domingo, 10 de fevereiro de 2019

Embriagando-se até ser esquecido (ansiedade de todas as borboletas mortas em seu estômago)

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...e ele está se acabando. Acabando com tuas feridas pouco a pouco e criando outras maiores que as que estão semi-cicatrizadas dentro de seu coração. E ele fuma demais. E bebe demais. E tenta ficar o máximo de tempo possível fora de casa, mesmo que o voltar para casa seja o que ele mais queira naquele dia atordoante e escaldante que têm sido tua vida na Capital. E ele está completamente exausto. Já não existem tuas vontades dentro do peito. Só quer fumar, beber, amar e escrever. Mas casou-se com teu amor próprio, e também cansou. Casamento que durou poucos meses e ele, na esperança de que fosse durar para sempre, jogou tudo fora por lembrar que não existe essa história de "para sempre". Hoje teus passos são dados de mãos dadas com a solidão. E ele olha os bares e casas e pessoas e a imensidão de um mundo que ele já não quer fazer parte. E ele escreve. Continua escrevendo. Escreve demais. E nem ele acredita que seria possível uma mente tão vazia de sentimentos ter a capacidade de escrever tanto, mas tanto. Escreve tanto que os sentimentos são escolhidos a dedo para ficarem num canto escuro de seu quarto, e ele tenta controlar todos esses sentimentos. Tudo em vão. E ele tenta. Continua tentando. Encontrando forças onde ele jamais imaginaria ter alguma paz. E ele continua semeando coisas boas em teu coração. Tenta confortar o peito escuro com doses amargas e quentes de café. Tudo em vão. Mas ele está tentando. Continua suturando feridas de um passado que dificilmente será esquecido por ele e por todos a tua volta. São essas mesmas pessoas que não dão um momento de paz para que ele se esqueça de tudo que se passou e das pessoas que foram embora. São essas mesmas pessoas que insistem em cutucar teu amor ferido na esperança de que ele se encontre, novamente, bem consigo mesmo. Tudo em vão. E elas não percebem o quanto quero me afastar delas para que não lembrem que fui capaz de ferir o meu amor. Oh, é mesmo, estou escrevendo sobre mim. Esqueci por um momento. E estava escrevendo como se fosse uma história sobre outro alguém. Que tolice acreditar que minha vida não é triste demais para contar histórias sobre outra pessoa triste demais. E eu sei que existem várias delas. Mas não posso me esquecer. Não posso esquecer que não posso ajudar todo mundo. Não posso esquecer que não posso me esquecer da esperança de ajudar outro alguém tão perdido quanto eu. Não. Não quero que ninguém siga meus passos. Não quero que ninguém se encontre tão perdido quanto essa alma que vos escreve quase todos os dias. Também não quero que percas o sono. Quero que descanse. Descanse bem. E viva tua viva, a tua maneira, mas viva. Estou aqui quietinho tentando viver a minha, mesmo que eu lembre a todo momento acreditando e sabendo que esta não é a melhor e mais certa forma de se viver. Insônia. Insegurança. Solidão. Bebidas. Cigarros. Poemas. Besteiras. Pensamentos. Suicídios. Momentos. E blues. E não quero que vivas dessa forma. Um dia me encontrarei bem novamente. Apenas não sairei a procura de um novo amor que possa esquentar esse coração gelado. A procura é o que me espanta. Quanto mais procuras o amor, mais encontrará pessoas totalmente perdidas em tua forma de amar. E elas são loucas. Tão loucas quanto eu. E elas não sabem amar também. A forma delas de amar é totalmente contrárias as minhas. E tu percebes o quanto estamos nos transformando em pessoas completamente descartáveis umas para as outras. E isso é triste demais, porque as pessoas acreditam que estão sendo auto suficientes, quando no fim, elas estão apenas aprendendo a viver em tua própria solidão. Como uma blindagem errada na tentativa frustrada de ser a blindagem mais certa da vida. E todas essas pessoas morrerão sozinhas. E, mesmo que nós morreremos sozinhos, não queremos passar nossas vidas, até a morte, na solidão de nossos próprios braços. Mas o ser humano faz tudo sempre tão errado. E o ser humano é o único animal emburrecido o suficiente para acreditar que tudo que ele faz é suficientemente certo e bom para todos nós. Quando no fim, nos deparamos apenas com mais uma burrice e tragédia devastadora criada por nós mesmos. Não quero viver sozinho e morrer na solidão, mas também não quero encontrar pessoas por aplicativos ou sair de casa e encontra-las em um bar qualquer na frustrante tragédia que elas me lembrem o porque de eu não sentir vontade nenhuma de amar novamente. Não quero ser esquecido. Quero beber até esquecer. E, talvez, ser esquecido como o pior escritor bêbado que tu já deu de caras antes. E lembrar, por um momento que seja, o que é ter borboletas em meu estômago, porque essas borboletas foram mortas há tantos anos e esqueci de deixar anotado a forma delas se restabelecerem dentro de mim para que eu me lembre o que é estar verdadeiramente apaixonado pela existência de outro alguém. O amor sincero e simples é um grande e trágico pedido ao universo. E ele caçoa de minha cara sempre que lhe peço para ser amado da forma mais linda e trágica e sincera que sou capaz de amar. A forma que escrevo sobre o amor é a forma mais dramática e esquisita que foste capaz de ler? Talvez. Isso tudo que escrevo sobre minha forma de amar é arrogante o suficiente para que só a minha forma seja a certa e a de todas as pessoas sejam erradas? Você não entendeu minhas palavras e muito menos minhas borboletas mortas.
Minha forma de amar é supostamente errada por eu ter esse dom de me entregar por completo sempre que acredito estar amando de verdade. E todas as vezes que amei de verdade, entreguei a faca e meu coração. A ponta desta faca está encravada em meu coração enegrecido pelo tempo. E cada pontada nele é uma borboleta a mais sendo morta unica e especificamente por quem vos escreve. Eu sou a tragédia do amor. Eu sou o drama da paixão. E esse sofrimento é cabível apenas para mim e por mim. Quem mandou eu não me inscrever na escola especializada em amores e romances?! Talvez hoje estaria escrevendo mais uma comédia romântica ridicularizada por um único e clichê final feliz. Que ridículo. Que patético. Que estranho.
As pessoas gostam mesmo desses filmes românticos com finais sempre felizes ou elas só assistem na esperança de que elas vivam aquela baboseira toda? Que ridículo. Que patético. Que estranho. ROMÂNTICO DEMAIS...vomitei...preciso de uma cerveja para continuar.

- Porque não se senta, filho? Fica para lá e para cá. Está nervoso?
- Ansioso.
- Ansioso porque, filho?
- Não sei. Coração não aquieta. Não fica quietinho. Estômago sempre com esses calafrios. Vontade de vomitar. Quero dormir e não consigo. Quero chorar e não consigo. Quero morrer e não consigo.
- Filho, toma um chá. Eu que fiz. Vai te acalmar.
- Não quero. Estou bem.
- Você não está bem, filho. Não consegue nem ficar poucos minutos sentado sem tremer as mãos ou se levantar ou mexer as pernas.
- Minha ansiedade é como uma sinfonia de Beethoven. Por vezes calma. Vezes trágica. Por horas assustam. Por momentos se apaga e fica quietinha. Outras vezes fica linda. Por pequenos momentos felizes. Outras vezes mais assustadora. E eu sempre acho que passou. E que tudo está bem. Beethoven era um gênio louco, mãe. Talvez eu esteja nesse caminho. Gênio. Louco. Pensante. Sozinho. Escrevendo. Bebendo. Vomitando minhas besteiras sem ninguém entender nada do que eu sempre quis dizer.
- Filho, toma um chá.
...
- E mãe, ninguém pode me salvar. Beethoven era um gênio. UM GÊNIO. E Mozart também. E Bach também. Eu sempre entendi os loucos. E eles amavam muito. Amavam com a alma. Com o coração. Com a carne. Com o espírito. E arrancavam suas orelhas. E se cortavam. E bebiam. E ficaram surdos. E se enforcaram. E se suicidaram. E compunham todas as suas obras loucas e surtadas e devastadoramente lindas. E eternizadas. E Bukowski escrevia sobre eles e eu sempre entendi. E hoje as pessoas ridicularizam o amor. Se amam por aplicativos. Se escolhem por celulares. Mal se falam. Mal se olham. Mal sabem o que é amar, são incapazes. Mal se abraçam ou se beijam. São facilmente esquecidas e descartadas. QUE ESCROTO! Agora entendo mais ainda. Porra, mãe. É tudo mediocremente lindo e maravilhoso. GÊNIOS. UNS GÊNIOS. Eternizados pela loucura e capacidade de amarem outras pessoas senão eles mesmos. O amor é uma loucura que nos deixa loucos e burros e perturbados e geniosos há tantos e tantos anos. CARALHO, talvez eu me suicide escutando uma música clássica. Mas te deixarei uma bela e encantadora carta,  mãe. Ao meu amor. Ao mundo. Ao universo. Malditos loucos e geniosos.
- Filho, você não está bem. Não estou conseguindo entender nada do que está falando. Bebe o chá que eu te fiz. Vai te fazer bem.
- Meu amor será salvo por uma xícara de chá.
- Não, mas te fará dormir um pouco.
- Dormir? Eu preciso um pouco. Só um pouco. Mas antes preciso escrever. Vou tomar minhas cervejas guardadas e larga-las em meu quarto. Depois eu junto todas as garrafas. Olha, mãe, em meu quarto está tocando Beethoven, vou escrever. VOU ESCREVER. Uma poesia. Um poema. Uma carta. Em oito minutos. Escrevo uma trágica e maravilhosa carta que ninguém lerá em oito minutos, mãe. OITO MALDITOS MINUTOS.
- E vá descansar depois. Promete?
- Não sei.

"Chatterton suicidou
Cleópatra suicidou
Isocrates suicidou
Nietzsche enlouqueceu

Marc-Antoine suicidou
Van Gogh suicidou
Kurt Cobain suicidou
Goya enlouqueceu
Schumann enlouqueceu

E eu?! Puta que o pariu...não vou nada bem!"

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