segunda-feira, 26 de junho de 2017

Bom mesmo era antigamente...

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Bom mesmo era antigamente, quando as únicas feridas que cicatrizavam eram os ralados nos joelhos. Quando os sorrisos não eram forçados. Quando os abraços eram merecidos. Quando os olhares eram sinceros. Bom mesmo era antigamente, quando os beijos eram inesquecíveis. Quando as amizades eram eternas. Quando as rosas da morte floresciam apenas nos desenhos animados. Quando as lágrimas eram passageiras. Bom mesmo era antigamente, quando eu não tinha que lembrar de esquecer. Quando meus braços eram fortes. Quando minhas pernas aguentavam correr por horas e horas. Quando me afundava em chocolate em pó ao invés da cerveja gelada. Quando não precisava de uma dose qualquer ou uma tragada forte em uma de minhas besteiras quaisquer para aquecer um amor triste dentro de ti. Bom mesmo era antigamente, quando eu sentia ciúmes apenas de meus brinquedos. Quando minha mãe me entregava o mais caloroso 'boa noite' e abraço apertado e dizia que tudo iria ficar bem. Quando o único laço existente com alguém era apenas esse. Quando o choro contido era cuspido por lágrimas e não por tais palavras. Bom mesmo era antigamente, quando eu tinha a comida quente e bem temperada me esperando na mesa de casa e não as comidas pouco temperadas de botecos em que vivo hoje em dia. Bom mesmo era antigamente, quando mal existia internet. Quando as pessoas realmente se olhavam. Se sentiam. Se amavam. Quando as pessoas realmente conversavam e sabiam de suas existências. Quando as pessoas se entendiam. Quando a gente passava muito mais além do que apenas pessoas felizes atrás de uma fotografia em meio a um aplicativo. Quando as pessoas se esbarravam e pediam desculpas. Quando as pessoas entregavam sorrisos sinceros para as outras sem estarem olhando para baixo em uma tela de celular. Bom mesmo era antigamente, quando as pessoas saiam de casa para sentirem o sol bater em suas vidas e não apenas para tirarem fotos com legendas bonitas. Quando as pessoas não queriam ser tão melhores que as outras em meio a uma rede social. Quando as pessoas enxergavam o mendigo que sorria para elas e sorriam de volta. Um sorriso sincero salva vidas. Muda vidas. Molda mais e mais sorrisos. Bom mesmo era antigamente, quando as pessoas viam músicos e artistas e poetas em meio á multidões e entregavam uma moeda, um sorriso, uma flor, um abraço e não apenas o desprezo por, mais uma vez, não largarem o celular. Bom mesmo era antigamente...que eu acreditava ser feliz. Sem nunca ser.

Diálogo 1: - Eu não sei ficar só!

Mais de um ano sem escrever e noto que não sei fazer isso. Nunca soube. Nunca fui um bom escritor nem nunca cheguei perto disso. Acredito que não posso nem me considerar um escritor. Colocaremos assim então: Péssimo escritor barato de balcão de boteco.
Bêbado solitário que não sabe o que quer. Aquele que não sabe amar. Aquele que não sabe lidar. Aquele que mal sustenta teus pensamentos e sentimentos. E quantas vezes me senti perdido nesses 12 meses que se passaram? E quantas vezes deixei de gostar de mim mesmo? E quantas vezes pensei em colocar todas as minhas palavras para fora, mas sempre pensei "Deixa pra depois. Deixa pra mais tarde"?
E todas aquelas pessoas felizes com seus sorrisos amarelados escondidas  dentro de tudo que elas nunca puderam ser. Amotinadas em suas rotinas nada passageiras esperando por algo que elas nunca terão, mas elas são felizes no fim de tudo e eu as invejo aqui de longe. Daqui do meu casulo. E bebo um belo gole de cerveja enquanto penso que um dia serei tão feliz quanto todas elas. Em uma boa e velha e gostosa rotina que sempre fez tão bem para mim. E um dia pensarei "Não preciso mais me afastar de todas essas pessoas que um dia me fizeram ser essa pessoa tão infeliz". E, talvez, eu me torne o que elas são. Ou, talvez, continuo escrevendo minhas poesias tão infeliz como sempre fui. Felicidade é algo que ninguém nunca soube suportar. O amor é algo que todos nós fingimos suportar. E todo mundo finge que se importa.

Diálogo 2: - E todo recomeço tem um preço que eu não posso pagar!

Há meses não escrevo nada e percebi que a vida é como poesia. Ela sempre acaba, mas antes disso, ela vem linda, com um golpe de histeria, amargor, beleza, agonia, desespero, vez ou outra paixão, muitas vezes amor e por fim, ela acaba. Que a minha vida seja como a mais bela poesia escrita pelo melhor escritor. Silenciosa, apaixonante, atrativa. Que lhe tire o ar. Que lhe mostre o caminho quando não saibas mais de nada e que o fim seja surpreendente, calmo e feliz como muitos esperam. Que tu venhas até a mim quando não souberes mais para onde ir e que me bebas como a tua dose preferida.
E essa vida que passa num piscar de olhos, nesse mundo onde ninguém mais enxerga? Onde ninguém mais se fala. Onde ninguém mais se ama. Onde está a saudade das cosias boas? Onde está o medo da morte de pessoas próximas? Onde está a verdadeira paixão por nós mesmos que vá muito mais além do dinheiro?
Tenho medo da morte. Um dia a cumprimentei como uma velha amiga e já até bebi uns bons drinques ao seu lado. Hoje não abro a porta para ela. Pelos meus pais, meus amigos, meus amores. E talvez, por mim.

Diálogo 3: Cadê o mais belo e forte abraço quente nessa noite fria?