segunda-feira, 22 de abril de 2019

Eu te amo, mas foda-se, querida!

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E eles disseram "Não pare de escrever. Não. Não pare. Muitas vezes, o que você escreve reflete no que estou sentindo". E eu disse "Muito obrigado. Não irei parar". E eles me criticaram por eu escrever tanto sobre o amor. Me criticaram também por eu beber tanto. Mas eu penso, querida, escrevo tanto sobre o amor por pensar tanto em você e saber que esse mundo está perdido. Não existe salvação. E eu preciso viver o amor antes que o mundo me deixe mais doente ainda. É isso que falta nele. E eu bebo, querida, bebo porque ouço melhor meus pensamentos quando estou bêbado e pensando em você. Encontro meu caminho que vai o mais distante possível de ti. Porque, meu bem, somos loucos. E você é louca. E eu sou louco. Louca o suficiente para me deixar desse jeito, sem a capacidade e interesse absoluto de me estender as mãos para me salvar e me tirar desse abismo profundo em que eu mesmo me coloquei. E eu sou louco por te amar tanto e pensar tanto em você. Mais louco ainda de escrever tanto sobre um assunto tão ultrapassado quanto o amor. E me disseram para eu não sentir demais e guardar demais e pensar demais. E eu fiz o que eles disseram. E quando eu senti, eu falei. E quanto eu quis guardar, eu soltei. E quando eu pensei, externei para o mundo. E eles pouco se importaram. E você pouco se importou. E eu queria um amor que me tirasse dessa solidão tão apetitosa em que me encontro domingo após domingo num amanhecer qualquer. E a escuridão que afronta meu peito tem seu nome escrito nele. E eu já nem me importo mais. Eu poderia fazer o que todos eles falam. Poderia te entregar todas as minhas cartas e palavras e poesias, mas de nada adianta quando tu não me entrega absolutamente nada do que eu queria. E, quando entrega, é para me manter onde eu sempre estive, na espera. Te esperando. Sem saber para onde ir. Que rumo tomar. E por onde andar. E todas as vezes que pensei em te esquecer, tu veio atrás para não deixar. E todas as vezes que deixei de te ligar, você me ligou para me lembrar que ainda te amo. E todas as vezes que deixei de escrever sobre ti, você sorriu para dizer que eu nunca deixarei de amar você. E eles disseram para eu não amar. Disseram para eu não sentir esse amor. Disseram também, querida, para que eu seja tão frio quanto o mundo. Que todos os meus blues são besteiras. Que todas as minhas cartas são percas de tempo. Que todas as minhas bebedeiras são em vão. E que essa saudade que sinto de um amor finito não iria me levar para lugar nenhum. E que saudade passa, ela volta vez ou outra, mas passa. E eles me disseram tanto, meu amor. Me disseram para não te ligar, não te escrever, não te esperar, não te acordar. Disseram para eu acordar. Acordar deste pesadelo que é esperar tanto por alguém que nunca irá voltar. Acordar deste sonho que é esperar você bater em minha porta para dizer que tudo ficará bem e que todas as minhas paranoias não passaram de exageros criados por mim. Me abrace, querida. Me beije, meu bem. Diga que não partirás nunca mais para longe de mim. Porque essa falta que sinto é constante e suficiente para me matar cada dia mais. E por falar em dias, não tem um dia sequer que eu não pense em teu olhar e lembre o quanto esse olhar, um dia, me salvou. Ah, querida, e o teu sorriso? Não tem um dia sequer que eu não lembre dele na esperança de encontra-lo novamente. E eu durmo. Sonho. Entro no mundo da minha consciência criado exatamente por mim e para mim. E eu surto em sonhos meus. Entro em pesadelos que me mostram o quanto deveria te esquecer de uma vez por todas. E eu peço "Essa lembrança não. Esse momento não. Não. Não apaguem este momento de mim. Não apaguem essa memória de mim". E eu esperneio. Imploro. Grito. Suplico. E choro. "NÃO. NÃO!!! ESSA MEMÓRIA NÃO". E acordo assustado. E sem ti. Olho para os lados e vejo que tu não irá mais voltar. E eu lembro o porque te perdi. E eu lembro o porque te perco pouco a pouco. E eu lembro o porque me esqueço. E choro em silêncio. Limpo o suor de meu rosto. Limpo as lágrimas contidas. E deito sem te esperar. E deito sem lembrar o quanto queria você ao meu lado em todos os momentos de minha vida. E agora é tarde demais, querida, porque eu não acredito mais no amor. Não mais!

- Se pudesses pedir qualquer coisa neste exato momento, o que pediria?
- Mais uma cerveja.

Ansiedade é o monstro que me assola todas as noites. Depressão é o anjo que me abraça todos os dias. Amor é o demônio que eu insisto em exorcizar de minha vida e nunca consigo. Tentativas falhas de me livrar de meus demônios na esperança de que eu acorde, felizmente, bem novamente. E eu penso em partir. E eu penso em suicídio. E eu penso em me deixar levar pelas minhas tristezas. Mas não posso. Não, não posso me entregar. Não agora. Não desse jeito. Não sem antes mostrar para o mundo e para mim mesmo o quanto preciso de ajuda e o quanto preciso me cuidar. Quem sabe, pelos meus problemas, se um dia resolvidos, as pessoas que me conhecem não encontram uma esperança de que todas as coisas, um dia, podem realmente se encontrarem bem. E eu queria tanto te escrever, meu bem. Queria tanto te mostrar o quanto sinto tua falta, por mais que eu não dê mais a mínima, querida. E eu gostaria tanto de te escrever sobre meus paradigmas. Meus dialetos. Meus anseios e medos e pensamentos. Gostaria tanto de te escrever sobre o que se passa nessa mente mais louca que o mundo. E eu gostaria, meu bem, gostaria de te mostrar que o amor é o que me deixa mais louco. E que essa falta de teu toque é o que me deixa tão para baixo quanto o inferno que as pessoas criaram no mundo. E que teus lábios são tudo que eu queria tocar agora. E que teus olhos são as únicas coisas que eu gostaria de enxergar neste exato momento. E sabe tua voz cansada? É a unica que eu daria tudo para ouvir agora mesmo. E onde estas você? Provavelmente nos braços de um outro alguém. E te enxergar deste jeito vai fazer com que eu perca todas as esperanças de uma vez por todas. E eu gostaria, minha linda, gostaria mesmo de dizer que te amo, mas foda-se. Foda-se essa merda toda. Foda-se o que meu coração bate. Foda-se o que esta merda sente. Foda-se o que todos eles me dizem. Foda-se esta carta, este poema, esta prosa, esta poesia, esta cerveja e este trago. Foda-se para o meu eu. Foda-se para o mundo. Foda-se e foda-se, querida. Se eu estiver afundado em um balcão de boteco barato todo mijado e vomitado, você nunca que irá atrás de mim para me salvar. Se eu estiver doente e a única cura que existe vier de você, tu irá se manter cada vez mais distante. Se a tua voz for a única existente capaz de me tirar deste beco escuro, teu silêncio vai me invadir cada vez mais. Porque você não se importa. E eu não me importo. E essa falta de interesses e importâncias foi o que nos afastou cada vez mais até chegar no ponto de não nos lembrarmos mais que um dia nos amamos como dois adolescentes que acreditam que tudo irá durar para sempre. E da mesma forma que adolescentes acreditam nesta ilusão, acreditamos que nosso amor jamais iria morrer. E ele morreu. Ou apenas se apagou. E a luz que invade as frestas de minhas janelas fechadas são maiores que a luz que invade nossos corações e nos lembram de como nos amamos infinitamente um dia.
E eles disseram que sou um homem incrível. Que tenho tudo para ser feliz. Mas que caralhos eles acham que sabem?! Que caralhos eles esperam de mim?! Querida, cadê você para me mostrar onde estou errando e onde todas essas pessoas estão acertando ao me dizerem tantas e tantas coisas? Mas, foda-se, querida. Tu deves estar sorrindo pelas cartas e mentiras de outra pessoa neste exato momento em que choro e te entrego o meu melhor. Sempre foi assim, não é?! Te entreguei o meu melhor e você sempre se importou, mas quando te dei o melhor do meu melhor, você resolveu deixar de lado. E resolveu deixar de lado no momento em que mais precisei de você. E foda-se essa merda que bate aqui no peito. Ousei abrir meu peito e te amar a ponto de esquecer de mim, e esqueci que essa merda de amor é perigoso demais para quem se entrega demais. Quando eu sonho com você é porque estas pensando em mim ou inventei isso para me sentir melhor?

- Se pudesses pedir qualquer coisa neste exato momento, o que pediria?
- Outra cerveja.

Eu te quero, querida, mas foda-se. Você não me quer!
Eu te espero, querida, mas foda-se. Você já foi embora!
Eu te chamo, querida, mas foda-se. Você não me ouve!
Eu penso em ti, querida, mas foda-se. Você já me esqueceu!
Eu sonho com você, querida, mas foda-se. Você sonha com outros amores!
Eu não sei ficar sozinho, querida, mas foda-se. Você deve ter outro alguém!
Eu te escrevo todas as noites, querida, mas foda-se. Você desaprendeu a ler minhas cartas!
Eu bebo por pensar tanto em você, querida, mas foda-se. Você nem bebe mais!
Eu comecei a fumar pra me matar por dentro, querida, mas foda-se. Tua ida me matou faz tempo!
Eu queria te pedir para ficar, querida, mas foda-se. Você nem se importa mais!
Eu tenho pesadelos com você, querida, mas foda-se. Você nem quer saber!
Eu esqueci teu nome, querida, mas foda-se. Você se esqueceu do meu faz tempo!
Eu esqueci tua voz, querida, mas foda-se. Você não me ouve faz tanto tempo!
Eu esqueci teu perfume, querida, mas foda-se. Você limpou todas as roupas de cama do teu quarto!
Eu esqueci teus abraços, querida, mas foda-se. Você tem outros braços agora!
Eu esqueci teus beijos, querida, mas foda-se. Você tem outros lábios neste exato momento!
Eu te amo, querida, mas foda-se.

- FODA-SE???
- Tu sempre soube me amar, meu bem, mas eu...
- O que caralhos tem você?
- Eu só soube te amar quando te perdi de uma vez por todas. Mas, foda-se, existe uma paranoia aqui dentro de minha mente que diz que a gente nunca sabe amar de verdade. E existe um pensamento fixo de que tu nunca me amou de verdade. E existe essa solidão que me infesta de ansiedade e me leva para a beira da sacada e nela eu penso que é muito bom não ter o teu amor para, caso eu me jogue daqui de cima, tua vida não será mudada em nada. E se eu tentei mudar o teu mundo alguma vez, querida, me desculpe. Continue voltando para o que ele era antes e me esqueça. Porque eu te amo, mas foda-se. E sejamos mantidos assim até que tu me esqueças por completo e, quando esquecer, poderei então dormir o sono dos justos e me despedir em silêncio.
E eles falam "Não se vá. Não se mate. Aguente. Aguente firme. Você consegue" e eu permaneço aqui mais uma vez. Outra vez. Mais uma vez. Outra vez mais. Isso que sou o tipo de ser humano que não tenta absolutamente nada quando aquilo não me agrega, não me evolui, não me cativa, não me liberta. E eu não vou atrás de quem não me ama. De quem não tem nada para me entregar. Não quero ser fonte de alimentação de ego de outro ser. Não quero amar sem ser amado. Nem gostar de quem gosta pouco de mim. E eu te amei, querida, porque tudo que senti você sentia em dobro, mas foda-se.

Ainda bem que nunca decorei teu número de telefone. Adeus, meu amor. Continue me esquecendo e eu continuarei te amando. Desta forma. Da minha forma. Deste jeitinho. Bem foda-se!!!


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