quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

...lembro-me da cerveja sempre que tu parte

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Oh querida, não me venhas com desfeitas sobre o amor.
Você é madura o suficiente para captar meus atos e sentimentos. Tu és capaz. Eu sei que és. E sei que sabes de tudo que ouso sentir por ti. E já não me importo em demonstrar tudo que ouso sentir, mesmo que eu não saiba. Mesmo que eu tenha perdido o jeito. Mesmo que eu não consiga mais entregar o meu melhor. Eu sei que sabes. Eu sei que sabes o jeito com que te olho. E sei que sabes que sempre que vais embora, me afundo em copos e mais copos de cervejas baratas compradas em um mercado qualquer. Querida, me diz que sabes. Eu sei que sabe. E meu desejo de tocar teu corpo como B.B King tocava em Lucille me invade por inteiro. E sinto tua falta, meu bem. Sinto falta desse teu corpo. Foi a coisa mais linda que já vi e toquei e senti e beijei em toda face da terra. E, talvez, tu não se importe, mas, meu bem, preciso confessar que, pensando em teu corpo, escrevi minhas melhores poesias. E quando lembro do toque de teus lábios, ah querida, tu não tens noção do aperto em meu peito que sinto. Tu não tens noção do quanto quero ele tocando os meus novamente. E todos dizem que eu devia sofrer menos por amor, e que vida medíocre eles levam, não é, meu amor? O que seria de um poeta sem o sofrimento? O que seria de um escritor sem um amor para sentir? E eles não entendem, eu sei que não entendem. E tu não me entende. Ou finge não entender. E eu te queria aqui do meu lado. Não queria estar de porre novamente desde que partiu. Não queria estar de frente com as palavras mais uma vez. Não. Não queria, meu bem. E sempre que caio de encontro a teu olhar, me esqueço das piores coisas. De amores baratos. De cervejas baratas. De cigarros baratos. De poesias baratas. De romances baratos. De blues. Ah, meu amor, tu não entendes o quanto sinto tua falta, caralho?!
Eu tenho tentado. Eu juro que tenho tentado ficar longe dos meus porres e de minhas escritas. E juro, meu bem, juro que tenho tentado me cuidar mais. Juro que tenho tentado dormir melhor. Até em remédios para minhas ansiedades e pensamentos tenho pensado em tomar, mas não tomei. Confesso. E tenho tentado não pensar tanto em você. Em tua voz. Em teu abraço. Em tua calma me dizendo que tudo vai passar, que tudo vai ficar bem. Que tudo não passa de uma fase ruim. E teus carinhos, querida, teus carinhos me salvam das piores maldições. E me curam, me curam das piores doenças. E toda vez que escuto o som de tua voz, parece que nada mais importa. Que nada mais exista. Que nada mais me interessa. Passado. Presente. Futuro. E o som da tua voz pode me destruir e me salvar por inteiro. Tu escolhes bem como queres que eu me sinta. Tu sabes como eu quero que tu se sintas. Mas é difícil te entender, meu bem. É difícil olhar para ti e tentar enxergar se tens o mesmo medo de me perder que eu tenho toda vez que vais embora. Ah meu bem, tens noção de quantas vezes implorei por um amor simples?
Não. Eu sei que não tens.

Diálogo 1:
- Perco o ar toda vez que lembro teu nome.
- Ah, mas que besteira.
- É só o que sinto. Que meu amor por ti não passa de uma besteira.

Oh querido, não me venhas com ladainhas sobre o amor.
Sabes que não me importo com o que sentes. E eu amo estar em teus braços, mas isso não significa muita coisa para mim, meu bem. E toda vez que vou embora, sinto-me melhor de estar longe. E se eu te vejo em algum dia da semana ou não te vejo, pouco importa para mim. Tu devias saber e lembrar que não és tão importante assim em minha vida. E eu tenho minha vida, meu bem. Eu tenho meus amigos. Meu trabalho. Minha família. Minhas bebidas. E não preciso de você. Não preciso desse seu jeito de me dizer o que sentes por mim. Não preciso que me lembres como é o som da minha voz ou o que ela te faz sentir. Muito menos que me lembres as vezes em que estive em braços teus e que isso significou algo para ti. Ah meu bem, para de se iludir tanto acreditando que te darei todo meu amor. E que serei capaz de te amar da mesma forma que me amas. Teu amor é blues. O meu é carnaval. Teu amor é jazz. O meu é tango. E, meu bem, tu não entendes que só te quero aqui comigo para satisfazer a falta de algo que nem eu bem sei o que é. E tu és burro e estúpido o suficiente para acreditar que eu posso te dar tudo que quer, quando, na verdade, estou pronta e feita para viver sozinha. E tu não entendes que teus lábios são molhados demais para meu amor seco. E tu não entende que isso não passa de diversão. Não entendes que lá na frente te olharei apenas como uma história qualquer. Ah querido, não acredito que me amas dessa forma. Não acredito que não leva a sério todos os blues que escuta e todas as cervejas que engole, essas cervejas que fazem você olhar para o mundo de romances como algo extremamente ruim e péssimo e escroto e um lixo. E eu sei que se sentes um lixo todas as vezes que bebe, meu bem. E tu continuas a beber sempre que se sentes sozinho. Tu tentas preencher todo esse vazio em copos e mais copos de cervejas e tragos e mais tragos de fumos quaisquer. Querido, desde quando tu te tornaste tão burro e estúpido dessa forma? Lembra que tinha prometido que iria se cuidar? Beber menos. Fumar menos. Escrever menos. Pensar menos. Amar menos. Dormir mais. Lembra? E tu estas a fazer tudo do contrário. Continuas sofrendo por um amor que não é recíproco. Não da forma que tu enxerga. E tu continua esperando um sinal qualquer. MAS QUE CARALHO, meu amor. Quando foi que se tornaste escravo de teus romances? E eu estou aqui. Posso fazer o que quiser com teu coração. Posso amassa-lo. Joga-lo fora. Posso esfaqueá-lo. Posso acabar com todos os teus sentimentos. Mutila-los. E jogar tudo na sarjeta. Posso te deixar numa sarjeta pior do que está que se encontras, meu bem. E desde quando tornaste tão escravo de tuas próprias poesias? Ah meu bem, tens noção de que um amor simples não existe?
Não. Eu sei que não tens.

Diálogo 2:

Telefone toca.

- Porque anda bebendo tanto, meu bem?
- Quando não te tenho, bebo. E bebo demais.
- E o que isso te entrega?
- Bebendo penso que irei te esquecer.
- E esquece?
- Piora. Penso muito mais. Muito mais.
- Então porque continua bebendo, querido?
- Minha melhor companhia. Sempre que vais embora, eu bebo. Me embebedo. E torço para conseguir te esquecer. E enquanto torço, caio no sono. Assim consigo dormir.
- E dormes bem?
- Não, querida. Sonho com você todas as noites. E acordo com a pior de todas as ressacas.
- Tens que se cuidar, meu amor.
- Juro que estou tentando, meu bem, mas o que preciso fazer para suprir essa tua falta? Preciso de você e mal tenho coragem de dizer.
- Saudade de você, querido.
- Essa tua saudade é de verdade ou apenas um jogo?
- Sabes que odeio sempre que duvidas do que sinto, não sabes?!
- Sei, mas tu nunca deixa completamente a mostra tudo que diz sentir por mim, como queres que acredite?
- Ah meu bem, vai dormir. Estas precisando.
- Ok. Beberei um pouco mais. Até cair. Até dormir. E sonhar com teus lábios. E sonhar com tua boca dizendo-me verdadeiramente o que sentes por mim, já que por aqui não tens coragem de me mandar embora ou me pedir para ficar de uma vez por todas.
- Tchau, meu amor. Boa noite.
- Oh caralho...

E desligou.

*

"Um bom poema é como uma cerveja gelada
quando você está mais a fim,
um bom poema é um sanduíche de presunto,
quando você está faminto
um bom poema é uma arma quando
os bandidos te cercam,
um bom poema é algo que
te permite andar pelas ruas da morte,
um bom poema pode fazer a morte
derreter feito manteiga,
um bom poema pode enquadrar a agonia e
pendurá-la na parede,
um bom poema pode fazer
seu pé tocar a China,
um bom poema pode fazer
você cumprimentar Mozart,
um bom poema permite você competir
com o diabo e ganhar,
um bom poema pode quase tudo,
isso sem dizer que
um bom poema sabe quando
parar."

*

Ninguém vai entender essa merda. Ninguém vai entender que eu sinto falta dela. Que eu quero ela. AH, QUE SE FODA! Ninguém nunca entende, senão falariam!!!

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