A carência de teus braços bate como um estrondo em minha porta. E grito em silêncio para ti, meu bem. OH QUERIDA, quero teus abraços e teus beijos e o som da tua voz cansada me dizendo o quanto é feliz em minha companhia. Essa tua voz que soa como blues aos meus ouvidos sensíveis a qualquer musicalidade que não seja de meu agrado. E o blues de tua voz tem sido minha melhor salvação. E batizei todas as minhas canções e poesias e drogas com teu nome. Só assim para eu lembrar de você com músicas, sofrer por você com cartas e tentar te esquecer com drogas quaisquer. E, querida, lembre que tu tens o melhor de mim. E teve bastante. Não faça com que eu me arrependa, mais uma vez, de dar o meu melhor para alguém, principalmente num momento em que minha fraqueza por amar bateu mais forte que o normal. E eu sei, meu bem, eu sei que uma hora ou outra tu irá partir. E isso machuca, querida, machuca mais que o normal. Mas é bom que saiba que meus sentimentos duplos fazem com que eu também não me importe. Todo amor sentido de verdade um dia parte por tua porta e tu não lembras mais nem das cores que ele continha. Assim é a libélula que passa por nossa janela certa vez em nossas vidas.
Diálogo 1:
- Como um aeroporto em meu coração, chegadas e partidas são as únicas certezas de minha vida.
- Passa essa noite aqui comigo? Quero acordar do teu lado.
- Amanhã cedo partirei então.
Preciso de um gole, quem sabe te esqueço.
Preciso de um trago, quem sabe não lembro de ti.
Preciso de um blues, quem sabe não sofro.
Preciso de uma poesia, quem sabe te apago.
Preciso de tua chegada, quem sabe teu abraço me salva.
Preciso de tua partida, quem sabe te esqueço. Novamente.
O amor é essa porcaria que a gente acha ser tudo em nossas vidas, mas não é. O amor é só uma carência auto-destrutiva que acaba com nossos seres e almas e coração e que apaga tudo aquilo que somos ou deixamos de ser. E sempre que nos encontramos apaixonados por outro alguém, repare, nos transformamos em seres notavelmente burros e incompreendidos num perpétuo caminho por falta de reciprocidade que nada nos tem a entregar. Um sempre irá amar mais que o outro. Um sempre irá pensar mais que o outro. Um sempre sentirá tudo aquilo que outro alguém nunca nem sequer pensou em sentir. E o ciclo será sempre esse. Tu amarás demais ou de menos. Outro alguém te amará demais ou de menos. E nunca será recíproco. Essa merda de amor nunca é recíproco. Ninguém nunca fará nada daquilo que fazes por tal pessoa. E, um dia, você não fará nada daquilo que tal pessoa faria e fará por você. E, quando fazem, e quando é recíproco, as partidas caem de encontro com nossas vidas mais rápido do que as chegadas e as formas de como o amor dentro de nós cresceu e nos deixou envolver tanto assim por essa coberta de sentimentos que nada de bom tem em trazer para nós.
Mas não mendigue o amor. Não se sinta forçado em fazer tal pessoa te amar. Não force mensagens, canções, poesias e atenções. Não. O amor não é um esforço. O amor é simples. Calmo. Temporário, mas calmo. E muito, mas muito simples, como já disse. Se alguém te ama, tudo será simples e intenso e tão prático quanto um "Quero te ver" e a resposta de "Estou indo. Logo chego. Prepara meu lado da cama". O amor é isso. Fazer piadas ruins e a pessoa rir com você e para você e te beijar logo em seguida dizendo que tua companhia é a melhor coisa do mundo. Poesias são transformadas e escritas assim. O blues vem logo em seguida, quando a piada ruim é feita do esquecimento de teu amor. Quando teu amor parte e ele vira essa piada ruim sem explicação nenhuma. E tu nunca achas graça. E nem deveria achar. O amor é simples. Cansativo. Mas bem simples. Nunca se esqueçam disso. O amor é como essa carta que escrevi em apenas 12 minutos. Bem simples, mas que ninguém vai entender. O lado bom disso tudo é amar e passar minhas mãos pelo corpo mais lindo em que vi nos últimos tempos e deixar ao final de minha carta que esse é o blues mais bem tocado que tive o prazer de tocar até a última nota musical de teus cabelos. E tua boca é a droga mais bem consumida que nunca me cansaria de usar. E quer saber de uma coisa, meu bem, teu sorriso e teu olhar me levariam a perdição, se tu permitisse, e te pediria em casamento agora mesmo, mas quem não permite isso sou eu mesmo e esse medo constante de que tudo acaba, tudo parte, tudo some, tudo evapora. E, no fim, viramos uma piada ruim que ninguém nem lembra como se é contada. O amor em minha vida é essa piada de mau gosto contada por mim mesmo. E as coisas que deixei em tua casa, bem, tu podes queimar agora. Nada tem a nos dizer. Inclusive meus sentimentos. Se lembra deles? Aqueles sentimentos de verdade? Soa arrogante dizer que ninguém, TALVEZ, sentirá eles por ti? Bem, não me importo. Minha arrogância me priva de ser tudo aquilo que não sou. Mas, lembre-se, querida, se eu te amei, se eu passei muitas horas ou poucos minutos ao teu lado e sorri por todo este tempo, eu te amei de verdade, e esse sentimento, quando partido, é difícil de ser sentido de novo pelo mesmo coração.
O telefone toca. Era o amor me pedindo para encontra-lo. Disse que estava com saudades. Que queria me ver. Todas essas besteiras e propostas de quem um dia irá embora da minha vida. Pensei por alguns segundos. Seria uma boa escolha levantar de minha cama e ir encontrar algo que partirá de mim em breve?
- Vem me ver, estou com saudades.
- Chego em alguns minutos.
O amor é simples, baby, o amor é simples. Tão simples quanto uma depressão acumulada por anos.
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