quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

Após horas e horas de conversa a fio...fazendo as pazes com o demônio interior

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E o que eu posso arrancar de dentro do meu coração?
Me consideram um artista e eu só queria poder responder a essa desprezível pergunta. O que eu posso arrancar de dentro do meu coração? Com que facilidade posso abstrair todas as coisas ruins de um coração tão ferido quanto o meu? E que porra de artista é esse que enche a mente de cervejas e cigarros e escreve qualquer porcaria que passa pela tua cabeça e depois não lê absolutamente nada daquilo que as mãos dele foram capazes de externar?! Que artistazinho mais medíocre esse que vos escreve. Que escritor de quinta categoria esse que vocês esperam uma carta a mais para ler em tuas vidas. Carta que, por ele, é simplesmente arremessada aos quatro ventos sem um direito sequer de julgamento por ele mesmo. Algo que ele mesmo criou, não tem direito nenhum de ser julgado com uma sentença final de que aquilo não deveria ser entregue para o mundo. Aquilo de nada serve para mim. Está vendo estas palavras que estais lendo? Não servirão de nada para mim a partir do momento que eu externar para o mundo e liberar minhas piores fraquezas como ser humano pensante e solitário e apaixonado que sou. E o que eu posso arrancar de dentro do meu coração? Ansiedade que me tira o sono. Depressão que me consome cada vez mais. Tristeza de não ser capaz de amar outro ser humano da mesma forma que lhe é entregue o amor. Esse amor fraquejado que tanto luta em ser liberto. Esse amor enriquecido de fraquezas e solidões que é entregue por um outro alguém para esse ser que vos escreve. Eu devo ser o pior dos seres humanos por não conseguir encontrar alguém capaz de entender a minha forma simples de amar. E talvez, essa forma simples seja o maior dos meus problemas. E talvez, seja essa forma simples que devo arrancar de dentro do meu coração que tanto tem a dizer. E o simples que eu digo é a ternura de um amor calmo que me alcance a maior de todas as grandezas que o ser humano nunca foi capaz de entregar para ninguém. E esse amor ninguém pode me dar. A paz de um domingo tranquilo. A paz de um beijo com um sorriso. A paz de um abraço com abrigo. A paz do final de uma briga com o melhor do sexo que já foi feito. A paz de um carinho sem pressões e supostas falta de confiança. Amor simples esse que tanto peço e suplico há tempos e tempos, e a unica coisa que o universo é capaz de me dar é a decepção e solidão de um quarto escuro onde me encontro bêbado o suficiente para externar todos os sentimentos meus. Sentimentos esses que ninguém é capaz o suficiente de entender. E nem quero que entendam. Porque sempre será a mesma porcaria de situação em que as pessoas dizem que sou o artista que muitos gostariam de ser. E que CARALHO de artista esse que só está a procura de um amor simples. Amor desgraçado que insiste em bater na porta de minha casa para fazer com que as arestas sejam desfeitas através de flores e cantigas sem nada a dizer e entregar para ninguém. Amor sublime que insiste em persistir no erro de encontrar alguém que o cure de todas as dores que o mundo e as pessoas foram capazes de te entregar. Mas porque caralhos ele continua procurando essa droga de amor quando não existe canto nenhum do mundo capaz de lhe dar o que ele mais quer? E como caralhos ele é capaz de acreditar que as pessoas são capazes de amar-lhe da forma que ele procura e espera e implora? Sendo que ele já nem implora mais. Sendo que ele nem acredita mais no amor. E as pessoas acreditam que ele odeia o amor e odeia ser amado. Quando, na realidade, ele só quer um amor calmo o suficiente para lhe tirar da cabeça a unica pergunta que dentro dele lhe cabe "O que eu posso arrancar de dentro do meu coração?".

- Quantas borboletas foste capaz de assassinar?
- A maioria.
- Isso quer dizer que ainda da pra encontrar algumas ai dentro, não é?
- Talvez. Poucas.
- O que pretendes fazer?
- Continuar assassinando todas elas.
- Mas porque?
- O amor é esse caminho sem fim para o inferno que estamos acostumados e predestinados a ter dentro de nós, quando, no fim, a unica experiência cabível dentro deste estômago é o tormento sem um sentido qualquer.
- Não entendo nada do que diz.
- Acha mesmo que essa porcaria de amor é a unica coisa que importa no mundo? Puta que me pariu, cara.

O que eu posso arrancar de dentro do meu coração?
E pensas mesmo que tudo que escrevo é pensando em como outra pessoa ou outro romance irá pensar sobre as coisas que penso e sinto e insisto e reflito? Se pensas assim, não entendeu absolutamente nada do que fui capaz de escrever aqui para ti. E vamos consagrar esta carta com um pouco de minhas grosserias capazes de serem sentidas pelo amor insuportavelmente chato que sou capaz de ter dentro de mim. Achas mesmo que tudo que escrevo é por causa de um outro alguém, porra? Achas que o amor me deixa burro o suficiente para escrever tais palavras pensando em como outro ser humano iria se sentir se ele soubesse tudo que sou capaz de ter aqui dentro de mim? Se pensas assim, você é um ser humano completamente egoísta e burro o suficiente para pensar que revelo todas as minhas fraquezas a ponto de que outro ser humano apenas se apaixone por mim. E o que eu mais queria era tirar todas as coisas ruins de dentro desse coração que tanto insiste em sentir. E o que eu mais queria era entregar todas as minhas garrafas vazias para o meu romance e dizer que o motivo de minhas bebedeiras tem sido ela mesmo. E gostaria de entregar todas as bitucas de cigarros apagadas em teu melhor momento diário e dizer que foste a unica pessoa do mundo a me fazer fumar o suficiente para desejar a morte por falta de ar. E eu só queria arrancar essa merda de dentro do meu coração até ser capaz de dizer que não sou mais capaz de sentir absolutamente nada por outro alguém. E o amor é como essa droga de vida, não faz sentido ALGUM. E eu só queria não te enxergar nos meus livros que falam sobre romances. E eu só queria não formular diálogos com você dentro de minha mente e nunca tira-los daqui. E eu só queria compartilhar com você minhas cervejas e cigarros em uma noite qualquer, numa varanda qualquer, para poder te dizer que és a falta de algo que mais tenho sentido nos últimos tempos. E eu queria acreditar tanto, mas tanto no amor, a ponto de ser uma dessas pessoas estupidamente ignorantes que acreditam nos finais felizes de todos os filmes românticos de merda que insistem em passar nas telas de cinema. E queria que nossa história de amor fosse como todos os suspiros soltados por todas aquelas pessoas que queriam uma história de amor real só para elas. Com um final feliz. E essa porra de final feliz nunca existiu para ninguém. Vivemos o tormento da convivência. A agonia da rotina. A perda de desejos. A saudade de momentos que nunca mais viveremos. E somos esquecidos. Mesmo convivendo. Mesmo no tormento. Na agonia. E nas perdas de vontades. E esse romance é o que mais quero tirar de dentro deste coração solitário quanto uma cascavel nas areias do deserto escaldante. E sabe aqueles momentos que nos deparamos pensando em outro alguém? Momentos que suspiramos e nos confrontamos a nos entregar aos amores por mensagens baratas que farão o outro alguém sorrir por dentro e acreditar que tens você nas próprias mãos? Queria apagar todos eles. E dizer-lhe, de fato, que não sou mais escravo do amor. Nunca fui. Muito menos agora. E jamais serei. E se tu queres a distância de nossos abraços, vá em frente. Prossiga com essa bobagem de viver longe de mim. Não me importo. Mas me deixa aqui quietinho e exaltando cada momento que insisto em viver de bem comigo mesmo. E se tu queres a distância de nossos lábios, vá, isso, vá em frente. Me importo tão pouco. Mas me deixa aqui quietinho. E com o pensamento do que posso arrancar de dentro do meu coração, senão você?! E sabe o que eu queria arrancar de dentro do meu coração? O perfume que deixou em minha camisa a ultima vez que nos abraçamos. Não fui e nunca serei capaz de apagar teu perfume. E é esse perfume que me atormenta cada dia mais. E é essa droga de perfume que afronta o demônio dos romances contido dentro de mim. E eu só queria te esquecer tão facilmente como consegue esquecer tudo que fui, um dia, em tua vida. Sabe as cervejas que se acabam? É o teu amor por mim. Sabe as bitucas que caem no chão? É o nosso passado. Sabe meus porres e tristezas e escrituras? É minha paz. E pensas que me importo de estar acabando comigo mesmo pouco a pouco? Não. Não me importo. Só continua me deixando quietinho se não tens nada melhor do que teu descaso para me entregar. E se um dia fores capaz de me entregar tudo que é possível de sentimentos, me procure. Sabes onde me encontrar. Sabe os demônios que tenho passado para te manter no passado. E sabes melhor ainda qual é meu ponto fraco. Ponto fraco que é você e sempre será você. E não me importo de dizer e escrever e pensar. Sei que um dia meu ponto mais forte será o fato de ter te esquecido com tanta dificuldade. Pois cada vez que te esqueço um pouco mais, sou capaz de lembrar o porque te esquecer cada vez mais.

- Vejo que estas escrevendo bastante, não é?
- E o que isso importa?
- Vejo também que tens bebido bastante, não é?
- E dai?
- Vejo que emagreceu. Tuas roupas que não cabiam antes estão vestindo bem em ti, não é?
- O que queres?
- Você está feliz?
- O que queres, caralho?
- Tens amado alguém ultimamente?
- Porque todas estas perguntas?
- Consegue falar sobre amores e romances sem pigmentar uma lágrima sequer em teu olho?
- VAI TE FODER, PORRA!

E eu não quero teu amor se não podes me dar. E eu não quero teu amor se ele é pouco ou pequeno demais. E eu não quero teu amor se sempre inventas desculpas para me ver. E eu não quero teu amor se ele não é suficiente. E eu não quero teu amor se pouco se importa se estou bem de verdade. E não quero teu amor se tens em mente que logo partirá. E eu não quero teu amor, esse amor barato o suficiente para que me esqueças em breve. E não quero essa porcaria de amor se tu só me usa em momentos que se sente sozinha. Não quero teu amor como se eu fosse uma roupa qualquer esquecida em teu guarda-roupa. Não quero teu amor para ser usado quando lhe é conveniente. NÃO QUERO TEU AMOR BARATO, PORRA. Quero o caro. O verdadeiro. O existencial. O simples. O sincero. Se não és capaz disso, vá embora!!! Já irias fazer isso quando enjoaste de mim.

...e ele não foi capaz de superar amores passados por medo de sofrer em amores futuros. E esse é um de seus demônios. E o que posso arrancar de dentro deste coração quando o amor se tornou algo tão ruim e ele continua matando todas as borboletas dentro do estômago?

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