quarta-feira, 7 de novembro de 2018

Eu não te peço muito, só espero todo dia poder te esperar; ensaio te pedir pra voltar porque morro de medo que se vá.

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Bebi até chegar no ponto de que não me lembro como se começa uma bela carta. Ou a tentativa de uma bela carta. Vamos lá...tentativas.

Quero um amor calmo. Um amor simples. Quero a calma de um amor que me faça esquecer todas as coisas ruins. Quero a calma de um amor que deita no sofá aos domingos e assiste filmes e séries, enquanto comemos besteiras e bebemos café ou cevada e não pensamos que estamos perdendo tempo. Quero a calma de um amor que não me faça sentir ser uma perca de tempo. Quero a calma de um amor que me abrace e me faça sentir vivo. Um simples abraço. A calma de um amor que não me esqueça. Que não me jogue fora. Que não desfrute do meu melhor e depois deixe apenas o meu pior. Quero a calma de um amor sem traumas. Sem choros. Só sonhos. E beijos. E um domingo a tarde nublado. Quero a calma de um amor que me convença de que não fiz escolhas erradas. De que eu não lembre das escolhas erradas. Quero a calma de um amor que não deixe com que eu vá embora. Que sinta minha falta. Que me beije carinhosamente. Quero a calma de um amor que jogue conversas quaisquer fora. Que gargalhemos juntos como se nada mais importasse. Quero a calma de um amor que faça com que todos esses momentos sejam eternos e jamais esquecidos. Quero jamais ser esquecido, por um amor calmo. Quero a calma de beijos longos e abraços apertados. Quero a calma de um voz que me pede para ficar, só mais um pouco. Um pouco mais. Só um pouquinho. Quero a calma de um amor clichê, aqueles de filmes bobos. Aquele que sabemos sempre o final, mas que não seja um final trágico. Triste. Aterrorizante. Que o final não seja a calma de uma solidão exata e uma dor inenarrável. Quero a calma de um amor simples que não sei se pode ser entregue a mim. Talvez seja pedir demais. Talvez eu tenha problemas demais. Talvez eu seja facilmente esquecido. E isso soa como melodramático demais. E eu só quero ser sincero em minhas palavras. E eu sempre quis ser sincero em minhas palavras, não existe outro lugar em que posso ser completamente aberto em tudo que falo. Quero a calma de um amor. Amor que consome. A calma que me acalma na hora em que penso que nada irá dar certo. Que aquele começo talvez seja o fim. Será que é pedir demais? Não lembro qual foi a última vez que pedi demais e lembrei do fato de realmente ter exagerado.
A calma de um amor simples talvez seja um pedido óbvio demais para uma pessoa que sente demais e pensa demais e vive errado demais. Bebendo minhas besteiras e pensando minhas bobagens, chego na conclusão de que muitas vezes peço demais e insisto demais em algo que não tem escapatória nem sentido nem solução.
Pedir um amor calmo é algo insensato demais para quem sempre morreu de medo de amar e de sentir e de viver. Pedir um amor desses é totalmente fora de sentido. E eu não faço sentido. E tu não faz sentido. E teu amor não faz sentido. E meu amor não faz sentido e nunca fez. Talvez, eu morra assim, sozinho, bebendo, triste e pensando por nunca ter aprendido a amar e por nunca fazer sentindo. E por sempre estar esperando uma mão que me puxe desse oceano em que me encontro tão perdido.

Diálogo 1:
- Na verdade eu sempre tive esperança, mas esperança nem sempre é o sinônimo de acreditar.
- Tentei mais uma vez, mas eu não sei se isso me leva a algum lugar. Eu acho que eu cansei...

Ah, podemos ser um pouco confusos agora? Só por hora.
Quando eu te peço pra seguir em frente, eu quero que tu volte. Quando te peço pra me esquecer, eu quero que tu lembre de mim em cada esquina que passe. Quando te peço um pouco do que tem, eu quero exatamente tudo que tens pra me dar, mesmo que não tenhas nada. Quando te peço para não pensar em mim, quero que lembre de mim até nas pequenas coisas. Quando eu tento te esquecer e te mostro isso, quero que saiba que eu jamais te esqueço. E pense nisso. Sempre. Quando tento te convencer de que estou bem, esse é o momento em que mais estou precisando de ti. Quando tento te mostrar que sou forte, esse é o momento em que mais fraquejo por estar lembrando teu nome a todo instante. Quando tento me esconder e te evitar, é quando mais quero que tu me aches. Quando digo que te esqueci e que não tenho mais forças pra lutar, é quando mais espero você dizer que não desistiu de mim. Quando digo que não sinto saudades, é quando mais sinto tua falta. Quando digo que não sei amar, é quando quero que me mostre como amar verdadeiramente de novo. Sempre penso em ti. Sempre te evito. Sempre tento não transparecer aquilo que sinto. E sempre me sinto só. E sempre me odeio cada vez mais por saber que, talvez, meu amor está indo cada vez mais embora de mim. Quando eu digo que só quero que sejas feliz, na verdade estou pedindo pra que sejas feliz ao meu lado, num domingo a tarde, assistindo qualquer besteira, falando qualquer bobagem e sorrindo. Quando digo que sinto tua falta, é muito mais que isso, muito mais. Quando digo que estou com saudades, é muito mais do que uma lembrança, é uma memória. Memória da esperança de que meus braços estejam juntos aos teus o mais rápido possível e teus lábios tocando os meus assim que lembrares que eles sempre tremem ao lembrar teu nome. Errei demais e quero que me ensines. Fui quebrado demais e quero que me consertes. Chorei demais e quero que enxugues cada lágrima aqui contida. Xinguei demais e quero que me acalmes. Escrevi demais e me perdi em poucas palavras e me senti mais perdido ainda quando não encontrei teu nome nas entrelinhas. Me afundei demais e só quero que me salve. Que estenda tua mão. Nunca sei quando isso será possível. E o pior, a unica lembrança do dia mais feliz da minha vida que tenho é eu deitado ao teu lado numa segunda feira nublada ouvindo tua voz cansada me pedindo ajuda. Beijei tua testa e parecia que tudo estava tão bem. Nunca fui de pedir demais, nunca me importei com o muito, mas pedir você para mim parece ser o mais pesado pedido de todo universo. Estou em meio a tua constelação e estou totalmente perdido. Me encontre. Me salve. Me ajude. Não me julgue. Apenas me ame. E peça para eu ficar.
É pedir demais?

Diálogo 2:
- Cansei de escrever. Minhas cartas já não dizem nada. Quero te falar.

Se eu deixar de te ligar, tu não irá me ligar. Se eu deixar de te procurar, tu não vai me procurar. Se eu deixar de mandar sinais, tu não vai querer nem saber se estou vivo ou morto. Se eu deixar de te amar, tu dirá "antes tarde, do que nunca". Se eu deixar de dançar a tua música, tu dançará com outro alguém. Se eu pedir para não falar mais comigo, tu dirá que não tem problema alguma. Se eu não falar mais com você, nem minha falta sentirás. Se passar alguém do teu lado com o mesmo perfume que o meu, dirás que tem uma vaga lembrança de tal aroma. Muito vaga. E se perguntará onde sentiu esse perfume. E esquecerá. Se eu te prometer não ficar, tu dirá que não pediu. Se eu prometer ir embora, tu dirá que me deixou de fora faz tempo e que eu deveria ser feliz lá fora, sozinho, sem ninguém. Como tudo deve ser. Nunca soube dançar. Nunca dancei um carnaval sequer. E quando dancei, dancei muito mal e todos riram. Assim que se trata o amor. Sempre tentei não amar e quando amei, amei errado. O que eu faço agora quando ninguém mais me enxerga como um abrigo? E se eu te disser que antigamente eu sabia exatamente onde eu estaria e que saberia como reagir e ser feliz da minha forma? E que eu seria feliz o suficiente para não me importar com quem não me ama? E que a dança que me pediste para dançar, quando eu disse que não sabia, seria muito mais que esse carnaval? Que eu continuaria dançando meu tango enquanto ouço o bom e velho blues sentado a um balcão de bar sofrendo por ler todas as cartas de amor que um dia ousei escrever? Quem diria que eu sofreria, verdadeiramente, por causa do amor?! QUEM DIRIA?
Não sei o que fazer lá fora sem tuas mãos. Não sei deitar sem ouvir tua voz cansada me dizendo que tudo ficará bem. E hoje só te ouço pedindo para deixar você colocar alguém no meu lugar ou simplesmente para que largue tua mão para tu ires embora. Que tragédia. Que triste. Minhas palavras nunca chegam a você. Esqueci como ser feliz lá fora. E eu tentei, o mês inteiro te mandei sinais e tu em nenhum momento sequer acreditou que eu nunca quis te ver partir. E não quero. Não sei o que fazer agora, mas se tu quer me deixar, tudo bem, meu bem. Eu vou tentar...

- Tentei até acreditar em algo diferente. Tentei mesmo.
- Tu vai sair para outro lugar pra por alguém no meu lugar, meu bem. Meu bem.
- Deixa eu dançar meu tango, querida.
- Se você tentar não amar quem ama, você vai aprender a odiar você mesmo.
- Meu bem, meu bem...um brinde à quem quer e não pode ter. Um brinde à quem teve e quer esquecer.
- Se soubesses o quanto dói amar alguém, não amaria mais ninguém.

 Meu bem. Meu bem!

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