assistindo a qualquer filme idiota e bobo. Das duas cervejas que não tomamos juntos. Sinto saudade das conversas fiadas e dos sorrisos sinceros numa tarde qualquer sem muito a dizer. Das viagens que planejamos. Dos domingos em que não me deixaria um minuto sequer sozinho. Dos cigarros que não compartilhamos. Da tua voz cansada me dizendo como foi o teu dia. E isso eu sinto falta. Sinto falta de borboletas soando fortemente dentro de minha barriga. E foram essas mesmas borboletas que matei pouco a pouco aqui dentro. E continuo a assassina-las como as piores devoradoras de almas que são. E eu sinto falta de momentos que nunca viveremos juntos. E eu sei que não viveremos. E isso nem passa mais por nossa cabeça. Pela minha ou pela tua. E tua saudade de mim é tão superficial quanto todas as garotas e garotos fúteis que insistem em passar por nossas entranhas falando coisas e bobeiras sem a menor importância. Me entende? Espero que não. E espero que não leia essa carta tão, mas tão sincera escrita por mim. E que não penses que minha saudade é esse infinito de questões sem interrogações. E não penses que minha saudade jamais sentida é esse tormento incapaz de ser mutilado por minha consciência que insiste em tentar te esquecer a todo momento. E que não penses que essa saudade é esse filme de terror sarcástico e irônico que insiste em passar em nossas tv's e que todo mundo tanto ama. Essa saudade é um filme romântico idiota que todos nós assistimos num domingo a noite quando não temos nada mais para fazer, senão a depressão de estar esperando mais uma segunda-feira de nossas vidas. E é assim que sinto esse romance escorrendo por minhas mãos e a saudade batendo fortemente em minha porta. E não penses que não sei lidar com este romance, porque eu sei, da pior forma, mas sei. E abstraio tudo que ouso sentir na esperança de que o cupido perca a noção do ridículo que ele está me fazendo passar. E ele sabe o ridículo que estou passando. E que ele perca a vontade de rir de minha cara sempre que eu caio com um romance tão ridículo quanto tua risada grotescamente escandalosa e insuportável. E eu sinto falta daqueles beijos que jamais daremos. E dos abraços que jamais sentiremos. E dos cafés que nunca tomaremos juntos. E eu sinto saudade desse aperto que dá quando estamos longe. E eu sinto falta de não sentir falta de ser a falta de alguém. Não temporária. Não momentânea. Faltas momentâneas são supridas com desejos e pessoas e situações temporárias. Não quero nada temporário. Não quero nada supérfluo. Não quero nada com data de validade. Não. Não. Não! Não quero gritar para todo mundo que o teu amor por mim é algo que irá acabar daqui um mês ou um ano. Quero o para sempre. Mesmo sabendo que o para sempre não existe. Quero essa falta que tu me faz sentir toda noite em que deito a cabeça no travesseiro sem conseguir fechar os olhos e dormir o sono dos justos. Não quero o agora. Quero o hoje. O amanhã. O depois. E depois é o eu e você abraçados num canteiro de um parque qualquer rindo de qualquer bobagem que seja dita por mim, por ti ou pelo mundo. E que essa merda de amor não se apague. Não se apague até o ponto em que eu esqueça que o amor é a maldição mais grotesca que o mundo é capaz de nos entregar. Ou não se apegue. Não se apegue a está bagagem que eu sei que serei em tua vida. E eu serei essa saudade passageira. Saudade menosprezada. Sem aperto. Sem carma. Sem carinho. Sem vacilos. Sem devoção. Saudade entristecida. Passada. Pouco sentida. Perturbada. Perambulando pelos quatro cantos de um quarto barato de hotel. Que eu não vire teu pior apego quando na verdade tudo é uma verdade de várias facetas. Me apague ou me apegue. Não se apegue e me apague. Escolha. Tens total livre arbítrio de tuas piores decisões. Consegues sentir saudade de mim? Aquela saudade verdadeira ou sentes saudades temporárias? Amor temporário? Apego temporário? De verdade? Temporário? Solitário? Esquisito? Sincero? Já matou todas as borboletas em tua barriga ou nunca sequer sentiu todas elas?
Acredito que nunca viveremos juntos todos os momentos que sinto tanta saudade. Momentos cruciais ultrapassados por todos os limites de meu peito altamente inconstante e tentando sentir, novamente, o auto-controle de uma vida e mente tão atordoada pelos passos de um amor tão...perverso.

- Como você consegue beber tanto sozinho? Não sentes peso na consciência? Não se sentes um alcoólatra?
- Muito pelo contrário. Sinto-me muito bem em beber sozinho, consigo escutar todos os meus pensamentos.

Em um dos menores cômodos de minha casa, cai em um dilema comigo mesmo. Aquele banheiro pequeno com um chuveiro quase que quebrado, que não existe o meio termo nele, cai em conflito com todos os meus pensamentos e me apeguei com aquele pequeno objeto que tanto explica tudo sobre mim. Sou como aquele chuveiro semi-quebrado. Sem meio termo. Sem inconstâncias. Muito frio ou muito quente. Não consigo ser pouco. Não consigo ser quase nada. Não consigo ser mais ou menos. Sou frio ou quente. Abrigo ou despejo. Amor ou nada. Não consigo sentir pouco. Não consigo amar pouco. Não sei dizer 'eu te amo' se não sinto aquilo de fato. Amo ou odeio. Adoro ou nem me importo. Sou tudo ou nada. Sou desejo ou esquecimento. Sou abraço ou desafeto. Não consigo não ser sincero sobre tudo que sinto aqui dentro de um coração que ainda tem uns bons anos pela frente para sentir tudo que lhe é capaz e cabível. Não consigo pensar em ti se tu não é nada para mim. Consigo pensar o bastante em você se tenho algum desejo ou amor ou abrigo ou carinho ou afeto pelo que você é. E eu sou assim. Frio ou quente. Não existe o morno. E me sinto completamente satisfeito em ser essa pessoa 8 ou 80. Inteiro ou vazio. E não me importo com julgamentos. Só que caio nessa constante distração de fatos em que escrevi antes. Caio nessa constante nuance de sentimentos em que digo sentir tudo ou nada. Porque sinto. Sinto até demais. Mas algumas vezes caio com esses assassinatos de borboletas tão inocentes quanto teu amor por mim. Quanto esses romances que começam devagarzinho. E isso me incomoda tanto, mas tanto, que desejo nunca mais sentir amor e viver romances. Acredito que a vida seria muito melhor sem todos esses romances existentes por esse mundo altamente devotado em abrigos e despejos. Amores e romances. Saudades e faltas. E eu gostaria que as feridas em meu coração fossem altamente curadas com aquele simples band-aid rosa com florezinhas desenhadas nele que estanca qualquer ralado no joelho. Minha vida seria um pouco mais fácil, mas tenho total e absoluta certeza que uma caixa cheia de band-aids eu já teria usado nesse coração tão fraco quanto amores de outras pessoas sentidos por mim. Meu coração seria totalmente rosado com flores desenhadas. Isso é fato. Não um drama. Não uma superfície em que tento ser um tanto quanto miraculoso com minhas palavras fazendo todas as outras pessoas sentirem tudo que sinto e serem salvas por tais palavras. Não. Isso é um fato, porra!
Lembrei de tuas mensagens em momentos que sentiu saudades. E dos carinhos e desejos e paixão que foste capaz de me dar. Meu coração palpitou. Meu estômago estremeceu. E todas as borboletas foram acordadas novamente. Aproveitarei este momento para assassina-las mais um pouco. Uma a uma. Sem dó. Nem piedade. Nem perdão. São essas mesmas borboletas que me fazem perder o auto-controle e cair nessa maldição de sentir que meus braços não é o abrigo de ninguém.
QUE SE FODA O AMOR! Ele é muito barato para vidas tão caras. E minha saudade de momentos históricos não significa nada. Nem para ti. Muito menos para mim.
Quem foi que me ensinou a mentir tão bem, meu bem?
Ah, verdade, foi o amor. Aquele fraco. Surrado. Desperdiçado. Jogado fora. Maltrapilho amor. Não posso esquecer.
E se pensas que é algo sobre você, estas enganada, é tudo sobre mim.

- Escreveu mais uma vez, cara?
- Escrevi na esperança de que eu tenha uma cara boa o suficiente para que minha mãe não me pergunte se estou bem. Sempre que ela pergunta se estou bem, tenho que mentir para não deixar ela triste também. E isso é triste.
- Eita, menino buscando auto-controle, com medo de se apaixonar, tentando conter as borboletas na barriga.
- Todas essas malditas borboletas foram criadas porque ele semeava flores em seu peito, em terra em que ele já imaginava ser estéril.
- Que projeto de saudade que tu és. Assim nunca será o amuleto que remete boa sorte para ninguém. Será sempre uma lembrança carinhosa.
- Cego pelo medo, o arqueiro de palavras engole todas elas e suas flechas matam as borboletas que pigmentam a insônia que ninguém é capaz de enxergar...

...só ele mesmo.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

O eu de barro, dando espaço para algo florescer em suas ruínas

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O céu chora lá fora. Vejo e sinto cada gota escorrer por minhas janelas. E o barulho ensurdecedor dos trovões fazem eu lembrar que ainda estou vivo. E ela pergunta "Como tu escreve tanto?" e eu respondo "Querida, se estou mal, tenho que colocar para fora de algum jeito". E a chuva faz eu lembrar que esse corpo feito de barro esteve em ruínas por um longo tempo, e ainda se encontra, de certa forma, tentando encaixar meios de ser um porto seguro novamente. Mesmo quando penso que nunca estive tão seguro de mim mesmo em um caminho contido e escolhido e definido pela solidão de passos tão meus, que ninguém pode tirar daqui e de mim o que realmente sinto. E eles que se danem por acharem que não tenho tantos sentimentos assim. E eles que pensem que eu não sei lidar com meus sentimentos, porque eu sei, da forma mais errada do mundo, mas eu sei. E eles que pensem que num só coração, não é capaz de caber tantos sentidos e formas da forma que vivencio cada um deles. E que em uma mente como a minha, pensamentos e devaneios e solidões e infelicidades e choros e vontades e desejos e amores e romances não se passam de uma só vez em tão poucas horas. Imagina dias. Imagina meses. Imagina anos. E ela me pergunta "Como tu escreve tão bem?" e eu respondo "Eu bebo demais, querida". Mas ela me diz que isso não é suficiente. E ela me diz que só beber não é capaz de alguém escrever tantas cartas deslumbrantes dessa forma. E eu digo "Ame, querida. Sinta, querida. Deseje, querida. E pense. Pense demais. E fique sozinha num quarto pequeno e barato e escuro. E escute tuas músicas, querida. E ame. E pense em outro alguém. Aquele alguém que tu queres mais que tudo do teu lado naquele exato momento. E pense nas coisas que o mundo é capaz de te dar e te tirar. E sinta o blues que toca em tuas caixas de som. E deixe o som da tua voz gritar tão alto dentro de ti até o ponto que não suportes mais. Que tu tenhas que colocar exatamente tudo para fora. Com exito, com paixão. Com sensações. E que tu se sintas livre. E ame, ame muito, querida. E sabe esse amor que sentes ou sentirá? É uma merda. Eu sei. Amar é uma merda. Mas se tu queres escrever tanto assim, sinta essa merda e cuspa tudo para fora.". E ela torna a olhar em meus olhos. Penetrantemente. Com um brilho incapaz de decifrar. Um brilho que penso comigo mesmo se disse algo tão maravilhoso assim, sendo que tudo que eu disse não faz sentido algum. E tudo que eu disse e penso é triste demais. E tudo que arquitetei em escrever e dizer para ela é em plena desesperança de uma pessoa que não pensa mais nada de bom sobre o amor. E ela continua a me olhar, e pergunta "Mas, e depois que escreves, o que fazes?". E eu respondo "Volto a beber, querida". E ela me olha com um olhar de desgosto e diz "Eu sei, seu tolo. Isso você faz sempre. Mas, e aquilo tudo que escreveu?". E eu, com toda sinceridade do mundo, respondo "Eu nem leio, meu bem. Jogo para o mundo. O mundo que se aproveite daquela carta da mesma forma que ele se aproveita de todas as coisas. E o mundo estraga tudo aquilo. Romantiza tudo aquilo. E eu apenas continuo sentindo e bebendo e fumando minhas besteiras. Minhas poesias se tornam besteiras de um ser humano que não sabe como caralhos amar outro alguém. E eu bebo. Bebo muito. E minhas poesias são algo que, quando eu morrer, continuarão aqui em terra e eles, talvez, farão de mim um grande escritor, como fizeram com todos os outros.". Ela pensa. Para de me olhar. E pergunta "Não se importas com o que as pessoas que caem de encontro com tuas cartas irão pensar de ti?". E eu, rudemente, respondo "Achas mesmo que o mundo se importa com amores? Com sentimentos? O mundo está cagando para nós. Nossos amores estão cagando para nós. Esse ciclo cansavelmente repetitivo é chato PRA CARALHO e faz o amor ser esse sentimento barato, imediato, cansativo e monótono. Pensas que sou o único em não saber amar? O mundo está cheio desses. Só que minha forma de amar é diferente da deles. Eles não se importam. E eu me importo demais. Eles sentem de imediato. Eu sinto por uma vida toda. Eles se cansam rápido. Eu demoro para cansar. E eles se entediam e partem para outros amores. Eu permaneço nessa droga de amor por tempos e tempos até que eu seja esquecido novamente.".
E eu queria ser como todos eles.

- E quantas vezes irei te procurar? E quantas vezes posso encontrar alguém em meu lugar?
- Um dia tu me disseste que se eu tentasse não amar quem me ama, iria aprender a odiar a mim mesmo.
- E então?
- Estou pagando este pecado.

Quarto bagunçado. Barba bagunçada. Cabelo bagunçado. Todas as minhas cartas de amor espalhadas pelo quarto. Todas as minhas garrafas vazias jogadas para fora da lixeira. Meu cachorro passando no meio de todas elas como se aquilo tudo fosse uma brincadeira. E percebo que a minha brincadeira mais sem graça é amar. E percebo que minha maior doença é compartilhar um amor que sei qual é o fim dele. E meus livros empilhados na estante dizem muito sobre mim. E minhas canções no computador dizer muito mais sobre mim. E percebo que lembrar do amor não se torna mais a minha cura. O amor é essa maldição que faz com que eu me perca no porto do cais solitário toda noite em que me pego de encontro com a distância de ti. E queria sentir teus braços e abraços. Queria sentir teus lábios e ver teu sorriso de perto. Ouvir tua voz super cansada me dizendo como foi teu dia. E esquecer todas as cartas tristes de amor que um dia tive a audácia de escrever. E que se encontram pelos quatro cantos de meu quarto. Minha barba desajeitada depois de um banho gelado mostra que não dou a mínima para minha aparência quando caio de encontro com o esquecimento de teu amor por mim. Se é que um dia foste capaz de sentir qualquer pingo de sentimento pelo que bate em meu coração. Se é que meu perfume passa pelas suas entranhas todas as noites antes de dormir. Se é que pensas em mim quando deita a cabeça no travesseiro que um dia desejei estar. Se é que tuas músicas fazem você se lembrar de um amor que um dia poderia ser sentido por mim. Se é que os filmes românticos que tu assiste fazem você se lembrar que existe alguém aqui capaz de fazer você sonhar com esse amor eterno que os filmes insistem em pregar nas tv's e cinemas. Se é que teus livros tem meu nome contido em cada entrelinha ali presente. Será que eu passo pela tua mente em algum momento do dia? Será que tu lembras de mim quando cai de encontro com algo que tu sabes bem que gosto? Uma música. Uma comida. Um romance. Um livro. Um lugar. Um perfume. Um pensamento. Uma teoria. Qualquer coisa. Será que algo do tipo passa pela tua mente quando se lembra do meu nome? Se é que se lembra. Será que um dia fui ou serei tua melhor poesia, mesmo que eu  não saiba se tu tens algum gosto por poesias ou poemas ou algo semelhante?! Será mesmo que tudo que penso e teorizo sobre ti pode ser verdade ou será que continuo sendo esse grande tolo estúpido com o desejo de renascer de suas próprias ruínas. Ruínas que ele mesmo se colocou. Que ele amou. E ele foi capaz de amar e entregar teu amor mais sincero e verdadeiro. E se destruiu. Ele mesmo foi capaz de se destruir por amar demais. Por não saber amar. Por não saber lidar com teus próprios sentimentos. Porque, pra ele, o amor é intenso demais e precisa ser vivido. O amor é raro demais e precisa ser sentido. E as pessoas não dão valor para amores vividos e sentidos e expressados. Essa é a pior realidade do mundo. Isso é o que torna o mundo esse pesadelo tão absurdo que vivemos hoje em dia. Nossos amores já não dizem mais nada. E sou o resultado de todas as pessoas que fui capaz de amar. Esse é meu carma. Essa é minha sina. E esse destino é a tristeza de saber que nunca terei um amor ou romance tão recíproco quanto o que sinto, porque eu amo demais ou não amo nada. Não existe o meio termo. Não existe o mais ou menos. Não existe o pouco. Existe o muito. E esse muito se encontra dentro de mim. Se eu fui capaz de expressar algum tipo de amor ou afeto por ti, saiba que isso nunca será esquecido e isso é tão intenso quanto essas flores que nascem diariamente dentro de meu peito ao lembrar do teu nome em meio a todas essas ruínas que fui capaz de me afundar. Que teu amor por mim, se é que existe, seja capaz de ser tijolos capazes de reconstruir esse porto seguro que um dia desejei em ser. E que teus abraços e lábios e carinhos e desejos sejam o meu forte mais bem preparado para qualquer guerra que o mundo for capaz de me desafiar. Teu nome é minha droga preferida. Meu vício por ti cresce a cada dia mais. Esse é meu tormento de ano novo.

- Tens algo para falar?
- Não. Nada. - enchi o copo com cerveja e dei um gole.
- Te conheço. Tens algo para falar. Cospe para fora.
- Mas não é para você. É para ela.
- Finjas que sou ela. E diz o que tens para dizer. Talvez se sinta melhor. Depois encheremos a cara até esquecermos quem somos.

...

- Que passe o tempo. Que ele escreva as linhas e deixe para mim somente a prazeirosa função de pontuar frases. Muitas exclamações, algumas interrogações e apenas um ponto final, que eu deixei reservado para ti. Faze o que quiseres com ele. É teu!

terça-feira, 8 de janeiro de 2019

Flores mortas

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O amor abaixou seu preço. Agora o vendo por 5,99. Barato, não é?
O amor perdeu o seu valor. Não existe mais o valor. Esqueceram do valor que ele continha.
O amor entristeceu. E nos entristece. E tu achas mesmo que com um valor tão baixo ele iria fazer alguém ser feliz?
O amor é barato demais para aqueles que não sabem amar. E, para aqueles que nunca ligaram para o amor, ele cobra caro. Muito caro.
Esquisito, não acha? Caro. Barato. Sem valor. Triste.
Não sei mais o que fazer. E o amor me entristece. E caio de encontro comigo mesmo. Começo a me conhecer. E lembrar o que eu fui há muito tempo atrás. Desacreditado. Desencorajado. Despreparado para o amor. Sem coragem nenhuma de sentir um décimo do que eu poderia sentir. E eu me sinto um covarde por não fazer o amor sair de dentro de mim. E eu me sinto um fraco por não externar tudo que acredito e penso sentir. E o amor me cobra caro, muito caro. Escrotamente caro. O amor abaixou seu preço. E estou com um medo perturbador de lembrar tudo que eu já fui. E te largar. E lembrar o quão chato com o amor eu sempre fui. E nossos duelos. E nossas lutas. E nossos problemas. E enjoar de tua pessoa. E enjoar do teu amor. E ter medo de me envolver tanto com uma pessoa a ponto de fazer aquele amor que ela sente ser o meu amor. O teu sorriso ser o meu sorriso. Tua voz ser minha calma. Teus braços abrigo. E eu imploro para o amor continuar abaixando o teu valor. E ironizar o que eu sinto dentro de mim. E fazer com que eu me sinta tão ridículo a ponto de não querer sentir nada disso. E eu minto para mim mesmo. Continuo mentindo. Continuo gritando em silêncio que não amo. Que não sei amar. Que não quero amar. E continuo xingando essa droga de amor. E falando super mal dele. E escrevendo coisas horríveis que fazem as pessoas acreditarem que sou esse ser humano sem uma vontade sequer de amar outra pessoa. O amor é esse sentimento esquisito que ninguém sabe ao certo se sentiu ou deixou de sentir. E a gente se soca por dentro. E a gente se entope de sorriso nas esperança de que aquilo é o sentido de nossas vidas. O amor é o sentido para alguma coisa? Uma busca? Uma saída? Uma salvação? Um louvor? Uma poesia barata? Quais são as ridículas decisões tão erradas e absurdas que tomamos quando o nosso rosto é invadido por um sorriso sincero quando escutamos o nome de nosso amor? E somos todos esses marinheiros com vestes de segunda mão encobertos por amores baratos e romances desprezíveis. E quando damos conta, o amor é aquilo que mais nos machuca. Perdas. Partidas. Choros. Feridas. Cicatrizes. Lembranças amaldiçoadas por nós mesmos. Porque somos tão tolos de chegar nesse ponto de amar outro alguém sem lembrar se, ao menos, sabemos como nos amar, de fato? O amor abaixou seu preço. Não só pelo fato de que não damos valor a esse sentimento, mas pelo fato dele ser inteligente o suficiente para deixar todos nós burros o suficiente para tomar decisões absurdas que farão com que ele ria de nossas caras algum dia. O amor é inteligente o suficiente para abaixar teu valor e saber que qualquer um pode compra-lo.
Depois de um dia em que penso que nunca irá acabar, quero chegar em casa, colocar uma boa canção, abrir uma bela cerveja gelada e lembrar que esse é meu abrigo. Passeio pelo meu quarto bagunçado e lembro que minha vida se encontra tão bagunçada quanto todas as flores mortas contidas em meus canteiros de vida, e lembro também que sou tão sozinho quanto essas pessoas que nunca souberam amar. E eu me pergunto se sei amar o suficiente para continuar com essa bagunça dentro de mim. E também me pergunto se sei amar o suficiente para tirar esse pensamento de minha cabeça que manifesta em todo meu ser, esse pensamento que é a lembrança de teu sorriso tão perto do meu que foi capaz de me salvar de todas as coisas ruins que o mundo sempre foi capaz de me entregar. Burro o suficiente em lembrar que é esse mesmo sorriso que se encontrará tão distante do meu a ponto que eu não lembre mais de nenhum detalhe contido nele. E teus abraços serão meras lembranças. E teu amor por mim. Esse sentimento romantizado que tu diz ter. E teu aconchego já não será mais em minha vida. Em meus braços. Será longe. Longe o suficiente para que tudo se torne apenas uma lembrança, como todas as flores mortas que fomos capazes de apreciar em algum canteiro de nossas estradas para a exímia solidão. Mas são essas mesmas flores mortas que serão esquecidas por nós. E lembre-se que meus romances sejam esquecidos. Que meus momentos de amores sejam exilados de dentro de mim, porque tenho medo de continuar te amando o suficiente para pedir que não se vá para mais longe de mim. Porque meus sentimentos me tornam tão, mas tão burro. E esse é o meu medo. Que o amor seja tão barato quanto as burrices que somos capazes de cometer por conta dele. Lembre-se, querido amor, tu és uma bosta que não quero mais apreciar. Seja uma flor morta em minha vida. Não me faça amar de novo. Não. De novo não. Assim não. Por favor. Te imploro. Me deixa quietinho. Me esquece um pouquinho. Não me lembres o tempo todo que preciso me conhecer. Não. Não preciso de um amor. Não preciso de romance. A vida não é feita só disso. Meu coração aperta em escrever cada palavra aqui contida, principalmente quando já não me encontro tão bem quanto estive há uns dias atrás. Minha vida está bagunçada. Esse amor consegue arrumar essa bagunça ou me fazer esquecer por alguns longos momentos dela. Esse é meu medo. Que meu vício em você se torne tão forte que eu não consiga te tirar de minha vida. Que meu vício por tais lábios continuem sendo o motivo de minhas reabilitações e poesias e faltas de esperança. Sendo que teu amor poderia ser minha salvação, minhas melhores cartas e a minha esperança de que um dia tudo pode ser bom, novamente. Estou entre essas flores mortas e encontro o amor tão, mas tão distante de mim. E isso me atrai. Continue assim. Distante. Longe. Bagunçado. Embaçado. Me queimando cada vez mais até que eu lembre que o amor não é algo tão fascinante assim.

- Estou com uma saudade absurda de você, meu bem.
- Sou essa música triste que tu insiste em tocar.
- Vem me ver, meu bem.
- E sou também esse filme romântico que tu insiste em ironizar.
- Quero teu amor só para mim, meu bem.
- E eu insisto em recolher todas as flores mortas que meu peito é capaz de derrubar.

Mais uma poesia barata que ninguém se importa!

segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

Como disse Allan Poe "Tornei-me insano, com longos intervalos de uma horrível sanidade".

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Sem confrontar o amor desta vez, digo que tudo que amei, amei sozinho. E todas as pessoas que amei, amei sozinho, de fato. E esse foi o meu erro. Amo meus enganos. Amei os meus enganos. E por tanto amar esses mesmos enganos, caio de encontro com meu ódio e raiva e tormento. Sou esse ser que vos escreve e vos ama e que cansou. Esse ser lunático que caiu de encontro com tua própria agonia e já não consegue sentir mais nada. Esse ser que se embebeda sozinho e escuta todas as tuas possíveis canções deprimentes e solitárias e cheias de tristezas. Que se foda essa raiva. Que se foda as pessoas. Que se foda o amor. Amei do meu jeito e encontrei-me em completo cansaço. Que porra a mais do cansaço mental a vida é capaz de me proporcionar?! E hoje sinto a falha de meus amores em meus joelhos cansados que já não aguentam caminhar até o banheiro que se encontra perto de meu quarto. E esse meu quarto precisa ser arrumado. Garrafas vazias de cerveja precisam ser coletados daqui de dentro. As janelas precisam ser abertas. As cartas amassadas precisam ser revistas por alguém com um olhar não tão crítico e triste quanto o meu. A cama precisa ser ajeitada. E eu não me importo. Não me importo de me encontrar em meio a esta bagunça quando, na verdade, minha vida está mais bagunçada que este cômodo. E eu grito, grito silenciosamente por ajuda. Ninguém responde. Não encontro um sinal sequer de que tudo, um dia, ficará bem. E tudo permanece igual como sempre esteve. Minhas bagunças. Meus dramas. Minhas cartas. Meu quarto. Meu coração. Minha mente. Tudo intacto. Completamente bagunçado, mas intacto. E não tem ninguém aqui para olhar por mim. Não tem ninguém aqui para me estender a mão e dizer que tudo de fato ficará em teu devido lugar. E ninguém se importa com esta merda, porque eu deveria me importar?! Logo hoje. Logo agora. Me desmancho em minhas cervejas. Me apago em palavras minhas. Me entrego em vazios. E a escuridão do meu quarto logo me possui. E é isso que eu quero. O esquecimento. O vazio. Não sair daqui. Não agora. Não hoje. Me entregar a minha insanidade enquanto desfruto de minhas músicas e garrafas de cerveja. E porque estou escrevendo então? Porque ainda tenho mãos firmes, mesmo depois de muitos goles, para dizer tudo que penso e sinto e ouso expressar. Quem se importa com essa maravilhosa merda? Você? Claro que não. Está lendo palavras minhas? Talvez. Se importa de verdade com tudo contido aqui? Uma porra que não. Tenho xingado demais em minhas poesias e cartas? Que se foda! Bukowski fazia isso e fizeram dele um grandioso escritor. Muito tarde, por sinal. Mas fizeram. Isso aqui é o melhor que tenho para entregar além de minhas frustrações. VIDA DO CARALHO que me machuca. AMOR DO CARALHO que me usurpa. Expressões de cansaço em meus olhos e face querem dizer muito sobre mim. E eu só me deparo com o cansaço e ressaca. Bebedeiras e tragos. Frustrações e cartas. Raiva e palavras. Palavras expressam muita coisa quando temos muito a dizer. Expressam muito mais quando absolutamente ninguém irá entender uma palavra sequer e romantizará tudo. O glamour de minhas palavras é feito pelas pessoas que acham que eu apenas escrevo para ser alguém diferente ou para chamar atenção, quando na verdade, todas as minhas palavras, bonitas ou não, são escritas através de um pedido de socorro, um porre, um blues do bem triste e lágrimas contidas dentro de um coração que só quer gritar e gritar e gritar e implorar por socorro de uma alma que se encontre mais pesada e triste do que a minha. Cadê essa alma para salvar outra alma? Cadê esse coração que entenderá meu coração? Cadê essa mente que não irá olhar apenas belas palavras num texto que muito tem a dizer? Que droga de raiva que me invade e me deixa totalmente cego perante todas as coisas do mundo. Só queria uma bela poesia que me fizesse acreditar que minha vida tem uma saída quando se encontra bem próximo do mais glorioso desfiladeiro sem um fim visível. A vida já não é mais previsível como costumava ser, e isso me assombra.

- Para ser feliz até um certo ponto é preciso ter-se sofrido até esse mesmo ponto.

E quantos esperam felicidade? Quantos acham que de fato serão felizes e amados? Quantos acreditam que o amor e a felicidade existem quando, de fato, ninguém sabe se existe? O amor e felicidade são situações efêmeras que ninguém sabe se existe de fato. São sentimentos que foram criados para que possamos ter esperança de que, um dia, tudo ficará bem. Na verdade, morreremos acreditando que fomos felizes e amados, quando na verdade, morreremos e seremos esquecidos. E tudo que passamos em terra será esquecido. Por nós. Por eles. Por vós. Sofremos em terra? Sofremos em vida? Claro que sofremos. A vida é feita dos nossos sofrimentos. E nos transformamos exatamente naquilo que sofremos por medo de sofrermos de novo. E nos blindamos. Nos blindamos com nossos erros e mágoas e sofrimentos e amores. E quando sofremos, criamos nossa blindagem, e prometemos para nós mesmos que não passaremos pelas mesmas situações novamente. E acreditamos nisso. E por um belo tempo conseguimos, mas a vida é esse saco de bosta imprevisivelmente previsível que é cheia de mostrar que estamos sempre errados. E sofremos e nos magoamos e amamos e nos enganamos de alguma outra forma. Pior do que aquelas formas passadas tempos atrás. E esmurramos as paredes. E choramos. E sofremos. E gritamos. E a gente sente raiva. E a gente se encontra no maior dos abismos. E a gente se joga. E a gente renasce do sofrimento. E vivemos essa vida. De mágoas e sofrimentos e fardos e choros e amores e enganos. Essa é nossa vida. Isso é o que levaremos conosco. Aprendizados e enganos. E ninguém nunca irá tirar isso da gente. E é por isso que escrevo. Morrerei com minhas falhas, enganos, amores, encantos, desacertos, mágoas, sofrimentos e fardos e choros, mas escrevi tudo que ousei sentir e passar e pensar. E as pessoas, um dia, lembrarão de mim por essas cartas, muitas delas tristes, e que elas se identificam. E que elas compartilham consigo mesmas, e que se foda nossas tristezas compartilhadas. Eu queria mesmo que alguém me entendesse e me compreendesse e sentisse, por um pequeno momento, tudo que ouso sentir e chorar, e me dissesse que tudo, um dia ou uma hora, se encontrará de fato em teu devido lugar. Quando na verdade, eu sei que, quando tudo estiver em teu encaixe, novas frustrações virão. A vida é assim, lembra?
E somos formados e feitos e criados por todas as coisas ruins que conseguimos conquistar em nossas vidas. Mas as pessoas insistem em acreditar que somos feitos de todas as coisas boas e felizes e acertos e sorrisos. A vida é muito mais do que nossas felicidades compartilhadas. A vida é feita de nossas tristezas vividas. É só tu parar para pensar em todas as coisas que foram feitas a base de alegria e tristeza. A tristeza sempre vence todas as coisas alegres. E são as tristezas, mesmo com um final feliz, que levam para casa um Oscar ou um Grammy ou uma premiação qualquer por menor que seja. Repense! No fundo sabes que estou certo. E se eu estiver errado, me diga. Diga-me que todas as nossas felicidades nos trouxeram coisas boas e reconfortantes e criativas. Diga-me que estou errado e me mostre isso e NUNCA MAIS escreverei. Quer um exemplo pequeno? Bem pequeno?! Veja textos e cartas e poesias minhas, as melhores foram feitas quando eu não estava bem comigo mesmo nem com o mundo nem com pessoas. Veja, logo em seguida, todas as coisas imensamente criadas a base de tristezas e frustrações. Todas elas terão prêmios ou foram indicadas. Mas sabe qual a parte mais triste nisso tudo? NINGUÉM entendeu de FATO todas aquelas tristezas e frustrações e mágoas e pedidos de socorro.
Escrevi uma carta sem falar uma palavra sequer sobre o amor que sinto por outro alguém, e tu achas mesmo que irão me entender ou me ajudar ou me resgatar? Achas mesmo? Talvez tenha virado até um clichê, mas desisti de tentar ser compreendido.

Imploro pelo dia que meus demônios não caçoarão de minha cara e apontarão que sempre estive errado. Imploro pelo dia em que encontrarei minha Annabel Lee para me abraçar e dizer que tudo ficará bem, meu amor.
Entendeu alguma referência minha? Se não entendeu, jogue fora está carta. Tu não podes me salvar.


"Não fui, na infância, como os outros
e nunca vi como os outros viam.
Minhas paixões eu não podia
tirar das fontes igual à deles;
e era outro o canto, que acordava
o coração de alegria
Tudo o que amei, amei sozinho."
Edgar Allan Poe

quinta-feira, 3 de janeiro de 2019

...e eu deixei todos os meus tragos e porres e poesias na tua casa

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E converso sobre bipolaridade contigo por está carta. Quando estou bem. Na verdade, quando estou me sentindo péssimo. Com a auto-estima devastada aos meus pés. E ela não existe. Mesmo que vez ou outra eu acorde sensacionalmente com o sentimento de ser o mais belo dos seres humanos. Tal como hoje, barba bagunçada, cabelo bagunçado, vestes de segunda mão, copo de cerveja vazio a cada 15 minutos. E perdi as contas de quantas cervejas já tomei hoje. E quantas vezes pensei em fumar um trago qualquer. Tudo bagunçado. Quarto bagunçado. Peito bagunçado. Vida bagunçada. Sentimento bagunçado. E ninguém pode arrumar. Ninguém pode dar um jeito nesse coração de um jovem da meia idade. Totalmente idoso. Completamente resmungão. Mas que já não fala nada. Não se entrega. Não é compreendido. Não é inteligente a ponto de esquecer as coisas que um dia lhe fizeram tão, mas tão mal. E as pessoas que te entregaram o pior quando, na verdade, ele só entregou o seu melhor. E, hoje, ele desistiu. Desistiu de ser o melhor. Desistiu de entregar o melhor. De arrumar o cabelo. De ajeitar a barba. De beber menos. De se cuidar mais. Desistiu da carência. Do amor. Do fascínio que é ter alguém em tua vida. Desistiu das chegadas por sempre lembrar das partidas. E sempre existirá uma partida. Que talvez machuque demais ou que talvez não lhe faça diferença nenhuma. Mas ele tem medo das partidas, por mais que não se importe. E esse sou eu. O amor quer me amar? Problema é dele. Me ame do jeito que sou, como sou e como estou. Esse ser humano depressivo e bipolar e ansioso que hoje sente um certo amor apenas pela tua vida e pelo seu jeito de ser. Comecei a me amar um pouco mais. Me entreguei para situações que jamais pensaria em me entregar. E a vida me abraçou. Me mostrou momentos e sentimentos e pensamentos que jamais foram sido entregues. E eu me senti feliz, mesmo que eu continue escrevendo todas as minhas poesias tristes em que ninguém se importa, me senti bem. Muito bem. Mas, vez ou outra, a vida toma o sentido do passado em que eu queria esquecer, e que já não faço mais tanta questão assim de esquecer, e bate na porta do meu coração como uma lembrança de que já me perdi um dia. E esqueci como fazia para me encontrar. E fiquei longe de mim por uns meses e isso me fez muito, mas muito mal. E minhas poesias ficaram mais tristes do que já são. E minhas cartas ficaram pesadas demais, mas consegui engolir esse fardo junto com minhas cervejas e meus tragos e lembrei o porque é tão difícil amar e ser amado. Me sinto bem demais escrevendo tal carta, mesmo que meu peito implore para eu ampliar tudo de ruim que contém aqui dentro. E eu não quero escrever poesias ruins e tristes. Na verdade, quem se importa?
A carência de teus braços bate como um estrondo em minha porta. E grito em silêncio para ti, meu bem. OH QUERIDA, quero teus abraços e teus beijos e o som da tua voz cansada me dizendo o quanto é feliz em minha companhia. Essa tua voz que soa como blues aos meus ouvidos sensíveis a qualquer musicalidade que não seja de meu agrado. E o blues de tua voz tem sido minha melhor salvação. E batizei todas as minhas canções e poesias e drogas com teu nome. Só assim para eu lembrar de você com músicas, sofrer por você com cartas e tentar te esquecer com drogas quaisquer. E, querida, lembre que tu tens o melhor de mim. E teve bastante. Não faça com que eu me arrependa, mais uma vez, de dar o meu melhor para alguém, principalmente num momento em que minha fraqueza por amar bateu mais forte que o normal. E eu sei, meu bem, eu sei que uma hora ou outra tu irá partir. E isso machuca, querida, machuca mais que o normal. Mas é bom que saiba que meus sentimentos duplos fazem com que eu também não me importe. Todo amor sentido de verdade um dia parte por tua porta e tu não lembras mais nem das cores que ele continha. Assim é a libélula que passa por nossa janela certa vez em nossas vidas.

Diálogo 1:
- Como um aeroporto em meu coração, chegadas e partidas são as únicas certezas de minha vida.
- Passa essa noite aqui comigo? Quero acordar do teu lado.
- Amanhã cedo partirei então.

Preciso de um gole, quem sabe te esqueço.
Preciso de um trago, quem sabe não lembro de ti.
Preciso de um blues, quem sabe não sofro.
Preciso de uma poesia, quem sabe te apago.
Preciso de tua chegada, quem sabe teu abraço me salva.
Preciso de tua partida, quem sabe te esqueço. Novamente.
O amor é essa porcaria que a gente acha ser tudo em nossas vidas, mas não é. O amor é só uma carência auto-destrutiva que acaba com nossos seres e almas e coração e que apaga tudo aquilo que somos ou deixamos de ser. E sempre que nos encontramos apaixonados por outro alguém, repare, nos transformamos em seres notavelmente burros e incompreendidos num perpétuo caminho por falta de reciprocidade que nada nos tem a entregar. Um sempre irá amar mais que o outro. Um sempre irá pensar mais que o outro. Um sempre sentirá tudo aquilo que outro alguém nunca nem sequer pensou em sentir. E o ciclo será sempre esse. Tu amarás demais ou de menos. Outro alguém te amará demais ou de menos. E nunca será recíproco. Essa merda de amor nunca é recíproco. Ninguém nunca fará nada daquilo que fazes por tal pessoa. E, um dia, você não fará nada daquilo que tal pessoa faria e fará por você. E, quando fazem, e quando é recíproco, as partidas caem de encontro com nossas vidas mais rápido do que as chegadas e as formas de como o amor dentro de nós cresceu e nos deixou envolver tanto assim por essa coberta de sentimentos que nada de bom tem em trazer para nós.
Mas não mendigue o amor. Não se sinta forçado em fazer tal pessoa te amar. Não force mensagens, canções, poesias e atenções. Não. O amor não é um esforço. O amor é simples. Calmo. Temporário, mas calmo. E muito, mas muito simples, como já disse. Se alguém te ama, tudo será simples e intenso e tão prático quanto um "Quero te ver" e a resposta de "Estou indo. Logo chego. Prepara meu lado da cama". O amor é isso. Fazer piadas ruins e a pessoa rir com você e para você e te beijar logo em seguida dizendo que tua companhia é a melhor coisa do mundo. Poesias são transformadas e escritas assim. O blues vem logo em seguida, quando a piada ruim é feita do esquecimento de teu amor. Quando teu amor parte e ele vira essa piada ruim sem explicação nenhuma. E tu nunca achas graça. E nem deveria achar. O amor é simples. Cansativo. Mas bem simples. Nunca se esqueçam disso. O amor é como essa carta que escrevi em apenas 12 minutos. Bem simples, mas que ninguém vai entender. O lado bom disso tudo é amar e passar minhas mãos pelo corpo mais lindo em que vi nos últimos tempos e deixar ao final de minha carta que esse é o blues mais bem tocado que tive o prazer de tocar até a última nota musical de teus cabelos. E tua boca é a droga mais bem consumida que nunca me cansaria de usar. E quer saber de uma coisa, meu bem, teu sorriso e teu olhar me levariam a perdição, se tu permitisse, e te pediria em casamento agora mesmo, mas quem não permite isso sou eu mesmo e esse medo constante de que tudo acaba, tudo parte, tudo some, tudo evapora. E, no fim, viramos uma piada ruim que ninguém nem lembra como se é contada. O amor em minha vida é essa piada de mau gosto contada por mim mesmo. E as coisas que deixei em tua casa, bem, tu podes queimar agora. Nada tem a nos dizer. Inclusive meus sentimentos. Se lembra deles? Aqueles sentimentos de verdade? Soa arrogante dizer que ninguém, TALVEZ, sentirá eles por ti? Bem, não me importo. Minha arrogância me priva de ser tudo aquilo que não sou. Mas, lembre-se, querida, se eu te amei, se eu passei muitas horas ou poucos minutos ao teu lado e sorri por todo este tempo, eu te amei de verdade, e esse sentimento, quando partido, é difícil de ser sentido de novo pelo mesmo coração.

O telefone toca. Era o amor me pedindo para encontra-lo. Disse que estava com saudades. Que queria me ver. Todas essas besteiras e propostas de quem um dia irá embora da minha vida. Pensei por alguns segundos. Seria uma boa escolha levantar de minha cama e ir encontrar algo que partirá de mim em breve?

- Vem me ver, estou com saudades.
- Chego em alguns minutos.

O amor é simples, baby, o amor é simples. Tão simples quanto uma depressão acumulada por anos.