quarta-feira, 16 de outubro de 2019

Te engravidei de amor. Tu me abortou solidão

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- Tu não tens noção da dificuldade que és começar uma de minhas cartas?!
- Continue escrevendo!

E eu te imagino.
Te domino. Da mesma forma que dominas meu coração.
Te apago. Me apago. Te abalo. Me embalo.
Te escrevo. Te esqueço. Te odeio. Te beijo.
Mas aqui. Te beijo aqui. Em minha consciência.
Beijo de despedida. Que entrega. Que altera. Que exala. Que diz adeus.
Que não se importa!
E eu te imagino.
E te peço. Me nego. Me entrego. E te odeio. Te odeio muito. Com todas as minhas forças.
E meu estômago dói ao pensar em você.
E minha cabeça lateja ao lembrar de você.
E eu já não me importo mais com tua existência que nada tens para me entregar.
E talvez eu seja egoísta demais em pensar que tua existência já não signifique nada para mim.
E talvez eu não me importe.
E tudo mudou de uma hora para a outra.
Sentimento bipolar. Perdido. Depressivo. Egoísta. Surrado. Maltrapilho.
E a gente não se importa com essa merda de amor que nos fode pouco a pouco pelas beiradas de nossos próprios cus.
Foda-se o amor, meu amor. A gente não dá a mínima para toda essa ladainha.
E eu minto. Te minto. Te imagino. Te insisto. Te escrevo. E minto. Minto muito. E finjo.
E a gente esquece.
Uma hora a gente esquece. E meu peito esquece. E minha mente esquece. E minha alma aprende.
Aprende a te esquecer. Aprende a não pensar em você. Aprende a te esquecer, novamente!
Mas existe um pingo de sentimento ali dentro que se chama angústia de te ter tão longe.
E a gente não se importa com nenhum caralho desses.
Porque o amor é mais uma besteira que a gente insiste em escrever e ver e ter. Essa merda é covarde demais para se manter por muito tempo dentro de nossos corações.
Nossos corações tem mais o que viver do que apenas sentir amor e amor e amor.
Mas essa merda nos salva de alguma forma, eu sei que salva, porque todas as vezes em que pensei em você, eu sorri. E de alguma forma, meu coração acelerou sempre que pensei em te ver entrando por aquela porta e ouvir tua voz cansada me dizendo que sentiu tanto a minha falta quanto a falta de amor que existe no mundo.
E a gente não quer saber do mundo quando temos a quem amar. Porque o mundo está lá fora tocando todos aqueles blues tristes e despejando cervejas pelas estradas e tragos pelas nuvens, mas a gente não dá a mínima para isso tudo quando se tem alguém para abraçar.
Mas você, meu amor, você me ensinou bastante a te amar, mas não me ensinou a te esquecer. Me ensinou bastante a te querer, mas não me ensinou a te perder. Mas você, meu bem, me ensinou o pior dos sentimentos, o descaso, e esse é difícil superar.
Descaso no acaso de um caso que eu tive por acaso em teus braços e hoje eu apenas jogo na próxima lixeira de qualquer esquina em que eu te encontrar.
Foda-se o amor, meu bem. Foda-se o teu amor!

Se é que ele um dia existiu, porque tu mentes tão bem, meu bem.

- Não, espera, espera, CARALHO. Não acredito nesta merda que estou vendo.
- O que é, porra?
- Você está escrevendo demais, cara!
- E o que tem, porra?
- E voltou a beber demais, cara!
- E o que tem isso, caralho?
- E teu humor tens exalado uma certa tristeza e melancolia. Teu sorriso está distante. Teu olhar mais distante ainda.
- Qual o problema nisso, seu merda?
- E toda vez que as pessoas falam sobre o amor, você trata esse assunto com desdém.
- Foda-se o amor, meu parceiro.
- Tu tens amado alguém. PUTA QUE PARIU!!!!
- Deixa essa merda para lá. O amor é apenas um passatempo chato e entediante que a gente insiste em jogar.
- O amor não é um jogo.
- Mas as pessoas usam dele como um jogo. E essa é uma perca de tempo em que não quero mais participar. Isso é chato pra caralho, porra!
- Para de escrever essas merdas deprimentes. É tudo triste pra cacete.
- E quem se importa, caralho? Todas aquelas pessoas, elas leem meus textos, mas elas não se importam de verdade com tudo aquilo. Eu posso falar que irei me matar amanhã por causa de uma droga de amor ou romance, e elas apenas dirão que é tudo lindo pra cacete. Elas romantizam demais minhas cartas e perdem a essência da porra toda.
- Você é muito corajoso em escrever essas merdas, cara. Devo confessar isso!
- Foda-se, cara. Foda-se!
- E se tuas cartas afetarem alguém de alguma forma?
- Foda-se, cara. Foda-se!
- Você é corajoso, meu parceiro. Muito corajoso.

Eu respirei o teu ar e você me sufocou.
Eu dancei tua dança e você mudou de música.
Eu escrevi sobre ti e você trocou de página.
Eu segui o teu caminho e você mudou de rumo.
Eu tentei te encontrar e você quebrou a bussola.
Eu abri todas as janelas para respirarmos e você mudou de ambiente.
Eu bebi tuas cervejas e você odiava beber.
Eu fumei teus cigarros e você detestava me ver fumando.
E eu te escrevi novamente, te escrevi tudo que sei. Te escrevi tudo que quero e tudo que sinto. E você debochou. Me deixou de lado. E me esqueceu. De certa forma, me esqueceu. E teu desprezo me diz muito mais sobre tua falta de amor por mim do que todos os sentimentos contidos em nossos lares. E a gente não entende, mas também não dá a mínima.
Deixa eu socar todas as paredes da minha casa para desfigurar a falta que eu sinto de ti.
Deixa eu deitar a cabeça em meu travesseiro e gritar que te odeio como tudo tens sido.
Deixa eu beber e beber e tragar e tragar para me castigar por ter te amado.
Deixa eu escrever todas essas cartas chatas e monótonas para demonstrar o que sinto por ti.
Mas deixa, deixa, meu bem, me deixa te esquecer como tenho feito. Deixa. Deixa, meu bem, me deixa te apagar da minha memória como uma falta capaz de ser suprida.
Teu amor por mim foi tão barato quanto uma cerveja gelada comprada no boteco da esquina. Daquelas que custam 4,99 ,e mesmo assim, eu acho barata demais.

- O que tens pensado, meu bem?
- Em todas as vezes que a tive.
- E isso é ruim, querido?
- Não. Não é ruim. Mas tenho pensado bastante em todas as vezes que a tive.
- Queres entregar detalhes? Podes me dizer, estou bêbada o suficiente para esquecer amanhã.
- A forma como nos deitávamos era incrível.
- hm...
- A forma como eu a chupava era maravilhoso.
- Continue...
- A forma como eu segurava o corpo dela em minhas mãos era perfeito. A forma de nosso encaixe. Nossas bocas. Nosso suor. Nossas mãos. Nossos corpos. Pele com pele. E eu a chupava de um jeito jamais imaginável. Era incrível.
- Tens pensado bastante nisso? Soa como se apenas quisesse e sentisse sexo.
- Não. Não é isso. Eu jamais quis sexo vazio, mas apenas lembro de nossos bons momentos. A forma com que ela sentava em mim e dizia que tinha sentido minha falta era perturbadoramente magnífica. E o meu desejo aumentava sempre que ela dizia que sentia saudades. Isso é estranho.
- Tu acreditas em amor?
- Mas é claro que não!
- E que caralho de sentimento é esse que sentes a essas horas?
- E eu lá vou saber, caralho? Só sei que não me importo.
- Se não te importas, porque pensas tanto?
- Porque era assustadoramente incrível!
- Peça para ela te visitar então.
- Não. Esse amor é muito barato. E eu não tenho tempo para amores baratos. Amores simples são diferente de amores baratos.
- Porque pensas tanto nesta merda então, querido?
- Assustadoramente incrível, meu bem. Incrível. Mas já não dou a mínima para amor barato.
- Queres uma cerveja?
- Claro, por favor. Aquela que paguei 4,99.

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