domingo, 18 de novembro de 2018

Chatterton suicidou. Marc-Antoine suicidou. Van Gogh suicidou. Schumann enlouqueceu. E eu?! Puta que pariu! Não vou nada bem.

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Veja bem. Compreenda. Leia-se devagar. Devagarinho. Bem devagar. E entendas. Entendas que já não quero dar fim em algo que nem sei bem o que é. Dor. Vida. Angústia. Agonia. Eu mesmo. Não. Nem nunca quis. Sombras sempre nos cobrem com o pior de nós mesmos e mal entendemos a situação de tudo que estamos passando. E isso é o que nos faz querer desistir. Tal como as pessoas desistem de nós. E o desespero toma conta mais uma vez. Entenda. Leia-se devagar cada palavra que aqui eu escreverei, talvez essa carta ficará um pouco confusa, mas sei, sei que lá no fundo irás me entender.
Sozinho. Só. Bem Sozinho. Solitário escritor pensante e aflito. E escutando canções que fazem algum sentido para mim. E lendo poesias. E me cobrindo por cada melodia e palavra contida. Veja bem, já sei olhar o oceano por onde a vida passa. E ainda me encontro perdido no cais de todos os meus sentimentos. Com a âncora baixa. E a bussola de todos os meus pensamentos mais perdida do que a mim mesmo. É complicado tentar encontrar um caminho quando já não se vê nada de tão importante nele. E caio de encontro a mim mesmo. E preso no esquecimento de algo que eu mal deveria dar tanta importância. E isso me assombra. Me fascina. Me assusta. Me frustra. Meu navio de sentimentos está lá. Travado. Ancorado. Surrado. Esquecido. E sujo. Pedindo um pouco de ajuda. Muita ajuda. Ajuda até demais. Implorando por socorro. Para que sejas encontrado. E salvo. E eu continuo olhando todo esse mar acreditando que não exista uma mão sequer que possa me puxar e me tirar daqui, mostrar um caminho distinto para a solidão. Para o esquecimento. Uma mão que me puxe e diga que tudo que é bom cairá, de alguma forma, de encontro a mim. A nós. Por nós. E essa solidão, mesmo rodeado de tanta gente, faz com que eu suplique cada vez mais alto por algum tipo de atenção, mesmo, muitas das vezes, eu querendo ficar cada vez mais aqui, sozinho, tão só. Só. Tentando encontrar uma realidade que bata de frente com a minha e que faça eu criar forças de onde acreditei que nada existia. Nada mais. Eu e você. O nós. Mesmo acreditando que esse "nós" não exista ou nunca existiu. Nem existirá. Não sei. A realidade é algo cruel demais que não sei se sou capaz de querer bater de frente, mesmo que eu me encontre de frente com ela todos os dias e me conforme cada vez mais com todas as coisas que a vida é capaz de entregar. Grandes surpresas. Grandes lembranças. Grandes sonhos. Grandes amores. Romances. Sorrisos. Tristezas. Choros. Lágrimas. Cartas. E momentos. Muitos momentos. Momentos que um dia iremos gostar de lembrar. Momentos que em outro dia iremos gostar de esquecer e iremos pedir para esquecer. E talvez, chorar. Ou sorrir. Estou nesse cais pedindo para ser salvo e um turbilhão de momentos e lembranças passam por minha cabeça e me deixam aqui, sorrindo e chorando. Lembrando e esquecendo. Te apagando. Me apagando. Cada vez que tento te apagar, me apago um pouco mais de mim mesmo. E cada vez que tento lembrar de ti, me perco um pouco mais de mim. E cada vez que finjo te esquecer, corro de encontro a ti. E nunca te encontro. E volto para o cais, perdido dentro de mim mesmo. Não sei mais qual o sentimento contido aqui dentro de mim, é tudo muito confuso e abstrato. Não sei mais se o choro aqui contido é de tristeza ou saudade ou falta ou amor. Mas sei que ele existe. Está aqui dentro. E muita coisa ainda existe aqui dentro. Deixa ele lá, quietinho. Aquecendo e esfriando o coração de que já se encontra tão só, mesmo sem nunca querer aprender a viver tão só. Eu NUNCA quis aprender a viver tão só. Isso não faz sentido. Mas sei que existe algo. Algo dentro de mim que se encontra tão inexplicável quanto todas as coisas que grandes sábios nunca sequer conseguiram explicar. E se nem mesmo eles conseguiram explicar, como achas que me sinto em relação a tudo que ouso sentir por outro alguém? Tente medir o nível de minha loucura e tente entender como me sinto. Será que tudo isso faz algum sentido ou tenho mesmo que cair de encontro com teus olhos e continuar procurando alguma resposta enquanto seguro tuas mãos quentes em busca de uma calma? 
Quão profundo é o teu sentimento quando não tenho mais certezas nem forças para continuar?
Tu tens milhares de opções sobre mim em tuas mãos. Exclamações. Interrogações. Vírgulas. E um ponto final. Tu tens meu coração e a faca das mais afiadas presos ao teu lado. E eu te entreguei. Faz tempo. Te disse "Toma, faz o que quiseres fazer". É todo teu.

- Um vendedor de flores me ensinou sobre como escolher meus amores.
- Como se escolhe amores?
- Não entendi nada do que ele quis falar.
- Não tirou nenhuma lição disso tudo?
- Tirei. A lição de como não escolher nossos amores. A lição de que, por mais que a gente saiba o quanto dói e o quanto machuca e o quanto nos sentimos burros no começo e estúpidos no final, sempre terá alguém capaz o suficiente de fazer com que a amemos, pegará o melhor que daremos de nós...
- Mas...isso é ruim? - ela me interrompeu.
- ...e logo em seguida desistirá de tudo. - continuei. - Mas ainda sim, não me importo de dar o meu melhor e tentar a estrutura de algo bom. Se levaram o meu melhor, fico feliz. De alguma forma.
- Porque se sentes tão aflito então?
- Meu melhor eu sempre darei, mas a esperança de que farão o mesmo por mim está cada vez mais derradeira. 
- Não confie no amor, meu bem.
- Não. Eu confio. E se é para sentir, que eu sinta. 
- Não confie nas pessoas, meu bem.
Emudeci.

Caetano sofreu por amor e compôs. Seu Jorge sofreu por amor e compôs. Bukowski sofreu por amor e escreveu. Muitos poetas e escritores e músicos sofreram por amor e escreveram e fizeram sua arte e depois enlouqueceram, de algum jeito. Pessoas importantes. Relevantes para todos nós. Que fizeram e fazem alguma diferença. Porque comigo seria diferente? A diferença é que não sou tão relevante assim para uma sociedade que já não sabe mais amar. Que esqueceram o que é amor. E que deixou todos nós esses meros seres humanos descartáveis sobre como todas as coisas devem ser. E cada dia que passa nos tornamos isso que nunca desejamos. Esquecidos. Facilmente descartáveis. E substituíveis. Incrivelmente esquecidos nos braços quentes de outro alguém. E o ciclo se repete. Quando tu descartas alguém por simples bobagem e o substitui, nunca pensas que podes ter perdido uma pessoa incrível. E, de uma forma ou de outra, todos nós somos incríveis. E queremos que outro alguém veja isso em nós. E é bom a sensação de alguém te olhar e dizer que fazemos um bem danado para ela. É incrível essa sensação de que não seremos esquecidos por tão pouco. Que hoje temos o tudo e somos o tudo. E que amanhã não seremos apenas uma pequena lembrança que se passa por uma memória já quase esquecida. É incrível acreditar que mãos que se tocaram, lábios que se beijaram, braços que se entrelaçaram e sorrisos trocados que tanto nos confortam, não serão amanhã jogados fora. É surreal ter alguém ao teu lado e desejar que aquele momento não acabe nunca. E quando está perto de acabar, você pensa "Mais cinco minutos. Só cinco minutinhos. Me deixa aqui mais um pouco", mesmo quando o que mais queres é gritar para que aquele momento não se acabe nunca e tu olha para a pessoa com o semblante de quem diz "Não se vá. Fica!". São nesses momentos que esquecemos que, uma hora ou outra, podemos ser esquecidos e que mal nos falaremos. Que nos tornaremos pessoas desconhecidas como há muito tempo já fomos. E que nada daquilo fez algum sentido ou razão ou importância. Acreditamos tanto ser a importância de alguém que, quando ela se vai, nos sentimos perdidos o suficiente para não querer ser a importância de mais ninguém. E a gente chora como válvula de escape. E a gente finge ser tudo tão natural quanto as coisas da vida. E a gente finge que acredita que tudo é passageiro, que não fez importância realmente, e a gente só se engana. Enganamos a nós mesmos na esperança grotesca de que nos sentiremos bem, mas é a partir desse momento que nos pegamos tão dentro de um abismo de saudade e falta que acreditamos que ele não tem fundo ou parada ou fim. O poço da saudade não tem fim. Não tem morada. Não tem desejos. Não tem sorrisos. A saudade é uma só. Cabe a ti como ser feliz com essa tua saudade. Cabe a ti administrar a falta que fazes para outro alguém. E se não fazes falta para tal pessoa, deixe-a ir. Deixe-a quietinha no canto dela. Se teus sorrisos e teu amor e tua pessoa e teu carinho e teu melhor não são suficientes para outro alguém, para que lutar? Não te enganes em pensar tão piamente que alguém te amas, quando no fundo ela só está te querendo longe. Entregue teu valor para as pessoas que te dizem "Quero te ver", "Tu faz falta", "Lembrei de você", "Eu te amo", "Você é incrível", "Vem me ver". Palavras pequenas, mas que querem dizer tanta, mas tanta coisa. E tudo tão sincero. Sincero o suficiente para não caber no peito. E eu sinto falta de fazer falta. Se é que fiz. E faço. 
Sem melodramas. Só pensamentos. Tento não ser tão dramático, algumas vezes, mas o amor nos deixa assim. Querendo escrever histórias como a de Charlie Sheen, mas no final somos uma tragédia de Allan Poe. É estranho!

- As pessoas devem pensar que tu escreve todas aquelas coisas para ser o "Senhor Culto", né?
- Não me importo com o que as pessoas acham.
- Como não?
- Tudo que escrevo é de coração, fazendo ou não sentido. Não faço questão de mostrar que estou bem quando, na verdade, estou desmoronando. Também não faço questão de não mostrar quando não estou feliz. Se tentas esconder tudo que ousas sentir, estará apenas enganando a ti mesmo. 
- As pessoas não gostam de ver as outras felizes.
- Eu sei. E não me importo. Se estou triste demais, escrevo. Se estou feliz demais, escrevo. Se estou amando demais, escrevo. Se estou com raiva, escrevo. Sentimentos escondidos se transformam em angústia com o tempo e isso eu já sinto demais para sentir mais ainda.
- Você não faz sentido.
- Querida, o lado bom disso tudo é que as pessoas que realmente se importam e me conhecem sabem se estou bem ou mal. Os curiosos também. Mas os curiosos não são grande coisa. São só...restos. Restos e mais nada. Queres sentimentos sem a preocupação de ser culto ou inteligente ou não? Leia as coisas que escrevo. E as coisas que grandes poetas e escritores escreveram. Boas escrituras saíram de muito amor e sofrimento e tristeza e até mesmo de muita felicidade. Um bom poeta nunca se importou com os curiosos, só com o teu sofrimento em prol do amor, eu faço o mesmo.

*
"Nossos corpos se acalmam e se exaltam.
Nunca contato tão intenso e magnifico,
Que é dança, é arte, é vívido.
Movimento e sensação, sentimento.
Enquanto nossos rostos são vistos, são lidos.
Entre dedos e olhos atrevidos.

Nossas bocas se provocam e degustam.
Dentes e mordidas a todo custo.
O seu pudor, seu medo é abuso.
E meu susto, absurdo é seu conteúdo.
Me complementa, me alimenta.
Transforma minhas certezas em tormenta.

Cabelos, pele, unhas e beijos.
Partes cheias de vontades, desejos.
Justificam os hematomas e as palavras sobre tudo.
Receios, medos, sustos, sugestões, sonhos, mundo.
Num momento onde os dois não se anulam.
Mas por sentir e transmitir, formam algo uno."
 *

- Queria um amor simples. Sem muito glamour. Sem muita dificuldade. Sem muitos problemas. Só eu sendo só teu e tu sendo só minha. Um amor que me faça esquecer de escrever tanto. Sem tantos problemas, entende? Será que é pedir demais?
- Tens noção de como me sinto bem ao teu lado?
Abaixei a cabeça, sorri.

Esqueci de dar sentido ao que estou sentindo. É mais ou menos por aí...

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