quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

Coração de boteco e cartas de luxo sem muito a dizer

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E por medo de partidas, meu bem, não deixo as pessoas entrarem. Não deixo o amor entrar. E ele tem batido em minha porta, insistentemente. E eu, ofegante, levanto de minha cama, chego de encontro à porta e não abro. Dou meia volta. E não abro. Continuo andando. Vou até a geladeira, pego a cerveja mais gelada, abro e continuo ouvindo o amor bater em minha porta. E ele não se cansa. Acha que quero ser teu amigo. E não, não quero. Nunca quis. Não seria hoje que sentiria um pingo de vontade sequer de ser amigo desse tal amor. Velho. Sujo. Surrado. Mal falado. Escroto. Medonho. Tal amor. Nunca te quis, porque ei de te querer hoje?
Não quero ser amado, querida, mas te queria aqui do meu lado para me dizer que o amor não passa de uma brincadeira sem graça que não tem muito que fazer. Não quero ser escolhido para ser o príncipe encantado de alguém, sendo que passo longe, muito longe disso. Não passo de um jovem velho bêbado que não sabe bem o que quer. Que é mais perdido que você que estará lendo esta carta. E se achas que irei dizer algo que faças seguir passos meus, estás muito do bem enganado. Não siga passos meus. Relembre minhas cartas e veja que não sou a melhor pessoa para ser seguida. E nem quero ser seguida. Não quero ser amado. Quero ser lembrado. Não amado. Amor machuca. Amor estraçalha. Essa merda de amor é a pior coisa que alguém conseguiu inventar dentro do ser humano. E para quê, meu bem? Para quê? Para que as melhores artes fossem criadas a base do sofrimento. Músicas. Poesias. Cartas. Desenhos. Livros. Filmes. Histórias. Memórias. Tudo será lembrado e escrito e feito sobre o amor, mas veja bem, todas as melhores artes são feitas e lembradas com o pior lado do efeito amar. Lembre-se bem. E pense. Pense se é o amor que queres em tua vida. É um amor que queres em tua vida? Reflita!
Não quero ser amado, mas queria teus lábios de encontro aos meus. Mesmo que esta distância seja conflitante. Mesmo que teus atos futuros seja de partida. Mesmo que amor seja uma partida. E um ciclo. E mesmo que eu seja esse bêbado insano que escreve coisas que ninguém nunca entende  - e ninguém nunca pergunta se estou bem quando escrevo minhas cartas, porque elas não entendem que estou mal, elas não entendem que todas as minhas cartas são um pedido de socorro e elas continuam achando que são apenas declarações de amor -, continuo querendo teus lábios e teus abraços e tuas mãos e teu corpo, teu belo corpo, eu nunca largaria teu corpo se soubesse que nunca partiria, e tu irá partir, eu sei que irá. E teus sentimentos, jamais largaria teus sentimentos se não tivesse essa certeza obsoleta de que um dia não estará mais aqui. Conflitante, não é, querida? E reluto em dizer que tu me salvou de um coração partido, mas hoje meu coração partido é por ti. Entendeu agora que o amor não passa de um ciclo, meu bem? Corações partidos são facilmente entendidos quando se tem um coração partido. E corações partidos são mal interpretados com o glamour de todas as relações e artes que deram certo. E todos acham que existe o amor da vida deles. Sendo que não existe. O amor é só uma névoa passageira que continua batendo em nossa porta até que a gente deixe ele entrar, ele entra, passa um tempo, toma um café, bate um papo. Se o amor é ousado, ele toma até umas belas cerveja e usa de uns bons tragos. Mas uma hora ele vai embora. O amor sempre vai embora. E ele irá embora. E quando tu se deparar, estará num balcão de bar bebendo todas as cervejas que a vida lhe é capaz de entregar. QUE SE FODA O AMOR, MEU AMOR! Essa merda sempre vai embora e não existe nada que somos capazes de fazer para que ele fique aqui quietinho dentro de nós. Eu queria amar, mas não queria ser amado. Ou melhor, eu queria ser amado, mas não queria amar. Não, não. Eu queria deixar de sentir algo por essa mulher que invadiu minha vida sem mais nem menos. Mas essa merda insiste em bater em minha porta.

- Estou amando, cara. Estou perdido. Não sei o que fazer.
- Beba.
- E de que adianta?
- Escute um bom blues.
- Funciona?
- Beba mais.
- Isso eu já faço. Qual o propósito?
- Beba. Ouça um blues. Escreva tuas cartas. Ocupe a cabeça. Esqueça o amor.
- Não penso em outra coisa, cara. Como faço para tirar ela da cabeça?
- Beba, cara. Beba! Ocupe a cabeça.
- O amor é uma merda, não é?
- Você é uma merda.
- Meu Deus, cara.
- Mas que merda, porque foi se apaixonar?
- Porque não bebi o suficiente.

A gente tem medo das partidas e não ama.
A gente tem medo de ser esquecido e não lembra.
A gente tem medo que pouco se importem e não se importa.
A gente tem medo de que não nos amem e fingimos.
A gente tem medo de que não nos permitam entrar em tuas vidas e nós não deixamos que entrem em nossas vidas.
A gente tem medo da decepção e acabamos decepcionando.
A gente tem medo do amor e ele ri de nossas caras.
O amor é simples. Ame e será amado. Esqueça e será esquecido. Lembre e será lembrado. Sofra e não sofrerão por você. Tu será esquecido. Eu serei esquecido. O amor é isso. Bipolaridade. Pouco importa o amor. Sendo que me importo até demais. Eu realmente serei esquecido. E as partidas sempre baterão em minha porta. E o amor, sagaz, virá bater em minha porta. E eu não abro. Deixa essa merda lá fora. Isso nunca me levou a nada. E todas as vezes que deixei ele entrar, sofri como um cão abandonado na beira da estrada em um temporal de nevasca. E essa merda não me surpreende mais. O amor não me surpreende mais. Teus lábios me fazem sorrir. Tua voz me acalma. E me destrói. Teus braços são meu abrigo, mas sempre que estou longe deles, sou o mais perdido marinheiro com uma bussola quebrada que se encontra nesse mundo. E tua percepção de mundo é meu alicerce. Tu és tão forte. Tu és tão madura. Tu és tão tudo. Me sinto uma alma ingênua do teu lado. E me sinto bem. Mas sempre que vais embora, sinto que sou o mais burro de todos os seres humanos. E que não sei de nada. E nunca saberei. E teu descaso sobre tua partida me faz tão mal, meu bem. E você não se importa que irás ficar longe de mim. E isso me atormenta. Me machuca. Me afronta. Me perturba. E não quero ficar longe. Mesmo sabendo que tua distância é o motivo de meu futuro e minhas próximas poesias. Será que farei alguma arte que jamais será esquecida assim que tu partir de minha vida? Será que beberei mais do que já bebo? Será que nada disso fará sentido para mim e eu mal me importarei? Quem se importa com está merda chamada poesia? Quem se importa com minhas cartas tão ricas em nada a dizer? As pessoas continuam dizendo que eu escrevo tão bem, mas elas não entendem nada do que escrevo. E elas nunca chegam em mim para perguntar como estão as coisas. E elas não chegam em mim para dizer que entenderam cada palavra que escrevi. Elas só dizem que escrevo bem demais. E QUEM SE IMPORTA, CARALHO?! Minhas cartas são como o amor, ninguém se importa. E eu não quero que se importem.
Oh, amor, PORRA, para de bater na minha porta???!!!

- Você já tentou não amar um outro alguém?
- Sim. Toda vez que meu peito bate mais forte na presença de outra pessoa.
- Tu consegue não amar?
- Eu sou o amor em pessoa. Esse merda que você bebe junto.
- Tu gosta de amar?
- Eu odeio amar. Essa merda só me trouxe problemas. E muitos problemas virão, porque sou burro o suficiente para acreditar nesse amor de merda.
- Acreditas no amor?
- Não.
- Tens algo a dizer?
- Só quero encher a cara e esquecer, por um momento, que amo outro alguém além de mim mesmo.

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