quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

Insônia é uma cobra negra que sussurra aos meus ouvidos. Saudade é o veneno que insisto em tomar

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...no parque de diversões de sua vida, funcionava feito carrossel, volta e meia se apaixonava e errava exatamente no mesmo lugar.

E qual o motivo de tua insônia?
Acordando no meio da noite com o peito carregado de tristeza e saudade. Em tua consciência vozes que gritam sobre coisas que não deveria ter feito e as que deveriam ter feito. E as vozes não param. E sufocam. Sufocam. Sufocam. E me deixam mais perdido quanto a saudade que sinto de um tempo em que tudo era perfeito. E essa saudade, meu bem? Saudade de que? Saudade de quem? Espreme. Aperta. Tira ela de dentro de ti. Tente fazer algo, meu bem. Tente. Tente. Tente. Tu estas sozinho. Tente. Continue tentando, meu bem. Continue tentando antes que seja tarde demais e essa tua saudade se transforme em vontade de suicídio. Mas...meu bem...suicídio? Porque falas uma palavra tão pesada quanto esta, meu bem? Não deverias falar coisas tão ultrapassadas quanto um sinônimo de fraqueza e desespero. E o que tu faz, meu bem? O que tu faz? O que te deixa menos triste em noites que não consegue dormir? OH DROGA!
As vozes não param. E elas me atormentam. E sufocam. Sufocam. Sufocam. Apertam. Me espremem até que eu não tenha mais nada. O que é essa saudade? Vontade. Desejos. Resultados de escolhas ruins que te transformam em saudades e lembranças e passado. Porque não voltar atrás e engolir um orgulho que nunca existiu?
 Mas que caralhos você está falando?
Vamos para o que interessa. Tudo escrito até agora não me surpreende de nada. Preparado?

Acordado no meio da noite. Madrugada em que a garoa fina bate pela janela. Lágrimas escorrem. Peito apertado. E eu grito em silêncio. Te procuro e não encontro. Tento lembrar da tua voz e não escuto. Tento te chamar e mal lembro teu nome. Tento lembrar qual a forma mais suave de teu olhar sob os meus, e percebo que foi esquecido. Tudo mal administrado pelo vislumbre de teus beijos que nem lembro mais o sabor. O peito aperta. Aperta mais um pouco. Duas e trinta e cinco da madrugada. Revejo tuas fotos. Relembro teus sorrisos. Tento lembrar teu nome. Não te encontro. Não te encontro. Não lembro onde tu mora. Não lembro teu número. Revejo tuas cartas. Desaprendi a ler. Desaprendi a fazer algo que tanto amo, ler e ler e ler. E choro. Choro contido. Choro que não escorre uma lágrimas sequer. E abro uma cerveja. Só mais uma. Uma mais. Três horas da madrugada. E o pensamento não para. O peito aperta mais ainda. Pensamentos de desistência me levam a crer que nada nesse mundo vale a pena. E eu quero continuar. Continuar caminhando. Continuar sonhando. Continuar acreditando que tudo isso, um dia, irá mudar. E eu grito, mais uma vez, em silêncio. Deitado em minha cama com a cabeça mais pesada que todos os carros que passam pelas ruas de São Paulo. E o peito chora. E chora. E chora. E grita. E chora. E ecoa sangue. E chora. E aperta. Coloco minhas mãos sob o peito e sinto ele bater. Acalma-te, coração, acalma-te. Por favor. Me entrega alguma paz. Só essa noite. Esta noite. Por favor. Por favor. Arranca o sentimento de solidão dai de dentro. Tu não está sozinho. Arranca o sentimento de saudade. Ela passa. Por favor, coração, por favor.
Três e trinta e cinco da madrugada...abro outra cerveja. Só mais uma. Só mais essa. E o sufoco toma conta dos meus pulmões, perco o ar ao lembrar teu nome. Perco a fala ao lembrar teus beijos. Perco a minha essência ao lembrar que tu se foi. E deixei você ir. Eu sempre deixei você ir, te entreguei esse presente assim que nos conhecemos, o livre arbítrio de ser livre da forma que bem desejas. Vai, eu disse. E tu foi. Escorreu pelas minhas mãos como meu próprio sangue em minhas entranhas. Essa droga de sangue que ainda faz meu coração pulsar forte ao lembrar teu nome e saber que tudo aconteceu de fato. Sufoco. Falta de ar. Pesadelos que tenho acordado. Vontade mais branda de desistir. Olho para os lados. Revejo os cantos de meu quarto. E percebo que, mesmo com várias pessoas em minha vida, não existe ninguém para me salvar. Não. Não tem. Não existe ninguém para me salvar dessas minhas insônias e crises constantes de depressão que me levam a crer que nada, nunca, ficará bem, novamente. Sufoco. Sufoco. Sufoco. O ar se perde. O coração se desprende. A mente flutua em um inferno que ela mesmo se coloca. Sozinho. Sozinho. Sozinho. Solitário. Bebendo enquanto a chuva bate um pouco mais forte pelas frestas de minhas janela. E o ar forte que passa pelas entradas não levam nada embora daqui de dentro. Perdido. Perdido. Sufocado. Sufocado. Sentiu o peito apertar ao ler minhas palavras? Sentiu o ar se acabar ao ler esta carta? Sentiu o coração chorar enquanto cai de encontro com tais tristezas? Quatro horas da madrugada e tudo piora.

Quatro e meia. Cinco horas. Cinco e meia. Seis horas. O barulho dos carros aumenta. Ônibus. Caminhões. Pessoas. O mundo acorda. Tudo e todos acordam. E eu ainda mal dormi. Outra cerveja. Só mais uma. E a mistura de um pensamento suicida me invade as ideias. Não. Não posso fazer isso. Não posso deixar esse mundo sem antes provar para mim mesmo que posso ser capaz de esquecer essa droga de saudade. E eu bebo. E flutuo dentro de mim mesmo. Sufocado. Sufocado. Preso aqui dentro de mim. E tento chorar. Não consigo mais. Esqueci o que é chorar por amar demais e errar sempre no mesmo lugar. O lugar de amar demais. E se tu amas demais, vai se encontrar em arrependimentos meus. Não. Não ame demais. Não deixe seu amor se transpor por cima de ti e de outro alguém. É um caminho sem volta. O amar. Seis e meia. Sete horas. Outra cerveja. Preciso trabalhar. Preciso "acordar". Preciso levantar. Lavar o rosto. Escovar os dentes. Tomar meu café. Dar comida para o cachorro. Viver. E esquecer que esqueci de dormir. Deixei a ultima cerveja pela metade. Que desperdício.
E a pessoa que tem coragem de me amar é como aquela metade de cerveja, um desperdício.

- Seu quarto está tão limpo.
- É, eu limpei tudo. Tirei toda a poeira. Joguei fora tudo que me lembrava o amor.
- Mas...e essas fotos?
- Oh droga, esqueci de jogar fora. Jogue para mim.
- Ok. Mas e essas cartas?
- Oh caralho, mais essa. Pode jogar também.
- Tudo bem. Mas e esse perfume?
- Oh porra, esse maldito perfume. Esse desgraçado perfume motivo de todas as minhas tristezas que não sai da minha cabeça. Essa merda não me deixa dormir. Eu posso esfregar o chão. Esfregar as paredes. Passar o que for, incenso, perfume meu, aromas, sabores, comidas, lixo e essa merda não some. Essa merda. Essa droga de perfume não sai.
- Estava perguntando sobre este seu perfume, querido. Só isso. Se acalme. É novo?
- Ah, é sim. Comprei na loja da esquina.

Consegue escrever uma carta em apenas 17 minutos? Eu consegui escrever mais uma porra de carta em apenas 17 minutos.

- Querido, já pensou em todas as cartas que tu escreve e joga fora?
- Não. Quer dizer, sim, mas jogo fora. O que é que tem demais?
- Meu bem, já pensou quanta coisa boa escreveu e ninguém sabe?
- Quem se importa com essa merda? Peço ajuda em todas elas e ninguém da a miníma. Que se foda!

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