quinta-feira, 2 de maio de 2019

Desespero poético sobre ruínas e decadências

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Acendo um trago. Puxo o máximo que posso. Lembrei de você.
Solto a fumaça. Fumaça que passa pela minha barba bagunçada e minhas entranhas. Esqueci de você.
Abro uma cerveja. Tomo um gole. Pensei em você.
Mato a cerveja e poucos goles. Te matei aqui dentro de mim.
E você colocou tudo a perder, querida. Tu colocou tudo a perder quando eu queria te entregar o meu tudo. E agora? E agora eu não quero mais nada de ti, meu bem. Não agora. Não hoje. Talvez, não amanhã. Nem depois.
Puxo mais um trago. Essa é minha decadência!
Acredito que nunca quis muito de ti. Talvez, a cerveja me ajudou a esquecer o que eu realmente queria e gostaria de você, mas isso já não importa. Eu não dou a mínima. Te esqueci.
E decidi te escrever para mostrar o quanto não dou a mínima. Para que entendas que eu parti. E cada dia que passa, estou um passo mais distante de você. E eu não dou a mínima. Porque você não da a mínima. E esse desespero equivalente á todos os meus amores é o nível de desespero por eu não sentir um pingo sequer da sua falta. Mas o teu perfume ainda está entrelaçado aos meus dedos. E tuas cartas com todas aquelas palavras mentirosas ainda estão fincadas em minha mente como doença permanente. E essa tua distância faz com que o meu pouco caso seja muito maior que o teu descaso. E eu não dou a mínima, querida. Nunca demos. E isso não é o mais importante. O mais importante é saber que passei por você, e tu não me notou. Que eu gritei pelo teu nome, e tu não me ouviu. Que eu passei minha mão levemente sobre a sua, e tu não me sentiu. Como nunca teria sentido. Como nunca sentirá. E eu sei que jamais sentirá por mim muito mais do que seu descaso. E eu não dou a mínima para isso, querida, porque estou te escrevendo e espero que leias com atenção. Leia devagar. Bem devagar. Devagarzinho. Quase parando. E sinta o drama Shakespeariano que sou capaz de ditar sobre nossa história mal contada, mal falada, maltrapilha e surrada que foi essa a que vivemos. E não damos a mínima.
Puxo mais um gole. Essa é minha ruína!
E eu queria, meu bem, te esquecer facilmente como quem não se importa. E eu gostaria de me esquecer como tu foste capaz de fazer, mas sei o real motivo dessa tua partida sem sequer ter a decência de olhar para trás e acenar em falso com teu punho nada afetivo. Porque tu nunca amou. Ou melhor, tu nunca me amou. E teu amor é barato demais. E o barato demais nunca foi capaz de me comprar. E tu não conseguiu comprar meus braços para te aquecerem quando sentes frio. E tu não conseguiu comprar meus lábios para tirar tua carência quando se permitires sentir. E teu ego, querida, tu muito menos conseguiu comprar esse meu lado que infla o teu ego para que se sintas sempre melhor e melhor e melhor e mais amada e desejada. Não sou desses caras que mentem para que outra pessoa seja capaz de me entregar um décimo do amor que lhe é capaz de ser sentido. E  isso é muito raso e vazio para mim. Se for para sentir, que seja de verdade. Se for para amar, que seja intenso. Se for para desejar, que seja com corpo e alma. Se for para sofrer, que seja pela sinceridade de um amor sincero que partiu sem olhar para trás, mas que era sincero. Não. Eu não quero ser a tua prostituta barata que tu usas sempre e quando quer. Se existe algo dentro de mim que não é raso é o amor, porque eu não sei amar, mas eu sei sentir esta porcaria aqui dentro. E se for para amar, que eu te ame com todos os teus passos para muito, mas muito longe de mim. Onde eu não possa te enxergar da forma que enxergo. Onde eu não te enxergue com minha visão míope nos braços de outro alguém e me sinta cego o suficiente para lembrar que tudo que sentes dentro de ti é barato e vazio e raso e escroto demais. Não sabemos amar, querida. Não sabemos. Tu procura amores comuns por saber que o teu amor é comum demais. E procurou em mim algo que nunca poderei te dar, um sentimento comum e padrão que tanto encontramos numa esquina qualquer por apenas alguns trocados. É muito simples abrir a boca para dizer que ama quando não sentes nada. E eu não quero ser uma de suas opções. Se for para nos amarmos, que eu seja único. Não pertencente. Não em posse. Não em obrigações. Mas um amor tranquilo, calmo e sincero. E se não podes me dar a única coisa que eu peço nisso tudo, não somos bons para entrelaças nossos dedos, deitar numa cama, sorrir e nos amarmos como estaria escrito.
Amores comuns são tão escrotos, meu bem. Romances baratos e chatos e monótonos e sem graça. Tão sem graça quanto todas as coisas que tu escreve por ai a procura de outros e outros e mais e mais amores.

É triste, meu bem!

Puxo mais um trago. Tomo mais um gole. E volto a pensar com a mente clara. Vamos mudar um pouco isso aqui e dizer algumas verdades? Leia devagar, querida. E entenda.

Tua saudade é minha ruína. Teu amor minha decadência.
E eu gostaria que todas as palavras poéticas citadas acima fossem de todo meu coração, pois assim seria muito mais fácil tentar te esquecer. Não é tão simples de esquecer quando o que mais se quer é estar ali do lado. E eu deito todas as noites e durmo para esquecer, mas sonho com você e acordo pensando "Essa lembrança não. Esse dia não. Essa memória não. Não apaguem essa merda da minha cabeça. Não agora. Não hoje. Não!". Mas, querida, eu já não dou a mínima para amores e romances. Todo mundo está percebendo esse meu erro. Voltei a ser o que era antes disso tudo. Quer entrar em minha vida e fazer com que algo seja diferente? Tudo bem, eu aceito. Quer entrar na minha vida e esperar o meu melhor sobre romances? Tudo bem, eu aceito. Quer entender que estou com um medo absurdo de amar novamente? Tudo bem, eu aceito. Quer ir embora sem saco pela conta da minha dificuldade de amar outro alguém? Adeus, querida.
E vai ser tão complicado amar de novo. Eu sei. Mas, eu não dou a mínima, meu bem. Quando o amor bater na minha porta e meu peito explodir, posso começar a me importar de novo, mas as pessoas não se importam com amores sinceros. Não mais. Elas se importam com seus egos e suas futilidades e seus sentimentos vazios. E se a pessoa não é capaz de mergulhar em seu vasto oceano vazio e não é capaz de se afogar em sentimentos inúteis, elas partem para outros braços quaisquer que tem pelos quatro ventos. Bem triste, não acha?
É muito mais fácil partir para abraços e amores vazios do que tentar enxergar um amor sincero em um certo alguém. Paciência, não é, meu amor?

- MAS QUE CARALHO, você está escrevendo essas merdas de novo!
- Lembre-se que desta vez não estou bêbado.
- Vai ficar uma MERDA!
- Lógico que vai, querida. Mas sabes que não me importo.
- Você se importa. Só não se importa o suficiente para entender que outras pessoas se importam. Algumas delas sabem que quando escreves, não estas bem. Seu idiota!
- Porque me xingas, querida?
- Por saber que não estas bem, mais uma vez.
- Assim que botar o ponto final nesta carta, estarei mais aliviado. Um tanto quanto aliviado.
- Entregou verdades?
- Eu sempre entrego verdades.
- Sabe ouvir tuas verdades?
- Sei. Só não dou a mínima, querida.
- Quando você escreve sem estar bêbado, teus textos ficam uma merda.
- E acha que eu não sei, caralho?
- Porque insiste?
- Porque existe alguma porcaria aqui dentro deste peito que não para de pulsar e me entrega uma falta de ar horrenda.
- Deve ser o peso na alma por saber que ninguém te ama.
- E você acha que eu me importo, caralho? Eu não dou a mínima, meu bem.
- Velho bêbado rabugento!

Ela entendeu que não estou bêbado?!
Entretanto, gostaria de não ter escrito nenhuma dessas palavras.
Ridículo, não acha? Decadências de pensamentos e ruínas de sentimentos te levam a um vale infernal que você nunca gostaria de estar e nem sabe o real motivo de estar ali.
Quando foi que cheguei nesse abismo sem nem lembrar ao certo onde está o meu amor?
Olhei para o lado, sorri, ia te perguntar alguma coisa. Lembrei que não está mais aqui.
Não dou a mínima. Me importando demais. E tanto faz. Mas te queria aqui por perto. E tu longe é bem melhor. Mas continuo te querendo. E deixei de sentir saudade. Mas sinto sua falta, vez ou outra. E eu só queria te escrever uma carta para se manter muito mais longe do que continua estando. Acho que falhei.
Não dou a mínima!

EITA PORRA, ESQUECI COMO FAZ PARA AMAR!!!


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