segunda-feira, 1 de abril de 2019

Tragando minhas paranoias. Bebendo tuas mentiras. Vomitando borboletas mortas

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Mais uma vez. Mais uma maldita vez em que abro meu guarda-roupa e caio de encontro com tuas malditas cartas de amor sem nada a dizer. Mais uma desgraçada vez que caio sobre meus sentimentos tão perdidos quanto todos os abraços teus que nunca tiveram absolutamente nada para me confortar. E eu te digo, querida, te digo que sinto tua falta como tantas outras vezes senti, mas já não quero esse teu sabor perto de meus lábios me dizendo que sou teu único romance. Romance mesquinho. Romance tão sincero quanto todas as mentiras contadas pelo mundo de que um dia seremos pessoas melhores num lugar melhor que sempre foi prometido para todos nós. E eu quero, querida, quero te entregar todas as borboletas assassinadas por minha alma. Quero entregar em tuas mãos para te dizer que já não acredito mais nas mentiras que tu ousas me contar para me deixar tão afim. Sempre afim. E eu sinto saudades, meu bem. Sinto saudades dessas tuas palavras que nunca me entregam nada de verdade, porque a única verdade que existe é essa deste lado que tanto implora por tua atenção. Logo eu, bêbado sem um caminho certo, escritor de quinta categoria, acreditando nesse teu amor. O amor machuca, não é, meu bem? O amor sangra, não é, querida? Mas, e você, já sentiu o verdadeiro amor pulsar por tuas entranhas? Dizer que sentes é muito fácil quando não sentes nada. Dizer que pensas em mim é muito fácil quando só se lembra quando teu ego está sob a mira de um asilo perdido feito única e exclusivamente para a solidão de teus desejos. Dizer que me queres quando não sente atração nenhuma por mim é muito fácil. Tudo para me manter afim. Tudo para me manter em constância de sentimentos não recíprocos a caminho de um desfiladeiro que eu próprio me coloquei. E eu me entreguei, querida. Eu juro que me entreguei. Até escrevi algumas cartas contendo teu nome nas entrelinhas. Tomei desta morfina maldita que contém a tua imagem. E me viciei. Viciei em tuas palavras. Teu amor. Teu romance. Tua falsa sensibilidade através de tudo aquilo que eu desejei te entregar. O amor é está mentira que tanto insistimos em contar. O amor é muito fácil quando assistimos filmes com finais felizes. O amor é muito simples quando escutamos canções de amor nas rádios dentro de um carro indo para o trabalho. Mas, e o sentimento, querida? Sentiu? Ousou deixar ele bater em tua porta e abriu e deixou ele entrar e sentar na sua melhor poltrona, enquanto bebe da tua melhor cerveja e fuma do teu melhor trago? Não, querida, tu não deixou. E quando ele bateu em tua porta, ele se sentou em tua poltrona apenas para sorrir da tua cara e dizer que você não sabe lidar com toda esta porcaria que o mundo lhe ofereceu. Ah, querida, você é inteligente demais para não deixar o amor entrar dentro de ti, não é? Quem deu gargalhadas do amor foi apenas você. E ele se ofendeu. Foi embora. Mas, vocês se esqueceram do que existe no outro lado. O eu. O eu perdido neste cais de sentimentos. O eu poético que te entregou o meu melhor e agora está indo embora. Correndo. Fugindo. Se escondendo. Se perdendo. Mas longe de ti. Longe do teu sorriso. Longe dos teus abraços. Que se foda amor, que se foda. A maior experiência de inteligência vêm daqueles que se recusam a amar. E eles mentem muito bem. Sentem pouco e dizem sentir muito. Falam muito, mas não querem dizer nada. Eles nem te querem em tuas vidas vazias e rasas. Eles apenas brincam com teu peito, colocam teu coração nas mãos e saem pulando por ai como crianças felizes que acabaram de encontrar o melhor brinquedo do mundo. Deixei meu coração em tuas mãos, querida, e o que você fez? Me manteve longe o suficiente estes dias na esperança de que eu não fosse capaz de ir embora sem ao menos te escrever uma bela poesia. E eu escrevi, querida. Agora estou de partida. Marinheiro sem suas tranqueiras pronto para a viagem de um único caminho. E você causou tudo isso. Podes me estender a mão me pedindo para ficar só mais uma vez?

- MEU BEM, PARA DE ESCREVER!
- Oh porra, querida, nem bêbado estou. Porque me enches o saco?
- Não aguento mais te ver escrevendo todas estas besteiras que poucos se importam, caralho!
- Eu me importo, meu bem. Isso já é importante.
- Você está sempre com esse olhar morto e sereno, procurando em outros abraços o abraço que deveria te salvar, mas é este mesmo abraço que te matou por dentro.
- Não me matou por completo, querida. Ainda não. Tem alguma coisa de mim aqui dentro que fala que eu deveria continuar acreditando no amor.
- Deve ter, querido. Mas para de escrever todas estas tuas merdas. Não são boas. Você não é bom. Você nem escreve bem quando está sóbrio. E bêbado é uma negação, porque escreves coisas boas, mas joga sempre tudo fora.
- Mas que caralhos, existe alguma coisa boa aqui dentro, meu bem. Eu sei que existe.
- Tu tens verdades dentro de ti, querido. Como uma prostituta barata que tanto ama qualquer abraço que lhe entregue alguns trocados.
- Eu devo ser isso mesmo. Uma prostituta barata cheio de sentimentos viciantes que mal cabem dentro de mim.
- Meu bem. Meu bem. Sabes porque sempre fica no fundo do poço quando estas amando? Porque tu não tens o meio termo. Tu não tens o mais ou menos. Tu é 8 ou 80. Você ama muito ou não ama nada. Gosta demais ou não gosta nada. É ou não é. E isso te mata, querido. Não consegues fingir todas estas porcarias que o mundo já está cansado de fingir sentir. Você é desses poucos que se entregue por um coração incapaz de bater forte pelo coração de outra pessoa.
- Deve ter algo bom aqui dentro, querida. Puta que pariu. Deve ter algo bom aqui dentro.

E eu sei, querida. Eu sei escrever mentiras também. Gostaria de te dizer que eu nem sinto falta de teu perfume. Que tua voz cansada me dizendo tudo sobre seu dia já nem me agrada mais. Que teus braços quentes não me alegram como um dia me alegraram. E eu sei, querida, teus lábios frios já nem esquentam os meus mais frios ainda. E ficar perto de você é uma tortura pela qual eu já fugi faz tempo. Não sinto falta de tuas mensagens me dizendo que sentes a minha falta e que gostaria de me ver. Tomar algumas cervejas e dar uns bons tragos. E eu já nem sinto falta de te mandar qualquer coisa que faça tu se lembrar que me tens por perto mesmo estando longe. E, meu bem, as madrugadas têm sido bem fáceis depois que te tirei da minha mente com a mesma facilidade que tu tens entrado nela. Minha mente é este turbilhão de sentimentos e pensamentos que nada têm a ver com a tua imagem perfeita numa segunda-feira a tarde entediante. E te ver como eu sempre quis enxergar vai me cegar por completo e apagar todas as luzes de meu coração. E, querida, preciso te contar que estou sóbrio o suficiente para escrever esta carta e lembrar de cada palavra aqui contida. Não estou apenas cuspindo este poema, estou acabando com todas as borboletas existentes dentro de meu estômago que saltam dentro de mim sempre que lembro do teu nome. Você faz coleção de todas as coisas que eu quero e preciso evitar, meu bem. Eu te entreguei o meu melhor, meu bem. Te entreguei todas as minhas cartas. Te entreguei todas as minhas poesias. Te entreguei meus melhores beijos e abraços e palavras sinceras. E eu disse "toma, faz o que quiseres" e tu fez, jogou tudo na lixeira mais suja que fostes capaz de encontrar nestas esquinas imundas que nada tens para nos entregar. Esquinas que mal passamos por elas. E eu tenho um péssimo sentimento dentro de ti. Contei mentiras nesse dia mentira. E eu me sinto mal. Me sinto horrível. Me sinto fraco. E eu gostaria que não lesse destas minhas tentativas de mentiras para apenas te tirar de perto de mim a qualquer custo, porque o que eu mais queria era teus braços aos meus na esperança de que minhas paranoias não caiam sob mim nesta madrugada semi fria que virá. E você nem se importa. Segue tua vida normalmente. Seu trabalho. Teus estudos. Teus amigos. Tuas bebidas. Teus momentos. Tuas verdades. E eu vejo, aqui de longe, acreditando nesta mentira mais que verdadeira de que podes seguir todos os teus passos sem os meus ao teu lado. E sabes o que me conforta? Que tu és auto suficiente boa para não deixar nada de bom sobre mim entrar em teu peito da forma que eu gostaria. Pensou em mim ontem? Lembrou de mim hoje? Pronta para me esquecer amanhã?
O amor é uma libélula que pousou em minha janela e você mesmo atirou nela com tua melhor arma.

- Querido, já pensou o que seria de ti sem o amor?
- Um escritor mais feliz. Um bêbado por qualquer outra porcaria.
- Querido, já pensou se não soubesses escrever?
- Seria infeliz.
- Querido, já pensou se não soubesses beber?
- Seria totalmente infeliz.
- Querido, já pensou se não soubesses amar?
- E eu sei amar?
- Sabe. A tua maneira. Mas sabe.
- E porque estou tão sozinho neste quarto escuro, quase bêbado, com você em meus ouvidos me dizendo tudo isso?
- Porque quem recebeu o teu amor e não soube aproveitar é quem não sabe amar.
- Querida, estas cheia de brincar com a porra de minha cara hoje, não é?
- Contando verdades que te machucam tanto, querido. E você ainda acredita nestas tuas mentiras de que não sabes amar. Que és um escritor ruim e um bêbado esquecido.
- Meu bem, escrevi uma carta, mas não sei se és a minha melhor carta.
- Sempre fala isso quando escreve e uma tens sido melhor que a outra.
- Não estou me sentindo bem, meu bem. Coração apertado. Estômago angustiado. Mente cansada. O bloqueio criativo sempre que penso nela invade minha alma.

Bloqueio criativo. Amores perdidos. Tragos vencidos. Cervejas baratas. Romance esquecido. Bloqueio. Bloqueio. Bloqueio criativo. Criativo bloqueio. E eu querendo mais tragos e cervejas e o meu amor. Devolva meu amor. Venha amor. Querido amor. Sozinho. Solitário. Pensante. Alguém me salva? Alguém me ajude? Me perdi ao te encontrar. Me encontrei quando abri os olhos e não te vi aqui, mesmo querendo que estejas aqui. Não. Não se vá. Amor, não se vá agora. Não. Não.
O que são poesias sem um pingo de drama e uma pitada de angustia. E eu te queria aqui comigo. Bloqueio. Bloqueio. Solitário. Sozinho. Palavras jogadas. Palavras usadas para brincar. Brincar como fazes comigo. Como me usa. Como me escolhe, me toma e me joga fora. E se alguém entender desta mensagem, será uma dor em meu peito que não saberei conviver.

- Meu bem, tens se sentido sozinho?
- Todo tempo.
- E o que fazes quando se sentes sozinho?
- Escrevo e bebo.
- Tens feito bastante isso, não é?
- Todos os dias.
- Liga para ela, meu bem. Diga para ficar. Diga tudo que sentes vontade. Não só escreva na esperança de que ela te decifre de alguma forma. Fale. Diga para não ires embora de tua vida assim, sem ao menos um adeus.
- Querida, já amou alguém hoje?
- Não, não tomo mais dessa porcaria.

Cansei de escreve quando quero te falar. E uma voz disse em minha mente que você não se importa. Que se foda amor. QUE SE FODA!

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