quarta-feira, 24 de abril de 2019

Tu me entregou depressão e esboços de sorrisos em papéis baratos de presentes - recebi tudo de coração aberto.

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Saltei da cama. E gritei:

- ISSO TUDO ESTÁ ME MATANDO!!!
- O que está te matando, querido?
- Minha depressão já não é mais a mesma. Estou sugando muito mais do que eu deveria suportar.
- Como assim, meu bem?
- O homem da esquina procurando comida no lixo. A mulher apanhando de um escroto no meio da rua. A jovem tendo sua bolsa roubada e o taxista olhando de longe e dando risada. O homem negro que tomou tiros esta tarde e nem sabe o porque. A madame rica reclamando do pequeno arranhão em seu carro. O jovem milionário esbofeteando o caixa porque teu lanche veio frio. O mundo, querida. O mundo, porra. O mundo está todo errado. MAS QUE PORRA!
- E porque você acha que isso é assim desde hoje?
- Não, eu não acho. Isso me mata há tanto tempo que já nem trago para dentro do peito, mas eu choro. Dia após dia, eu derramo lágrimas de sangue pelo mundo que nos é vivido.
- Mas o que está te matando de fato?
- Essa falta constante que eu sinto de alguém. O mundo inteiro explodindo, tanta gente sofrendo por situações realmente importantes e relevantes, e eu sofrendo por ter perdido a droga do meu amor.
- Tu não perdeu o amor. O amor que se perdeu do seu caminho.
- Ninguém mais sabe amar, meu bem. Isso me mata.
- E tu sabes amar?
- Se soubesse não estaria escrevendo todas as minhas porcarias que ninguém se importa. Não estaria querendo acabar com minha própria vida sempre que acordo pela manhã. E não estaria pouco me fodendo para você nua em minha própria cama. Achas mesmo que sei amar?
- A verdadeira pergunta é: tu sabes ser amado?
- Que se foda, querida.

E eu te daria o mundo, mas tu não quis viver nele.
E eu te daria o tudo, mas tu queria tão pouco.
E eu te pedi para fechar a porta do meu quarto na hora de partir, tu não fechou porque sabes que sempre odiei essa tua mania.
E eu te pedi para ficar. Tu me pediu para parar de beber. E eu te pedi um cigarro. Você odiava cigarros. E eu te pedi para aumentar o som. Você odiava todas as minhas músicas. Te escrevi um poema. Tu odiava tudo que eu escrevia. E eu te pedi para não perder a sanidade. E você sempre enlouquecia do meu lado. Não no bom sentido. Não na cama entre quatro paredes. Mesmo o nosso sexo sempre sendo tão bom. Mas não digo isso em palavras minhas deste exato momento, mas digo em enlouquecer a mente por minhas loucuras que tu nunca soube lidar. E eu te pedi para me cuidar. Você quis se cuidar primeiro. E eu te pedi para não me esquecer. Você não lembrava direito nem do meu nome. Tu me pediu para te amar. E eu vacilei. Eu te pedi para me amar. Tu não quis me ouvir. Te pedi para esquecer aquela madrugada onde só fiz besteira. Você tem memória boa. Tu me pediu para esquecer que não me amava mais. Eu tenho um coração em péssimo estado que não se esquece de absolutamente nada. E eu quero te esquecer, porra, mas como me esquecer de você? O universo não me deixa. Cada esquina e beco que eu viro ou entre tem algo que me lembra de ti. E se eu deito e consigo dormir, sonho com você por querer te esquecer. E acordo pior do que quando me deitei. E permaneço pior do que o dia anterior. E vivo mais um dia tentando esquecer que um dia esteve em minha vida. E vou para o trabalho. E vou para a vida. E olho todas aquelas pessoas que nada tem para me dar. E olho para o mundo que muito me entrega. O bom e o ruim. O ótimo e o péssimo. E não te esqueço. Não consigo te esquecer. E finjo. Finjo muito bem. Finjo que tudo aqui dentro esta onde deveria estar. Tudo em seu lugar. Mas, porra, não está nada bem. Vou para um canto escuro respirar um ar que não tenha teu nome. Me tranco num banheiro qualquer, puxo o ar mais fundo que posso suportar. Não suporto o fato de tentar te esquecer. Puxo um pouco mais forte o ar que é capaz de entrar em minhas entranhas. Não suporto o fato de lembrar de você. Volto a trabalhar. Entalho sorrisos falsos por todo o meu rosto. Finjo estar bem, novamente. Mais uma vez. Outra vez. Outra vez mais. Rodeado de pessoas e sorrisos e carinhos e abraços e momentos, mas sozinho. Sozinho. Solitário. E vazio. E lembro que não me esqueci de você. E lembro que a depressão assola minha vida sempre que lembro do teu nome. E o vazio me lembra que estou cheio de ansiedade para mostrar que algo está errado em minha vida. E a falta de ar que me preenche os pulmões faz com que eu me lembre que eu preciso me cuidar. E eu esqueci de me cuidar. Porque você fazia isso. Sempre me cuidou, por mais que eu pedisse para não fazer isso e demonstrar, de alguma forma, que eu era forte para viver sozinho. Não sou! Não sem você. Mas está tudo bem, meu bem.
Trabalhando. Vivendo mais um dia onde tudo esta absurdamente bem. E eu penso em bebidas e tragos. E eu quero minha casa. E eu quero meu quarto. E eu quero ir para casa ficar sozinho em meu quarto. As horas passam devagar, mas passam. Lembro que tudo passa. Acabou meu dia. Sobrevivi a mais um dia infernal onde todos se matam e eu assisto tudo de camarote e vejo com meu olhar que finge não se importar com mais nada. Mas todos sabem que eu me importo e me importo até demais.

Consegui chegar em casa.

- Filho, senti desde cedo que não está bem.
- Falta de ar, mãe.
- Está triste?
- Mais uma vez.
- Faz quase uma semana que não encontro um sorriso em teu rosto, filho.
- Não sinto vontade, mãe. Estou a beira de desistir.
- O que está acontecendo?
- Sonhei com ela novamente. Três noites seguidas.
- E qual o problema nisso?
- O problema não é sonhar. O problema é acordar. Olhar para o lado e ver que não está mais aqui e nunca estará, não da forma que eu sonho. Isso me sufoca. O amor me sufoca. A vida me sufoca.
- Filho, não sei mais o que te falar.
- Tudo bem, mãe. Nada bem, mas tudo bem.
- Conversa com a 'mainha' se o peito explodir, tudo bem?

Para quem teve os teus doces lábios em meus lábio um dia e hoje se encontra com o gosto amargo de antidepressivos e cervejas e tragos na boca até que estou me virando super bem.
O amor é algo muito maior do que eu posso suportar. A saudade é o demônio que não sai das minhas costas para me lembrar que esse fardo é pesado demais. A depressão é minha companhia noturna. E a ansiedade é o anjo maldito que insiste em me lembrar que não estou nada, mas nada bem e que preciso me cuidar urgentemente. Antes que seja tarde demais. Antes que eu seja fraco demais.

Mas, meu bem, está tudo bem, muito bem, bem, bem, meu bem!

- Porque escreves tanto?
- Isso mostra o quanto não estou nada bem!

terça-feira, 23 de abril de 2019

Bebidas e tragos amargam um estômago cheio de borboletas

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- O mundo está se acabando, meu bem!
- Mas ainda tenho tempo para te escrever algumas coisas.
- Mais melancolia?
- Mais amor, meu amor, por favor!

Para onde fugiu quando te pedi para ficar?
Para onde correu quando te pedir para estar?
Para onde sumiu quando te pedi para me encontrar?
Para onde surtou quando te pedi para te cuidar?
Para onde enlouqueceu quando te pedi para me abraçar?
Para que braços correu quando disse que nos teus braços era o meu lar?
Para qual boca se encontrou quando te pedi para me beijar?
Em qual gaveta deixou meu nome guardado quando te pedi para de mim lembrar?
Para onde se prendeu quando te pedi para não me soltar?
Para qual cama se deitou quando arrumei a minha para ti e ninguém mais?
De quem pediu cigarros quando os teus acabaram?
De quem pediu um gole quando sua cerveja chegou ao fim?
E de quem pediu amor quando o teu por mim já não existia mais?
E para onde foi o teu olhar quando já não me enxergava?
Para quem sorriu quando ao me ver só sentia escorrer lágrimas?
Para quem correu quando tua vida mudou e precisava desabafar sobre os teus dias?
Em quem se agarrou quando estava exausta e só queria carinhos?
Quem alimentou o teu cachorro quando não estavas em casa?
Quem alimentou o teu ego quando se sentia feia?
E para onde correu quando se sentia linda?
Para quem pediu poemas quando os meus já não te satisfaziam mais?
Poemas medíocres. Monótonos. Chatos. Esgotantes. Angustiantes. Entediantes. E mal escritos. Assim como o amor. Assim como este amor.
E em qual lixeira me jogou quando o teu amor por mim já eram cacos?
Teu amor me cegou faz tempo, meu amor. E me matou. O eu de uns anos atrás não existe mais. E tudo porque o tempo do meu tempo que te entreguei pensando em ter tempo de te amar se esgotou com o tempo contido no meu tempo perdido por não saber te amar num tem esgotante que nunca tive.
Seja feliz, meu bem!

O número do teu telefone nunca decorei, mas penso em te ligar todos os dias.
O número da tua casa eu já não sei mais, mas penso em te visitar todos os dias.
O som de tua voz eu já não lembro mais, mas pensei em te telefonar hoje.
Não decorei teu número.
Tenho pavor de telefones.
Sinto pavor da tua voz.
E eu sempre odiei falar pelos fios, se lembra, meu amor? Você odiava essa minha falha, mas sempre sorria.
O teu perfume eu não sinto mais, mas penso em te comprar um todos os dias.
Os teus livros favoritos eu não sei mais quais são, mas penso em te escrever todos os dias.
Esqueci tua marca preferida de bebida, mas penso em beber ao teu lado e desfrutar coisas boas e ruins da vida todos os dias.
E todos os dias penso em não lembrar de ti, mas lembro que não te esqueci. E jamais irei esquecer.
E isso machuca. Machuca tanto quanto meu pavor por telefones.
E sabe, meu bem, não sei lidar com saudades, mas sinto tua falta todos os dias.
E eu gostaria de te ligar para te dizer isso, mas tenho medo que não queira saber.
E eu tenho pavor de telefones.
E pavor da tua voz, voz que eu já nem lembro mais como é.
E eu tenho pavor de te esquecer, querida, mesmo que eu mate todos os dias borboletas que ecoam em meu estômago e me mostram que jamais te esqueci.
Acabei de assassinar mais uma!
E eu não lembro mais qual tua música preferida, mas quero tocar todas as canções do mundo para você. Todos os dias.
E eu não lembro se tu gostava de blues tanto quanto eu gosto, mas quero te tocar ao ouvir o blues mais triste que a vida pode me devolver e derramar lágrimas por lembrar o momento exato em que te perdi.
E eu te perdi, querida.
E tenho pavor de telefones, mas eu queria tanto te ligar. Te ligar para dizer que está tudo bem. Te ligar para dizer que desde que você se foi, entrego meus outros pavores para o mundo.
E eu esqueci o teu cheiro, mas ele infesta o meu quarto com todas as tuas lembranças.
Esqueci de limpar o meu quarto.
Ele esta uma bagunça.
Esqueci do teu rosto, meu bem, mas tenho nossa última fotografia na estante do meu quarto. Lembra desse dia? Porque me esqueci.
Estou indo embora agora, querida. Para bem longe. Procurando intestinos para depositar todas as minhas borboletas mortas em jardins recriados pela minha tristeza de estar tão longe de você. Gostaria de te dizer adeus, mas esqueci o teu número.
Não, espera, eu nunca decorei o teu número.
Porque eu tenho pavor de telefone.

Mas sempre que ele toca, eu vejo se é você. E desligo. Nunca é. Nunca será. Você sempre teve pavor em me amar.

- Ainda tenho algum tempo?
- Querido, você tem todo tempo do mundo para escrever tuas besteiras.
- É isso o que pensam de minhas cartas? Besteiras?
- E o que é então?
- Minhas verdades. Meias verdades. Até o último trago chegar ao fim e a última cerveja se acabar.
- Ninguém lê, meu bem.
- Eu sei. Engulo todas as palavras de volta como quem engole cervejas inteiras e tragos sem fim.
- Você é tão bobo, meu amor. Tão bobo.
- Querida, sinto falta de algo.
- Do que?
- Não sei bem, meu bem.
- De alguém?
- Não sei bem, meu bem.
- Não posso te ajudar deste jeito.
- Existe um vazio eterno dentro de mim que não pode ser preenchido com amores mesquinhos e cartas baratas. Mas existe um vazio eterno por algo que já nem sei bem o que é.
- O teu amor não vai voltar.

O amor é um vazio constante que nada tem para nos entregar em madrugadas tão frias quanto nossas almas. E as borboletas de ansiedade por um amor que nunca mais sentirei são mortas com tapas como moscas em nossas sopas tomadas em nossa sala de estar.

segunda-feira, 22 de abril de 2019

Eu te amo, mas foda-se, querida!

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E eles disseram "Não pare de escrever. Não. Não pare. Muitas vezes, o que você escreve reflete no que estou sentindo". E eu disse "Muito obrigado. Não irei parar". E eles me criticaram por eu escrever tanto sobre o amor. Me criticaram também por eu beber tanto. Mas eu penso, querida, escrevo tanto sobre o amor por pensar tanto em você e saber que esse mundo está perdido. Não existe salvação. E eu preciso viver o amor antes que o mundo me deixe mais doente ainda. É isso que falta nele. E eu bebo, querida, bebo porque ouço melhor meus pensamentos quando estou bêbado e pensando em você. Encontro meu caminho que vai o mais distante possível de ti. Porque, meu bem, somos loucos. E você é louca. E eu sou louco. Louca o suficiente para me deixar desse jeito, sem a capacidade e interesse absoluto de me estender as mãos para me salvar e me tirar desse abismo profundo em que eu mesmo me coloquei. E eu sou louco por te amar tanto e pensar tanto em você. Mais louco ainda de escrever tanto sobre um assunto tão ultrapassado quanto o amor. E me disseram para eu não sentir demais e guardar demais e pensar demais. E eu fiz o que eles disseram. E quando eu senti, eu falei. E quanto eu quis guardar, eu soltei. E quando eu pensei, externei para o mundo. E eles pouco se importaram. E você pouco se importou. E eu queria um amor que me tirasse dessa solidão tão apetitosa em que me encontro domingo após domingo num amanhecer qualquer. E a escuridão que afronta meu peito tem seu nome escrito nele. E eu já nem me importo mais. Eu poderia fazer o que todos eles falam. Poderia te entregar todas as minhas cartas e palavras e poesias, mas de nada adianta quando tu não me entrega absolutamente nada do que eu queria. E, quando entrega, é para me manter onde eu sempre estive, na espera. Te esperando. Sem saber para onde ir. Que rumo tomar. E por onde andar. E todas as vezes que pensei em te esquecer, tu veio atrás para não deixar. E todas as vezes que deixei de te ligar, você me ligou para me lembrar que ainda te amo. E todas as vezes que deixei de escrever sobre ti, você sorriu para dizer que eu nunca deixarei de amar você. E eles disseram para eu não amar. Disseram para eu não sentir esse amor. Disseram também, querida, para que eu seja tão frio quanto o mundo. Que todos os meus blues são besteiras. Que todas as minhas cartas são percas de tempo. Que todas as minhas bebedeiras são em vão. E que essa saudade que sinto de um amor finito não iria me levar para lugar nenhum. E que saudade passa, ela volta vez ou outra, mas passa. E eles me disseram tanto, meu amor. Me disseram para não te ligar, não te escrever, não te esperar, não te acordar. Disseram para eu acordar. Acordar deste pesadelo que é esperar tanto por alguém que nunca irá voltar. Acordar deste sonho que é esperar você bater em minha porta para dizer que tudo ficará bem e que todas as minhas paranoias não passaram de exageros criados por mim. Me abrace, querida. Me beije, meu bem. Diga que não partirás nunca mais para longe de mim. Porque essa falta que sinto é constante e suficiente para me matar cada dia mais. E por falar em dias, não tem um dia sequer que eu não pense em teu olhar e lembre o quanto esse olhar, um dia, me salvou. Ah, querida, e o teu sorriso? Não tem um dia sequer que eu não lembre dele na esperança de encontra-lo novamente. E eu durmo. Sonho. Entro no mundo da minha consciência criado exatamente por mim e para mim. E eu surto em sonhos meus. Entro em pesadelos que me mostram o quanto deveria te esquecer de uma vez por todas. E eu peço "Essa lembrança não. Esse momento não. Não. Não apaguem este momento de mim. Não apaguem essa memória de mim". E eu esperneio. Imploro. Grito. Suplico. E choro. "NÃO. NÃO!!! ESSA MEMÓRIA NÃO". E acordo assustado. E sem ti. Olho para os lados e vejo que tu não irá mais voltar. E eu lembro o porque te perdi. E eu lembro o porque te perco pouco a pouco. E eu lembro o porque me esqueço. E choro em silêncio. Limpo o suor de meu rosto. Limpo as lágrimas contidas. E deito sem te esperar. E deito sem lembrar o quanto queria você ao meu lado em todos os momentos de minha vida. E agora é tarde demais, querida, porque eu não acredito mais no amor. Não mais!

- Se pudesses pedir qualquer coisa neste exato momento, o que pediria?
- Mais uma cerveja.

Ansiedade é o monstro que me assola todas as noites. Depressão é o anjo que me abraça todos os dias. Amor é o demônio que eu insisto em exorcizar de minha vida e nunca consigo. Tentativas falhas de me livrar de meus demônios na esperança de que eu acorde, felizmente, bem novamente. E eu penso em partir. E eu penso em suicídio. E eu penso em me deixar levar pelas minhas tristezas. Mas não posso. Não, não posso me entregar. Não agora. Não desse jeito. Não sem antes mostrar para o mundo e para mim mesmo o quanto preciso de ajuda e o quanto preciso me cuidar. Quem sabe, pelos meus problemas, se um dia resolvidos, as pessoas que me conhecem não encontram uma esperança de que todas as coisas, um dia, podem realmente se encontrarem bem. E eu queria tanto te escrever, meu bem. Queria tanto te mostrar o quanto sinto tua falta, por mais que eu não dê mais a mínima, querida. E eu gostaria tanto de te escrever sobre meus paradigmas. Meus dialetos. Meus anseios e medos e pensamentos. Gostaria tanto de te escrever sobre o que se passa nessa mente mais louca que o mundo. E eu gostaria, meu bem, gostaria de te mostrar que o amor é o que me deixa mais louco. E que essa falta de teu toque é o que me deixa tão para baixo quanto o inferno que as pessoas criaram no mundo. E que teus lábios são tudo que eu queria tocar agora. E que teus olhos são as únicas coisas que eu gostaria de enxergar neste exato momento. E sabe tua voz cansada? É a unica que eu daria tudo para ouvir agora mesmo. E onde estas você? Provavelmente nos braços de um outro alguém. E te enxergar deste jeito vai fazer com que eu perca todas as esperanças de uma vez por todas. E eu gostaria, minha linda, gostaria mesmo de dizer que te amo, mas foda-se. Foda-se essa merda toda. Foda-se o que meu coração bate. Foda-se o que esta merda sente. Foda-se o que todos eles me dizem. Foda-se esta carta, este poema, esta prosa, esta poesia, esta cerveja e este trago. Foda-se para o meu eu. Foda-se para o mundo. Foda-se e foda-se, querida. Se eu estiver afundado em um balcão de boteco barato todo mijado e vomitado, você nunca que irá atrás de mim para me salvar. Se eu estiver doente e a única cura que existe vier de você, tu irá se manter cada vez mais distante. Se a tua voz for a única existente capaz de me tirar deste beco escuro, teu silêncio vai me invadir cada vez mais. Porque você não se importa. E eu não me importo. E essa falta de interesses e importâncias foi o que nos afastou cada vez mais até chegar no ponto de não nos lembrarmos mais que um dia nos amamos como dois adolescentes que acreditam que tudo irá durar para sempre. E da mesma forma que adolescentes acreditam nesta ilusão, acreditamos que nosso amor jamais iria morrer. E ele morreu. Ou apenas se apagou. E a luz que invade as frestas de minhas janelas fechadas são maiores que a luz que invade nossos corações e nos lembram de como nos amamos infinitamente um dia.
E eles disseram que sou um homem incrível. Que tenho tudo para ser feliz. Mas que caralhos eles acham que sabem?! Que caralhos eles esperam de mim?! Querida, cadê você para me mostrar onde estou errando e onde todas essas pessoas estão acertando ao me dizerem tantas e tantas coisas? Mas, foda-se, querida. Tu deves estar sorrindo pelas cartas e mentiras de outra pessoa neste exato momento em que choro e te entrego o meu melhor. Sempre foi assim, não é?! Te entreguei o meu melhor e você sempre se importou, mas quando te dei o melhor do meu melhor, você resolveu deixar de lado. E resolveu deixar de lado no momento em que mais precisei de você. E foda-se essa merda que bate aqui no peito. Ousei abrir meu peito e te amar a ponto de esquecer de mim, e esqueci que essa merda de amor é perigoso demais para quem se entrega demais. Quando eu sonho com você é porque estas pensando em mim ou inventei isso para me sentir melhor?

- Se pudesses pedir qualquer coisa neste exato momento, o que pediria?
- Outra cerveja.

Eu te quero, querida, mas foda-se. Você não me quer!
Eu te espero, querida, mas foda-se. Você já foi embora!
Eu te chamo, querida, mas foda-se. Você não me ouve!
Eu penso em ti, querida, mas foda-se. Você já me esqueceu!
Eu sonho com você, querida, mas foda-se. Você sonha com outros amores!
Eu não sei ficar sozinho, querida, mas foda-se. Você deve ter outro alguém!
Eu te escrevo todas as noites, querida, mas foda-se. Você desaprendeu a ler minhas cartas!
Eu bebo por pensar tanto em você, querida, mas foda-se. Você nem bebe mais!
Eu comecei a fumar pra me matar por dentro, querida, mas foda-se. Tua ida me matou faz tempo!
Eu queria te pedir para ficar, querida, mas foda-se. Você nem se importa mais!
Eu tenho pesadelos com você, querida, mas foda-se. Você nem quer saber!
Eu esqueci teu nome, querida, mas foda-se. Você se esqueceu do meu faz tempo!
Eu esqueci tua voz, querida, mas foda-se. Você não me ouve faz tanto tempo!
Eu esqueci teu perfume, querida, mas foda-se. Você limpou todas as roupas de cama do teu quarto!
Eu esqueci teus abraços, querida, mas foda-se. Você tem outros braços agora!
Eu esqueci teus beijos, querida, mas foda-se. Você tem outros lábios neste exato momento!
Eu te amo, querida, mas foda-se.

- FODA-SE???
- Tu sempre soube me amar, meu bem, mas eu...
- O que caralhos tem você?
- Eu só soube te amar quando te perdi de uma vez por todas. Mas, foda-se, existe uma paranoia aqui dentro de minha mente que diz que a gente nunca sabe amar de verdade. E existe um pensamento fixo de que tu nunca me amou de verdade. E existe essa solidão que me infesta de ansiedade e me leva para a beira da sacada e nela eu penso que é muito bom não ter o teu amor para, caso eu me jogue daqui de cima, tua vida não será mudada em nada. E se eu tentei mudar o teu mundo alguma vez, querida, me desculpe. Continue voltando para o que ele era antes e me esqueça. Porque eu te amo, mas foda-se. E sejamos mantidos assim até que tu me esqueças por completo e, quando esquecer, poderei então dormir o sono dos justos e me despedir em silêncio.
E eles falam "Não se vá. Não se mate. Aguente. Aguente firme. Você consegue" e eu permaneço aqui mais uma vez. Outra vez. Mais uma vez. Outra vez mais. Isso que sou o tipo de ser humano que não tenta absolutamente nada quando aquilo não me agrega, não me evolui, não me cativa, não me liberta. E eu não vou atrás de quem não me ama. De quem não tem nada para me entregar. Não quero ser fonte de alimentação de ego de outro ser. Não quero amar sem ser amado. Nem gostar de quem gosta pouco de mim. E eu te amei, querida, porque tudo que senti você sentia em dobro, mas foda-se.

Ainda bem que nunca decorei teu número de telefone. Adeus, meu amor. Continue me esquecendo e eu continuarei te amando. Desta forma. Da minha forma. Deste jeitinho. Bem foda-se!!!


terça-feira, 16 de abril de 2019

Meu coração é um bar vazio tocando Willie Nelson (juntei minhas fraquezas e vesti de palavras)

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E a gente tem tanto medo. Medo de crescer. Medo de vencer. Medo de ser. Medo de sentir. Medo de amar. Medo de perder. De sentir saudades. De morrer. Medo de sermos esquecidos. Temos medo. E o medo é o que nos mostra o labirinto dentro de nossos corações que faz com que nos perdemos de nós mesmos.
E eu sempre tive medo. Sempre fraquejei. E minhas fraquezas de vida são o que me tornaram a pessoa que sou hoje. Poética demais. Triste demais. Com medo demais. E isso é atormentador demais. Porque eu tenho medo da morte, mas penso nela todos os dias. Tenho medo de ser esquecido, mas penso sempre em alguma saída. Medo de sentir saudade, e vivo dessa saudade. Medo de sair na rua, mas quero sempre o meu quarto. Medo do meu quarto, porque é nele, solitário, onde encontro todos os meus medos, mas é onde mais quero estar quando o medo do mundo invade minha alma. E eu tenho medo, muito medo, constante medo. Medo que persiste. Que me assola a alma. Que me desmonta. E não existe ninguém aqui para juntar cada caco que me resta. E eu tenho medo de escrever, mas é onde eu mais consigo salvação. Medo da minha arte ser uma merda, mas é o que sempre penso. Isso é arte? Te amar é uma arte? Ter medo é uma arte? Viver é uma arte?
Mas que artista desgraçado esse que sou?!
E eu tenho medo que essa saudade nunca passe. Tenho medo que meu coração não pare de estremecer sempre que ouço tua voz. Medo de nunca me sentir forte o suficiente para te tirar de minha vida de uma vez por todas. E eu tenho medo do alcoolismo, mas é no álcool que encontro um caminho para longe de ti. Tenho medo de meus medos, mas são meus medos de permanecer tão longe de ti que me trouxe até aqui. E eu tenho medo da saudade, mas quero, em todo momento, perguntar se sentes saudades de mim, mesmo sabendo que não sentes, mesmo tendo medo da resposta, mesmo sabendo que não se importa. Tenho medo. Muito medo. E vontade. Muita vontade. E eu sei que tens vontade, vontade de permanecer longe o suficiente de mim para que nunca mais sinta saudade, para que nunca mais lembre sequer do meu nome. E tu foge, foge para longe, muito longe, cada vez mais longe e longe e longe. E eu sinto. Sinto muito. Sentimento constante de saudade e decepção. Ansiedade e depressão. Tristeza e solidão. Essa era a mulher de minha vida? Amarei essa saudade para todo o sempre? Que merda é o amor, não é mesmo?
E eu tenho medo de despedidas, mas aprendi a dizer adeus para todas as pessoas que amo. Aprendi acordar e me preparar para um próximo adeus. Aprendi a acordar esperando acenos que me mostram o quanto nunca mais verei tal pessoa, e isso não me afeta mais. Porque eu sei que todas as pessoas existentes vão e irão embora de minha vida. Cedo ou tarde. Todas as pessoas partem, com adeus ou sem adeus. E disso a gente não pode fugir. Por mais que corramos. Por mais que a gente se afaste de pessoas e mostre o medo de te-las por perto, elas vão embora. E a gente sente. E a gente chora. E a gente surta. A gente bebe. A gente não demonstra. A gente mal fala sobre. Mas esta lá. O adeus está lá. Ele existe. Em um simples "tchau" ou num "adeus" ou na morte. As partidas estão lá. Cabe a nós lidarmos com as chegadas. E eu tenho medo de chegadas, a gente nunca sabe o quão intenso será essa pessoa em nossas vidas. Mas tenho mais medo de chegadas vazias e rasas, essas são as que mostram para nós mesmos o quanto devemos permanecer longe delas. Mas, e as chegadas significativas em nossas vidas, devemos ter medo? Não. Não devemos. Devemos ter medo dos ensinamentos que o universo lhe trará sobre esta pessoa. São eles que te deixarão forte ou fraco. Cabe a nós decidir até onde iremos com ela.
Coração é o labirinto pelo qual me perdi faz tanto tempo. E não quero que me encontrem. Não mais.

- Esperei tanto por você que, quando foi embora, mal consegui sentir o impacto!
- O que sentes agora?
- Um buraco vazio em meu coração que só me mostra o quanto fui fraco em te deixar escorrer pelos meus dedos.
- E o que sugeres?

Silêncio!

Meu coração é o vazio que tu não podes preencher. Tu entrou naquele bar e disse "Olá" e eu respondi em simpatia. E eu deveria não ter dito nada. Deveria não ter respondido. Deveria ter sido o babaca que sempre fui. Permanecido longe. Deveria ter lembrado do presente futuro que um simples "Oi" é capaz de te dar. Olhe para baixo, grande homem. Continue bebendo sua cerveja, grande homem. Não olhe para esses olhos, grande homem. Tu vais se perder. E ela vai embora. E ela nunca mais irá voltar. E tu virarás um grande alcoólatra por ter esquecido que o amor é perigoso demais para teu coração solitário demais. E o que tu se tornou hoje, grande homem? Este ser humano cheio de medos e anseios a espera de uma saudade que nunca mais será permitida dentro deste coração que vos escreve. Percebes o quão ridículo és? Você mesmo jogou fora o teu amor. Você mesmo sente falta dele. E você mesmo o quer de volta. Mas você mesmo não sabe mais como tê-lo de volta e pouco se importa. Se tranca em seu quarto. Bebe. Bebe. E bebe. E não acredita em nada, mas espera algo do universo. Tu não acredita no amor, mas quer ele de volta. Odeia demonstrar tuas fraquezas, mas escreve sempre sobre elas, por mais que todas as pessoas que são capazes de ler, não entendam porcaria nenhuma do que está escrito em todas as merdas de tuas cartas. E você espera, grande homem. Você acorda para mais um dia na esperança de que todos os teus medos tenham ido embora, sai para o mundo, olha para os lados na esperança de que alguém irá salvar esse teu coração vazio o suficiente para não ser suprido por ninguém. Percebeu o quão ridículo você é?
E você vive. Vive tua vida a tua maneira. E sai para trabalhar. E entrega sorrisos. E o teu melhor. E abraços. E sempre o teu melhor do melhor que você é capaz de dar por estar sempre tentando ser alguém melhor, mesmo que nem se importe com julgamentos. Porque, na idade em que está, você mal se importa com o que as pessoas pensam ao teu respeito. Mas você quer o amor de volta. Tu quer amar de volta. E quer lembrar como ser amado incondicionalmente. Você quer. Eu sei que quer. Eu vejo. E tu não vê a hora do dia acabar e voltar para casa e encher a cara e escrever mais um pouco e ficar sozinho. E isso é triste. Mas essa é a tua vida. E você, mesmo rodeado de um turbilhão de gente, está sozinho. E quer ficar sozinho. Porque tens tanto, mas tanto medo, que não se entrega para mais ninguém, seu coração não permite tal façanha. E sua vida é rodeada de choros internos, crises existências, depressões, ansiedades, noites em claro, bebidas, tragos e poesias. E tu nunca se lembrará como é ser amado de verdade, ou melhor, tu se lembras, por isso sentes tanta falta. Grande homem, saia do fundo do poço ou acabe com isso de uma vez por todas.
Teu amor não irá voltar!

...

- E o que sugeres?
- Que eu me mate esta noite.
- Vá em frente. Ninguém pode te salvar. Adeus!

quinta-feira, 11 de abril de 2019

A realidade de todas as invenções

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- Estou com saudade.
- Vem dormir essa noite comigo!

Te enxerguei. Você não me viu.
Te peguei pelos dedos. Você soltou.
Te acariciei os cabelos. Você pouco se importou.
Acendi um cigarro. Te ofereci minha cerveja. Você disse que odiava cigarros e não queria beber comigo.
Te entreguei carinho. Você me entregou repulsa.
Te entreguei beijos. Você virou o rosto.
Te mostrei um caminho. Você não quis saber e escolheu o teu.
Te pedi para ficar. Você quis ir embora.
Te disse que queria que voasse comigo. Você fugiu.
Te escrevi poemas. Você rasgou todos sem ao menos lê-los.
Acendi mais um cigarro. Não te ofereci minha cerveja. Você achou isso ruim e foi para mais longe.
Não me importei.
Eu tinha te pedido tantas e tantas coisas, e você não deu a mínima. Isso que eu tentei demais, mesmo sabendo quando não me ocupo em tentar demais quando sei que nada daquilo irá dar certo.

Um dia a gente aprende como não amar!

Te olhei. Você me olhou.
Te surpreendi. Você me notou.
Te estendi a mão. Você apenas tocou.
Te olhei os cabelos. Tu deu de costas.
Te pedi um cigarro. Você não fumava.
Te pedi uma cerveja. Você me apontou a direção para pegar uma.
Te pedi um carinho. Você não sabia o que era isso.
Te pedi um beijo. Você disse que não beijava quem não amava.
Te pedi um caminho para longe de ti. Você me trouxe para mais perto sem ao menos querer algo comigo.
Te pedi para que deixasse eu voar para bem longe. Você me prendeu em tuas garras.
E sorriu.
Te pedi poemas. Você me deu cartas horríveis de seus outros romances.
Te pedi outro cigarro. Te pedi outra cerveja. Você achou isso ruim e me quis mais perto de ti.
Me importei. Me importei até demais.
E eu tinha te pedido tantas e tantas coisas, e você não deu a mínima. Mas me lembrei que eu sempre quis demais de você e você nunca deu a mínima. E nunca se importou em dar o máximo do seu mínimo. E eu sempre quis te enxergar como nunca te enxerguei. Como um ser humano a mais no mundo. Não como meu romance. Não como minha dor. Não como minha frustração. E eu quis te ocupar tanto dentro de meu coração que teu coração se tornou algo ocupado demais para ter qualquer tipo de espaço que contenha meu nome nele.

Um dia a gente aprende a não amar!

- Acho que tenho saudade de ti.
- Vem dormir comigo esta noite.
- Achar não é o suficiente.

E eu acordei e te vi ao meu lado.
Levantei animado. Desci as escadas. Fui para a cozinha. Coloquei um jazz. Te fiz café. Subi as escadas. Animado. Te acordei calmamente. Te ofereci o café. Você abriu os olhos. Disse que não queria. E eu desanimei. Sentindo o cheiro de café no ar. E desanimei. Você me olhou. Eu te olhei. Não te surpreendi com meu café. E você notou. Te estendi a xícara. Você apenas tocou, mas não bebeu. Afastei os cabelos de seus olhos. Tu virou para o outro lado. Levantei da cama, peguei um cigarro, acendi o cigarro. Você disse que odiava cigarros. Bebi do teu café. Aquele que você recusou. Fui até você, te pedi um beijo. Você me beijou. Beijo fraco. Beijo seco. Beijo obrigado. E virou de lado. Você pediu para ir embora. Eu pedi para ficar. Você insistiu. Te mostrei o caminho. Você levantou. Colocou tuas roupas que estavam espalhadas pelo chão. Te pedi, mais uma vez, para ficar. Você nem respondeu. Te pedi para não voar para longe de mim sem falar uma palavra sequer. O teu silêncio machuca muito mais do que todas as borboletas que encontrei mortas em meu jardim. Você silenciou todas as tuas palavras. Derrubou uma lágrimas. Apenas uma. Te mostrei meus poemas com teu nome neles. Você perguntou onde estava o seu molho de chaves. Te apontei a prateleira. Acendi outro cigarro. Tu fez cara feia. Bebi o café, o meu dessa vez. Tu fez cara de descaso.
Me importei. Sem me importar.
E eu não tinha te pedido tantas e tantas coisas assim. Só te pedi para ficar. Só mais um pouco, mas o teu descaso me deixou tão solitário quanto todas as rosas em meu jardim. Porque eu sempre espero algo demais de meus romances?

Um dia a gente aprende a esquecer de amar!

- Vem dormir comigo esta noite?
- Não sinto saudades de você.
- Acredito que isso seja o suficiente.

Eu tento quase nada se vejo que não vai dar certo. Eu tento quase nada se vejo que não existe o romance verdadeiro. Mas eu continuo acreditando nos romances. Continuo olhando por cada esquina a procura de romances que sejam de verdade. Romances de outras pessoas que façam com que eu acredite que isso ainda existe no mundo em que vivemos.
Meus romances. Meus poemas. Minhas cervejas. Meus diálogos. Minhas esperas. Meus pedidos. Minhas desistências. E eu crio diálogos e momentos e situações e loucuras e chegadas e partidas e a pessoa nem sabe disso. Ela, de alguma forma, sabe o quanto amo ela. E sabe o quanto quero ela aqui do meu lado todas as manhãs possíveis. Mas ela também sabe o quanto sou desistente em relação a amores. Por isso não espera nada mais de mim. E eu nem peço nada mais. E ela não me pede nada mais. E eu nem espero nada mais. E eu sofro. E ela desiste. E eu tento. E ela partiu. E eu espero. E ela nem aguenta mais. E eu escrevo. E ela não lê. E quando lê, finge que não leu ou finge que nem se importa. Ou não se importa mesmo.
Tu tens algum tipo de amor por mim? Mostre que se importou com algo que escrevi e eu te darei todo o mundo que nos resta.

Entendeu o espírito dessa porra toda? É lindo, não é?

E se eu te pedisse para ficar? Seria lindo ou trágico?

terça-feira, 9 de abril de 2019

E neste mundo doente, doente mundo, os únicos salvos foram eu e tu

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- CORRA, QUERIDA, CORRA!
- Querido, olha lá, uma criança pegando lixo naquele latão!
- Continue, meu bem, continue!
- Querido, olha, veja, um jovem negro sendo espancado pela polícia!
- Meu bem, não olhe. Vamos, VAMOS!
- Querido, olha lá, uma garota sendo estuprada no meio da rua!
- QUERIDA, VAMOS. EU TE PROTEJO!!!
- Querido, olha ali, um velho indígena sendo expulso de suas terras!
- VENHA, meu bem, me dê a mão!
- Querido, olha daquele lado, militares atirando para todos os lados!
- Se abaixe, querida, vamos embora. Vamos. VAMOS!
- Querido, veja bem, ali, olha, um homem que se diz de Deus...SENHOR...o que ele está fazendo ali enganando todas aquelas pessoas?!
- MEU BEM, FALEI PARA VIR!!! VAMOS!!
- Querido, veja, ali naquela esquina, menores de idade vendendo seus corpos em troca de drogas e migalhas e moedas!
- Querida, vamos embora daqui, pelo amor de qualquer coisa que acredite!
- Mas eu não acredito mais em nada, meu bem.
- Eu também não, mas vamos, VAMOS!
- Querido, porque foges tanto? Olhe para os lados. Veja tudo que acontece!
- Eu já vi, baby, eu já vi. Por isso quero ir embora daqui. Se é para algo ser salvo, que sejamos nós dois.
- Que mundo, meu bem. QUE MUNDO!
- Querida, por favor, me dê a mão. Não solte. Não olhe. Não veja. Só enxergue a mim. VAMOS!
- MEU BEM, VEJA CARALHO, OLHA O MUNDO EXPLODINDO!!!
- NÃO EXISTE AMOR, MEU BEM. NÃO EXISTE!!! ACABOU TUDO!!!!

Que mundo doente. Mundo adoecido. Mundo perdido. Pessoas perdidas. Momentos perdidos. Migalhas. Tiros. Moedas. Miséria. Doenças. Vazio. Tudo explodindo do lado de fora e eu só pensando no amor. E eu querendo o amor. E eu querendo que alguém me encontre para me ajudar a se encontrar. Eu entregando meu coração para braços vazios na esperança de que seja a bussola capaz de ser preenchida com a minha e que nos mostre o caminho verdadeiro para a felicidade e romance que tanto procurei. E já não procuro mais. Não mais. Não tem como. Não tem jeito. Não tem saída. Tudo em crise e eu só querendo braços e abraços e poemas e romances e beijos e amores e momentos e domingos ao lado de alguém que me complete a alma e preencha esse vazio constante que me invade aqui no peito. Não existe mais saída. Eu sei que não existe. Não existe mais salvação. Nem nunca existiu. E a gente acorda com a esperança de que tudo será modificado de tal forma com tais formas e tais escolhas, mas nada muda. E todas as nossas escolhas sempre parecem serem escolhas erradas. E somos errados. Errados por querer demais. Errados por ter ganância demais. Desejo demais. Soberba demais. Tecnologia demais. Inveja demais. Ciúmes demais. Tudo no agora. O agora. O momento. O agora. No máximo O Amanhã e foda-se o futuro. Foda-se nossos filhos. Foda-se nossos netos. E bis-netos. Foda-se. Foda-se e FODA-SE! Quem se importa?
Tudo em crise e eu só querendo viver um romance. Tudo doente e eu só querendo alguém que me cure. Tudo em autodestruição e eu só querendo alguém que junte meus cacos. Sou tão egoísta assim? Sou tão inútil assim? Não. Eu sei que não sou. Sou tão burro assim? NÃO. Eu sei que não sou.
Ou melhor, talvez eu seja.
Sou tão patético assim? Talvez eu seja.
Talvez eu, realmente, seja. Talvez eu seja patético por acreditar no amor. Talvez eu seja burro por esperar um amor. Talvez eu seja inútil por ter um amor. Talvez eu seja egoísta por querer o teu amor. Tudo sempre no "talvez". E o amor é esse "Talvez". E o mundo é essa certeza a base de "Talvez" que tanto cobiçamos em mante-los em nossas vidas na esperança de que tudo mude. "Talvez, eu acorde melhor". "Talvez, eu seja alguém melhor". "Talvez, tudo mude". "Talvez, essa arma apontada em meu peito não me matará". E ela SEMPRE mata. Pessoas inocentes em momentos inocentes. E eu seria tão egoísta de pensar em uma única bala em um revólver que estaria apontado em minha cara e eu puxaria aquele gatilho para ver o fim de todas as minhas dores e temores e pensamentos e insônias e depressões e amores? Sim, eu seria!

- MEU BEM, ACORDE!
- Estou acordado, querida.
- Querido, não vê que o mundo está morrendo?
- Sim, eu vejo, faz tempo.
- Porque continua deitado em tua cama bebendo e escrevendo e pensando?
- Porque não existe nada mais que eu possa fazer pelo mundo.
- Veja todas aquelas pessoas, meu bem. Sofrendo. Chorando. Implorando. Morrendo. Deve existir uma saída.
- Não existe mais nada que possamos fazer, meu bem. Venha para cama.
- Porque estas tão descrente deste mundo, baby?
- Porque o mundo é descrente de nós.
- Você acha certo beber e escrever e me amar enquanto o mundo todo se destrói?
- Eu acho mais que certo. Bebo por causa do mundo. Escrevo para esquecer essas loucuras. E amo porque é a unica coisa que acredito ser a saída para tudo isso, mas o mundo esqueceu como amar, meu bem. O mundo esqueceu. Amar é tão démodé. Tão fora de moda. Não existe mais forma. Por isso a gente se xinga, se agride, adoece e se mata antes mesmo de nossas próprias doenças nos matarem.
- Porque sempre escreve tão mal sobre o amor, mas sempre fala que só ele pode te salvar, meu bem?
- Porque é a unica coisa que me mantém, verdadeiramente, vivo no meio de toda essa loucura em que mais da metade do tempo me sinto sozinho, lembrar que tu me amas e pensar que meu amor por ti pode me salvar em algum momento.
- O amor é a saída?
- Talvez seja a cura.
- O mundo não tem cura, eu acho, meu bem.
- O mundo é o mesmo, querida, o que mudou foram as pessoas. O amor é capaz de nos curar?
- Eles esqueceram, meu bem, esqueceram.

...e eu já morri faz...tanto...tempo.

quinta-feira, 4 de abril de 2019

Poemas de boteco e um tiro no escuro

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- Nossa, meu bem, que boteco mais brega!
- Ah, querida, é meu bar preferido. Sento naquele balcão todas as noites na esperança de ter alguma inspiração concreta para escrever meus poemas.
- Mas, meu bem, cerveja barata, comida mais barata ainda. Gente bizarra. Bêbados pedindo esmolas para comprar mais bebidas. Um som um tanto quanto chato e iguais uns aos outros. Blues? Jazz? Que merda de lugar é este que você me trouxe?
- É o meu lugar preferido. Quando machucares o meu coração e me largares de vez, será aqui onde qualquer ser humano irá me encontrar.
- Como tens tanta certeza de que irei te machucar?
- Você não gostou do meu lugar preferido. Já é um acerto para minha solidão.
- Meu bem, olha este lugar. Banheiros imundos. Garçom arrogante. Pessoas solitárias e cabisbaixas sentadas no balcão apenas olhando para o nada ou escrevendo cartas e pedindo mais e mais bebidas. Um velho grisalho segurando um violão olhando para o nada esperando alguém nota-lo para que toque alguma música significativa. Meu bem, isso não é um lugar agradável.
- Mas isso é um lugar de verdade. Da verdade. A minha verdade. Vê todas essas pessoas solitárias e cabisbaixas? Eu sempre fui uma delas até o momento em que te trouxe aqui. Vê esses banheiros imundos? É meu coração, tão sujo quanto todos os romances que fui capaz de me entregar. Vê todas essas bebidas? São bebidas baratas que fizeram eu me entregar a elas por causa de amores baratos que nada tinha para me dar. E essas cartas que eles escrevem? Eles só não entregam ao mundo como eu sou capaz de entregar. Essa é a diferença. E aquele velho grisalho com o violão, querida, querendo algum tipo de atenção, sou eu na espera inconstante e desesperançosa de algum amor que me dê algum tipo de atenção verdadeira que me faça sair de lugares como esse. Até então, meu bem, esta é minha segunda casa.
- É tudo tão brega, meu bem. Tão brega!

Eu escrevo sim algumas cartas de amor. Me embebedo quase todas as noites com o pensamento de que o amor é algo inaceitável para esse coração que amou demais. E eu espero demais. E eu penso demais. E eu sonho demais. Olho para as frestas de minhas janelas na esperança de que algum ar de esperança entre por elas e me tire de minha cama. Escrevo cartas de amor e depressão na esperança de que eu seja salvo por uma mão que me puxe para um labirinto melhor do que este em que estou batendo de frente todos os dias de minha vida. E eu escrevo. Escrevo demais. E penso demais. E choro demais. Sozinho. Em silêncio, mas choro. E nada mais parece me agradar. Nada mais parece me abalar. Nada mais parece intervir num peito que está blindado o suficiente para não cair em tentações de amores como os que eu tive no passado. E isso é errado. Muito errado. E prejudicial. E eu gostaria de me entregar, verdadeiramente, para alguém de novo. Gostaria de beber menos. Largar as escrituras. Não ter que escrever mais. Não da forma que insisto em escrever. Não dessa forma. Mas gostaria de entregar cartas de amor apenas para a pessoa que meu peito é capaz de pulsar. E meu amor foi embora faz um tempo. E eu procuro. Entro em baús dentro de meu próprio coração tentando alcançar algo que me satisfaça novamente e faça ele bater forte como um dia bateu. Que procura desprezivelmente triste esta a minha. Eu gostaria de não ser tão brega. Não sentir tanto. Não querer tanto. Não me importar tanto. Gostaria de ser como muitos caras que apenas sentem o prazer momentâneo de sentimentos vazios que o mundo está tão, mas tão cheio de sentir. Pessoas rasas. Sentimentos curtos. Romances mais curtos ainda. Nada que dure uma noite ou apenas algumas horas. Não. Não, caralho!!! Eu não quero isso. Eu nunca fui disso. Se for para ter romances e amores e sentimentos, que sejam de verdade, senão eu nem faço questão nenhuma de me entregar.
Assuma o controle, querido. Assuma o controle, meu bem. Amores voltam. Amores são sentido cada vez mais forte dentro de qualquer peito entristecido pelo tempo.
MENTIRA, PORRA!!!

- Meu filho, você não têm estado bem esses dias, não é mesmo?
- Está tudo bem. Tudo em seu lugar. Tudo como deveria estar.
- Estou te sentindo tão, mas tão distante. Você está quieto. Para baixo. Não coloca mais cores a esta casa. Mal te vejo por aqui.
- Está tudo bem. Tudo onde deveria estar. Meu trabalho, meus amigos, minhas contas. Tudo que chamo de vida esta onde deveria realmente estar.
- Mas, e o teu coração, onde ele está?

Camisetas velhas e surradas. Poemas longos. Cartas de despedidas. Pensamentos absurdos. Cigarros. Cervejas. Poemas. Mais poemas. Cachorro de estimação com um olhar triste ao me ver, entendendo que existe algo de errado. Cama vazia e bagunçada, como minha vida, como minha mente, como meu peito. Músicas tristes jogadas ao vento. Mais e mais poemas. O amor bateu em minha porta mais uma vez. Eu sabia que era ele. Não atendi. Deixei bater, me fingi de morto. Fingi que a casa estava vazia. De alguma forma ele sabia que não estava. Bateu novamente. TOC TOC TOC. Respirei fundo. Continuei fingido que ninguém se encontrava na residência. Meu coração disparou. Pensei em todos os romances que fui capaz de sobreviver. PLOW PLOW PLOW. O amor bateu mais forte em minha porta. Gritou. Gritou alto. Tão alto que o bairro todo soube que existia alguma coisa de errados aos arredores. E eu me curvei em minha cama. Coloquei a cabeça dentro das cobertas. Não abri. NÃO ABRI, PORRA. Implorei para ele ir embora. Não, ele não foi. Tudo em silêncio. Silêncio perturbador. Ouvia tua respiração. Segurei o fôlego. Me mantive onde precisava me manter. VÁ EMBORA, VÁ EMBORA, eu pensava. TOC TOC TOC. Bateu em minha porta mais uma vez. Não disse nada. Absolutamente nada. Alguns minutos se passaram. Me mantive onde era para eu me manter. Não, ele não pode entrar. Não, caralho, não posso cair nessa de novo. Não. Ninguém está disposto, verdadeiramente, a me amar como eu deveria ser amado. Ninguém tem coragem. Nem eu mesmo tenho coragem de me amar. Amedrontado, me mantive intacto no meu lugar. PLOW PLOW PLOW PLOW PLOW, pancadas mais fortes e maiores. MEU DEUS, manda esse amor embora, por favor. POR FAVOR, EU IMPLORO!
O coração gritando em silêncio "AGUENTA, AGUENTA, NÃO SAIA DAI". Cadê o meu amor? Essa porra existe? Caralho, vá embora. Vá embora! Não te fiz nada.
Ouvi uma risada longa e perturbadora. "Eu sei que estas ai. Eu sei", disse a voz do outro lado da porta, calma e paciente. "Uma hora terás que abrir", ela completou.
O amor é uma morte cruel que insiste em bater em minha porta. Mas não, não, não, não, ela não quer me matar. Ela quer um pouco de tortura psicológica para ela conseguir dar alguns bons e velhos surtos de risos e sorrisos e deboches.

- Meu bem, porque insistes em vir nesse bar?
- Porque insistes em me amar, querida?
- Mas...meu bem...eu não te amo. Não como deveria!

"Conversa com a mãe se não estiver bem, ok, meu filho? Não faz bobagem sozinho no seu quarto de novo não. A mãe não aguentaria!"

terça-feira, 2 de abril de 2019

Amores e Libélulas

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E eu te pedi, meu bem. Abri minha porta e te pedi para entrar. Te ofereci uma cerveja e você mal tocou nela. Disse que tinha cigarros e você nem fuma. Recusou. Coloquei o melhor blues que conheço e você não achou a mínima graça. Eu te pedi para me deixar entrar, querida. Me deixar entrar dentro de você, e não como pensas, mas sim dentro do teu coração. E você pouco se importou. Te pedi para respirar o teu ar e você se sentiu sufocada. Te pedi para deixar o coração bater livremente e você se sentiu presa. Eu te pedi, meu bem. Eu te pedi para me abraçar e você me afastou para longe. Eu disse "olá" e você disse "adeus". Eu disse que tudo ficaria bem e você não acreditou em nada do que eu estava te dizendo. E permaneceu encostada no pior canto de minha casa. E eu te pedi, meu bem. Te pedi para não me deixar ir embora de tua vida e tu mesmo abriu as portas e me mostrou o melhor caminho para me manter longe de ti. Eu busquei outra cerveja, essa fiz questão de abrir para você, e tu mal deu duas goladas. Acendi um cigarro. Te indiquei outro. Você recusou. Se fumasse saberia o valor da ansiedade de te ter em meus braços que eu sinto cada noite que me assola. E eu te pedi, querida. Te pedi para ficar. Implorei para ficar. Você não deu a mínima, novamente. Por medo, meu bem. Por medo. Tentou abrir a porta e encontrar teu próprio caminho. Te puxei pelas mãos e pedi para ficar. Com carinho. Com calma. Com o melhor jeito que uma pessoa pode ter. "Fica", eu disse. "Permaneça", eu pensei. Te ofereci abraços, mas eles não te aquecem em nada. Te ofereci beijos, mas eles não te satisfazem. Te ofereci palavras, mas elas não te significam nada. E você continuou ali, parada, estática, me olhando. Esperando eu pedir algo melhor que pudesse te fazer ficar. E eu pensei, repensei, relutei. E bebi um pouco mais. E fumei um pouco mais. E te olhei. E pensei em poemas. Não consegui escrever nada. A música que tocava ao fundo não me ajudava. Eu te pedi um abraço, você recusou. Te pedi um beijo, você virou o rosto. Te pedi um sorriso, você mordeu os lábios. Te pedi belas palavras, você se virou. Te pedi para olhar em meus olhos, você recuou.
E eu te pedi, meu bem. Abri meu coração e deixei você entrar. Te ofereci cervejas e cigarros e poesias e músicas, nada te impressionou. Te pedi amor, você não tinha nem paixão. Te pedi desejos, você me entregou promessas. Te pedi paciência, você disse que tinha muito que viver. Te pedi para ficar, você disse que tinha medo. Não te pedi mais nada, você disse que teus amores passados te machucaram o suficiente para não amar mais ninguém que não seja você mesmo. E eu nem te pedi mais nada. E você me entregou isso sem cobrar valor algum. Abri mais uma cerveja. Outra cerveja. Mas essa foi para mim. Você ficou olhando. Acendi outro cigarro. Você disse que sou fotogênico. Que todos os ângulos de meu rosto soam como primaveras com muito a ser decifrado. Eu pouco me importei. Dei mais um trago. Dei mais um gole. E pensei "O amor é está droga que insisto em usar todas as noites". Você perguntou o que eu queria de você. Eu não respondi. Terminei minha cerveja. Abri outra. Dei mais um trago. Bebi mais do que a metade da cerveja em apenas um gole. E pensei. Repensei. E refleti. Você perguntou de novo "O que você quer de mim?". E eu respondi "Eu quero tudo. Eu quero você". Tu deu de ombros. E sorriu. Disse que não sabia o que fazer. E eu sorri. Por dentro, mas sorri. Olhei para as frestas de minha janela. Abri a janela. Acendi mais um cigarro. E pensei "O amor é mesmo esta droga que ninguém sabe usar, só eu". Porque insisto em usar esta droga?! Porque caralhos existe este vício dentro de mim em tentar amar da maneira certa a pessoa mais errada do mundo que tanto me faz bem de todas as maneiras certas possíveis?! Você disse que iria embora e eu te pedi para ficar mais um pouco. Você revirou os olhos, mas permaneceu. Porque insisti?

- Sabes que não posso te amar como queres, não é?
- Ah, querida, ninguém pode me amar como eu quero.
- E como queres um amor? Qual teu tipo de amor?
- Um que seja completo. O tudo. O todo. Sem meio termo. Sem mais ou menos. Sem as palavras de "Não sei".
- Querido, tu estas velho demais pensando assim. A modernidade e os medos privam todo mundo de sentir o amor por completo.
- Ah, querida, eu sinto amores completos. Tenho quase 30 e penso no futuro em que amores sejam verdadeiros. Sem medos nem anseios. Sem erros nem acertos. Sem promessas nem falhas. Apenas o amor. Estar perto dos 30 é pensar sabiamente sobre o teu amanhã. Não quero amores que não me completam. Quero amores loucos, porque eu sou um louco bêbado que escreve todas as noites e sente falta de amores sinceros. Quero longas conversas. Quero saber como foi o dia de minha amada. Quero saber como ela se sente. E se estiveres triste ou para baixo, quero levanta-la com todas as minhas forças. Quero faze-la sorrir. E dizer "irei dormir bem porque tenho você". Sonhos, meu bem. Sonhos que jamais serão realizados porque meu peito insiste em sonhar demais. Esta bosta de coração insiste em desejar demais algo que nunca será alcançado. E sabe o que mais me machuca, meu bem?
- Não sei, o que?
- Saber que a existência de amores é algo tão abstrato e amedrontador que ninguém pensas sequer em palavras bonitas para se escrever sobre outro alguém.
- Não te entendi, meu bem.
- Ninguém nunca me entende. Sou apenas o escritor de quinta categoria, triste e bêbado, que escreve palavras que ninguém se importa em ler ou entender.
- Querido, você está bêbado?
- Bastante!

Eu te pedi, meu bem. Te pedi para ficar, mas você quer ir embora. E sabes porque as libélulas são minhas formas de escrever sobre o amor? Porque elas tem a incrível simbologia sobre transformação e liberdade. Tu me transformou, querida. Me transformou neste velho de quase trinta anos apaixonado e bêbado e insano que escreve quase todas as noites sobre ti, mas que mantém toda a liberdade de você partir de minha vida sem ao menos exitar pela solidão que jamais será passageira sem o toque de teus lábios. Lábios que eu pedi um beijo e você os mordeu e recuou. Te pedi suspiros ofegantes e você suspirou. Te pedi sentimentos e você não tinha nada para me entregar. Te abri todas as cervejas que eu tinha. Te acendi todos os cigarros que eu também tinha. E você recusou tudo. Não disse nada sobre o meu amor por ti. Nem aceitou, mas também não recusou. E isso me mata. E a libélula mais deslumbrante pousou em minha janela ao terminar da madrugada e eu percebi que era o amor pousando, mais uma vez, na minha frente. Meus olhos brilharam. Meu coração palpitou. Meu estômago estremeceu. E a névoa fria que se esvai pela madrugada foi embora como todas palpitações cintilantes de meu coração que tanto eu poderia te entregar, mas você não sabia se queria saber o suficiente sobre o meu saber constante de te querer cada vez mais. E eu deixei tu ires embora. E tu foi. Foi com um sorriso em teu rosto, me olhando sob os ombros, acenando com as mãos e deixou um bilhete em meu criado-mudo: "Não sei se posso te amar como as libélulas amam o ar.".
E partiu. Mesmo quando eu queria pedir para ficar. Partiu. E eu sorri. E pensei "Deixa ir". Tudo bem. Tudo bem, meu bem. Acendi outro cigarro. Abri outra cerveja. Madrugada terminou. Dia amanheceu. Não dormi. Mas já sinto tua falta como sentirei falta de minha cama neste dia que virá.

- Querido, sabes o que encontrei?
- Minhas cervejas vazias e todos os cigarros que fumei que você acha demais?
- Não. Uma libélula morta. Sabe o que isso significa?
- Não sei, querida, não faço a mínima ideia.

segunda-feira, 1 de abril de 2019

Tragando minhas paranoias. Bebendo tuas mentiras. Vomitando borboletas mortas

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Mais uma vez. Mais uma maldita vez em que abro meu guarda-roupa e caio de encontro com tuas malditas cartas de amor sem nada a dizer. Mais uma desgraçada vez que caio sobre meus sentimentos tão perdidos quanto todos os abraços teus que nunca tiveram absolutamente nada para me confortar. E eu te digo, querida, te digo que sinto tua falta como tantas outras vezes senti, mas já não quero esse teu sabor perto de meus lábios me dizendo que sou teu único romance. Romance mesquinho. Romance tão sincero quanto todas as mentiras contadas pelo mundo de que um dia seremos pessoas melhores num lugar melhor que sempre foi prometido para todos nós. E eu quero, querida, quero te entregar todas as borboletas assassinadas por minha alma. Quero entregar em tuas mãos para te dizer que já não acredito mais nas mentiras que tu ousas me contar para me deixar tão afim. Sempre afim. E eu sinto saudades, meu bem. Sinto saudades dessas tuas palavras que nunca me entregam nada de verdade, porque a única verdade que existe é essa deste lado que tanto implora por tua atenção. Logo eu, bêbado sem um caminho certo, escritor de quinta categoria, acreditando nesse teu amor. O amor machuca, não é, meu bem? O amor sangra, não é, querida? Mas, e você, já sentiu o verdadeiro amor pulsar por tuas entranhas? Dizer que sentes é muito fácil quando não sentes nada. Dizer que pensas em mim é muito fácil quando só se lembra quando teu ego está sob a mira de um asilo perdido feito única e exclusivamente para a solidão de teus desejos. Dizer que me queres quando não sente atração nenhuma por mim é muito fácil. Tudo para me manter afim. Tudo para me manter em constância de sentimentos não recíprocos a caminho de um desfiladeiro que eu próprio me coloquei. E eu me entreguei, querida. Eu juro que me entreguei. Até escrevi algumas cartas contendo teu nome nas entrelinhas. Tomei desta morfina maldita que contém a tua imagem. E me viciei. Viciei em tuas palavras. Teu amor. Teu romance. Tua falsa sensibilidade através de tudo aquilo que eu desejei te entregar. O amor é está mentira que tanto insistimos em contar. O amor é muito fácil quando assistimos filmes com finais felizes. O amor é muito simples quando escutamos canções de amor nas rádios dentro de um carro indo para o trabalho. Mas, e o sentimento, querida? Sentiu? Ousou deixar ele bater em tua porta e abriu e deixou ele entrar e sentar na sua melhor poltrona, enquanto bebe da tua melhor cerveja e fuma do teu melhor trago? Não, querida, tu não deixou. E quando ele bateu em tua porta, ele se sentou em tua poltrona apenas para sorrir da tua cara e dizer que você não sabe lidar com toda esta porcaria que o mundo lhe ofereceu. Ah, querida, você é inteligente demais para não deixar o amor entrar dentro de ti, não é? Quem deu gargalhadas do amor foi apenas você. E ele se ofendeu. Foi embora. Mas, vocês se esqueceram do que existe no outro lado. O eu. O eu perdido neste cais de sentimentos. O eu poético que te entregou o meu melhor e agora está indo embora. Correndo. Fugindo. Se escondendo. Se perdendo. Mas longe de ti. Longe do teu sorriso. Longe dos teus abraços. Que se foda amor, que se foda. A maior experiência de inteligência vêm daqueles que se recusam a amar. E eles mentem muito bem. Sentem pouco e dizem sentir muito. Falam muito, mas não querem dizer nada. Eles nem te querem em tuas vidas vazias e rasas. Eles apenas brincam com teu peito, colocam teu coração nas mãos e saem pulando por ai como crianças felizes que acabaram de encontrar o melhor brinquedo do mundo. Deixei meu coração em tuas mãos, querida, e o que você fez? Me manteve longe o suficiente estes dias na esperança de que eu não fosse capaz de ir embora sem ao menos te escrever uma bela poesia. E eu escrevi, querida. Agora estou de partida. Marinheiro sem suas tranqueiras pronto para a viagem de um único caminho. E você causou tudo isso. Podes me estender a mão me pedindo para ficar só mais uma vez?

- MEU BEM, PARA DE ESCREVER!
- Oh porra, querida, nem bêbado estou. Porque me enches o saco?
- Não aguento mais te ver escrevendo todas estas besteiras que poucos se importam, caralho!
- Eu me importo, meu bem. Isso já é importante.
- Você está sempre com esse olhar morto e sereno, procurando em outros abraços o abraço que deveria te salvar, mas é este mesmo abraço que te matou por dentro.
- Não me matou por completo, querida. Ainda não. Tem alguma coisa de mim aqui dentro que fala que eu deveria continuar acreditando no amor.
- Deve ter, querido. Mas para de escrever todas estas tuas merdas. Não são boas. Você não é bom. Você nem escreve bem quando está sóbrio. E bêbado é uma negação, porque escreves coisas boas, mas joga sempre tudo fora.
- Mas que caralhos, existe alguma coisa boa aqui dentro, meu bem. Eu sei que existe.
- Tu tens verdades dentro de ti, querido. Como uma prostituta barata que tanto ama qualquer abraço que lhe entregue alguns trocados.
- Eu devo ser isso mesmo. Uma prostituta barata cheio de sentimentos viciantes que mal cabem dentro de mim.
- Meu bem. Meu bem. Sabes porque sempre fica no fundo do poço quando estas amando? Porque tu não tens o meio termo. Tu não tens o mais ou menos. Tu é 8 ou 80. Você ama muito ou não ama nada. Gosta demais ou não gosta nada. É ou não é. E isso te mata, querido. Não consegues fingir todas estas porcarias que o mundo já está cansado de fingir sentir. Você é desses poucos que se entregue por um coração incapaz de bater forte pelo coração de outra pessoa.
- Deve ter algo bom aqui dentro, querida. Puta que pariu. Deve ter algo bom aqui dentro.

E eu sei, querida. Eu sei escrever mentiras também. Gostaria de te dizer que eu nem sinto falta de teu perfume. Que tua voz cansada me dizendo tudo sobre seu dia já nem me agrada mais. Que teus braços quentes não me alegram como um dia me alegraram. E eu sei, querida, teus lábios frios já nem esquentam os meus mais frios ainda. E ficar perto de você é uma tortura pela qual eu já fugi faz tempo. Não sinto falta de tuas mensagens me dizendo que sentes a minha falta e que gostaria de me ver. Tomar algumas cervejas e dar uns bons tragos. E eu já nem sinto falta de te mandar qualquer coisa que faça tu se lembrar que me tens por perto mesmo estando longe. E, meu bem, as madrugadas têm sido bem fáceis depois que te tirei da minha mente com a mesma facilidade que tu tens entrado nela. Minha mente é este turbilhão de sentimentos e pensamentos que nada têm a ver com a tua imagem perfeita numa segunda-feira a tarde entediante. E te ver como eu sempre quis enxergar vai me cegar por completo e apagar todas as luzes de meu coração. E, querida, preciso te contar que estou sóbrio o suficiente para escrever esta carta e lembrar de cada palavra aqui contida. Não estou apenas cuspindo este poema, estou acabando com todas as borboletas existentes dentro de meu estômago que saltam dentro de mim sempre que lembro do teu nome. Você faz coleção de todas as coisas que eu quero e preciso evitar, meu bem. Eu te entreguei o meu melhor, meu bem. Te entreguei todas as minhas cartas. Te entreguei todas as minhas poesias. Te entreguei meus melhores beijos e abraços e palavras sinceras. E eu disse "toma, faz o que quiseres" e tu fez, jogou tudo na lixeira mais suja que fostes capaz de encontrar nestas esquinas imundas que nada tens para nos entregar. Esquinas que mal passamos por elas. E eu tenho um péssimo sentimento dentro de ti. Contei mentiras nesse dia mentira. E eu me sinto mal. Me sinto horrível. Me sinto fraco. E eu gostaria que não lesse destas minhas tentativas de mentiras para apenas te tirar de perto de mim a qualquer custo, porque o que eu mais queria era teus braços aos meus na esperança de que minhas paranoias não caiam sob mim nesta madrugada semi fria que virá. E você nem se importa. Segue tua vida normalmente. Seu trabalho. Teus estudos. Teus amigos. Tuas bebidas. Teus momentos. Tuas verdades. E eu vejo, aqui de longe, acreditando nesta mentira mais que verdadeira de que podes seguir todos os teus passos sem os meus ao teu lado. E sabes o que me conforta? Que tu és auto suficiente boa para não deixar nada de bom sobre mim entrar em teu peito da forma que eu gostaria. Pensou em mim ontem? Lembrou de mim hoje? Pronta para me esquecer amanhã?
O amor é uma libélula que pousou em minha janela e você mesmo atirou nela com tua melhor arma.

- Querido, já pensou o que seria de ti sem o amor?
- Um escritor mais feliz. Um bêbado por qualquer outra porcaria.
- Querido, já pensou se não soubesses escrever?
- Seria infeliz.
- Querido, já pensou se não soubesses beber?
- Seria totalmente infeliz.
- Querido, já pensou se não soubesses amar?
- E eu sei amar?
- Sabe. A tua maneira. Mas sabe.
- E porque estou tão sozinho neste quarto escuro, quase bêbado, com você em meus ouvidos me dizendo tudo isso?
- Porque quem recebeu o teu amor e não soube aproveitar é quem não sabe amar.
- Querida, estas cheia de brincar com a porra de minha cara hoje, não é?
- Contando verdades que te machucam tanto, querido. E você ainda acredita nestas tuas mentiras de que não sabes amar. Que és um escritor ruim e um bêbado esquecido.
- Meu bem, escrevi uma carta, mas não sei se és a minha melhor carta.
- Sempre fala isso quando escreve e uma tens sido melhor que a outra.
- Não estou me sentindo bem, meu bem. Coração apertado. Estômago angustiado. Mente cansada. O bloqueio criativo sempre que penso nela invade minha alma.

Bloqueio criativo. Amores perdidos. Tragos vencidos. Cervejas baratas. Romance esquecido. Bloqueio. Bloqueio. Bloqueio criativo. Criativo bloqueio. E eu querendo mais tragos e cervejas e o meu amor. Devolva meu amor. Venha amor. Querido amor. Sozinho. Solitário. Pensante. Alguém me salva? Alguém me ajude? Me perdi ao te encontrar. Me encontrei quando abri os olhos e não te vi aqui, mesmo querendo que estejas aqui. Não. Não se vá. Amor, não se vá agora. Não. Não.
O que são poesias sem um pingo de drama e uma pitada de angustia. E eu te queria aqui comigo. Bloqueio. Bloqueio. Solitário. Sozinho. Palavras jogadas. Palavras usadas para brincar. Brincar como fazes comigo. Como me usa. Como me escolhe, me toma e me joga fora. E se alguém entender desta mensagem, será uma dor em meu peito que não saberei conviver.

- Meu bem, tens se sentido sozinho?
- Todo tempo.
- E o que fazes quando se sentes sozinho?
- Escrevo e bebo.
- Tens feito bastante isso, não é?
- Todos os dias.
- Liga para ela, meu bem. Diga para ficar. Diga tudo que sentes vontade. Não só escreva na esperança de que ela te decifre de alguma forma. Fale. Diga para não ires embora de tua vida assim, sem ao menos um adeus.
- Querida, já amou alguém hoje?
- Não, não tomo mais dessa porcaria.

Cansei de escreve quando quero te falar. E uma voz disse em minha mente que você não se importa. Que se foda amor. QUE SE FODA!