segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

Como disse Allan Poe "Tornei-me insano, com longos intervalos de uma horrível sanidade".

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Sem confrontar o amor desta vez, digo que tudo que amei, amei sozinho. E todas as pessoas que amei, amei sozinho, de fato. E esse foi o meu erro. Amo meus enganos. Amei os meus enganos. E por tanto amar esses mesmos enganos, caio de encontro com meu ódio e raiva e tormento. Sou esse ser que vos escreve e vos ama e que cansou. Esse ser lunático que caiu de encontro com tua própria agonia e já não consegue sentir mais nada. Esse ser que se embebeda sozinho e escuta todas as tuas possíveis canções deprimentes e solitárias e cheias de tristezas. Que se foda essa raiva. Que se foda as pessoas. Que se foda o amor. Amei do meu jeito e encontrei-me em completo cansaço. Que porra a mais do cansaço mental a vida é capaz de me proporcionar?! E hoje sinto a falha de meus amores em meus joelhos cansados que já não aguentam caminhar até o banheiro que se encontra perto de meu quarto. E esse meu quarto precisa ser arrumado. Garrafas vazias de cerveja precisam ser coletados daqui de dentro. As janelas precisam ser abertas. As cartas amassadas precisam ser revistas por alguém com um olhar não tão crítico e triste quanto o meu. A cama precisa ser ajeitada. E eu não me importo. Não me importo de me encontrar em meio a esta bagunça quando, na verdade, minha vida está mais bagunçada que este cômodo. E eu grito, grito silenciosamente por ajuda. Ninguém responde. Não encontro um sinal sequer de que tudo, um dia, ficará bem. E tudo permanece igual como sempre esteve. Minhas bagunças. Meus dramas. Minhas cartas. Meu quarto. Meu coração. Minha mente. Tudo intacto. Completamente bagunçado, mas intacto. E não tem ninguém aqui para olhar por mim. Não tem ninguém aqui para me estender a mão e dizer que tudo de fato ficará em teu devido lugar. E ninguém se importa com esta merda, porque eu deveria me importar?! Logo hoje. Logo agora. Me desmancho em minhas cervejas. Me apago em palavras minhas. Me entrego em vazios. E a escuridão do meu quarto logo me possui. E é isso que eu quero. O esquecimento. O vazio. Não sair daqui. Não agora. Não hoje. Me entregar a minha insanidade enquanto desfruto de minhas músicas e garrafas de cerveja. E porque estou escrevendo então? Porque ainda tenho mãos firmes, mesmo depois de muitos goles, para dizer tudo que penso e sinto e ouso expressar. Quem se importa com essa maravilhosa merda? Você? Claro que não. Está lendo palavras minhas? Talvez. Se importa de verdade com tudo contido aqui? Uma porra que não. Tenho xingado demais em minhas poesias e cartas? Que se foda! Bukowski fazia isso e fizeram dele um grandioso escritor. Muito tarde, por sinal. Mas fizeram. Isso aqui é o melhor que tenho para entregar além de minhas frustrações. VIDA DO CARALHO que me machuca. AMOR DO CARALHO que me usurpa. Expressões de cansaço em meus olhos e face querem dizer muito sobre mim. E eu só me deparo com o cansaço e ressaca. Bebedeiras e tragos. Frustrações e cartas. Raiva e palavras. Palavras expressam muita coisa quando temos muito a dizer. Expressam muito mais quando absolutamente ninguém irá entender uma palavra sequer e romantizará tudo. O glamour de minhas palavras é feito pelas pessoas que acham que eu apenas escrevo para ser alguém diferente ou para chamar atenção, quando na verdade, todas as minhas palavras, bonitas ou não, são escritas através de um pedido de socorro, um porre, um blues do bem triste e lágrimas contidas dentro de um coração que só quer gritar e gritar e gritar e implorar por socorro de uma alma que se encontre mais pesada e triste do que a minha. Cadê essa alma para salvar outra alma? Cadê esse coração que entenderá meu coração? Cadê essa mente que não irá olhar apenas belas palavras num texto que muito tem a dizer? Que droga de raiva que me invade e me deixa totalmente cego perante todas as coisas do mundo. Só queria uma bela poesia que me fizesse acreditar que minha vida tem uma saída quando se encontra bem próximo do mais glorioso desfiladeiro sem um fim visível. A vida já não é mais previsível como costumava ser, e isso me assombra.

- Para ser feliz até um certo ponto é preciso ter-se sofrido até esse mesmo ponto.

E quantos esperam felicidade? Quantos acham que de fato serão felizes e amados? Quantos acreditam que o amor e a felicidade existem quando, de fato, ninguém sabe se existe? O amor e felicidade são situações efêmeras que ninguém sabe se existe de fato. São sentimentos que foram criados para que possamos ter esperança de que, um dia, tudo ficará bem. Na verdade, morreremos acreditando que fomos felizes e amados, quando na verdade, morreremos e seremos esquecidos. E tudo que passamos em terra será esquecido. Por nós. Por eles. Por vós. Sofremos em terra? Sofremos em vida? Claro que sofremos. A vida é feita dos nossos sofrimentos. E nos transformamos exatamente naquilo que sofremos por medo de sofrermos de novo. E nos blindamos. Nos blindamos com nossos erros e mágoas e sofrimentos e amores. E quando sofremos, criamos nossa blindagem, e prometemos para nós mesmos que não passaremos pelas mesmas situações novamente. E acreditamos nisso. E por um belo tempo conseguimos, mas a vida é esse saco de bosta imprevisivelmente previsível que é cheia de mostrar que estamos sempre errados. E sofremos e nos magoamos e amamos e nos enganamos de alguma outra forma. Pior do que aquelas formas passadas tempos atrás. E esmurramos as paredes. E choramos. E sofremos. E gritamos. E a gente sente raiva. E a gente se encontra no maior dos abismos. E a gente se joga. E a gente renasce do sofrimento. E vivemos essa vida. De mágoas e sofrimentos e fardos e choros e amores e enganos. Essa é nossa vida. Isso é o que levaremos conosco. Aprendizados e enganos. E ninguém nunca irá tirar isso da gente. E é por isso que escrevo. Morrerei com minhas falhas, enganos, amores, encantos, desacertos, mágoas, sofrimentos e fardos e choros, mas escrevi tudo que ousei sentir e passar e pensar. E as pessoas, um dia, lembrarão de mim por essas cartas, muitas delas tristes, e que elas se identificam. E que elas compartilham consigo mesmas, e que se foda nossas tristezas compartilhadas. Eu queria mesmo que alguém me entendesse e me compreendesse e sentisse, por um pequeno momento, tudo que ouso sentir e chorar, e me dissesse que tudo, um dia ou uma hora, se encontrará de fato em teu devido lugar. Quando na verdade, eu sei que, quando tudo estiver em teu encaixe, novas frustrações virão. A vida é assim, lembra?
E somos formados e feitos e criados por todas as coisas ruins que conseguimos conquistar em nossas vidas. Mas as pessoas insistem em acreditar que somos feitos de todas as coisas boas e felizes e acertos e sorrisos. A vida é muito mais do que nossas felicidades compartilhadas. A vida é feita de nossas tristezas vividas. É só tu parar para pensar em todas as coisas que foram feitas a base de alegria e tristeza. A tristeza sempre vence todas as coisas alegres. E são as tristezas, mesmo com um final feliz, que levam para casa um Oscar ou um Grammy ou uma premiação qualquer por menor que seja. Repense! No fundo sabes que estou certo. E se eu estiver errado, me diga. Diga-me que todas as nossas felicidades nos trouxeram coisas boas e reconfortantes e criativas. Diga-me que estou errado e me mostre isso e NUNCA MAIS escreverei. Quer um exemplo pequeno? Bem pequeno?! Veja textos e cartas e poesias minhas, as melhores foram feitas quando eu não estava bem comigo mesmo nem com o mundo nem com pessoas. Veja, logo em seguida, todas as coisas imensamente criadas a base de tristezas e frustrações. Todas elas terão prêmios ou foram indicadas. Mas sabe qual a parte mais triste nisso tudo? NINGUÉM entendeu de FATO todas aquelas tristezas e frustrações e mágoas e pedidos de socorro.
Escrevi uma carta sem falar uma palavra sequer sobre o amor que sinto por outro alguém, e tu achas mesmo que irão me entender ou me ajudar ou me resgatar? Achas mesmo? Talvez tenha virado até um clichê, mas desisti de tentar ser compreendido.

Imploro pelo dia que meus demônios não caçoarão de minha cara e apontarão que sempre estive errado. Imploro pelo dia em que encontrarei minha Annabel Lee para me abraçar e dizer que tudo ficará bem, meu amor.
Entendeu alguma referência minha? Se não entendeu, jogue fora está carta. Tu não podes me salvar.


"Não fui, na infância, como os outros
e nunca vi como os outros viam.
Minhas paixões eu não podia
tirar das fontes igual à deles;
e era outro o canto, que acordava
o coração de alegria
Tudo o que amei, amei sozinho."
Edgar Allan Poe

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