Estou escrevendo muito esse ano, principalmente
nesses últimos meses. O que está acontecendo? Será que estou ficando louco ou
continuo apenas me livrando de minha loucura por palavras minhas? O que está
acontecendo? Acredito que seja difícil pra alguém me explicar. As pessoas estão
dizendo que estou escrevendo cada vez melhor. Que elas ficam esperando
ansiosamente uma nova publicação. Que elas se emocionam muito. Que se sentem
bem. Querem me agradecer. Querem mais e mais e mais. Oh Deus, elas me fazem
pensar em escrever quando não se é pra pensar em escrever.
Droga. É muito difícil escrever quando se tem muito
que falar. Muito que pensar. Muito que sentir. As palavras vão surgindo na sua
cabeça e vão passando pelos seus dedos. É revigorante escrever. Acalma-me. Anima-me.
Empolga-me. Fico ansioso pra ver o resultado no meu último ponto final e me
sinto deprimido depois que chego a seu encontro. Me pego pensando em escrever
mais e mais depois que escrevo um texto ou apenas alguns parágrafos. Mas que
merda está acontecendo comigo afinal? Estou a ponto de terminar uns dois ou
três livros de tantas palavras que estou escrevendo. Sinto que logo estarei
preso a um hospício.
E que não me privem de expressar todas as minhas
loucuras, por favor.
Existe a parte boa em escrever demais, a gente
consegue descobrir as mentiras contadas por todos os outros escritores ou
pessoas que acham que são escritores ou pessoas que estão tentando serem
escritores. Me pego lendo um texto de uma pessoa qualquer e sei quando ela está
sendo mentirosa demais ou clichê demais ou forçando sentimentos. Droga. Acho
que estou realmente ficando louco. Que estranho. Mas sinto uma infinita alegria
de ser capaz de escrever da forma que eu quiser, sobre coisas que eu quiser
e sentimentos verdadeiros que passam por mim, sem contar meus pensamentos que são
completamente perdidos dentro da minha cabeça, mas com minhas palavras consigo
encaixa-las de forma certa. Consigo deixar tudo encaixado pra que eu me
encontre em algum lugar afinal. Pra que eu me sinta encaixado dentro desse
mundo que tanto tem a me mostrar, mas ao mesmo tempo não me mostra nada. Viver é
uma loucura. A humanidade é uma loucura. O mundo é uma loucura.
Me pego escrevendo demais, mais uma vez, pra que eu
sinta-me encaixado apenas dentro de minhas próprias loucuras. Assim é a minha
vida até então.
Mais um mês de nossas vidas foi embora e fui capaz
de bater de cara com todos aqueles desejos e sentimentos clichês de todas
aquelas pessoas. Chega a ser patético, triste, mas patético. Meses de nossas
vidas está indo cada vez mais embora, e as pessoas ainda estão esperando que as
coisas surjam do céu bem em cima de suas vazias cabeças. O que eu posso fazer
por elas? NADA. Apenas continuo observando de longe todo esse jeito triste que
a humanidade tem de viver.
É triste.
Por conta disso, noite passada estava pensando em
minha morte. A chuva caindo fortemente lá fora, chuva que foi capaz de acabar
com toda a energia da minha casa e fez com que eu ficasse submerso dentro de
uma escuridão pela qual fui forçado a estar. Senti-me vivo ali dentro. Peguei-me
pensando sobre a morte. Pensando em quando será o dia que ela virá me visitar. Dia
que ela irá bater a minha porta e me dizer que chegou a minha hora. Como será?
Acidente de carro. Atropelamento. Irão me assassinar em uma briga no bar. Pneumonia.
Velhice. Morrerei por conta de um coração partido. O que será? Suicídio? Enfim,
fiquei pensando em minha morte. Fiquei pensando em escrever sobre essa noite
pela qual me afundei na escuridão ouvindo o barulho forte da chuva lá fora. Dei
de cara com um borrão mais escuro ainda, não conseguia pensar em um título
sequer pra esse meu texto sobre a morte. Meu pensamento criativo estava fraco.
Pensei em “Será que as pessoas me entregam sorrisos quando leem meus textos?” e
também pensei em “O dia em que a morte quase me levou”. Odiei ambos. Odiei a
escuridão. Odiei a mim mesmo. Odiei aquele momento por não estar na frente de
meu computador pra escrever e escrever e escrever e expressar minhas loucuras. Como
eu odiei aquele momento. Como eu queria que a morte tivesse me visitado naquela
noite. A escuridão e a loucura estavam competindo pra ver quem iria me levar. A
morte não estava lá para ganhar. Quem me levou foi a Loucura. Pelo menos
naquela noite senti que estar dentro de um hospício seria o melhor caminho.
Será que as pessoas soltam sorrisos quando leem os
meus textos? Fico pensando se já fui capaz de salvar vidas com minhas palavras.
Será que salvei dias, semanas, meses. Será que consegui deixar alguns momentos,
sentimentos e pensamentos mais claros na mente das pessoas. Será? Será? Será?
Porque estou me preocupando com isso agora? Sempre deixei claro que não me
importo com o que as pessoas pensam sobre meus textos. Sempre deixei claro que,
enquanto eu me livrar de minha loucura, o que elas pensam pra mim não importa. Que
elas chorem. Que elas se identifiquem. Que elas acreditem que sou um grande
escritor. Que elas descubram quem sou de verdade. Não importa. Mas sempre
deixei claro. E então porque estou me preocupando com isso nesse exato momento?
É. Acho que estou começando a ficar louco e a única
droga capaz de me salvar são as palavras. Estou viciado nessa droga e isso é
capaz de me matar. Mas que morte linda seria essa minha, não?!
Escrevi mais um texto sobre minhas loucuras e não
pensei em titulo nenhum. Isso é triste. O titulo é tão importante. O titulo da
vida a todas as palavras, entende? O titulo é a alma de um texto. O titulo é o
que deixa as coisas ficarem mais empolgantes e estou aqui quase cometendo suicídio
por não conseguir pensar em nenhum. Será que essa é a grande jogada da morte? Levar-me
de uma vez por todas pelo meio da loucura e suicídio. Seria uma jogada esperta.
Muito esperta.
Será que ela é tímida? Não quer bater a minha porta
com vergonha que eu a convide pra entrar e tomar uns bons drinques. Seria lindo
esse momento. Como seria. Eu tomaria uns bons drinques com a mais bela de todas.
A Morte.
Sinto que essas minhas palavras estão saindo um
tanto quanto clichês demais e tudo por causa do titulo que ainda não consegui
pensar. Droga. Eu só queria que a vida me deixasse um pouco em paz. Que a
humanidade continuasse morrendo lá fora enquanto me afogo em uma bebida
qualquer dentro de meu quarto escuro. Só queria não sair pela porta de casa e
dar de cara com um amor, com um novo romance. Que tragédia isso seria. Droga.
Eu só queria um momento de paz.
Bateram a minha porta nesse exato momento. Não foi
ninguém. Não foi a morte. Não foi a loucura. Não foi a escuridão. Foi a Vida. A
vida bateu em minha porta e me fez perceber que eu tive esse momento de paz. Sim,
eu tive um momento de paz em meio à solidão. Ontem de madrugada enquanto estava
afogado na escuridão. Antes de dormir eu encontrei uma paz. Lembro que abri a
janela e fiquei olhando a minha rua. Deserta. Nenhuma alma vivente passou por
ali durante muito tempo. Os carros estacionados em suas devidas casas. Casas
que estavam em total escuridão. A chuva caia com toda a sua força e foi quando
percebi que com aquele vazio, aquela chuva, eu estava sendo capaz quase de
escutar o silêncio dos mortos. O silêncio que foi capaz de me deixar dormir em
paz.
Acordei hoje com todos aqueles costumes barulhos. Carros.
Vozes. Pessoas. Construções. Pássaros. Cachorros. Sirenes. Tudo. Tudo. Tudo.
Tudo o que me consome. O mundo. A humanidade. Tudo mesmo.
E disse pra vida:
- Linda, obrigado por uma noite de paz. Estava
precisando. Venha tomar uns bons drinques comigo essa noite, antes que seja
tarde demais e minha amante venha me visitar. A morte.
Dane-se a morte enquanto isso. Espero que ela
venha. Antes que seja tarde demais.
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