quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

Depois de te olhar nos olhos

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Caminhei meus passos.
E todos eles deram até você.
Te encontrei.
Te vi de longe.
Surtei por dentro. Com calma.
Sorri verdadeiramente por fora.
Chorei com força por dentro.
Tu me viste.
E não se contentou.
Cheguei mais perto. Tu se descontentou.
Mas me olhou.
E isso me matou um pouco mais.
E sorriu.
Me fez sentir.
Sentiu meu sorriso, pois escondi muito bem o meu choro.
E o meu pedido de que venha pegar tuas coisas que deixei bagunçadas no meu quarto.
Mas queria pedir também para pegar, mas não ir embora.
Coração explodiu.
Coração apertou.
Coração chorou.
E eu senti toda aquela dor que eu senti há um tempo atrás.
E percebi que ela está muito mais forte em mim do que tudo que ousei sentir por ti. Um dia.
Mas que talvez ainda sinta.
Aqui dentro.
Bem aqui dentro.
Muito aqui dentro.
E eu aperto o peito apertado para que ele se acalme e não chore.
Para que ele não surte e não se desespere.
E eu te pedi um abraço. E você me deu. Descontente. Estranha. Distante. Mas me deu.
E esse foi o momento mais assombroso que esse ano poderia me dar.
Novamente.
E tu olhou em meus olhos e me perguntou como estão as coisas. Eu sorri. Sorriso largo. E disse que estava me virando. Tu disseste que estava tudo bem. Se virou e foi embora.
Outra vez.
Mais uma vez.
Outra vez mais.
E eu chorei.
Coração sufocou.
E eu te perdi da minha vista, mais uma vez mais.
E eu percebi o quanto dói te amar tanto assim. Nas escuras. Escondido. Sem poder falar ou gritar para o mundo que dentro de mim ainda bate um amor que tanto me fere.
E te encontrar abriu mais ainda a ferida que nunca havia cicatrizado.
E isso está me matando cada segundo mais.
Eles dizem para mim "Seja forte. Você precisa ser forte", mas eu só penso em desistir depois que meus olhos caíram de encontro aos teus.
E eu bebi muito mais.
Dei alguns tragos a mais.
Escrevi muito mais.
Chorei muito mais.
Pensei muito mais.
Ansiei muito mais.
E a tontura me invade a cabeça. E as dores no estômago empapuçado de besteiras queima como nunca queimará antes. Me sinto cansado. Me sinto exausto. Me sinto distante. E eu só queria soltar para ti tudo que existe dentro de mim, mas minha voz se cala sempre que insisto em ouvir o teu nome. É triste demais ter a quem amar e não poder nem sequer falar. Espero que penses que não te amo mais. Espero que penses que estou muito melhor sem ti. E que todas as coisas que passamos não significam mais nada. E espero que penses que meu peito não dói e dilacera toda vez que caio de encontro com nossas lembranças. Espero que penses que eu não sinto tua falta todos os dias. E que eu não pense em você todas as porras de dias em momentos em que acredito estar feliz, mas são esses momentos em que caio com alguma alegria que vejo que não estou feliz estando longe de ti. E ser feliz sem ti será muito, mas muito difícil de se suceder. O coração não respira já faz um tempo. Os pulmões não carregam o ar como eu preciso. O estômago não responde minhas dores. E a mente não te esquece nem por um decreto.

Eu não irei mentir, nem para ti nem para ninguém, eu já quis muito deixar de existir nesse mundo em que já não tenho tua voz cansada para me dizer que tudo não passou de um sonho ou de uma piada muito sem graça. E não irei mentir sobre todas as vezes em que perco as forças quando meus amigos falam para eu te ligar e saber como andam as coisas. Me sinto mal. Me sinto fraco. Me sinto incapaz. E eu sinto todas essas sensações ruins sobre uma pessoa que, um dia, me fez sentir ser o homem mais incrível e feliz do mundo. Essa luz se apagou faz tempo. Minha luz se apagou faz tempo. Perdi a minha essência a partir do momento em que fui capaz de deixar você sair da minha vida. E essa porra machuca para um caralho?! Tu não fazes ideia. Teu sorriso foi o suficiente para me mostrar que teus passos foram dados para um caminho em que minhas pegadas não estão ao lado das tuas. Pensei em desistir diversas vezes depois que te encontrei, mas eu gostaria muito de ver teu olhar mais uma vez por qualquer canto que for. Humilhante, mas verdadeiro. Triste, mas esperançoso. E foi muito bom te sentir outra vez.
E saber que ainda existe aquele teu jeitinho brilhante dentro de ti fez com que eu me tornasse um pouco menos amargo do que eu costumava estar. As coisas vêm sendo muito difíceis sem ti, meu bem. Espero que saiba disso alguma hora.
E eu escrevo essas minhas últimas palavras do ano e te dedico cada palavra. Essa carta poderia apenas ter seu nome, mas não sou corajoso para me entregar assim. Não dessa forma. Mas tenho aqui todas as minhas últimas palavras do ano e são todas sobre como me sinto em relação a ti, outra vez.

- Você é a última pessoa que eu gostaria de ter encontrado aqui!

E essas palavras me arrasaram e fizeram o meu ano acabar ali mesmo. E a minha vida. E a minha alma. E a minha essência. E o meu sorriso. Tudo emudeceu e se apagou como num passe de mágica. E todo o brilho de esperança que eu tinha dentro de mim de, um dia, me sentir, verdadeiramente, bem, morreu em teus braços quando se virou e foste embora de minha visão.
Eu estou cansado.
Cansado de lutar.
Cansado de tentar.
Cansado de pensar.
Cansado de sentir.
Cansado de estar e ser vazio.
Cansado de te imaginar.
Cansado de te esperar.
Cansado de me sentir cansado.
Cansado de pensar no fim.
Cansado de querer o fim.
Como eu quero agora.
Como eu quis ontem.
Como eu quis logo depois que te vi.
E eu gostaria de botar este fim.
De alguma forma.
Já pensei em todos os modos e maneiras e momentos para não mais existir.
Mas todos eles continuam me falando "Seja forte, por favor. Apenas seja forte".
Meu estômago queima. Minhas entranhas se colidem. Meus sonhos estão apagados. Minha boca amarga. Meus olhos cheio de lágrimas. Minha mente está muito cansada para continuar. Minhas mãos não aguentam mais escrever. Estou cansado. Exausto. Morto. Cansado. Cansado. Cansado.
Cair de encontro a ti fez toda a dor ser re-significada. E isso está acabando comigo.

Tenha um ótimo ano.
O fim de uma década.
O fim de outro ano chegou.
E eu desejo qualquer coisa boa para quem estiver lendo essas minhas palavras.
Mesmo sabendo que você que está lendo não se importa com nada escrito aqui.
Em pouco tempo esquecerá todas as palavras e tudo o que quis decifrar e dizer aqui.
Eu gostaria de esquecer facilmente. Dessa forma. Desse jeito.
Não vou mentir, mais uma vez, meu ano acabou há alguns dias atrás.
Meus dias também.
E eu só penso na desistência.
Cansei de ser forte.
Cansei de escrever.
Cansei.
Estou exausto.
Ame! Com cautela, mas ame! E não se esqueça dos perigos. Nunca. Jamais.
Mas ame. Ame muito.
Porque eu faria tudo outra vez.
Eu era realmente feliz naquela época onde eu era capaz de amar de verdade.

Feliz ano novo.
Deixo aqui mais uma carta ou poema ruim que insisto em escrever.
Mas isso é bom. Encontrei um alivio. E isso me faz ter certeza que não pensarei tanto assim em deixar de existir. Não hoje. Não agora.

Obrigado por esse ano. Aprendi muita coisa.

Terminei meus últimos versos. E talvez sejam mesmo. E eu chorei escrevendo cada palavra.
Gostaria de proferir teu nome sem espinhos entraram no meu peito.

Amém!

quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

...enfim, me despeço!

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Por mim. Por ti.
Por nós. Por vós.
E o coração esquisito como todas as estranhezas que o mundo lá tem.
E o estômago esburacado com tanta merda mastigável que fui capaz de digerir.
E que não disse nada.
Apenas digeri.
E deixei aqui dentro junto dessa vontade absurda de pegar o telefone e te ligar para saber como estão as coisas.
Minhas mãos tremem ao pensar em ouvir a tua voz me dizendo que tudo está bem.
E eu sei que estas bem.
Mas isso não me incomoda, não como deveria, não como todos pensam que eu deveria pensar em ficar feliz com tuas más noticias. Eu nunca quis isso de ti por sempre querer o melhor de ti.
Não. Não me incomoda.
O que me incomoda é saber que estas melhor sem mim em ti.
É saber que teu coração bate tão forte para o mundo quanto batia por mim.
E machuca mais ainda saber que teu estômago não está tão empapuçado de tanta ladainha de todos aqueles romances que a gente insiste em se arriscar a se entregar quanto o meu.
Tanta besteira intragável entra por um ouvido e sai pelo outro que já desisti, mais uma vez do amor.
Da mesma forma que tu tens desistido de nós.
Da mesma forma que tenho desistido de mim.
Mas eu gostaria, meu bem, de te escrever está carta para te dizer que tenho insistido em não lembrar de você, porque isso machuca por demais.
E eu gostaria de te dizer também que meus olhos choram sangue toda vez que minha mente cansada insiste em me lembrar de você. Eu lembro que não sou capaz de te esquecer e isso faz com que eu me torne um fraco.
E desde que coloquei meus olhos em você, tu tens sido a minha maior fraqueza.
E todos sabem disso.
Sempre souberam.
E eles sempre irão comentar pelas minhas costas que não sou capaz de deixar de amar você.
Nisso eles estão certos.
Eles estão errados, meu bem, quando falam que sou forte o suficiente para apagar tudo isso daqui de dentro e te esquecer e superar e seguir em frente quando, na verdade, me sinto cada vez mais fraco por saber que não sou tão forte estando cada vez mais longe de ti.
Eu não sou forte sem você. E esse é o clichê romântico de adolescente que tenho vivido dia após dia.
E esse clichê machuca. E machuca até demais.

- Sinto que estou beirando a desistência. Não me aguento mais. Não aguento mais.
- Você precisa ser forte, cara. Você precisa continuar forte. Não desiste.
- Tem dias que é tão difícil. Tão difícil.
- Eu sei. Continua forte, cara. Continua forte. Não abaixa a cabeça. Não olha para o fim.
- O fim é apenas o que enxergo. Está difícil não pensar em outra coisa. Quando penso nela, lembro do fim. Quando lembro do fim, penso no meu fim. E isso me deixa tão, mas tão para baixo.
- Não desiste!
- Vai chegando essas horas da noite e vai batendo uma angústia.

Coração angustiado.
Estômago empapuçado.
Mente esburacada.
Olhos derramando lágrimas de sangue.
Ouvi o rádio tocando uma música qualquer.
E na TV qualquer porcaria se passava.
Ouvi o latido dos cachorros de rua.
Olhei pelas frestas do meu quarto e enxerguei luzes laranjas das calçadas que iluminam nossas noites.
E eu pedi para algo me iluminar.
Mas tudo sempre se apaga quando peço qualquer tipo de ajuda.
Voltei para o que estava focado em fazer.
Ah sim, veja bem. Oh sim, uma carta.
Mais uma carta.
Mas essa era uma carta diferente.
Estranha carta. Outra carta. A última carta.
E eu pensei em tantas coisas para te falar, mas não escrevi nenhuma delas.
Você nunca lê.
Porque, meu bem, se eu te escrevesse o melhor poema, tu jamais se importaria.
E mesmo que eu te fizesse a melhor das canções, tu nunca ouviria.
E sempre que eu penso em te ligar, lembro que não fazes questão nenhuma de ouvir minha voz.
E eu minto para os meus amigos que tudo aqui dentro está bem.
Eu sorrio de mentira para que percebam e acreditem que não estou sofrendo com a tua distância.
Eu bebo e minto que é para me divertir quando, na verdade, eu bebo para te esquecer.
Eu escrevo minhas cartas e minto que tudo está definitivamente em seu lugar quando, na verdade, tudo está mais bagunçado que todas as prateleiras do meu quarto.
Eu sei, querida, eu sei que você me pediu para ser forte. E saber a hora de parar. E olhar para frente e enxergar meu futuro porque, de acordo com tuas palavras, eu sou uma pessoa incrível e tenho muita coisa linda para viver, mas eu não enxergo um palmo a frente sem visualizar o caos do teu olhar sobre mim em julgamento por todos os erros entre nós que cometi.
E eu sinto saudades desse teu olhar. Não o que me julga, mas sim o que me perturba por saber que tens o melhor olhar de todo universo seguido de um belo sorriso que me pede para ficar e não te deixar.
E eu preciso te dizer, meu amor, que tenho vivido da pior forma do mundo, não por fora, mas aqui por dentro. Meu coração é mais angustiado que o de todos os poetas que já se passaram por nós. Meu estômago é o mais esburacado e ressecado do que todos os que foram capazes de amar que existiram no mundo. E ainda sim, eu continuo tentando seguir meus caminhos sem a tua direção.

Eu tenho tentado, meu bem. Juro, estou tentando ser cada vez mais uma pessoa melhor. E ter um coração bom e olhar para as pessoas como artistas de sentimentos bons. Juro que tenho tentado me manter em forma. E me cuidar mais. E me ajudar mais. Mas todas as manhãs o meu corpo arde para se levantar porque sabe que não tem suas mãos para me ajudar a enfrentar todos os sufocamentos que o mundo nos entrega. E esses dias eu lembrei que eu poderia estar tendo o pior dia da minha vida. Tudo poderia estar errado. Estragado. Inflamado. Abusado. Absurdo. Imundo. Perdido. E mal falado. Tudo. Mas eu saberia que quando caísse de encontro com teus braços, nada disso lá fora faria algum sentido para mim.
Os teus braços me mostravam todas as coisas boas e perfeitas que o mundo é capaz de ter. Eu encontrei a perfeição em apenas um só coração e deixei toda essa merda escorrer pelo ralo. E hoje, meu amor, me sinto culpado o suficiente para te dizer adeus de vez. E te pedir para que não fiques triste jamais, porque eu lembro que todas as vezes em que te vi triste, o mundo choveu tuas lágrimas e tudo ficou cinza. E quando você abria um sorriso no dia seguinte, eu abria as janelas e todo o poder do sol e o céu azul estavam exalando sob nós.

Eu sinto tanto tua falta. Mas tanto.

Eu odeio despedidas, meu amor. Você sempre soube disso, não é mesmo?!

- Eu te conheço, meu bem, sei o que se passa ai dentro de ti.

Sim, você sempre soube.
E eu derramo todas as minhas lágrimas por todos os dias lembrar que te perdi, amor da minha vida.
E eu me despeço, enfim!
A gente odeia despedidas, mas chega uma hora que elas são necessárias, não é querida?!
Acho que te escrevi minha última carta.
E sei que não irei me arrepender dela.
Sei que entreguei meus melhores - e piores - sentimentos, mas é tudo por você e para você.
E as três palavras que jamais entregarei, VERDADEIRAMENTE, para outra pessoa, sou capaz de escreve-las e dedica-las de corpo, alma, mente e espírito para ti: Eu te amo.

Adeus, meu bem.
Você me faz muita falta para continuar lutando como tenho tentado.
Adeus!

segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

Cais dos sentimentos - por todas as vezes que chorei em silêncio!

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Eu segurei tuas mãos geladas embaixo das cobertas e as apertei com força.
Você se juntou mais forte a mim.
E eu chorei em silêncio.
Apertei tuas mãos um pouco mais forte.
Você respondeu de volta com o mais macio aperto.
E acariciou os meus dedos.
O frio passou. O choro congelou. O coração respirou.
E minhas palavras o vento te levou.
Palavras soltas que eu imploro já faz um tempo.
"Não vá embora. Não me deixa assim. Não tenho forças sem você".
E tu respondestes com o mais macio aperto de mãos que alguém poderia me dar.
E cruzou tuas pernas entre as minhas.
E colocou tua cabeça em meu peito dizendo o quanto sentiu minha falta.
Eu pedi mais uma vez para você me deixar ficar.
Você balançou a cabeça que sim.
E neste balanço teu perfume subiu e invadiu minhas narinas.

Acordei.
Suado.
Assustado.
Chorando.
Coração acelerado.
Mente esgotada.
Boca amarga.
Peito sangrando.
Alma em pedaços.
Olhei para todos os lados e não te enxerguei.
Novamente.
E eu chorei.
Sufoquei.
Surtei.
Lutei e relutei.
Apaga esse pensamento da minha cabeça. Apaga. E apaga. E apaga.
A tontura me invadiu.
A falta de ar piorou.
Meu grito silencioso ficou mudo e vazio.
Meus passos eu já não aguentei dar.
Minhas mãos formigavam.
Minhas forças se esgotaram.
E eu entrei em coma dentro de minhas próprias lembranças.
Me afundei em meu casulo e olhei para dentro de mim mesmo.
Viajei. Fui para oceanos e mares e rios. Fui para o espaço e planetas e viajei em cometas.
Voltei para o cais dos sentimentos onde eu sempre te encontrei.
E senti frio. Muito frio. E o peito sufocou. E minhas mãos ficaram mais trêmulas.
E eu senti o inverno que invade meu coração desde o dia que se foi.
E eu olhei para frente e encontrei o farol que tanto olhávamos juntos.
Consegui sorrir.
Cheguei na beirada do cais dos sentimentos. A brisa do mar deixou o clima muito mais frio do que era capaz de sentir. Não me importei. Arranquei os sapatos. Sentei na beirada do cais. Coloquei os pés dentro do mar calmo e lembrei de você, mais uma vez.
Pensei em te escrever. A famosa história clichê de criar uma carta, colocar dentro de uma garrafa e soltar no mar para que um dia ela chegue até você e faça meu coração respirar por você saber tudo que ainda ouso sentir sobre nós. Isso me entristece, porque não importa quanto tempo irá levar, minhas palavras jamais chegarão até você e cada vez mais o tempo passa e o tempo do meu tempo se encontra aflito por não saber a hora de parar. E meu peito não sabe mais como continuar. E a gente tem muito medo de não aguentar mais e falhar por conta de sentimentos que nós mesmos criamos.
O farol estava aceso e girando da forma como ele sempre faz. Passando por meus olhos e fazendo eu enxergar uma luz nos meus caminhos. Olhei para o lado, mais uma vez, e não te vi. Senti vontade de vomitar. Senti vontade de colocar tudo aqui dentro para fora. E então, uma lágrima escorreu dos meus olhos. Me tira daqui, eu pensei. Me leva para bem longe daqui. Não deixa minha vida acabar. Não deixa eu partir para muito mais longe do que estou de ti. Não. Não deixa.
Olhei para o mar. Desci um pouco mais meus pés. E senti muito mais frio do que deveria. Minhas lágrimas secaram. Meu coração desacelerou. Meus sentimentos sucumbiram. E minha mente foi tomada por uma escuridão sem um ponto sequer de clarão ou fechos de luz.
E então, eu percebi que realmente não importa quanto tempo passe, meus sentimentos e pensamentos jamais chegarão até você e terei que continuar fingindo meus sorrisos e saudades todos os dias em que acordo. Minhas cicatrizes estão todas abertas. Minhas feridas estão sangrando. E eu não me importo de estar indo embora pouco a pouco.
A minha maior tristeza não é partir para a última viagem. A minha maior tristeza é tomar esse caminho sabendo que você não sabe mais que existe alguém que te ama com todas as forças e que nunca esqueceu do som da tua voz.
E eu gostaria de segurar as tuas mãos e pedir para deixar meu coração respirar ao teu lado por saber que você é e sempre será a minha maior fraqueza, a minha maior ferida e o meu maior tormento.
E eu já não tenho mais forças de escrever todas as minhas palavras esperando você voltar.
E eu já não sei mais como olhar para o farol no meio do mar e enxergar você.
E eu já não sei mais encostar no cais dos sentimentos e sentir você.
Te perco cada vez mais e tenho medo de continuar.
Muito medo.
Meu peito tremeu forte o suficiente para eu me deixar deitar nesse cais, ainda com os pés no mar, olhar para os céus e pensar em jogar o resto do meu corpo naquela escuridão fria. Fechei os olhos e me imaginei afundando com as mãos para cima. Nessa esperança de que me puxes e me salve, a escuridão tomou forma completa sob a minha vida.
E ela acabou.

"Deixa eu ficar!"

Acordei.
Acordei de mais um sonho lúcido.
Dessa vez, sonhei acordado.
E isso têm se tornado cada vez mais triste aqui dentro.

- Estou te sentindo muito para baixo, filho.
- Me sinto fraco. E com muito medo.
- Quer me falar alguma coisa?
- Não consigo esquecer ela. Toda vez que eu penso nisso, sorrio vazio e me sinto infeliz.
- Como está sua depressão, filho?
- Cada vez pior. Muito pior. E tudo se multiplica quando lembro dela.
- Você tem que ser forte, filho. Muito forte. Tudo isso depende de você. Só de você.
- Eu já perdi as forças. E desisti tantas vezes.
- E sobreviveu a todas elas. Escreveu hoje?
- Eu só escrevo quando não estou bem e nem isso tenho mais vontade.
- Você tem que ser forte, filho. Conversa comigo quando perder as forças, ok?
- Ok.
- Não desiste, filho.

A falta de ar tomou conta de mim.
E eu cansei de chorar tantas e tantas vezes em silêncio.
Peguei meu telefone e pensei em te ligar, mas isso me desmontaria mais ainda.
Tua voz sempre foi minha fraqueza.