terça-feira, 22 de janeiro de 2019

...e ele é assim, observa a vida dentro do aquário sem ao menos suspeitar que vive nas mesmas circunstâncias

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E sem perceber, tudo se foi. O aroma se foi. O perfume se foi. O sabor se foi. O brilho no olhar por todas as pessoas já se foi faz tempo. O sentimento se foi. Tudo se foi. Tudo partiu. O amor se foi. E você se foi. Assim, sem eu perceber. E o coração manifesta uma saudade que aperta com todas as forças que ele é capaz de me entregar. E percebo que tudo realmente se foi. Você se foi, meu bem. Era o que eu menos queria. Tua partida. E hoje me sinto enclausurado nessa circunstâncias de vida sem o menor sentido que tudo se encontra quando estou tão, mas tão longe de ti. Sem sentir teu perfume. Sem lembrar teu aroma. Sem ter o teu sabor. O brilho no meu olhar foi embora desde que me virou as costas, querida. Aquele brilho no olhar por todas as coisas da vida já não existem mais. E isso não tenho medo nenhum de falar. Não finjo que estou bem quando na verdade estou desmoronando por dentro. E isso é o que mais me corrói. Esses meus pedidos de socorro por algo que sei que não tem jeito. Esse amor estraçalhado que não tem mais formas e desejos e sonhos e pensamentos. Apenas lembranças. E tu se foi, meu bem. Tu partiu. E nem quero mais saber como você está. Se está bem ou se está mal. Se vive bem ou se sente minha falta. Nem quero saber se tua saúde está boa o suficiente para respirar em ares que passei há poucos minutos antes de ti. E não quero saber mesmo. Não quero lembrar do teu nome, querida. Por isso nunca escrevo. E nunca digo. E nunca penso. E quando penso, finjo muito bem que esqueci de todas as nossas memórias. Quer poesia sobre todos os sentimentos ruins? Então toma. Te entrego gratuitamente. Tudo escrito por inteiro de um coração completamente quebrado que sente demais a tua falta. E ele não fala. E ele não admite. E ele não grita. E fica ali, quietinho, em silêncio de tua própria penitência se culpando por todas as coisas ruins que nos foram acometidas. E esse mesmo coração ainda te ama, meu amor. Mesmo coração que chora em silêncio por ti noite após noite. E como não sentir tua falta, não é mesmo? Quando ninguém mais se compara a ti. Quando ninguém mais tem o teu sorriso. Quando ninguém mais tem a voz calma que tanto me acalma como a que tu tens. Sem contar os abraços e carinhos. Sem contar a forma que cuidavas de mim. Sem contar a forma que teu olho brilhava sempre que falava sobre mim para outro alguém, estando perto ou longe, eu sabia e via que teu olho brilhava forte o suficiente para fazer teu coração bater forte o bastante para que fosse ouvido a quilômetros de distância. Ninguém se compara a você. E nunca irei fazer uma mísera comparação sequer sobre você. Porque, talvez, nunca ninguém fará com que eu me sinta como me senti na ultima noite em que nos falamos. Tão forte e tão fraco. Tão rico e tão pobre. Tão verdadeiro e sem esperança. E eu tenho um péssimo sentimento sobre nós, meu amor. Sei que não me amas. Não. Não me amas. E nunca amou, verdadeiramente. O fogo em teu coração que sentia por mim durante um tempo não passa de chama ardente de um coração que queria ser amado, mas que não sabia amar e nunca soube. E nunca saberá. E tu, meu bem, acharás que amou o suficiente para ser forte o bastante sozinha. E tu, querida, acharás que teu próximo abraço em que se encontrará como abrigo será teu amor de fato e verdade, mas não será. Eu sei que não será. Porque sempre pensarás que me amaste de verdade. E eu posso estar enganado, como sempre estive, mas sei que não me amou da forma que sempre disse. E se teu coração bater tão forte por outro alguém quanto o meu coração bate, ainda, por ti, será esse amor de verdade que nunca sentiu, mas tu nunca irá aproveitar dele, porque saberás e aprenderás que o amor é uma droga qualquer que todos jogam fora e nem sequer fazem questão de experimentar. E quando experimentam, como eu experimentei? Eles sofrem. E colocam o nome de outro alguém nesta droga, sem saberem que tudo que estão passando e passarão é por livre arbítrio de escolhas ruins feitas por nós mesmos. Sabe esse sentimento que pulsa em teu coração? O tal do amor?! Daqui um tempo será apenas lixo que precisa ser esquecido por outro alguém. E a pessoa lembrará de ti como uma mera lembrança de um passado em que ela sorri com desdém de tua cara. E esse amor não é de verdade. Nunca foi. Nunca será. E nunca sentirá. Pense, achas mesmo que és capaz de ser verdadeiramente amado por outro alguém? Não responda para mim. Não faça essa questão. Eu mesmo sei que não sou merecedor do amor de outro alguém. Sou uma criança imatura de sentimentos que aprendeu a amar sozinho. E minha mãe sempre disse "Cuidado com o amor, filho, isso machuca demais", e eu nunca dei ouvidos. A gente nunca da ouvidos para nossas mães. E elas sempre, mas que caralho, estão certas.

- Você tem bebido demais, filho.
- Eu sei, mãe.
- Estou ficando preocupada com você. Não está bem?
- Agora estou. Bêbado o suficiente para me sentir bem. Só assim fico bem.
- Tenho percebido.
- Ainda sinto falta dela, mãe. Muita falta.
- Eu sei.
- E só bebendo me sinto suficientemente bem.
- Eu sei, meu filho. Quer um café?
- Sinto falta dela, mãe. Todos os dias.
- Eu sei, filho. Durma um pouco.
- Voltei a não conseguir dormir direito.
- Você está emagrecendo, filho. Coma alguma coisa.
- Não tenho vontade.
- Está tudo bem?
- Estou bêbado, mãe. Tudo fica bem assim.
- Isso que me preocupa. Parece que não está bem. E se não estiver bem, converse com a mãe aqui, tá?!

Estou preso dentro de um romance criado por mim mesmo e não sei como me libertar dele. Tenho feito pedidos de socorro gritantes e silenciosos. Ninguém me ajudou. Ninguém nunca ajuda. E eles acham que tudo é lindo demais para não ser glamourizado da forma que eles fazem. E eles dizem que sou esse grande escritor e todas aquelas coisas. Que escrevo demais. Que sou foda demais. E eu não me importo. Nunca me importei. E eles dizem que tudo que ele escreve faz sentido. É tudo tão mágico e lindo e encaixado. E não enxergam os meu pedidos de ajuda em cada linha contida. Por isso tenho desistido tanto de escrever minhas palavras. Penso. Reflito. Escrevo. Crio. Peço ajuda. E só se importam com as flores. E se esquecem das flores mortas dentro de meu coração. Eles sempre se esquecem. E esquecem do real motivo por eu escrever tanto e beber tanto e ficar tanto tempo acordado e emagrecer tanto e chorar tanto em silêncio. E sabe aqueles domingos em que eu tinha como massacre ficar sozinho? Estou conseguindo ficar sozinho comigo mesmo. Estou me conhecendo. E esse é o meu medo. Está sendo tudo muito bom. Marinheiro de terceira viagem sem muito a dizer encontrando tua bussola para conseguir voltar para casa. E quando ele se encontrar e voltar, verá que teu lugar não é ali. E verá que teu amor foi verdadeiramente embora. E verá que nada daquilo mais importa. E verá também que todos os teus sentimentos foram jogados fora por quem nunca se importou. E ele verá que não vale a pena lutar por uma pessoa que vive tão bem longe de dele. E ele verá que não vale a pena lutar por amor nenhum. Que continuar sendo esse marinheiro perdido é a melhor opção. E ele percebe que já não se importa com cartas enroladas dentro de garrafas largadas em alto mar na esperança que alguém tenha a dignidade suficiente para encontrar e  salva-lo. E ele mesmo se prendeu nesse mar de sentimentos tão sufocados por ele mesmo.

- ...você não está bem, filho. Quer conversar?

...e chorei.

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