segunda-feira, 29 de outubro de 2018

...acredito tão piamente que sinto que acabo sentindo, quando na verdade nada sinto.

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Perdi a direção do roteiro da minha vida. Perdi o controle. E sinto. E sinto demais. E são sentimentos que batem como um estrondo alto e forte dentro do peito de alguém que já não sabe mais o que quer.
E saber o quanto dói sentir é o que me faz não querer pensar mais em nada. E dói demais sentimentos que não posso controlar. E dói demais pensamentos que não posso segurar em minhas mãos e tentar achar um caminho seguro para o convés que batizei, um dia, com teu nome. E me perdi. Perdi a bússola que estava em meu bolso com uma fotografia tua. E teu nome me machuca. E tua lembrança me espanta. E teu olhar continua tão claro dentro de mim como aquele farol no meio do oceano. E me perco. Me afundo cada vez mais. E esse navio de um tripulante só já não está tão forte assim para aguentar as ondas da vida. 
Me entreguei. Me entreguei para as ondas da vida. Deixei meu navio tão abandonado que tudo se estragou. Tudo se encontra num caos que já não posso mais controlar. Não posso juntar e remendar os cacos de cada canto desse navio porque já não tenho forças o suficiente para tal coisa. E nem quero ter. Não agora. Não. Agora não. E me confisco dentro de mim mesmo. E me entrego. Me entrego a ti. Me entrego ao mar. Me entrego a vida. E nada mais parece mudar quando um marinheiro de um destino só resolve se entregar e não lutar mais. E isso é triste. Marinheiros se perdem. E me perdi. E a vontade de me afundar junto com a âncora não sai de minha cabeça. E eu sinto. Continuo sentindo. O peito mais apertado que os nós nas cordas que um dia demos nas passagens da vida. E eu sinto. Sinto demais. E isso mostra o quanto estou vivo, ainda. Banalizei o amor e ele me entregou o pior dos castigos. E eu fico cego. E perco o foco. E bebo, bebo, bebo. E bebo. E nada mais parece importar. O vento bate lá fora tal qual o amor bate em minha porta, e eu insisto em deixar as janelas fechadas para nada mais que um sussurro entrar. Sussurro, talvez, que contenha teu nome. E nada mais parece importar. E eu me afundo. Só não quero levar mais ninguém comigo. É triste demais saber que estou afundando cada vez mais em cada minuto que passa, mais triste ainda é pensar que estou levando alguém comigo.

Diálogo 1: 
- Você vai morrer sozinho desse jeito.
- E quem não vai?

*Um trago. Um gole*

Passei a beber com mais frequência do que sempre costumei. Passei a dormir menos. Pensar cada vez mais. Me importar cada vez menos com o futuro, mas não porque eu quero, porque não consigo encontrar uma linha sequer de pensamento lógico que me leve para algum lugar que não tenha teu nome em um canto sequer. E o amor volta a ser e continua sendo aquilo que seguro entre meus dedos e que me bate e bate e machuca e me faz sangrar, e eu deixo. Apenas deixo. E observo. E suplico para que pare. E imploro para que pare de doer. De me fazer sentir e sofrer. E ele não para. E suas risadas ecoam tão alto dentro de meus ouvidos que chegam a ensurdecer muito mais do que quando escuto teu nome. Só o amor para me fazer voltar a escrever tanto. Só um soco no peito da vida para me fazer sentir essa vontade arrebatadora de não estar mais aqui. De não fazer parte de um todo. De não querer fazer parte de sociedade ou convívio nenhum. E eu lembro do teu nome. E suplico para que me encontre. Ao mesmo tempo, para que permaneça onde estas. E minhas lembranças e pensamentos são tão incríveis quanto sorrisos de crianças. Infelizmente, eu só queria que meu navio afundasse de uma vez por todas. Rápido. Indolor. Imperceptível. E que se esvaísse por toda a escuridão e caísse num esquecimento sem fim. 
Esqueci como se escreve. Esqueci como se conduz as palavras. E, apenas, deixo elas falarem por mim. Parece mentira, né? Uma poesia, um poema, um texto, uma carta, essas coisas parecem que foram elaboradas por dias antes de serem escritas, e alguns escritores realmente fazem isso, mas muitos não. Muitos só deixam os dedos falarem por si mesmos. E eu sou desses. E não disfarço minha dor. E não tenho medo de mostrar minhas cartadas erradas. E é um erro que conduz o outro. E já não me importo. E sentir demais já não tem tanta importância para mim. 
Não siga os passos meus. Sou tão perdido quanto um marinheiro em alto mar sem a bússola que continha o nome de alguém.

*Outro trago. Outro gole*

Diálogo 2: 
- Você cresceu em mim como um tumor.
- E isso é ruim?
- Um dia irás me matar.

Nunca bebi tanto para me acostumar com a ausência de alguém. E bebo. E bebo. E escrevo. E bebo. E estive entre a corda e o convés. E algo me salvou. Um estalo. Um pensamento. Um sorriso. E me acovardei. Não deixei esse mundo. Não ainda. Não agora. Vou adiando. E adiando. E adiando. E, quem sabe, um dia fico mais tranquilo para continuar a navegar por ai. E, quem sabe, não encontro aquele farol tão perdido quanto eu num mar qualquer. E, quem sabe, eu não volte a amar muito mais do que um dia amei. E, quem sabe ainda, eu não ame mais ninguém. Sentir demais machuca. Lembrar demais dói. Tentar esquecer apavora. E escrever cartas com teu nome sublinhado em cada linha é um tormento. E eu bebo. E bebo. E bebo. E finjo esquecer. E penso em ir embora. E penso em desistir. Olho para o lado e não te vejo aqui. E escrevo novamente. Em uma semana, escrevi mais de 100 cartas, todas com teu nome, todas eu joguei fora. Todas eu fingi esquecer. E o vazio me consome. Me consome como essa droga que batizei com teu nome. Olhares distantes. Sorrisos forçados. Abraços contidos. Lágrimas a margem de um olhar que já não te enxerga mais. E eu escrevo. Talvez, um dia, uma hora, uma data, eu escreva alguma coisa boa em que as pessoas olhem e falem "Você me salvou". E, talvez, eu acredite e me importe com isso. Eu escrevo e não consigo salvar nem a mim mesmo, quem dirá outro alguém. Quem amas sabe o quanto dói. Quem sente sabe o quanto emburrece. Quem finge esquecer sabe o quanto é em vão. Quem aprende da pior forma sabe o quão infelizes vivemos. E teu afeto já não tenho mais. E tuas lembranças me cobrem de algo tão pavoroso que deito e penso "Tudo irá ficar bem. Tudo se apaga. Tudo acaba". E "Calma. Calma.Calma". Ando pelos cantos da casa e não te vejo. Ando pelos sete cantos do mundo e não te encontro. Não mais. Tão distante. Tão longe. E sempre te procuro. E quando te encontro, me machuco um pouco mais. E o peito aperta. E a lágrima escorre. Esqueci como se escreve. E eu finjo não sentir. E eu finjo não acreditar no que bate aqui dentro de mim. E o peito explode de ansiedade e sentimento. E teu olhar imenso aparece em cada pesadelo que insisto em ter. E é esse olhar que afunda meu navio cada vez mais. 

*Último trago. Último gole*

Diálogo 3:
- Tu não me ouves mais, na ilusão de que o silêncio vá me remover de ti.
- Diga que vens me visitar?
- Para quê?
- Só você pode juntar cada pedaço de mim que eu mesmo quebrei. Só você.

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