quinta-feira, 15 de novembro de 2018

Muitas vezes, o título de uma carta diz muito mais do que a própria carta

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Nunca fui capaz de escrever coisas bonitas o suficiente para entregar algum tipo de esperança para as pessoas que se encontram lendo linhas minhas. Mas também, nunca fui capaz de acreditar que algum dia iria dar esperanças o suficiente de uma vida melhor para alguém. Nunca quis ser um livro de auto-ajuda, mas também, mesmo sabendo que não sou o melhor dos escritores, sempre tentei dar o meu melhor e mostrar em linhas rudes, ou não, tudo que ouso sentir. De maneira correta ou não. O sentimento certo e o incerto. Sou esse tipo de escritor, aquele que esconde muitas coisas através de um sorriso e que confessa exatamente tudo através de um olhar. Sou aquele que não sabe usar as palavras ditas, mas sabe expressar em palavras escritas tudo que têm se passado em um coração que se encontra quase parando.
Ando de esquina em esquina procurando coisas que me entreguem alguma felicidade ou alegria - ou seja lá o que for que chamem -, encontrei em poucos lugares. Sorrisos novos. Pessoas diferentes. Histórias contadas. Restaurantes bons e outros ruins. Temperos novos. Um tempero que passe pela minha vida que faça algo mudar. Que eu encontre novamente o brilho em meu olhar ao me enxergar de frente com o espelho. E toda vez que estou de frente com o espelho só encontro um olhar triste que sabe que não depende de muita coisa para mudar. Só eu mesmo. Ou o tempo. Ou os dois. Não sei. Procurando saber, mas sem muita afobação. Sem muito desespero. Sem muita ansiedade.
A vida é assim.
E hoje já não sei sobre o que quero falar. Sobre o que quero escrever. Encontro-me fugindo de todas as coisas que, talvez, pudessem me fazer bem o suficiente para esquecer algumas coisas do passado. E foi tentando aprender a viver tão só, que cai de encontro a tudo isso aqui. E ainda não aprendi. E nem sei se quero aprender. Mas acordo tão só com alguma de minhas camisetas surradas e velhas, com a cara amassada e a barba toda por fazer, e não encontro saídas. Ando de lá para cá em meu quarto, ainda escuro, e procuro por belas melodias. Tento deixar o peito não falar por mim, não mais. Só a cabeça. Razão e emoção. Não discutam por mim. Apenas me compreendam. Coloco uma melodia tranquila. Uma canção que diz demais sobre algumas coisas. Deixei a emoção tomar conta de mim. Faço o que tenho que fazer. Me olho no espelho e não encontro nada. Arrumo a cara cansada de quem já não quer sair do quarto e desço, desço para pegar um belo e amargo café quente. E a melodia não para. Manhãs são feitas para tomar um belo café e escutar canções que falam mais por nós do que a nós mesmos. Volto para meu quarto. E penso. Penso sobre um dia que era feliz e que sabia disso. Penso sobre dias em que os problemas não tomavam tanta conta de mim e quando meu coração não se encontrava em total desespero a ponto de segura-lo e falar-lhe "Acalma-te. Acalma-te". Eu era feliz e sabia, pelo menos posso olhar por este lado.
Será que tenho muito a dizer nesta carta? Será que as pessoas irão encontrar por aqui todas as coisas que estou fugindo de falar na esperança de que eu me sinta bem apenas por lembrar que ainda estou vivo? Talvez esta carta não seja tão profunda assim como todas as outras, e eu não quero que seja. Talvez eu continue me sentindo da mesma forma que estava quando comecei a escrever a primeira palavra aqui. Exatamente da mesma forma. Mas, pelo menos, terei a sã consciência de que tentei fugir de alguma coisa. Mais uma vez. Outra vez mais. E isso é um insulto pela minha própria pessoa. Nunca tentes enganar a si mesmo, isso pode lhe causar um acidente extremamente grave e sem direito a um retorno.

- Quero a calma de um coração tranquilo.
- Corações tranquilos são tão sem graça.
- Qual a graça de um coração turbulento?
- A graça é saber que aquele coração te salva e tu salvas aquele coração.
- Tu não tens jeito! - e me abraçou.
- Meu bem, já não consigo mais pensar direito. Está tudo tão abstrato aqui dentro.
- A graça é saber que existe alguém nesse mundo que irá pintar, da forma mais colorida, esse teu coração cinza.
- Um dia. Antes que sejas tarde. Talvez sejas tarde.

E hoje já não sei se quero falar ou escrever sobre o amor. Meu cupido é uma criança tão traiçoeira e perversa que eu deixo ele fazer tuas besteiras e já nem me importo. Só ouço teus sorrisos em meus ouvidos e me sinto um estranho no ninho. A gente não larga, mas também não se importa. Entendes? Ou finge não se importar.
Um dia me disseram que as pessoas que sabem escrever sobre o amor são as que melhores amamos. Mas eu nunca nem soube amar. E esse sentimento se encontra tão apertado dentro desse coração que se encontra pequeno, que sufoca. E eu nunca nem soube escrever coisas bonitas sobre o amor. Coisas como nos filmes românticos que não te dizem nada nem escritas bonitas como nas canções de amor que querem te dizer tudo. É tudo tão confuso. É tudo tão jogado e cuspido que nunca sei quando as pessoas realmente entenderam tudo que desafiei escrever. E hoje já não quero mais falar sobre amar. Sinto que essa porcaria é uma perca de tempo. A gente espera sinais. Toques. Momentos. Beijos. Abraços. Falas. Fotografias. Mudanças. Calmaria. E nunca encontra. A gente só espera. Esperamos por falhas e erros de alguém para que possamos pegar um pouquinho de raiva sequer, nas esperança de que não caíamos dentro desse poço de amor com medo de se ferir. E quando encontramos, não conseguimos sentir tanta raiva assim a ponto de desistir. Esperamos uma voz para te acalmar nas noites de desespero. Uma mensagem que fale tudo que queres escutar naquele momento. Esperamos por atitudes que tu sintas que está sendo, verdadeiramente, salvo de algo que tu mal sabes o que é, mas que tu sentes, e sentes bem forte. O amor é só um sentimento, as pessoas que continuam banalizando esse sentimento. Pouquíssimas vezes, banalizei o amor de outro alguém e foram essas pouquíssimas vezes que me peguei de encontro com um ser que nunca quis ser. Por vezes, banalizaram e banalizam o meu amor, e são essas vezes que me pego de encontro com raiva do mundo ou da vida ou de mim. Do mundo por ser exatamente isso. Por saber que ele nunca muda, o que muda são as pessoas. O mundo está extremamente igual ao que era antes. Da vida, por saber que a vida é assim. E ela é assim. Ela te entrega situações e pessoas e momentos muitas vezes para que tu se fodas e que ela possa te entregar um límpido e belo "eu te avisei". E de mim, por saber que sou fraco o suficiente para deixar uma pessoa entrar em minha vida a ponto de cometer uma colisão que possa acabar com ela. Acidente grave do qual farei parte. E esse pode ser o fim. Deixo minhas belas palavras para dizer que o amor é perigoso. Não vive-lo é mais perigoso ainda. E sem sentido. Mas o amor é um caminho sem volta. Tudo que começa como salvação e termina em um desfiladeiro ingrime e sem fim, é perigoso e sem sentido. Tudo aquilo que te faz sangrar por dentro é pior do que as feridas por fora que uma hora cicatrizam. E são esses momentos que sangro que vejo o quanto as pessoas, todas as vezes, levam o melhor de mim.
Será que meu coração é bom o suficiente para enxergar sempre o melhor das pessoas e acreditar que elas podem, de alguma maneira, me salvar? Minhas mãos estão atadas. Tento movimenta-las para que me encontres. Não enxergo nada. Absolutamente nada. Nem mais a ti mesmo. Tu está cada vez mais longe vivendo tua vida com teu sorriso estampado no rosto.
E me perguntam sobre minha felicidade, e eu digo que ela está no sorriso estampado em um rosto. Entendas como quiser.

- É perigoso demais pessoas que pensam demais. Elas enlouquecem rapidamente e, quando nos damos conta, elas não estão mais entre nós.
- Eu penso demais, querida. É inevitável.
- Eu sei, por isso estou te dizendo essas coisas. Tenho medo de que partas. Tenho medo de acordar e não te encontrar mais aqui.
- Todas as pessoas partem, querida. E, um dia, tu acorda e olha para o lado e estas sozinha novamente. Tentando preencher as lacunas de uma vida cheia de arestas e falhas e erros e enganos e amores que não te deram uma parcela do que tu ousavas sentir. E é essa partida a que mais nos machuca. Saber que nossos amores sentidos de verdade são estradas distintas para o amor de outro alguém que mal se importa com sentimentos.
- Não gosto de pessoas que brincam com algo tão sério.
- O amor não é brincadeira, meu amor. Nunca levei o amor na base da brincadeira. Ele que sempre brinca com a gente.
- Não seria capaz de acordar e não te ver mais por aqui. Tua falta me faz mal.

Não sei até quando aguentarei acreditar que o amor é capaz de nos salvar. Existem tantas outras coisas no mundo que são capazes de nos tirar do fundo do poço. Existem tantos outros sentimentos capazes de nos dizer tanta coisa. Porque só o amor seria esse sentimento capaz de dar um sentido sequer para duas vidas, a minha e a tua? Seria burrice e prepotência demais dizer que devo esperar um amor que me liberte de todas as minhas amarguras e falhas e pecados e cicatrizes, porque eles dizem "teu amor está lá, está lá fora, vá até ele, caralho" e eu refuto e reluto com todas as forças que posso ter. Não. Ele não está. Não vou até ele. Que se FODA o amor. O amor é uma droga e, quando nos damos conta, estamos no centro de reabilitação chorando e sofrendo e tentando dar algum sentido para a vida, de novo, outra vez. Mais uma vez mais.
A vida é assim.
E não sei se quero escrever sobre o amor hoje. Dessa vez.
Meu peito é uma estrada distinta ao teu peito. E, talvez, não enxerguemos o amor da mesma forma.
Não tentes enganar a si mesmo. Ou a mim.
E foi aprendendo a viver tão só, que cai em colo teu.
E me perguntam sobre felicidade, e sei que ela está lá fora. Não sei onde busca-la. E não quero ir de encontro a isso, porque sei que o amor está por trás dessa armadilha.
E eu sei que, dessa vez, só irei entregar meu verdadeiro amor quando outro alguém entregar o teu verdadeiro. E não apenas momentos ou tempos picotados ou para suprir a falta de outro alguém. Amor moderno nunca fez sentido para mim. Beijos sem romance nunca me agradou. Só beijar. Isso não faz sentido. Só um beijo. E só sexo muito menos. Um beijo na testa logo ao amanhecer depois de um belo café quente me diz muito mais do que apenas sexo. Deixa a diversão para lá. Só para as pessoas que banalizam esse tal amor. Elas sabem o que fazer, mas veja bem, são todas essas pessoas que se encontram sempre tão vazias de tudo e de nada. E são essas pessoas que sempre me deixaram tão infeliz. Essa pessoa infeliz que nunca escreveu coisas bonitas. Consegue entender?

Salva-me desse mundo moderno que não sabe amar e que te transforma em algo descartável. Amar de forma antiga me fascina muito mais.

Quando se é capaz.

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