terça-feira, 23 de março de 2021

Do outro lado da janela, a nossa dança é triste


enquanto fumo
e penso
e repenso
e fumo
e em ti penso
e repenso
fumando
tragando
bebendo
engolindo
me sentindo bem por um momento
e pensando em poesias
poemas e
os pássaros pequenos 
passando pela minha janela
escrevi esse poema
pequeno poema
que eu chamo de poesia
aliás,
porque está tudo errado
sem ponto final
sem parágrafo e letras maiúsculas 
porque aqui dentro
está tudo pequenininho
menos o sentimento
que está por um triz
mas está bem grandão
como o meu pensamento por ti
que soa bobo
mas é real
bem real
tal qual a fumaça que inalo
e exalo
olhando as flores caírem
das grandes árvores 
pela janela do meu quarto

Pensei em ti, mais uma vez.

e bebendo
e bebendo
e fumando
vem outro poema pensante
sem nenhuma delicadeza
e com a mesmice de sentimentos melancólicos 
- um tanto quanto bonito, por sinal -
escrito e jogados ao vento.
A gente não se importa.
Coloquei pontos em um poema
que eu trato, mais uma vez
como poesia
sem me importar com o português correto
porque aqui dentro,
meu bem,
está tudo
tudo
tudo errado.
E eu não me importo em fazer papel de bobo
bobo mesmo é quem não se entrega
quem não exagera
quem não se altera
e nem se embebeda 
e sai falando merda que sente
e pensa
sem ofender
e sem se exaltar
sendo tu mesmo apenas com
sentimentos lindos que soam
tão bobos e clichês demais para a sociedade
Qual o problema em exagerar?
Qual o problema em demonstrar sentimentos?
Estou te mostrando meus sentimentos mais bonitos
através de uma carta
sem sentido
toda escrita a mão
da forma mais errada
para te mostrar
de forma clara,
que até o errado pode ser bonito.
Da nossa forma.
Da tua forma.
Um erro que a gente não tenha que pedir desculpas
para outro alguém
são erros importantes
e que nos fazem crescer
e que, muitas vezes
não fazem mal para ninguém.

- Eu gosto de você! Eu quero você!
- Não me importa.
- Tudo bem, meu bem.
- Estou cagando para teus sentimentos.

São erros normais
de pessoas normais
em dias normais
com sentimentos nada iguais
que não fazem bem para ninguém
nem mal
machuca
de certa forma, todas as formas de amar
em alguma forma
te machucam
e a minha forma de escrever sobre as coisas é esta
e eu não me importo
mudanças são constantes
eu escrevo em um momento de insana lucidez 
embriagado
entediado
ansioso
e desesperado por algum tipo de ajuda
muitas vezes, não leio nada do que escrevo
e isso me faz bem
porque, quase todas as vezes
eu mudei meus sentimentos e opiniões e momentos
no dia seguinte que escrevi
tais cartas
alguns sentimentos e situações ainda ficam
como a forma de eu te querer
todos os dias
e todas as noites
não como, apenas, algo carnal
mas por eu querer VOCÊ em mim
tal qual eu quero o fim dessa minha carta.
Infelizmente,
essa é uma daquelas cartas em que não posso queimar

Lembrei de ti, outra vez mais.

Talvez,
eu esteja apaixonado de fato
e...
oh...
espere um momento.

- Sonhei com você, meu bem.
- Sério? O que?
- Não me lembro bem.
- O mundo está um caos real, não é meu bem?
- Sim, querida. Está. Sempre esteve.
- E o teu coração também?
- Sim, querida. Está. Sempre esteve.

Oh, claro.
Fui dar um gole ou outro na cerveja.
Me perdi por ai.
Darei uns tragos.
Outra cerveja, talvez.
Ah, claro, preciso terminar esta carta.
Me perdi.
Mais uma vez.
Eu sempre me perco.
De mim mesmo.
Muitas vezes, me perco pensando em você.
E te querendo.
E então, escrevo um poema aqui.
Uma poesia ali.
Entre uma música e outra.
Bebida vai.
Bebida vem.
Os tragos esquentam meus pensamentos.
E esvaziam meu coração de algo que já está vazio.
Outras vezes mais, sinto o coração quente.
Acelerado.
Desesperado.
Conturbado.
E eu coloco a mão sob meu peito.
Fecho os olhos.
E peço para ele se acalmar.
Muitas vezes, isso acontece quando eu lembro do teu nome.
Essa droga que eu batizei com teu nome.
Que, muitas vezes, me entorpece.
Outras vezes, me desaparece.
E eu acabo nem sabendo mais que sou.
Mas sorrindo.
De coração aberto.
Sem o pesar.
Sem lembrar que já estive no mais profundo abismo por causa do amor.
Sem chorar por ter me afogado no cais dos sentimentos.
Sem dor.
Nem sofrimento.
Só ansiedade.
E medo.
Por não saber como CARALHOS terminar a merda de mais uma carta.

- VOU COMPRAR MAIS CERVEJA, QUERIDA. ACHO QUE ME APAIXONEI!!!
- OH SIM...ok!