terça-feira, 19 de março de 2019

Esta prosa te diz tanto que até parece mentira!

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Onde já se viu uma prosa com tanta poesia? Isso que nem comecei a escrever. Essa é apenas a primeira linha de uma carta que diz muito sobre sentimentos tão perversos e assustadores que bate dentro deste ser tão perdido e confuso que aqui vos escreve. E eu sei que estou perdido. Perdido demais para escrever linhas que façam algum sentido. Uma prosa poética sem sentido contendo todos os sentidos de sentimentos que gostaria de te entregar. E gostaria que toda essa forma com que brinco com as palavras chegassem até você. Queria que chegassem agora, neste exato momento. E sei que não chegarão e, se chegarem, você jamais dará a mínima ou entenderá tudo que quero te dizer. E eu me perdi. Me perdi em todas as tuas curvas. Curvas perigosas até demais. Sem visão do que vem logo em seguida. Mas me perdi. Me perdi por conta desta visão turva que me assolou assim que botei o olho nessa imagem perigosa, mas até que me dei bem. Me dei muito bem. Comecei a beber muito mais do que bebia antes. Comecei a pensar muito mais do que pensava antes. E afrontei o perigo. E cai de cara. E surtei muito mais do que surtava antes. E pensei em te ligar. Afrontei o perigo de novo. E bebi muito mais. E te pedi para mim. Todas as curvas possíveis do teu corpo eu pedi para mim. E pensei nesta prosa. E escrevi essa prosa mentalmente com todas as palavras que eu desejava te entregar naquele exato momento. E meu coração bateu muito mais do que um dia terá batido antes. E bebi muito mais. Bebi. Muito, mas muito. Me afoguei em todas as cervejas que encontrei pela frente. E dirão que estou apaixonado. E perguntarão o que aconteceu. Eu tenho certeza que dirão e perguntarão, mas meu bem, meu bem, bem, bem, eu quero que se foda o que pensam, porque eu nem sei, exatamente, o que estou a pensar neste exato momento. Pensando em tuas curvas, pensando no teu olhar, pensando em você e de frente com está carta, deixo minhas mãos falarem tudo que o coração está sendo capaz de sentir neste exato momento. E, querida, saiba que nunca lerei nenhuma palavra que aqui está contida, porque eu nunca leio, mas sei que sinto, sei que estou sentindo, porque penso em teu nome e o peito grita assustadoramente aqui dentro. E algo queima, algo explode, e me mata. E tudo que eu jamais pensei em sentir bate aqui dentro como um estrondo que não sou capaz de evitar que acabe com tudo e todos a minha volta. E eu sorri muito mais do que costumo sorrir. E que se foda se eles pensam que é amor. Ou paixão. O que caralhos é isso que dizem ser amor? O que caralhos é isso que dizem ser paixão? Amor é um copo cheio de cerveja gelada e um belo blues tocando ao fundo. Isso sim é amor. Paixão é o sentimento que o melhor do blues consegue passar até chegar no ponto que tu sentes vontade de entrar na música e tocar cada nota contida nela. Mas, teu corpo, meu bem. Ah meu bem, teu corpo é a música mais bela que sou capaz de tocar até a última nota contida nela. E se tu me permites dizer, querida, me perdi em você e tu mal sabes disso. Quer palavras sinceras? Estou perdido desde a primeira batida no meu coração que saltou tão alto como um pulo de um gato vivido de dentro do meu peito ao lembrar apenas do teu nome. E todas as vezes que penso em ti, meu peito se torna este felino que não cansa de saltar até esquecer o motivo pelo qual ele estava saltando de lá para cá. PUTA QUE PARIU, teu sorriso me faz lembrar que existe o melhor de mim aqui dentro, mas deixa ele lá. Deixa quietinho. Não acorda ele. Deixa. Só deixa, querida. Não sei lidar com amores e paixões e, talvez, manter este sentimento adormecido dentro de mim seja a melhor maneira de preservar o meu pior sem sequer me machucar com todas as ilusões contidas em um romance como este. Amor, amor, preciso te fazer alguns pedidos antes desta prosa acabar...

...e se eu te pedisse para ficar? Te pedisse para entrar em minha vida? E se eu te pedisse para não ir embora? Te pedisse para esperar um pouco até que eu arrume meu quarto para você entrar? Toda a bagunça contida nele demonstra desesperançosamente o que sou de pior quando ninguém está aqui. E se eu te pedisse para vir aqui para casa? Te pedisse para dormir comigo está madrugada chuvosa? E se eu te pedisse para tomar aquelas cervejas restantes contidas na minha geladeira vazia? E te pedisse para compartilhar meus tragos? E se eu te pedisse para deitar na rede comigo na sacada e olhasse o céu escuro nublado enquanto meu cachorro passa por nós como quem não quer nada? E se eu te pedisse, meu amor, te pedisse para me beijar no silêncio do escurecer? E se eu te pedisse que não pensasse em mais nada, no amanhã, no depois, no que virá logo em seguida do beijo? E se eu te pedisse para dormir comigo? Te pedisse para segurar minha mão enquanto dormimos juntos? E se eu te pedisse para não pensar que terás que ir embora logo que amanhecer, porque precisamos seguir nossas vidas nesse mundo capitalista que tanto odiamos? E se eu te pedisse para ficar? Te pedisse para não ir embora, mas não da minha casa, e sim, não ir embora da minha vida? E se eu te pedisse para vir aqui para casa sempre que eu pedisse e sempre que quisesse? E se eu te pedisse para não me esquecer? Te pedisse para me amar? Te pedisse para sorrir ao lembrar do meu nome? E se eu te pedisse para morar dentro do teu peito da mesma forma que o meu se tornou tua moradia? E se eu te mostrasse todas as minhas cartas tristes sobre o amor, para que saibas que não sei viver um amor e que não sei amar e que não sei lidar com romances? E se eu te pedisse para me abraçar quando lembrar que romances nunca me fizeram bem, meu bem? E se eu te pedisse para acreditar em mim? Te pedisse para ter paciência com meus surtos e paranoias que nunca soube lidar, mas sempre em silêncio? Porque sempre que fico em silêncio, meu bem, são os momentos que tanto preciso de uma voz. E se eu te pedisse para ficar comigo aos domingos e que compartilhasse tua vida comigo e me dissesse todas as coisas bonitas que teu peito é capaz de me entregar? E se eu te pedisse o mundo, querida? Você me daria? Me daria sabendo que tu tens sido meu mundo nesses últimos dias? Ou me largaria? Me deixaria com saudades? Na saudade. Me deixaria sem ti. Sem mim. Levaria o meu melhor, sabendo sempre que dei o meu melhor e que fui capaz de deixar um romance arder aqui dentro de novo. E se eu te pedisse para me esquecer? Te pedisse para ir embora? Te pedisse para não entrar na minha casa? E se eu tivesse coragem de te pedir para não entrar tanto assim em minha mente? E se eu te pedisse para sair agora mesmo de minha vida e deixar esse pedaço destruído antes que enjoe o suficiente de mim e que peças você mesmo para que eu deixe você ir embora? Cadê a chave? Perdi a chave do portão da minha casa. Espera só um momento, meu bem, estou procurando. Irei achar. Estou procurando.
E achei...achei, meu bem. Vamos, eu abro a porta para ti. Deixo o portão escancarado. Só um minuto, meu bem. Só um minuto, querida.
Pronto!
Portas abertas. Portão escancarado. Pode ir embora. Meus romances são sempre livres para irem embora.
Ou fique! E se eu te pedisse para ficar, o que você faria?

- Seus textos são uma merda. Tudo tão poético. Tudo tão brega. Tudo tão démodé.
- Mas contém verdades e isso tu não podes discutir.
- Clichê romântico, mesmo que tristes.
- Mas eu sinto. E sou aquilo. É tudo de verdade. Só existe a verdade. A minha verdade.
- Trágico. Trágico. Trágico! Escreva coisas felizes.
- Escrevo o que me vem na telha, meu bem. Se você se importa tanto com isso, quero que se foda.
- Você está sendo rude, querido. Quer uma cerveja?
- Você está sendo fútil, querida. Quero sim.
Se levantou e foi pegar a cerveja. Voltou balbuciando.
- Trágico. Trágico. Clichê romântico. Super fora de moda. Acha mesmo que alguém se importa?
- Eu me importo!
- Acha que ficará famoso escrevendo todas essas tuas merdas?
- Não quero ficar famoso.
- E o que queres então? Escreves tanto e nem quer ficar famoso e ganhar dinheiro com isso?
- Quero ficar em paz.
- Com cartas démodé?
- Leia tudo de novo, querida. Leia tudo de novo. Você não entendeu um caralho sequer de palavra.
- Como assim, querido?
- Se o clichê romântico é ser sincero, então esse sou eu. Se o tal démodé é ser honesto com meus sentimentos, então esse sou eu. Se você não entendeu nada do que quis escrever, esse sou eu. Esse sou eu querendo que você se foda!
- Rude, querido. Rude. E trágico, trágico, trágico! O amor moderno descartável ainda irá te matar. Vai por mim, querido.
- Eu sei. Eu sei.

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