quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Lá estava eu, do alto dos meus vinte e sete, perdendo totalmente o controle, de novo.

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Já pensaste que temos um lado negro que é só nosso? Sempre existe um lado negro só nosso, mas e quando tememos ver o lado negro dos outros? E quando tememos ver o lado negro de quem amamos? Eu tenho um lado negro só meu e nunca quero, de fato, encontrar o teu. Não agora. Não hoje. Teu lado doce já me assusta por demais e perco totalmente o controle de tudo que faço, penso, sinto e vivo. E isso é aterrorizador!
Perco tanto o controle que já não sei mais a quantidade de coisas que escrevi. E tudo se torna tão, mas tão repetitivo. Muito repetitivo. E esse desgaste é mental, é físico, é carnal. É na alma. E eu nunca acreditei em almas. Mas o universo está me levando a acreditar que tudo, exatamente tudo, é possível. E isso me assusta mais ainda. Em que esquina encontro teus lábios novamente? Em que quarto virás me visitar? Em que porta irá bater para me salvar de um passado que eu não quero lembrar e viver um futuro que eu não quero sonhar? Em qual parte do meu peito irá adentrar e aquecer o peito de quem já não sabe mais o que sentir? Quando irás aquecer o coração de quem não sabe mais o que quer ou que esqueceu como se ama? A pergunta principal é...QUEM irá me salvar, de fato?
Me perdi.
E sinto. Sinto muito. Sinto demais. E só sinto.
E as pessoas insistem em olhar para mim e dizer que sou frio. E poucas me conhecem o suficiente para dizerem que sinto demais, sinto muito, sinto apertadamente algo dentro do peito para não conseguir gritar alto o suficiente que estou sentindo demais. Faz algum sentido? Não. E eu não quero que faça. E a cerveja que desce pela minha garganta me mostra alguma razão para eu estar verdadeiramente vivo.
E, confesso, de todo meu coração, que essa será uma das cartas mais ruins que irei escrever. E isso também não importa, porque ninguém se importa. E as pessoas que se importam dirão exatamente a mesma coisa de sempre na tentativa de que algo bom saia de mim. E eu só entrego um sorriso contido como de quem diz "É você que irá me salvar?". Será que as pessoas que leem as minhas cartas enxergam cada pedido de socorro contido aqui? Será que as pessoas pensam mesmo que sou esse escritor "bom" que elas dizem? Será pena? Dó? Ou será apenas que me enxergam como "uma merda escrita qualquer"? Não faço questão de entender ou de saber. Faço questão apenas que leiam as coisas que escrevo e entendam exatamente cada palavra do que quis cuspir. E que, quando eu me for, e um dia irei, eu tenha feito algo de bom por elas e para elas. Que não me olhem como uma pessoa a mais que se foi. E que se lembrem de mim por tudo de bom que fiz e escrevi. E se um dia te salvei, seja lá de que forma, que se lembre de mim como algo bom que passou por ti. E se um dia abrires um sorriso ao lembrar do meu nome, se é que lembrarás, que esse sorriso sincero permaneça em ti, por mais que eu nunca saiba o motivo. Confio em ti.
E se um dia te fiz algum mal, seja lá como tenha sido, que me perdoe. Eu também sou humano!

Diálogo 1:
- Me corrói as entranhas cogitar a hipótese de que talvez jamais tenha, de fato, existido aquilo que tenho procurado.
- E o que tens procurado?
- Você.

As verdades mudam. As pessoas mudam. O mundo muda. E o meu sentimento e forma de lidar perante o amor continua o mesmo. Não sei enfrentar. E ele me bate. Me surra. Me espanca. Despedaça tudo que tem dentro de mim. E eu não ligo. Romances são assim. Correr riscos. Riscos que nunca me dei a liberdade de correr e esses riscos sempre batem a minha porta e eu os ignoro. Quando me dou conta, estou em apuros. Apuros de algo que sempre, sempre, e sempre fugi. Isso me perturba. Crio formas e cores e sons e diálogos e momentos e romances em minha cabeça. Crio expectativas. Abraços. Beijos. Falas. Circunstâncias. E sempre caio na mesma mentira absurda de que um romance é algo bom. E sempre caio na mesma mentira deslavada de que um romance irá me salvar. E eu sempre me encontro no fundo do maior poço escuro em que um ser vivente pode se encontrar quando vejo que é tarde demais. E não posso ser salvo. Não é viver que machucar. Amar é o que mais machuca. Viver é muito fácil. Mas é o amor que vem e deixa a gente totalmente burros. Amar emburrece. E isso é fato. Estudado. Científico. Comprovado. Todo ser apaixonado é o mais burro que existe. Ele não pensa, só age. Ele não vive, só suspira. E pensa. Pensa. Pensa. Pensante. Sozinho. Sozinho. Pensando. Amar machuca. Não entregue o seu amor para quem não sabe amar. E se entregares, saiba sempre o quão machucado e quebrado essa pessoa está ou esteve, são as falhas que nos fazem ser quem somos. São as falhas que falam por nós. E se tu nunca falhou perante ao amor, meus parabéns, você é um ser feliz - e eu mal acredito em felicidade, só em alegria. Faz algum sentindo as pessoas se sentirem cativadas pelas coisas que escrevo? Faz algum sentido as pessoas se identificarem com as minhas agonias? Isso é triste demais até para um escritor que ama demais e não sabe como por um ponto final nas coisas. Só interrogações e exclamações e vírgulas e vírgulas e reticências. E o ponto final? Um único ponto final...eu entrego a ti. É teu. Toma. Faz o que quiseres.

Diálogo 2:
- Será que existe algo mais emocional do que optar por ser racional, por medo de errar novamente?
- E o teu romance?
- Interrogações. Exclamações. Vírgulas. E apenas um ponto final. Apenas um.

Me sinto humano quando erro. Me sinto burro quando penso que o toque dos meus lábios nos teus foram um engano. Me sinto humano quando erro um caminho. Me sinto burro quando penso que não deveria ter respondido tuas mensagens. Me sinto humano quando caio, ralo o joelho e sinto dor. Me sinto burro quando lembro que tua voz me destrói. Me sinto humano quando bebo demais e faço merda. Me sinto burro quando estive sóbrio e pensei demais em ti e fui atrás e cogitei a esperança de que existisse um futuro para nós. Me sinto humano quando estou doente, tomo remédios e me curo. Me sinto burro quando meu peito pulsa forte ao lembrar teu nome. Me sinto humano quando ultrapasso o farol vermelho e fico com medo de tomar uma multa. Me sinto burro quando lembro que me entreguei aos teus abraços. Me sinto humano quando meu time perde numa final de campeonato. Me sinto burro quando as pessoas falam sobre ti e eu sinto vontade de dar um sorriso de canto dos lábios. Me sinto humano quando bato o dedinho na quina da cama. Me sinto burro quando lembro das coisas que tu gosta e vejo e quero levar até ti, como forma de afeto. Me sinto humano quando amo demais. Me sinto burro quando penso demais em ti. Me sinto humano quando meus pulmões não puxam ar o suficiente ao lembrar que ainda sei o que é amar. Me sinto burro quando lembro de um gesto teu ou um olhar antes do melhor beijo que demos em nossas vidas. Faz algum sentido?

ME SINTO HUMANO! E BURRO! E AMANDO! E EM PEDAÇOS!!!

Diálogo 3:
- Nossa. Esse é o pior texto que já escreveu.
- Eu sei, querida. Eu sei. Mas é sincero.
- De que adianta tanta sinceridade se ninguém irá ligar para tudo isso?
- Não sei, querida. Não sei. Não importa. Estou mais leve.
- Ninguém irá juntar teus pedaços, querido. Nunca.
- Eu sei, querida. Eu sei.

O amor é uma libélula que pousa na nossa janela pouquíssimas vezes.

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