terça-feira, 23 de outubro de 2018

...violento surto de felicidade causado pelo simples vislumbre do teu rosto.

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E eu nunca fui daqueles que fazem sentido. Nunca fiz questão de ser. Talvez tais palavras minhas nunca façam sentido. E também nunca fiz questão que fizessem algum sentido, por mais que eu cuspa e chore e vomite e grite e fale palavras que, para mim, tenham algum sentido ou apenas um grito desesperado de socorro, ninguém nunca entende. E os que entendem, só lembram das palavras bonitas que em cartas escrevo e depois, simplesmente, esquecem.
Tudo tão quebrado. Tudo tão sem sentido. Canções de amor não me atraem mais. Filmes românticos nunca fizeram sentido. E essa carta é tudo que tenho para dar. Um pedido de socorro. Um grito contido. E as pessoas que lerão tais palavras irão dizer as mesmas coisas de sempre, lembrarão apenas das palavras bonitas e esquecerão do meu pedido gritante de socorro. E eu sorrirei. Sorrirei por dentro. E elas dirão "Você tem um dom incrível com as palavras" e eu sorrirei e pensarei "Foda-se". E o que isso tem a ver com o amor? Absolutamente nada.
Ou melhor...
Absolutamente tudo. 
Eu nunca soube amar. E as pessoas nunca sabem quando ouvir o meu pedido de socorro. E quando elas ouvem, já é tarde demais. E quando eu aprendo a amar. Já é tarde demais. Faz algum sentido?
Meu lugar não é aqui. Eu ando no escuro do meu quarto sem rumo nenhum. Pra lá e pra cá. E continuo com essa sensação de que nada me destrói aqui dentro. Absolutamente nada. Tenho a companhia de um pequeno cachorro que tanto dorme. O abraço de uma cerveja gelada. E nada mais importa. O choro está ali, contido, apertado. Peito aberto e gritante. Leio poemas, escrevo poemas, releio poesias, escrevo poesias. Jogo tudo fora. E o choro permanece. Eu o prendo. E nada mais importa.
Muitas vezes, sinto que a minha vida é uma estrada de duas vias em que nunca sei qual a direção certa a ser tomada. Sou uma alma inacabada. Escondi muitos sentimentos dentro do porão da minha alma e espero que ninguém nunca encontre. Queria ser um viajante. Queria ir para bem longe. Bem longe daqui. Bem longe de mim. Ou apenas dormir por uns 5, 10 anos, direto. Sem pausa. Sem interrupções. E continuar sentindo que sou apenas essa brisa passageira pela manhã que as pessoas nunca enxergam. Como o amor. Exatamente como o amor. E a felicidade. Aquela brisa passageira pela manhã, ao final da madrugada.

Diálogo 1: - Acredite quando eu digo "Seja feliz".

Anos se passaram desde que publiquei palavras minhas e acreditava ser grande coisa. Não senti nenhum amadurecimento nas coisas que escrevo. Sempre o mesmo roteiro. Sempre o mesmo trajeto. Sempre a mesma angustia contida dentro de um peito que não sabe mais o que quer. E que ama. E que sente raiva. E que chora feito criança. E que se desespera com um simples esquecimento. E que clama para que não seja MESMO essa brisa passageira pela manhã. E que não sabe o que quer. E que se sente perdido o tempo todo. 
Perdi o rumo da coisa toda. Desculpe!
Já não peço desculpas pelas coisas que sinto. Pelas coisas que penso. Por quem quero ser ou deixei de ser. Não peço desculpas por coisas que não fiz. Que deixei de fazer, por medo, tristeza ou felicidade demais. Por amar ou por deixar de amar.
Me perdi, mais uma vez, tomando um belo gole de cerveja.
Deixa eu contar um segredo para você que está lendo minhas palavras, vamos lá!
Nada, absolutamente NADA do que escrevo é pensado tempos e tempos antes, tudo é cuspido. Eu apago a luz, e bebo, bebo, bebo, deixo a tela branca do meu computador tomar conta dos meus olhos e escrevo e cuspo e vomito e bebo, bebo, bebo e não leio nunca mais tais coisas. E bebo. Bebo. E as pessoas comentam. Falam. Citam partes. Elogiam. E eu não leio. Apenas escrevo. Não corrijo. Não vejo mais nada de tais palavras. E assim se torna algo grande - para os outros. Não para mim. Para mim foi apenas cuspido. E as pessoas voltam a falar "Você tem um dom incrível com as palavras" e eu não me importo. Passei mais de um ano sem escrever, e não me importo. E já se importaram. E, quando voltei a escrever, as pessoas falaram "Porra, meu sonho era ler tuas coisas de novo e me sentir bem" e não me importo. 
Será que serei salvo algum dia?

Diálogo 2: - Liga para ela. Liga!

E o que "...violento surto de felicidade causado pelo simples vislumbre do teu rosto" tem a ver com tudo isso?
Absolutamente nada também. Não quero que faça sentido. Assim como o amor nunca fez. E a felicidade nunca fez tanto sentido assim também. Porque eu deveria continuar escrevendo sendo que minhas palavras nunca são palavras felizes?
Porque eu deveria continuar soltando minhas cartas sendo que as pessoas se identificam e lembram apenas das partes que machucam verdadeiramente dentro de um peito que já não cabe mais nada? Sabem o quão insatisfatório é acreditar que meus sentimentos são os mesmos de outras pessoas que não sabem como colocar tais coisas para fora? Isso me machuca muito mais do que um "Eu não te amo mais" e, TALVEZ, isso seja verdade. Ser esquecido machuca demais também. Sentir tais coisas machucam de um jeito que nunca saberemos explicar. Qual a força de um abraço? Qual a força de um beijo? Qual a importância de teus lábios colados nos meus? 
Deixa. Deixa o amor de lado. Talvez eu morra sozinho como um dia disseram, mas qual o ser vivente que não morrerá, não é mesmo?
O lado bom é que não terei um choro de amor ao meu lado quando eu der o último suspiro. Isso talvez seja reconfortante. Tudo isso lhe fez algum sentido? Se fez...me ajude a entender.

Diálogo 3: 
- O problema é que já não vivo mais sem essa morfina que batizei com o teu nome!
- E se tu soubesses como machuca, não amaria mais ninguém.


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