quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

O que aconteceria se um escritor se apaixonasse por você?

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E se eu te pedisse...
Te pedisse para pensar. Pensar em nós. Pensar na última noite em que estivemos juntos. E se eu te pedisse para não me esquecer. Para me abraçar novamente. Para não jogar fora o brilho no olhar de quem tanto te beijou e esqueceu, esqueceu de tudo. Esqueceu do mundo. Esqueceu de todos. Esqueceu de tudo que se passava lá fora. Só pensou no nós. E se eu te pedisse para não partir. Te pedisse para ficar. Ficar aqui embaixo dos lençóis enquanto sorrio bobo de suas piadas mal feitas. E se eu te pedisse para continuar a falar sobre sua vida tão sem sentido quanto a minha. Sobre suas feridas. Sobre suas curas. Sobre seus choros. Sobre seus risos. E dizer para ti que me importo. E segurar firme tua mão até você silenciar teus casos e me beijar novamente. E se eu te pedisse para ser minha melhor poesia. Te pedisse para deixar que eu escreva linhas e mais linhas para você toda semana e não me importasse com julgamentos e perguntas. E se eu te pedisse para esquecer do passado e que deixes eu fazer parte do teu futuro. Pedisse para que não se importasse com teus amores quebrados, porque foram eles que me levaram até você. Que deixasse de escutar tuas canções tristes. Que deixasse de lado toda a dor que alguém um dia te entregou. E se eu te pedisse que me curasse, com teus braços e abraços e beijos e sossegos e sorrisos e bobagens. Com tuas mensagens sem muito a dizer e outras de 'vem me visitar'. E se eu te pedisse, hein?! E se eu te pedisse para ser só minha. E de mais ninguém. E que tua cama fosse nosso abrigo. E que teu sossego fosse minha presença. E que tua paz fosse meu carinho. E que tua calma fosse meu coração batendo por ti fortemente sempre que escuto teu nome. E que tua paz fosse meu amor por ti. E se eu te pedisse para não foder minha vida e sumir dela da mesma forma que entrou. Rápido. Veloz. Feroz. Volátil. Perdido. Assustado. Fora da paz. Fora de mim. Fora de ti. Estou tão dentro de ti como tu estas dentro de mim para que eu tenha um pingo de moral sequer para te pedir todas essas coisas? Sinto-me um completo imbecil em pensar na possibilidade de criar coragem de amar de novo, meu bem. E teus olhos continuam a me assustar. E tua voz ainda me emburrece. E teu nome me faz fraquejar. Sinto-me um fraco toda vez que tremo ao lembrar deu nome e do que ele é capaz de fazer ou do que fará em minha vida. Sorte mesmo tem aqueles que não se importam nem um pouco com o amor. Mais sorte ainda tem aqueles que sabem brincar com o amor melhor que eu. E eu sou sempre a brincadeira preferida do cupido. E esqueci do momento exato em que comecei a me importar com tudo isso.
E se eu te pedisse para correr até meus braços agora? O que faria? O que diria? Viria me visitar ou daria tuas desculpas? Dirias que vem ou que não pode? Se esconderia ou apareceria em minha porta dizendo que estou absurdamente errado sobre a forma que penso do teu amor? Por mais incrível e ingênuo que pareça, eu sei todas as tuas respostas. E esse blues que toca enquanto escrevo essa carta e essa cerveja que desce por minha garganta são as únicas certezas, a não ser da morte, que tenho de que tudo ficará exatamente como está.
E se eu te pedisse para provar que estou errado em pensar tão mal do amor? Jogue-me fora logo, querida? O que esperas?

Diálogo 1:
- Porque tens demorado tanto para escrever?
- Não consigo escrever absolutamente nada quando estou bem.

Todas as minhas cartas são escritas por ruídos gritantes atrás de minha mente que diz que nada ficará bem até que eu bote exatamente tudo para fora. E eis aqui mais algumas palavras de sentimentos que não sei bem como explica-los. E é triste demais me pegar escrever mais uma carta triste enquanto degusto de cervejas e blues e bloqueios criativos de uma mente que tem tanto para dizer.
Querida, vem me salvar de uma vez por todas. Ou melhor, vem dizer que não quer que meu peito seja teu abrigo para que eu possa encontrar uma solução para todos os meus pecados nas formas de amar. Pecados que insisto em cometer. Burrices que insisto em sentir. Vem, querida. Diz que não significo nada para ti. Diz que sou um tolo por sentir todas essas coisas sobre você. Não seja a pessoa que brinca com o coração das pessoas, ainda mais essa pessoa que foi usada como brinquedo por um bom tempo e se perdeu no meio do caminho para a salvação se amores em vão. O que esperas de mim, meu amor? O que esperas desse cara tão perdido? Sou capaz de te dar todo meu amor, mas não sei se tens o mínimo desse sentimento por mim. E que merda de carta me pego escrevendo. Ainda bem que já estou bêbado. E nada disso fará sentido. Ou fará. E é nesse momento em que te peço para me salvar ou para chegar em mim e dizer para que eu pare de ser um tolo tão romantizado. Sabe, amor, pensei sobre coisas boas quando bati meus olhos em você, mas agora não enxergo mais nada e só tu tens a cura para tal miopia fortíssima.
Amores são tolos.
E eu sou tolo por te amar demais. Por sentir demais. Por te querer demais. A todo instante.
O amor é uma tolice.
E a gente insiste em cair nessa cilada de que existe alguém pronto para nos salvar de nós mesmos. O amor é uma situação tão chata, meu amor. Como as pessoas gostam dessa merda? Como as pessoas conseguem fazer canções e filmes e poemas falando bem desta merda, meu bem? Nada sobre o amor é exatamente explicável. E sempre que penso em teu nome, continuo me sentindo o marinho de uma viagem para o caminho de um nome só, a solidão.
E teu descaso me deixa tão só.
Alguma vez, alguma merda de vez, uma carta minha fez algum sentido? Alguma PORRA de vez alguém entendeu de verdade meus pedidos de socorro?
Desisto de minhas cartas tanto quanto desisto do amor.

Diálogo 2:
- Tu vais foder minha vida! Eu sei que vai.

E se eu te pedisse para passar essa madrugada comigo, querida? E se eu te pedisse pra explicar que o que sentes não é nada? E se eu te pedisse para deitar em minha calma e esquecer tudo que passa lá fora? Qual desculpa inventaria para não me ver? E quantos dias sem falar comigo ficaria? E quando voltasse a falar, qual seria tua brincadeira preferida com meu coração? E se eu te pedisse para esquecer todas as palavras e cartas e textos que um dia escrevi? E se eu te pedisse para me esquecer, conseguiria me esquecer ou me amaria de verdade? Conseguiria me tirar de tua vida facilmente e brincaria com outro coração enfraquecido ou sentiria saudades desse que vos ama de verdade? Querida, e se eu te pedisse para pensar em tua vida sem mim?

Ou melhor, não penses nisso, pode continuar sendo fácil demais para ti viver sem mim. E eu sei que é fácil demais.

- PUTA QUE PARIU, ESTOU AMANDO NOVAMENTE!
- Calma, querido, não é nada demais!
- "Não é nada demais", ESSA MERDA SEMPRE ME FODE!
- Querido, cadê ela?
- PORRA!
- Querido, peça para ela te encontrar.
- CARALHO!
- Querido, se acalme.
- Como?! Como a gente se acalma sabendo que estamos cometendo a mesma burrada novamente. O amor é só uma miséria de sentimento que as pessoas nunca sentem por nós, quando caímos de encontro com o amor de outra pessoa, sempre somos jogados fora.
- Querido, o amor não é tão terrível quanto pensa. Talvez ela goste de ti.
- PUTA QUE PARIU, ESTOU AMANDO NOVAMENTE!
- Tu tens medo do amor.
- Vai ficar a me julgar ou me ajudar?
- Estou te ajudando. Chame-a. Mostre teu sentimento. Tu és responsável por aquilo que demonstras e falas e ousas sentir, não pelo que as pessoas são capazes de destruir em algo tão lindo.
- Sempre que ouso amar, encontro-me destruído. PORRA!
- A culpa foi tua?
- Preciso escrever.
- Um escritor. Mesmo que a pessoa não se apaixone ou que o amor termine, eles nunca irá te esquecer. A vida de vocês vai continuar, como sempre continua, mas ele vai sempre guardar um parágrafo carinhoso no texto dentro dele sobre você. É como uma homenagem dele a tudo que você representou: toda a inspiração, todas as novidades e todas as palavras não ditas pela voz, mas pelas letras. Sempre terá um pedação de você dentro dele.

Tu és minha maior inspiração, querida. Qual a sensação de ser amada por um escritor?

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