quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Lá estava eu, do alto dos meus vinte e sete, perdendo totalmente o controle, de novo.

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Já pensaste que temos um lado negro que é só nosso? Sempre existe um lado negro só nosso, mas e quando tememos ver o lado negro dos outros? E quando tememos ver o lado negro de quem amamos? Eu tenho um lado negro só meu e nunca quero, de fato, encontrar o teu. Não agora. Não hoje. Teu lado doce já me assusta por demais e perco totalmente o controle de tudo que faço, penso, sinto e vivo. E isso é aterrorizador!
Perco tanto o controle que já não sei mais a quantidade de coisas que escrevi. E tudo se torna tão, mas tão repetitivo. Muito repetitivo. E esse desgaste é mental, é físico, é carnal. É na alma. E eu nunca acreditei em almas. Mas o universo está me levando a acreditar que tudo, exatamente tudo, é possível. E isso me assusta mais ainda. Em que esquina encontro teus lábios novamente? Em que quarto virás me visitar? Em que porta irá bater para me salvar de um passado que eu não quero lembrar e viver um futuro que eu não quero sonhar? Em qual parte do meu peito irá adentrar e aquecer o peito de quem já não sabe mais o que sentir? Quando irás aquecer o coração de quem não sabe mais o que quer ou que esqueceu como se ama? A pergunta principal é...QUEM irá me salvar, de fato?
Me perdi.
E sinto. Sinto muito. Sinto demais. E só sinto.
E as pessoas insistem em olhar para mim e dizer que sou frio. E poucas me conhecem o suficiente para dizerem que sinto demais, sinto muito, sinto apertadamente algo dentro do peito para não conseguir gritar alto o suficiente que estou sentindo demais. Faz algum sentido? Não. E eu não quero que faça. E a cerveja que desce pela minha garganta me mostra alguma razão para eu estar verdadeiramente vivo.
E, confesso, de todo meu coração, que essa será uma das cartas mais ruins que irei escrever. E isso também não importa, porque ninguém se importa. E as pessoas que se importam dirão exatamente a mesma coisa de sempre na tentativa de que algo bom saia de mim. E eu só entrego um sorriso contido como de quem diz "É você que irá me salvar?". Será que as pessoas que leem as minhas cartas enxergam cada pedido de socorro contido aqui? Será que as pessoas pensam mesmo que sou esse escritor "bom" que elas dizem? Será pena? Dó? Ou será apenas que me enxergam como "uma merda escrita qualquer"? Não faço questão de entender ou de saber. Faço questão apenas que leiam as coisas que escrevo e entendam exatamente cada palavra do que quis cuspir. E que, quando eu me for, e um dia irei, eu tenha feito algo de bom por elas e para elas. Que não me olhem como uma pessoa a mais que se foi. E que se lembrem de mim por tudo de bom que fiz e escrevi. E se um dia te salvei, seja lá de que forma, que se lembre de mim como algo bom que passou por ti. E se um dia abrires um sorriso ao lembrar do meu nome, se é que lembrarás, que esse sorriso sincero permaneça em ti, por mais que eu nunca saiba o motivo. Confio em ti.
E se um dia te fiz algum mal, seja lá como tenha sido, que me perdoe. Eu também sou humano!

Diálogo 1:
- Me corrói as entranhas cogitar a hipótese de que talvez jamais tenha, de fato, existido aquilo que tenho procurado.
- E o que tens procurado?
- Você.

As verdades mudam. As pessoas mudam. O mundo muda. E o meu sentimento e forma de lidar perante o amor continua o mesmo. Não sei enfrentar. E ele me bate. Me surra. Me espanca. Despedaça tudo que tem dentro de mim. E eu não ligo. Romances são assim. Correr riscos. Riscos que nunca me dei a liberdade de correr e esses riscos sempre batem a minha porta e eu os ignoro. Quando me dou conta, estou em apuros. Apuros de algo que sempre, sempre, e sempre fugi. Isso me perturba. Crio formas e cores e sons e diálogos e momentos e romances em minha cabeça. Crio expectativas. Abraços. Beijos. Falas. Circunstâncias. E sempre caio na mesma mentira absurda de que um romance é algo bom. E sempre caio na mesma mentira deslavada de que um romance irá me salvar. E eu sempre me encontro no fundo do maior poço escuro em que um ser vivente pode se encontrar quando vejo que é tarde demais. E não posso ser salvo. Não é viver que machucar. Amar é o que mais machuca. Viver é muito fácil. Mas é o amor que vem e deixa a gente totalmente burros. Amar emburrece. E isso é fato. Estudado. Científico. Comprovado. Todo ser apaixonado é o mais burro que existe. Ele não pensa, só age. Ele não vive, só suspira. E pensa. Pensa. Pensa. Pensante. Sozinho. Sozinho. Pensando. Amar machuca. Não entregue o seu amor para quem não sabe amar. E se entregares, saiba sempre o quão machucado e quebrado essa pessoa está ou esteve, são as falhas que nos fazem ser quem somos. São as falhas que falam por nós. E se tu nunca falhou perante ao amor, meus parabéns, você é um ser feliz - e eu mal acredito em felicidade, só em alegria. Faz algum sentindo as pessoas se sentirem cativadas pelas coisas que escrevo? Faz algum sentido as pessoas se identificarem com as minhas agonias? Isso é triste demais até para um escritor que ama demais e não sabe como por um ponto final nas coisas. Só interrogações e exclamações e vírgulas e vírgulas e reticências. E o ponto final? Um único ponto final...eu entrego a ti. É teu. Toma. Faz o que quiseres.

Diálogo 2:
- Será que existe algo mais emocional do que optar por ser racional, por medo de errar novamente?
- E o teu romance?
- Interrogações. Exclamações. Vírgulas. E apenas um ponto final. Apenas um.

Me sinto humano quando erro. Me sinto burro quando penso que o toque dos meus lábios nos teus foram um engano. Me sinto humano quando erro um caminho. Me sinto burro quando penso que não deveria ter respondido tuas mensagens. Me sinto humano quando caio, ralo o joelho e sinto dor. Me sinto burro quando lembro que tua voz me destrói. Me sinto humano quando bebo demais e faço merda. Me sinto burro quando estive sóbrio e pensei demais em ti e fui atrás e cogitei a esperança de que existisse um futuro para nós. Me sinto humano quando estou doente, tomo remédios e me curo. Me sinto burro quando meu peito pulsa forte ao lembrar teu nome. Me sinto humano quando ultrapasso o farol vermelho e fico com medo de tomar uma multa. Me sinto burro quando lembro que me entreguei aos teus abraços. Me sinto humano quando meu time perde numa final de campeonato. Me sinto burro quando as pessoas falam sobre ti e eu sinto vontade de dar um sorriso de canto dos lábios. Me sinto humano quando bato o dedinho na quina da cama. Me sinto burro quando lembro das coisas que tu gosta e vejo e quero levar até ti, como forma de afeto. Me sinto humano quando amo demais. Me sinto burro quando penso demais em ti. Me sinto humano quando meus pulmões não puxam ar o suficiente ao lembrar que ainda sei o que é amar. Me sinto burro quando lembro de um gesto teu ou um olhar antes do melhor beijo que demos em nossas vidas. Faz algum sentido?

ME SINTO HUMANO! E BURRO! E AMANDO! E EM PEDAÇOS!!!

Diálogo 3:
- Nossa. Esse é o pior texto que já escreveu.
- Eu sei, querida. Eu sei. Mas é sincero.
- De que adianta tanta sinceridade se ninguém irá ligar para tudo isso?
- Não sei, querida. Não sei. Não importa. Estou mais leve.
- Ninguém irá juntar teus pedaços, querido. Nunca.
- Eu sei, querida. Eu sei.

O amor é uma libélula que pousa na nossa janela pouquíssimas vezes.

terça-feira, 30 de outubro de 2018

O que eu aprendi com o amor? Palavrões novos.

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E quais são as coisas que tu pensas quando alguém te diz "...antes que seja tarde"?
E quais oportunidades perdeu por pensar demais?
E quais pessoas deixou para trás por não saber o que queria?
E se aquela pessoa fosse o teu último romance?
Antes que seja tarde, ame. Viva. Sonhe. Acredite. Lute. Relute. Refute. E ame. Ou deixe-o ir. Esqueça de acreditar, esqueça de sonhar. Deixe o amor escorrer por teus dedos e teu romance te dizer um belo e curto Adeus. Se não tens forças para lutar, deixe o seu romance ir embora. Ou, simplesmente, nem abra a porta para que ele, um dia, entre. Mas, e se ele bater a tua porta? Em qual canto de casa irás se esconder por medo de sofrer? Por medo de errar? Por medo de falhar? Por medo de não ser o romance ideal - se é que esse lance de romance ideal existe.
A gente falha com o nosso romance. Procuramos tanto a pessoa ideal que o descartamos na primeira falha. E, de uma maneira ou de outra, somos trocados, esquecidos, guardados numa caixinha e jogados pela janela. E a gente continua banalizando o amor. Procurando romances perfeitos em cada esquina que passamos, sendo que, no final, ninguém mais sabe o que amar. Se é que um dia soubemos. E isso me entristece, me emburrece. Peço demissão para essa vida de romances. Peço carta branca para que eu encontre alguma paz que não seja nos braços de outro alguém. E que eu não sinta mais a vontade imensurável de ouvir uma voz sequer do outro lado da linha me dizendo que tudo irá acabar bem. Que as músicas românticas não façam mais sentido. Que os filmes bobos não me façam lacrimejar. Que os casais nas ruas não me façam sonhar com um casamento perfeito. Que o romance não me atinja. Não mais. Não agora. Não. E não.

Antes que seja tarde, me ame.
Antes que seja tarde, não me esqueça.
Antes que seja tarde, se entregue.
Antes que seja tarde, acredite no que sinto.
Antes que seja tarde, não vá embora.
Antes que seja tarde, me abrace.
Antes que seja tarde, me olhe.
Antes que seja tarde, me beije.
Antes que seja tarde, não se vá, mais uma vez.
Antes que seja tarde, não jogue meu romance fora.
Antes que seja tarde, não me esqueça. Não. Não.

Diálogo 1:
- Sinto tanto tua falta, que, mal sobra espaço pra sentir outra coisa.

Cansei de ser acordes errados na vida de outro alguém. Estrondoso acorde que me atropela e grita cada vez mais alto "...faça algo, antes que seja tarde". E eu fiz, por mais absurdo que seja, eu fiz. Me entupo de cerveja e escrevo. Bebo. Bebo. Bebo. Escrevo e escrevo e escrevo. E isso se torna tão repetitivo que passo para minhas cartas. Mas, se eu não fizesse isso, talvez eu já não estaria mais por aqui. Talvez minha existência, em meio a essa vasta escuridão, já estivesse pulado no abismo em que me encontro. E, mais uma vez, minha visão míope me impede de enxergar qualquer coisa que se passe pela minha frente. Visão cansada. Visão exausta. Mente perdida. E tua voz pode me destruir. E teu olhar pode me matar. E eu me perco por cada palavra que escrevo, na esperança de que alguém estenda a mão e me salve. Escrevendo. Escrevendo. E sozinho. Bebendo. Pensando. Pensando. E pensante. E sozinho bebendo escrevendo algo pensante sobre um romance qualquer. E estou cansado. E quando digo cansado, não é no corpo, é a exaustão mental. Fraquejado. Surrado. Assim como o amor que sinto, maltratado, esquecido, sentido, jogado fora e quase se apagando. E quase ninguém, ou ninguém, se importa. Meia dúzia de gato pingado lê minhas palavras e falam as mesmas coisas de sempre "Ficou lindo", "Fantástico", "Escritor foda você é". E isso não supre a necessidade de um abraço que sinto em cada palavra que aqui cuspo. E nem de longe eu posso disfarçar essa vontade de acabar com a minha vida sempre que lembro na existência de sentimentos que não posso controlar. A Corda e o Convés. E eu estive lá. E eu estou a beira dele, mais uma vez. E poucos se importam. E poucos entendem. E muitos dizem "Ah, mas o amor não é lá grande coisa assim". Para mim, o amor, sempre foi tudo. Tudo e mais um pouco. Capaz de curar e adoecer. Sanar e suprir. Encher e esvaziar. Capaz de viver e matar. Quais são tuas escolhas para com o amor?
Muitos fingem saber a resposta, mas poucos sabem como lidar, realmente, com os romances que a vida nos entrega.

Diálogo 2:
- Eu sempre volto, mesmo quando a minha autoestima implora para que eu espere por um sinal teu. Teus sinais foram dados; nós é que falamos línguas diferentes quando o assunto é sentir e expressar.

Antes que seja tarde, não ame.
Antes que seja tarde, me esqueça.
Antes que seja tarde, não se entregue.
Antes que seja tarde, vá embora.
Antes que seja tarde, não me abrace.
Antes que seja tarde, não me olhe.
Antes que seja tarde, não me beije.
Antes que seja tarde, vá embora, mais uma vez.
Antes que seja tarde, jogue o teu romance fora.
Antes que seja tarde, me esqueça. Sim. Sim.

Qual o roteiro da sua vida que a minha vida deve seguir? Existem sentimentos e situações que já não cabem mais a mim. E prometi para mim mesmo que não lutarei mais por todas as coisas que sei que já perdi. E dói demais ser assim. E dói demais pensar assim. E dói demais desistir. Mas, é muito mais fácil desistir quando tu tens a certeza de que teu amor já não é suficiente para outro ser vivente. É muito fácil fechar os olhos quando eles já não são guia para um fio sequer de ternura. É muito fácil desistir quando o teu sorriso já não importa mais. E quando teu choro já não significa nada. É muito fácil desistir quando teus abraços já não querem dizer nada. E quando teus lábios já não são tão quentes quanto um dia foram. E é muito fácil desistir quando tua existência pode ser substituída por qualquer outra. Ninguém é insubstituível, porque comigo seria diferente? Porque com esse escritor de quinta categoria seria algo imensuravelmente do oposto? O que seria um poeta sem a dor? O que seria de um escritor sem sofrimento? E isso nunca fez sentido para mim até o dia em que me peguei escrevendo muitas cartas e jogando todas elas fora. Conseguem entender? Eu não. Se consegues, me explique. Se tens um pingo de amor por mim, não me abandone. Se não sentes nada, obrigado.
O que seria de tua vida se eu morresse hoje?

Diálogo 3:
- Seria essa, a vida que eu sempre procurei? Aí é que reside o cerne da questão. A vida que eu sempre procurei é, justamente, viver procurando. É eternamente cavar fundo até encontrar, em peito alheio, um coração parecido com o meu.


segunda-feira, 29 de outubro de 2018

...acredito tão piamente que sinto que acabo sentindo, quando na verdade nada sinto.

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Perdi a direção do roteiro da minha vida. Perdi o controle. E sinto. E sinto demais. E são sentimentos que batem como um estrondo alto e forte dentro do peito de alguém que já não sabe mais o que quer.
E saber o quanto dói sentir é o que me faz não querer pensar mais em nada. E dói demais sentimentos que não posso controlar. E dói demais pensamentos que não posso segurar em minhas mãos e tentar achar um caminho seguro para o convés que batizei, um dia, com teu nome. E me perdi. Perdi a bússola que estava em meu bolso com uma fotografia tua. E teu nome me machuca. E tua lembrança me espanta. E teu olhar continua tão claro dentro de mim como aquele farol no meio do oceano. E me perco. Me afundo cada vez mais. E esse navio de um tripulante só já não está tão forte assim para aguentar as ondas da vida. 
Me entreguei. Me entreguei para as ondas da vida. Deixei meu navio tão abandonado que tudo se estragou. Tudo se encontra num caos que já não posso mais controlar. Não posso juntar e remendar os cacos de cada canto desse navio porque já não tenho forças o suficiente para tal coisa. E nem quero ter. Não agora. Não. Agora não. E me confisco dentro de mim mesmo. E me entrego. Me entrego a ti. Me entrego ao mar. Me entrego a vida. E nada mais parece mudar quando um marinheiro de um destino só resolve se entregar e não lutar mais. E isso é triste. Marinheiros se perdem. E me perdi. E a vontade de me afundar junto com a âncora não sai de minha cabeça. E eu sinto. Continuo sentindo. O peito mais apertado que os nós nas cordas que um dia demos nas passagens da vida. E eu sinto. Sinto demais. E isso mostra o quanto estou vivo, ainda. Banalizei o amor e ele me entregou o pior dos castigos. E eu fico cego. E perco o foco. E bebo, bebo, bebo. E bebo. E nada mais parece importar. O vento bate lá fora tal qual o amor bate em minha porta, e eu insisto em deixar as janelas fechadas para nada mais que um sussurro entrar. Sussurro, talvez, que contenha teu nome. E nada mais parece importar. E eu me afundo. Só não quero levar mais ninguém comigo. É triste demais saber que estou afundando cada vez mais em cada minuto que passa, mais triste ainda é pensar que estou levando alguém comigo.

Diálogo 1: 
- Você vai morrer sozinho desse jeito.
- E quem não vai?

*Um trago. Um gole*

Passei a beber com mais frequência do que sempre costumei. Passei a dormir menos. Pensar cada vez mais. Me importar cada vez menos com o futuro, mas não porque eu quero, porque não consigo encontrar uma linha sequer de pensamento lógico que me leve para algum lugar que não tenha teu nome em um canto sequer. E o amor volta a ser e continua sendo aquilo que seguro entre meus dedos e que me bate e bate e machuca e me faz sangrar, e eu deixo. Apenas deixo. E observo. E suplico para que pare. E imploro para que pare de doer. De me fazer sentir e sofrer. E ele não para. E suas risadas ecoam tão alto dentro de meus ouvidos que chegam a ensurdecer muito mais do que quando escuto teu nome. Só o amor para me fazer voltar a escrever tanto. Só um soco no peito da vida para me fazer sentir essa vontade arrebatadora de não estar mais aqui. De não fazer parte de um todo. De não querer fazer parte de sociedade ou convívio nenhum. E eu lembro do teu nome. E suplico para que me encontre. Ao mesmo tempo, para que permaneça onde estas. E minhas lembranças e pensamentos são tão incríveis quanto sorrisos de crianças. Infelizmente, eu só queria que meu navio afundasse de uma vez por todas. Rápido. Indolor. Imperceptível. E que se esvaísse por toda a escuridão e caísse num esquecimento sem fim. 
Esqueci como se escreve. Esqueci como se conduz as palavras. E, apenas, deixo elas falarem por mim. Parece mentira, né? Uma poesia, um poema, um texto, uma carta, essas coisas parecem que foram elaboradas por dias antes de serem escritas, e alguns escritores realmente fazem isso, mas muitos não. Muitos só deixam os dedos falarem por si mesmos. E eu sou desses. E não disfarço minha dor. E não tenho medo de mostrar minhas cartadas erradas. E é um erro que conduz o outro. E já não me importo. E sentir demais já não tem tanta importância para mim. 
Não siga os passos meus. Sou tão perdido quanto um marinheiro em alto mar sem a bússola que continha o nome de alguém.

*Outro trago. Outro gole*

Diálogo 2: 
- Você cresceu em mim como um tumor.
- E isso é ruim?
- Um dia irás me matar.

Nunca bebi tanto para me acostumar com a ausência de alguém. E bebo. E bebo. E escrevo. E bebo. E estive entre a corda e o convés. E algo me salvou. Um estalo. Um pensamento. Um sorriso. E me acovardei. Não deixei esse mundo. Não ainda. Não agora. Vou adiando. E adiando. E adiando. E, quem sabe, um dia fico mais tranquilo para continuar a navegar por ai. E, quem sabe, não encontro aquele farol tão perdido quanto eu num mar qualquer. E, quem sabe, eu não volte a amar muito mais do que um dia amei. E, quem sabe ainda, eu não ame mais ninguém. Sentir demais machuca. Lembrar demais dói. Tentar esquecer apavora. E escrever cartas com teu nome sublinhado em cada linha é um tormento. E eu bebo. E bebo. E bebo. E finjo esquecer. E penso em ir embora. E penso em desistir. Olho para o lado e não te vejo aqui. E escrevo novamente. Em uma semana, escrevi mais de 100 cartas, todas com teu nome, todas eu joguei fora. Todas eu fingi esquecer. E o vazio me consome. Me consome como essa droga que batizei com teu nome. Olhares distantes. Sorrisos forçados. Abraços contidos. Lágrimas a margem de um olhar que já não te enxerga mais. E eu escrevo. Talvez, um dia, uma hora, uma data, eu escreva alguma coisa boa em que as pessoas olhem e falem "Você me salvou". E, talvez, eu acredite e me importe com isso. Eu escrevo e não consigo salvar nem a mim mesmo, quem dirá outro alguém. Quem amas sabe o quanto dói. Quem sente sabe o quanto emburrece. Quem finge esquecer sabe o quanto é em vão. Quem aprende da pior forma sabe o quão infelizes vivemos. E teu afeto já não tenho mais. E tuas lembranças me cobrem de algo tão pavoroso que deito e penso "Tudo irá ficar bem. Tudo se apaga. Tudo acaba". E "Calma. Calma.Calma". Ando pelos cantos da casa e não te vejo. Ando pelos sete cantos do mundo e não te encontro. Não mais. Tão distante. Tão longe. E sempre te procuro. E quando te encontro, me machuco um pouco mais. E o peito aperta. E a lágrima escorre. Esqueci como se escreve. E eu finjo não sentir. E eu finjo não acreditar no que bate aqui dentro de mim. E o peito explode de ansiedade e sentimento. E teu olhar imenso aparece em cada pesadelo que insisto em ter. E é esse olhar que afunda meu navio cada vez mais. 

*Último trago. Último gole*

Diálogo 3:
- Tu não me ouves mais, na ilusão de que o silêncio vá me remover de ti.
- Diga que vens me visitar?
- Para quê?
- Só você pode juntar cada pedaço de mim que eu mesmo quebrei. Só você.

terça-feira, 23 de outubro de 2018

...violento surto de felicidade causado pelo simples vislumbre do teu rosto.

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E eu nunca fui daqueles que fazem sentido. Nunca fiz questão de ser. Talvez tais palavras minhas nunca façam sentido. E também nunca fiz questão que fizessem algum sentido, por mais que eu cuspa e chore e vomite e grite e fale palavras que, para mim, tenham algum sentido ou apenas um grito desesperado de socorro, ninguém nunca entende. E os que entendem, só lembram das palavras bonitas que em cartas escrevo e depois, simplesmente, esquecem.
Tudo tão quebrado. Tudo tão sem sentido. Canções de amor não me atraem mais. Filmes românticos nunca fizeram sentido. E essa carta é tudo que tenho para dar. Um pedido de socorro. Um grito contido. E as pessoas que lerão tais palavras irão dizer as mesmas coisas de sempre, lembrarão apenas das palavras bonitas e esquecerão do meu pedido gritante de socorro. E eu sorrirei. Sorrirei por dentro. E elas dirão "Você tem um dom incrível com as palavras" e eu sorrirei e pensarei "Foda-se". E o que isso tem a ver com o amor? Absolutamente nada.
Ou melhor...
Absolutamente tudo. 
Eu nunca soube amar. E as pessoas nunca sabem quando ouvir o meu pedido de socorro. E quando elas ouvem, já é tarde demais. E quando eu aprendo a amar. Já é tarde demais. Faz algum sentido?
Meu lugar não é aqui. Eu ando no escuro do meu quarto sem rumo nenhum. Pra lá e pra cá. E continuo com essa sensação de que nada me destrói aqui dentro. Absolutamente nada. Tenho a companhia de um pequeno cachorro que tanto dorme. O abraço de uma cerveja gelada. E nada mais importa. O choro está ali, contido, apertado. Peito aberto e gritante. Leio poemas, escrevo poemas, releio poesias, escrevo poesias. Jogo tudo fora. E o choro permanece. Eu o prendo. E nada mais importa.
Muitas vezes, sinto que a minha vida é uma estrada de duas vias em que nunca sei qual a direção certa a ser tomada. Sou uma alma inacabada. Escondi muitos sentimentos dentro do porão da minha alma e espero que ninguém nunca encontre. Queria ser um viajante. Queria ir para bem longe. Bem longe daqui. Bem longe de mim. Ou apenas dormir por uns 5, 10 anos, direto. Sem pausa. Sem interrupções. E continuar sentindo que sou apenas essa brisa passageira pela manhã que as pessoas nunca enxergam. Como o amor. Exatamente como o amor. E a felicidade. Aquela brisa passageira pela manhã, ao final da madrugada.

Diálogo 1: - Acredite quando eu digo "Seja feliz".

Anos se passaram desde que publiquei palavras minhas e acreditava ser grande coisa. Não senti nenhum amadurecimento nas coisas que escrevo. Sempre o mesmo roteiro. Sempre o mesmo trajeto. Sempre a mesma angustia contida dentro de um peito que não sabe mais o que quer. E que ama. E que sente raiva. E que chora feito criança. E que se desespera com um simples esquecimento. E que clama para que não seja MESMO essa brisa passageira pela manhã. E que não sabe o que quer. E que se sente perdido o tempo todo. 
Perdi o rumo da coisa toda. Desculpe!
Já não peço desculpas pelas coisas que sinto. Pelas coisas que penso. Por quem quero ser ou deixei de ser. Não peço desculpas por coisas que não fiz. Que deixei de fazer, por medo, tristeza ou felicidade demais. Por amar ou por deixar de amar.
Me perdi, mais uma vez, tomando um belo gole de cerveja.
Deixa eu contar um segredo para você que está lendo minhas palavras, vamos lá!
Nada, absolutamente NADA do que escrevo é pensado tempos e tempos antes, tudo é cuspido. Eu apago a luz, e bebo, bebo, bebo, deixo a tela branca do meu computador tomar conta dos meus olhos e escrevo e cuspo e vomito e bebo, bebo, bebo e não leio nunca mais tais coisas. E bebo. Bebo. E as pessoas comentam. Falam. Citam partes. Elogiam. E eu não leio. Apenas escrevo. Não corrijo. Não vejo mais nada de tais palavras. E assim se torna algo grande - para os outros. Não para mim. Para mim foi apenas cuspido. E as pessoas voltam a falar "Você tem um dom incrível com as palavras" e eu não me importo. Passei mais de um ano sem escrever, e não me importo. E já se importaram. E, quando voltei a escrever, as pessoas falaram "Porra, meu sonho era ler tuas coisas de novo e me sentir bem" e não me importo. 
Será que serei salvo algum dia?

Diálogo 2: - Liga para ela. Liga!

E o que "...violento surto de felicidade causado pelo simples vislumbre do teu rosto" tem a ver com tudo isso?
Absolutamente nada também. Não quero que faça sentido. Assim como o amor nunca fez. E a felicidade nunca fez tanto sentido assim também. Porque eu deveria continuar escrevendo sendo que minhas palavras nunca são palavras felizes?
Porque eu deveria continuar soltando minhas cartas sendo que as pessoas se identificam e lembram apenas das partes que machucam verdadeiramente dentro de um peito que já não cabe mais nada? Sabem o quão insatisfatório é acreditar que meus sentimentos são os mesmos de outras pessoas que não sabem como colocar tais coisas para fora? Isso me machuca muito mais do que um "Eu não te amo mais" e, TALVEZ, isso seja verdade. Ser esquecido machuca demais também. Sentir tais coisas machucam de um jeito que nunca saberemos explicar. Qual a força de um abraço? Qual a força de um beijo? Qual a importância de teus lábios colados nos meus? 
Deixa. Deixa o amor de lado. Talvez eu morra sozinho como um dia disseram, mas qual o ser vivente que não morrerá, não é mesmo?
O lado bom é que não terei um choro de amor ao meu lado quando eu der o último suspiro. Isso talvez seja reconfortante. Tudo isso lhe fez algum sentido? Se fez...me ajude a entender.

Diálogo 3: 
- O problema é que já não vivo mais sem essa morfina que batizei com o teu nome!
- E se tu soubesses como machuca, não amaria mais ninguém.


quarta-feira, 10 de outubro de 2018

...e se leres essas palavras, queime-as.

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Não escrevo há mais de um ano. Nada como continuar fadado ao fracasso. E já não me importo. Acho que nunca me importei. Continuo lendo meus livros, minhas poesias, minhas tristezas. Só não cuspo nada mais disso. Nunca mais escrevi. Não lembro a última vez em que senti vontade. Não me importo também.
Continuo bebendo minhas cervejas. Sustentando minhas paranoias. Criando sonhos dentro de uma mente em que já não lembra muito sobre o sonhar. Continuo amando. Vestindo as velhas camisetas. Tendo todos os problemas. Deixando minha mente acreditar que amanhã talvez seja o fim de algo que nem começou. E atravesso outra cerveja por minha garganta.
Estou alto. E não me importo. Estou bêbado. E continuo escrevendo. E sozinho. E não me importo. E não lerei nada do que aqui conterá. Pouco ainda me importo. Deixa meus dedos lançarem mais um conto perdido que minha mente insiste em borbulhar por minhas entranhas. Nem lembro mais como se escreve tais palavras, mas sempre as sinto. Nunca deixei de sentir tais palavras que sempre soam como desespero para mim. E o grito contido dentro desse peito apertado está cada vez mais devastador. A mente chora. O coração sangra. O estômago vibra. A vida me bate. E eu já não me importo.
Mais um gole.
Cerveja qualquer. Corpo qualquer. Quarto vazio. Vontade de chorar. Meu cachorro passando pelas minhas pernas, sinto as cócegas, mas o peito fala mais alto. Desespero. Ansiedade. Tristeza. E não me importo. Tudo se passou. Muita coisa mudou. Muita gente se foi. Muita coisa se revirou. E meu quarto continua tão bagunçado quanto meu coração. Quanto minha vida. Pedaços de cartas rasgadas por todos os meus arquivos. Garrafas vazias pelos cantos. Ventilador de teto faz seu barulho e já não me enxergo no espelho. Não sei se deveria estar escrevendo, exatamente, essas palavras. Essas coisas. Esses sentimentos tristes de quem já mal sabe escrever. Esqueci como se faz. Mas sei tudo que devo sentir nesse exato momento, e isso pesa demais sobre meus ombros. O mundo já é pesado demais. O fardo é insustentável demais. Eu que sempre fui aquele menino que queria mudar o mundo e um dia chegou a acreditar nas pessoas, hoje já não quer mais sair desse quarto completamente bagunçado. Que o barulho da chuva me traga boas lembranças. E que o mundo me traga boa sorte e conspire ao meu favor pelo menos um pouco, gostaria de dar alguns sorrisos sinceros.

Vamos falar de amor? Que tal tentar lembrar o que sempre pensei sobre o amor?
Já não me importo. Talvez. Não sei. Não importa. Para mim. Para ti. Para eles.
Ainda sinto o gosto dos teus lábios passando nos meus. Ainda sinto o abraço quente de como quem diz para ficar. Ainda ouço as palavras de que tudo irá ficar bem. Ainda vejo os olhos grandes como de quem me chamasse. Me chamasse para algo que nem sei o que é. E não me importo. Não me importo com o amor. Não me importo com meu quarto bagunçado. Não me importo em quem lerá tais palavras ou o que pensarão. Não me importo se desaprendi a escrever - se é que um dia eu soube. Não me importo de me sentir doente ou sozinho ou triste ou amando incondicionalmente. Não sei gostar pouco. Não sei o meio termo. Eu gosto ou não gosto. Eu amo muito ou não amo nada. Estou cansado. Nada importa.

Ou talvez eu só finja que não importa.
E você finge se importar.
Quem sabe começamos a acreditar em algo.


O que essa carta quer dizer afinal?


Nada.

Diálogo 1: - Tudo vai ficar bem!
Diálogo 2: - Eu finjo que acredito no que dizem sobre o amor. E sobre a vida.