domingo, 23 de novembro de 2014

Dizem que Jesus morreu por amor e ninguém acredita que isso mata. Tolos!

Estávamos abraçados e ela disse:
- Quero só ver como será o seu próximo texto, querido.
- Ainda não sei, mas não escreverei mais sobre o amor - respondi.

Mentira. Se eu não escrever sobre o amor, sobre o que escreverei? Eu necessito escrever sobre minhas loucuras e melancolias, e é o amor que me deixa louco e melancólico. Já não me importo sobre o que as pessoas pensam disso. Já não me importo se as pessoas acreditam convincentemente que sou uma pessoa triste que odeia amar. Sim, eu sou isso. Eu sou assim. Eu sempre fui assim. Repito várias e várias vezes, mas as pessoas são burras. Que inferno. Elas gostam dos meus contos. Elas sempre estão lendo os meus contos melancólicos e pedindo cada vez mais e mais. E eu fico louco. Mais louco do que o normal e sem querer escrever, sem querer ver todas essas pessoas lendo os meus contos e se identificando cada vez mais com eles a ponto de chorar por minhas tristezas transparecidas na mente delas. Como me sinto estúpido em amar e escrever. Como me sinto idiotizado em escrever e ter que amar. O que seria de mim sem sofrimento? O que seria de mim sem amor? Eu não escreveria e não viveria, mas o que mais quero é permanecer dentro desse meu buraco escrevendo e sem viver. Embebedando-me e enlouquecendo-me. Ouvindo a chuva bater forte pela minha janela, forte e mais alto que a música clássica ecoando sobre os meus ouvidos. Coloco as melhores sinfonias de Beethoven e me sinto vivo. Deixa fluir. Deixa eu me embebedar. Deixa eu escrever. Deixa eu enlouquecer. Hoje é domingo e ninguém se importa. Eu não me importo. Deixa a chuva cair forte e limpar toda a mente de um louco insano que não sabe mais o que quer e onde quer chegar. Deixa eu entrar em contradição de minhas próprias palavras, porque eu sei o que quero e onde quero chegar. Mas me deixa aqui, quieto, em paz, sem ver as pessoas. Me deixa amar em silêncio. Ninguém se importa com o meu amor, apenas eu, eu e ninguém mais.
As pessoas acreditam mesmo que nos tornamos pessoas melhores depois que nos apaixonamos. Essa é a mentira mais estúpida e sem bom senso que já ouvi e li em toda a merda da minha vida. As pessoas se tornam perdidas, chatas e burras quando se apaixonam. Elas perdem a noção no humor e do tempo. Perdem a qualidade de vida e o pensamento fixo de que sabemos onde queremos chegar. As pessoas se apaixonam e se perdem. O amor é a pior invenção do ser humano. Não. Não é a bomba nuclear, não são as drogas, não é a poluição. O amor é a coisa mais desgraçada e sem nexo que inventamos. Dizem que ninguém nunca morreu por amor, mas na bíblia eles pregam que o tal Jesus morreu por amor. Sim. Ele devia ser chato e burro. Desculpem minha sinceridade babaca de ateu, mas muitos outros morreram sim por amor. Cristãos ou não. Se você ama, você fica chato, burro, tedioso e com um pé a frente da morte. Não ouse amar. Não ouse me amar. NÃO OUSE.

- Você acredita mesmo que sou como as outras pessoas que entraram na sua vida, né? - ela perguntou.
- Acredito, querida. Todas as pessoas que amam estão propensas a machucarem as outras. Elas querendo ou não - respondi e pensei mais um pouco. - Todas as pessoas que amei me machucaram de tal forma que me trouxe até aqui e me transformou nesse miserável tolo que sou hoje - e a beijei.
E ela quase chorou.

Embebedo-me para esquecer. Embebedo-me para escrever. Embebedo-me para não amar. Embebedo-me para ficar sóbrio. Embebedo-me para ficar louco. Embebedo-me para achar uma cura. Mas eu sou a doença. A doença está dentro de mim. Esse tumor chamado amor. Ele está crescendo. Cada vez mais. Cada minuto que passa encontro-me mais burro e chato e tedioso e com o humor entre altos e baixos. A saudade aperta e eu fico chato. Penso em teus lábios tocando os meus e fico burro. Lembro do teu sorriso e fico tedioso. Lembro do teu corpo colado ao meu e bate mais aperto da saudade, então o meu humor se torna um grande saco de merda. Fico tão burro que não sei o que escrever. Tão burro que não sei o que pensar. Eu paro, penso, reflito, teorizo e repenso. OH DIABOS, estou apaixonado pela mulher mais linda dessa cidade. Espero que ela não morra. Espero que ela não me mate. OH DROGA, ela já está me matando. Pouco a pouco. Cada dia mais. Cada semana mais. Não. Cadê a porcaria da minha bebida? Cadê a porcaria do meu copo cheio para sustentar esse coração vazio de quem não sabe o que quer? CADÊ?
Tolo eu em pensar dessa forma. Meu copo está tão vazio quanto essa música clássica de Beethoven tocando aos meus ouvidos, eu encho ele com uma bela quantidade de cerveja gelada e, ao preenche-lo, percebo que meu coração se encontra como aquele copo. Cheio. Cheio de vida. Cheio de saudade. Cheio de um aperto doce de quem não se sente vivo por causa de alguém há anos. Meu copo está cheio, assim como o meu coração, e então, sei o que quero. Sei muito bem o que quero: A mulher mais linda dessa minha vida.

- Não ouse sair da minha vida - eu disse em nossa primeira conversa.
- Não sairei - ela respondeu e sorriu.

Embebedo-me em nome desse romance. Embebedo-me em nome dessa promessa. Embebedo-me por me sentir triste em saber que as promessas dentro da minha vida NUNCA são cumpridas. Embebedo-me por sentir que sou um adolescente de colegial escrevendo sobre um câncer chamado amor, mas sou velho. Um idoso no corpo de um jovem de 23 míseros anos. Meu olhar nesse momento se encontra tão triste quanto a música clássica e a chuva caindo lá fora. Tão triste.

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