segunda-feira, 26 de novembro de 2018

O médico perguntou: - O que sentes? E eu respondi: - Sinto lonjuras, doutor. Sofro de distâncias.

Resultado de imagem para blues tumblr

E hoje caio de encontro a diálogos que citam o quanto estou escrevendo bastante, algo que há alguns meses atrás era "Você nunca mais escreveu nada, né?". Não sei o que isso quer dizer. Nem quero saber o que isso quer dizer. Se é algo bom ou ruim. Para mim não importa desde o momento em que sei que tudo que escrevo não importa para ninguém. Absolutamente ninguém. E eu não me importo se todas as minhas cartas são ruins o suficiente para que as pessoas entreguem alguma importância sequer. E entre blues, cervejas, tristezas e solidão continuo escrevendo tais cartas. E vários e vários pedidos de socorro, mesmo sabendo que ninguém estenderá a mão para me salvar. Ao final, o que as pessoas fazem mesmo é dizer as mesmas frases de sempre sobre o quanto tais cartas estão boas ou o quanto salvei elas naquele dia ruim ou o quanto sou um escritor "incrível", que sei encaixar todas as minhas palavras em momentos e pontos exatos e que deveria dar mais valor e atenção para isso porque tenho todo um futuro nesse meio a se pensar - vale lembrar que não sou absolutamente nada disso, tudo que escrevo é ruim e triste demais. E não, não quero pensar num futuro como escritor de verdade. Isso não me fascina. Porque todas as vezes que ouso colocar tudo para fora e mostrar realmente o que estou sentindo, nunca são sentimentos e pensamentos bons para alguém que deveria usar isso como profissão. E, ás vezes em que tentei seguir esse caminho, nunca deu muito certo. Todas as vezes que enxerguei minhas cartas como obrigação, tudo sai uma verdadeira porcaria falsificada de mim mesmo. Algo que não sou e nunca quis ser. Consegue me entender?
Não. Isso é de praxe!
Escrevi algumas linhas na esperança de fugir de algo que realmente importa. Meu romance. Oh droga, eu sempre escrevo sobre o meu romance e em como estou bebendo demais e escrevendo demais e sentindo demais e pensando demais e querendo tal pessoa até chegar no ponto em que não consigo só sentir e quero vomitar tudo para fora de uma vez por todas. Tem sido assim nos últimos tempos. E eu realmente venho escrevendo demais. Todos os dias. Sempre que posso. Sempre que sinto demais e o peito aperta. Isso é um crime? Pois já estou começando a sentir que é. Sempre que me pego de frente com a tela branca e começo a mexer meus dedos, sinto que estou cometendo algum erro em colocar tudo para fora dessa forma. Oh droga, mais uma vez, porque o amor nos emburrece tanto? E eu só queria a calma de um amor tranquilo. Nunca fiz pedidos grandiosos demais. Nunca fui desses. Nunca desejei tudo. Nunca pedi demais. E isso me entristece porque, talvez, a calma de um amor simples e tranquilo seja algo grandioso demais para um vida cuja distância de amores é perceptível aos olhos de quem vê. E já me chamaram de romântico demais. Clichê demais. Bobo demais. E até burro demais. E tudo por amar demais e sentir demais e querer demais. Qual o meu crime senão amar? Alguém pode apontar o dedo para minha cara e dizer que meu maior pecado é sentir demais? Se fores capaz de me dar todas as opções de uma vida criminosa - essa que levo, talvez -, me mostre. E prenda-me. Deixe-me exilado do mundo. Porque, se essa é a visão do mundo, hoje em dia, em relação ao amor, eu não quero mais viver por aqui. Talvez, eu nem queira mais viver. Porque, talvez, minha visão de romances e amores seja muito distorcida da visão da sociedade que tanto julga seres humanos e suas formas de sentimentos. OH DROGA, se a minha forma de amar e sentir estejam erradas, eu tenho uma forma MUITO distinta do que é o sentir. Se o maior dos meus pecados é amar e demonstrar de tal forma, jogue-me fora. Mate-me. Acabe com isso de uma vez por todas. Se a forma de amar uns aos outros seja essa em que a maioria - descartável uma das outras - está vivendo, eu não quero fazer parte disso. Que eu seja errado e sofra e morra em amar e sentir e demonstrar demais.
Mas, pare para pensar, se a pessoa não sabe lidar com o meu amor e todas as palavras que lanço chegam nela como flechas no coração, a culpa é de quem? Minha que não é. Concorda?
Ou me mate. AGORA!

Diálogo 1:
- Sinto tua falta!
- Tu nunca demonstra essa tua saudade.
- Não sei como.
- Então não sentes tanta falta assim.

Saudade aperta. Vontade mata. Ansiedade de abraços quentes consome. Desejo por tais lábios é devastador demais para não fazer nada e continuar longe. Não sei amar. Nunca soube. Mas sei quando quero alguém. Sei como dizer isso. E eu quero. Eu te quero. TE QUERO MUITO. E não sinto esse tal pecado em dizer tais palavras. Mas é o 'te querer' que me consome de tal forma que me deixa embrigado. Um brinde ao blues. Um brinde por todas as cervejas que já consumi. Um dia me disseram que quando as pessoas sentem falta ou saudade, elas fazem de tudo para estar com você. De tudo. Atitudes valem mais que palavras, certo? E então porque continuo tão sozinho escutando todas as minhas músicas tristes e bebendo todas essas cervejas que já não cabem mais na escrivaninha do quarto? Porque tais lábios continuam tão longe dos meus? E porque eu me encontro querendo alguém dessa forma? Existe algo estranho no meio disso tudo e não consigo explicar o que é. PORRA DE CUPIDO ESCROTO, tu nunca acertas uma!!! Estou ouvindo tuas risadas de longe. Sorrio por dentro. Sei que essa é a brincadeira mais sem graça que ele gosta de ter. Me deixar na sarjeta com uma garrafa vazia em uma mão e uma carta despedaçada em outra. Talvez, um dia, todas as minhas cartas façam algum sentido para alguma coisa e para alguém. E eu vejo filmes românticos passando em minha TV e não concordo com absolutamente nada que acontece lá. E eu ouço músicas que falam de amor e não consigo entender uma palavra do que falam. E eu leio poesias e entendo todas as dores. E caio em tentação de compreender que o amor não passa de uma dor ridícula em que as pessoas sujeitam a passar seus tempos. E eu nunca quis ser um plano B. Acredito que, por eu ter lido demais a minha vida inteira, tenho pensamentos diferentes sobre amores. E eu queria ser todo ignorante a ponto de nem acreditar nessa merda que chamam de amor. Se é que um dia acreditei. E ouvir blues machuca demais meu coração já quebrado. E amar machuca demais meu coração já corrompido e cheio de cicatrizes. Pode parecer um melodrama da madrugada, mas meu coração é cheio de cicatrizes abertas que não fazem sentido nenhum. E quem estaria disposto a cura-lo? Ninguém, de fato.
Essa é só mais uma carta triste cuja palavras ninguém se importa. Isso daqui não vale nada. E porque valeria? Um bêbado chegando aos teus 28 anos, ouvindo blues, escrevendo tristezas e sentindo amor demais por uma romance sem explicação nenhuma. Meu bem, meu bem, eu só queria teu amor e sinto que estas jogando fora cada dia que passa.
Abri mais uma cerveja.

Diálogo 2:
- Tua distância e teu silêncio me fazem tão mal, querida.
- Eu sou assim. Esse é meu jeito. Me desculpa.
- Sinto que sou uma segunda opção em todas as coisas da tua vida, meu bem.
- Não é.
 O silêncio nos invadiu por uns instantes. Então eu disse:
- Querida, queres jogar meu amor fora de uma vez por todas ou queres me fazer de abrigo?

*

"Não sei nem mais dizer
O que sinto por você...
Se é amor...
Se é amizade...
Se é paixão...
Mas suspeito fortemente
Que seja tudo isso junto!"

*

- Porque tens bebido tanto, meu bem?
- Para suprir a falta dela.
- E porque não fala para ela, meu bem?
- Ela sabe.
- E o que ela fala, meu bem?
- Que também sente minha falta.
- E porque não estão juntos, meu bem?
- A vida dela é corrida demais, mal nos falamos.
- Isso é estranho, meu bem.
- E eu não sei? Por isso eu bebo.
- Mas estas escrevendo demais, meu bem. Uma hora isso deixa de fazer sentido.
- Poemas e poesias e escrituras nunca fazem sentido, mas as pessoas de alguma forma te entendem. E sempre que tu termina de escrever algo, se sente totalmente leve
- Mas o sofrimento pela distância da pessoa continua, meu bem. 
- Por isso que eu bebo.
- Mas não podes beber a todo tempo, meu bem.
- São nessas horas que ouço o cupido dando gargalhadas de minha cara feia, meu bem. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário