quarta-feira, 24 de abril de 2019

Tu me entregou depressão e esboços de sorrisos em papéis baratos de presentes - recebi tudo de coração aberto.

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Saltei da cama. E gritei:

- ISSO TUDO ESTÁ ME MATANDO!!!
- O que está te matando, querido?
- Minha depressão já não é mais a mesma. Estou sugando muito mais do que eu deveria suportar.
- Como assim, meu bem?
- O homem da esquina procurando comida no lixo. A mulher apanhando de um escroto no meio da rua. A jovem tendo sua bolsa roubada e o taxista olhando de longe e dando risada. O homem negro que tomou tiros esta tarde e nem sabe o porque. A madame rica reclamando do pequeno arranhão em seu carro. O jovem milionário esbofeteando o caixa porque teu lanche veio frio. O mundo, querida. O mundo, porra. O mundo está todo errado. MAS QUE PORRA!
- E porque você acha que isso é assim desde hoje?
- Não, eu não acho. Isso me mata há tanto tempo que já nem trago para dentro do peito, mas eu choro. Dia após dia, eu derramo lágrimas de sangue pelo mundo que nos é vivido.
- Mas o que está te matando de fato?
- Essa falta constante que eu sinto de alguém. O mundo inteiro explodindo, tanta gente sofrendo por situações realmente importantes e relevantes, e eu sofrendo por ter perdido a droga do meu amor.
- Tu não perdeu o amor. O amor que se perdeu do seu caminho.
- Ninguém mais sabe amar, meu bem. Isso me mata.
- E tu sabes amar?
- Se soubesse não estaria escrevendo todas as minhas porcarias que ninguém se importa. Não estaria querendo acabar com minha própria vida sempre que acordo pela manhã. E não estaria pouco me fodendo para você nua em minha própria cama. Achas mesmo que sei amar?
- A verdadeira pergunta é: tu sabes ser amado?
- Que se foda, querida.

E eu te daria o mundo, mas tu não quis viver nele.
E eu te daria o tudo, mas tu queria tão pouco.
E eu te pedi para fechar a porta do meu quarto na hora de partir, tu não fechou porque sabes que sempre odiei essa tua mania.
E eu te pedi para ficar. Tu me pediu para parar de beber. E eu te pedi um cigarro. Você odiava cigarros. E eu te pedi para aumentar o som. Você odiava todas as minhas músicas. Te escrevi um poema. Tu odiava tudo que eu escrevia. E eu te pedi para não perder a sanidade. E você sempre enlouquecia do meu lado. Não no bom sentido. Não na cama entre quatro paredes. Mesmo o nosso sexo sempre sendo tão bom. Mas não digo isso em palavras minhas deste exato momento, mas digo em enlouquecer a mente por minhas loucuras que tu nunca soube lidar. E eu te pedi para me cuidar. Você quis se cuidar primeiro. E eu te pedi para não me esquecer. Você não lembrava direito nem do meu nome. Tu me pediu para te amar. E eu vacilei. Eu te pedi para me amar. Tu não quis me ouvir. Te pedi para esquecer aquela madrugada onde só fiz besteira. Você tem memória boa. Tu me pediu para esquecer que não me amava mais. Eu tenho um coração em péssimo estado que não se esquece de absolutamente nada. E eu quero te esquecer, porra, mas como me esquecer de você? O universo não me deixa. Cada esquina e beco que eu viro ou entre tem algo que me lembra de ti. E se eu deito e consigo dormir, sonho com você por querer te esquecer. E acordo pior do que quando me deitei. E permaneço pior do que o dia anterior. E vivo mais um dia tentando esquecer que um dia esteve em minha vida. E vou para o trabalho. E vou para a vida. E olho todas aquelas pessoas que nada tem para me dar. E olho para o mundo que muito me entrega. O bom e o ruim. O ótimo e o péssimo. E não te esqueço. Não consigo te esquecer. E finjo. Finjo muito bem. Finjo que tudo aqui dentro esta onde deveria estar. Tudo em seu lugar. Mas, porra, não está nada bem. Vou para um canto escuro respirar um ar que não tenha teu nome. Me tranco num banheiro qualquer, puxo o ar mais fundo que posso suportar. Não suporto o fato de tentar te esquecer. Puxo um pouco mais forte o ar que é capaz de entrar em minhas entranhas. Não suporto o fato de lembrar de você. Volto a trabalhar. Entalho sorrisos falsos por todo o meu rosto. Finjo estar bem, novamente. Mais uma vez. Outra vez. Outra vez mais. Rodeado de pessoas e sorrisos e carinhos e abraços e momentos, mas sozinho. Sozinho. Solitário. E vazio. E lembro que não me esqueci de você. E lembro que a depressão assola minha vida sempre que lembro do teu nome. E o vazio me lembra que estou cheio de ansiedade para mostrar que algo está errado em minha vida. E a falta de ar que me preenche os pulmões faz com que eu me lembre que eu preciso me cuidar. E eu esqueci de me cuidar. Porque você fazia isso. Sempre me cuidou, por mais que eu pedisse para não fazer isso e demonstrar, de alguma forma, que eu era forte para viver sozinho. Não sou! Não sem você. Mas está tudo bem, meu bem.
Trabalhando. Vivendo mais um dia onde tudo esta absurdamente bem. E eu penso em bebidas e tragos. E eu quero minha casa. E eu quero meu quarto. E eu quero ir para casa ficar sozinho em meu quarto. As horas passam devagar, mas passam. Lembro que tudo passa. Acabou meu dia. Sobrevivi a mais um dia infernal onde todos se matam e eu assisto tudo de camarote e vejo com meu olhar que finge não se importar com mais nada. Mas todos sabem que eu me importo e me importo até demais.

Consegui chegar em casa.

- Filho, senti desde cedo que não está bem.
- Falta de ar, mãe.
- Está triste?
- Mais uma vez.
- Faz quase uma semana que não encontro um sorriso em teu rosto, filho.
- Não sinto vontade, mãe. Estou a beira de desistir.
- O que está acontecendo?
- Sonhei com ela novamente. Três noites seguidas.
- E qual o problema nisso?
- O problema não é sonhar. O problema é acordar. Olhar para o lado e ver que não está mais aqui e nunca estará, não da forma que eu sonho. Isso me sufoca. O amor me sufoca. A vida me sufoca.
- Filho, não sei mais o que te falar.
- Tudo bem, mãe. Nada bem, mas tudo bem.
- Conversa com a 'mainha' se o peito explodir, tudo bem?

Para quem teve os teus doces lábios em meus lábio um dia e hoje se encontra com o gosto amargo de antidepressivos e cervejas e tragos na boca até que estou me virando super bem.
O amor é algo muito maior do que eu posso suportar. A saudade é o demônio que não sai das minhas costas para me lembrar que esse fardo é pesado demais. A depressão é minha companhia noturna. E a ansiedade é o anjo maldito que insiste em me lembrar que não estou nada, mas nada bem e que preciso me cuidar urgentemente. Antes que seja tarde demais. Antes que eu seja fraco demais.

Mas, meu bem, está tudo bem, muito bem, bem, bem, meu bem!

- Porque escreves tanto?
- Isso mostra o quanto não estou nada bem!

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