segunda-feira, 14 de outubro de 2019

Meu bem, meu bem, você faz uma puta coleção do que eu quero evitar!

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E não sabes a falta que me faz.
E não sabes que nunca te quis longe.
E não sabes quantas vezes te escrevi e pensei em te pedir para ficar.
Mas eu deixei você ir e não vejo problemas nisso.
Deixo que vá.
Deixo que viva.
Deixo que sinta.
Deixo que persista.
Deixo que de mim não se lembre.
Deixo. Te deixo. Me deixo. E enlouqueço.
Mas em ti deixo o sentimento de que te esqueço.
E eu, vez ou outra, penso em te ligar para te dizer certas coisas.
Dizer que eu chorei e você não viu.
Que surtei e você sorriu.
Que eu enlouqueci e você encontrou tua sanidade.
Que eu senti saudades e você não sentiu falta.
Que eu te escrevi e nada você leu.
Que eu te busquei pelos quatro cantos do planeta e em nenhum deles tu estavas.
Que eu sonhei com você e em teus sonhos nunca estive.
Vez ou outra, penso em te escrever para te dizer certas coisas.
Coisas que penso, que insisto, que sonho, que invento.
E eu gostaria de te entregar todas as cartas minhas na esperança de que não se vá.
Mas de ti não quero o pouco. Muito menos o mais ou menos. De ti quero o todo. O puro.
O simples. O existente. E o que não cabe dentro de ti, muito menos se apague.
E eu gostaria de te dizer, meu bem, que hoje me sinto muito bem por você estar bem. E que nada apague a chame que um dia tivemos deitados em cama minha.

Deixo que não vá.
Deixo que não viva.
Deixo que não sinta.
Deixo que não persista.
Deixo que de mim se lembre sempre que puder.
E de tua vida nunca quis sair. E minhas mãos cansadas escrevem o que esta mente mais cansada ainda gostaria de te entregar.
E eu insisto no prazer de te pedir para ficar e jamais fará do meu sentimento por ti ser tão escuro quanto todas as fumaças do mundo.
Meu bem, meu bem, eu te pedi tanto, mas tanto. Te pedi muito mais do que podia me dar, mas nunca te soltei uma palavra sequer do que eu sempre quis de ti. E isso já não nos importa. Eu te deixei ir sem ao menos lutar ou insistir por teu pequeno sentimento por mim. E a gente já não se importa com esses desejos contidos um pelo outro dentro de nós mesmos. Deixe que esse amor miserável se apague de nós dois em algum momento de nossas vidas.
Mas eu te escrevo, querida, para que não esqueça nossos momentos em que nossos corpos foram esquentados um pelo outro. E nossas bocas tocaram nossos céus como se não existisse o amanhã. E te peço para nunca se esquecer que ao apagar da minha luz do quarto, acendemos chamas que nunca serão apagadas aqui dentro de nós.
E da mesma forma que o teu perfume não sai de mim, espero que jamais cuspa o meu gosto contido em tua boca. E lembre-se que quando sentires saudades, meu quarto permanecerá no mesmo lugar esquecido por todos os deuses inventados num universo qualquer.

- Você precisa lembrar de não esquecer que o teu amor foi embora.
- Mas eu tento amar da minha forma e nunca consigo.
- O que tens vivido não tens sido amor, mas sim paixões. Teu amor está muito longe de seres encontrado novamente.
- Meu maior defeito é não dar a mínima.
- Você se importa muito mais do que pensas. Só escreve o bastante para acreditar que não sentes, quando na verdade, sentes muito mais do que gostaria.
- E bebo muito mais do que precisaria.
- Tu bebes na esperança de que esqueça teu amor de uma vez por todas, mas se encontra sempre pior e pior e pior. E você se afunda muito mais na bebida no que em teu amor, e é isso que te mata pouco a pouco.
- Meu amor está lá fora, meu bem. Só cansei de procura-lo. Quando a gente acha e acredita que encontramos o amor, ele escapa por nossas mãos e escorre por nossas entranhas nos degolando devagarzinho. Todas as pessoas que eu insisti em amar me entregaram recordações do que eu não quero viver novamente.
- E o que queres dizer com isso?
- Quero dizer que preciso de um amor calmo e tranquilo. Os amores que insisti em dar uma chance, me entregaram mais dores de cabeça do que minhas próprias ressacas.
- Não estas pronto para amar.
- E quando estive?

Eu te pedi aqui perto, muito perto, perto o suficiente para que nossos corpos suados jamais se afastassem, enquanto o teu beijo quente passa pelos meus lábios na esperança de que alguém entregue aquela frase obscura que contém três cretinas palavras ecoassem pelos cantos do quarto. E isso nunca aconteceu.
E eu te digo, meu bem, te digo que sinto sua falta mais do que eu gostaria.
Te digo que eu bebo por lembrar de ti muito mais do que gostaria.
E eu entristeço quando o sabor do álcool sobe para minha cabeça, porque sei que não estará aqui para cuidar de mim como um dia fizeste.
E eu lembro do teu sorriso e sorrio escondido.
E eu lembro do teu choro e choro perdido.
E eu lembro do teu amor e amo sofrido.
E eu lembro do teu abraço e sofro em conflito.
Meu bem, meu bem, tu não farás noção nenhuma do que minhas palavras querem tanto te dizer, mas eu queria que soubesses que jamais planejei te ver longe de mim.
E existem algumas coisas mais que gostaria de te entregar.
Não leve a mal. Isso é tudo que posso te dar.
Não me leve a mal. Isso é tudo que posso te oferecer.
E não leve a mal se não sei te amar como gostaria e como deveria.
Mas eu bebo por sentir falta do gosto de teus lábios.
E fumo por sentir falta dos teus abraços.
E ouço blues porque sinto falta do cansaço da tua voz me falando sobre o seu dia.
E eu choro escondido por passar momentos sozinhos em que eu gostaria de compartilhar contigo.
E eu escrevo muito por essa saudade sufocante não sair de dentro de mim desde que partiu.
E eu penso em ti sempre que meus dedos agem da forma mais errada escrevendo cartas e mais cartas que nunca chegarão a ti. Não como eu gostaria. Não como eu planejaria. E eu gostaria que todas as cartas minhas invadissem teu coração tal qual tua falta invade o meu.
E eu sofro por lembrar que você jamais voltará para meus braços e deixará escorrer uma lágrima me dizendo o quanto sentiu minha falta nesses dias em que estive longe.
E o que mais me machuca é saber que não consigo te amar da forma que você merece. E o que mais me corrói é saber que não consigo te amar tanto, mas tanto, a ponto de deixar de lado meus defeitos e esquecer dos teus defeitos que tanto me incomodam.
E eu gostaria de te amar da forma que planejamos, mas meu coração apenas sente essa necessidade de te deixar partir porque eu sei que não sou mais capaz de entregar meu amor mais sincero.
E isso a gente não se importa mais. Porque a gente entende que meu peito jamais baterá tão forte quanto um dia ele bateu. E não pelo fato de eu não querer. E não pelo fato de não te amar tanto quanto queres, mas pelo fato do meu peito ser medroso o suficiente para não se entregar para mais ninguém.

E esse tens sido meu maior defeito. Te deixei escorrer por meus dedos não pela falta de amor, mas sim, pelo medo contido em minhas entranhas que é muito, mas muito maior do que todo amor que eu seria possível e passível de te entregar. E todas as cartas que eu escrevi já não significam mais nada. Perdi meu super poder em amar as pessoas como um dia desejei. Não sei se tu me entendes.
Ou se um dia entendeu.
Mas hoje já não me preocupo tanto assim como esses entendimentos. Cabe a mim o valor de amar ou de te deixar ir.

- Sentes que conseguirá amar novamente?
- Faz um bom tempo que sinto que jamais conseguirei ser capaz.
- E porque escreves tanto sobre o amor?
- Porque ainda me encontro na esperança de que uma chama aqui dentro pode se acender de novo.
- Mas quem lê tuas cartas acredita sabiamente que és capaz de amar. E que sabes amar. Não entendes isso?
- Eu nunca dei esperanças nenhuma para as pessoas em relação ao meu jeito de amar. Eu tenho a capacidade de amar, claro que tenho, mas não quero tirar isso de dentro de mim e me machucar novamente daqui uns meses ou anos. Isso é muito mais do que posso suportar.
- E o que fazes?
- Amo de acordo com a minha maneira.
- Mas acreditas que seja por isso que as pessoas sempre vão embora?
- Não, acredito que as pessoas vão embora pelo fato de que não entrego e não falo aquilo que elas querem. Eu gostaria muito de entregar minhas melhores palavras para algum romance meu, mas não sei até quando aquilo irá durar, e isso me faz não gastar muita energia.
- Tens vontade de amar?
- Não. Tenho vontade de deixar de amar.
- Isso quer dizer que tu tens amado alguém?!
- A gente sempre estará amando alguém. Por bem ou por mal. Isso é o que nos deixa mais perto de nós mesmos, se chegares um dia em que algum ser humano não amas outro alguém, esse ser humano faleceu faz um bom tempo.
- E tu acreditas que sejas mais triste deixar de amar ou amar alguém por demais?
- Acredito que sejas mais triste o ponto em que me encontro, amar sem conseguir e poder expressar todas os sentimentos reais que em mim bate.
- E porque não fazes isso?
- Ah querida, deixa o álcool me amar um pouco mais. Talvez seja o que vale a pena.
- Vais acabar se matando!
- Talvez seja por isso que valerá a pena.

Se eu te pedir para sair, tu ficas?
Se eu te pedir para não me amar, tu me amas?
Se eu te pedir para não ter paciência, tu me acalmas?
Se eu te pedir para não sentires falta, tu vens me visitar?
Se eu te pedir para não me ligares, tu decorarás meu número?
Se eu te pedir para não me desejares, tu virás me beijar?
Se eu te pedir para não me lembrares, tu virás me avisar?
Se eu te pedir para não seres minha, tu amanhecerá em minha cama?
Se eu te pedir para não enxugares minhas lágrimas, tu virás me confortar?
Se eu te pedir para não veres meus olhos tristes, tu será meus sorrisos?
Se eu te pedir para não leres minhas cartas, tu irá teimar e lerás todas?
E ainda sim, gostaria de pedir todas estas coisas ao contrário, mas você és inteligente demais para saber que sou o acidente mais grave de tua vida. E ficarás longe. E em mim não pensará. E por mim não amará. E por mim nada sentirá. E eu te entendo, te compreendo, e não me surpreendo por saberes que tens feito a escolha mais certa de tua vida, que és ficares longe de tudo que sinto por ti.
Mas se sentires tanta saudade quanto sinto de ti, volte, meu bem, volte para minha vida e deixa eu te contar tudo que tens acontecido enquanto esteves longe.

Mas me avise, meu bem, me avises se fores voltar, eu preciso arrumar o meu quarto para veres que tenho me virado bem. Enquanto tu não voltas, meu quarto se encontra mais bagunçado do que minha vida amorosa e tudo que eu gostaria de te entregar de bom aqui dentro.
Me avise, meu bem, me avise. E deixa eu te mostrar que ainda sei como amar.
Mas se não voltares, espero que esteja sempre bem. E que acorde sempre com o teu sorriso maravilhoso e tua forma esplêndida de ver o mundo. Do teu jeito.
Do teu jeitinho!

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