quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020

Entre, vamos tomar um café e costurar nossas feridas!

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Venha.
Bata em minha porta.
E eu abrirei com sorriso no rosto.
E te pedirei para entrar.
Entre.
Não se acanhe. Não se afobe. Não sinta a timidez.
Apenas entre.
Eu abro minhas portas para que venha se sentir bem.
Isso. Entre.
Sem pressa, mas se apressa, o mundo está triste demais para ficarmos lá fora.
Venha.
Sente-se.
Ali. Na melhor poltrona de minha casa. A mais confortável.
Como se tivesse sido feita para ti.
Queres um café?
Eu te faço.
Quem sabe um copo d´água?
Eu te pego.
Ou então, uma cerveja gelada?! Aquela do fundo da geladeira, quase que esquecida por Deus.
Queres?
Para ti eu trago.
Isso. Sente-se. Olhe os quadros. Olhe os cantos de minha casa.
Acenda um cigarro.
Tu gosta de dar uns tragos?
Acenda o cigarro. Jogue para o ar. Fume. Fume muito. Fume mesmo.
Cigarros nos decifram quando não temos nada a dizer.
Ligue a TV.
Não gosta de assistir os noticiários?
Desligue a TV.
Tudo que passa nela é chato e imbecil demais.
Isso. Não se acanhe. Sente de pernas abertas. Sinta-se livre para fazer e falar o que quiseres.
Tu estas em casa. E eu não me importo com os teus defeitos.
Apenas sinta-se em casa.
Ligue o rádio.
Isso. Sintonize a gente com o que existe de melhor, a música.
Coloque um belíssimo blues. Quem sabe um jazz?!
Gary B.B Coleman está tocando The Sky is Crying, essa canção é incrível.
Vamos senti-la?!

Por falar em sentir, como anda o coração?
Como estão os sentimentos?
Onde estão os teus amores?
E a tua vida sexual?
Tudo anda tão louco quanto a tua cabeça?
Mas...
Quero dizer...
mas e tua vida amorosa, como anda?
Me conta.
Diga-me o que quiseres.
Aqui dentro deste lar não existe um julgamento sequer sobre nada neste mundo.
Aqui dentro somos putas, maconheiros, loucos, alcoólatras, loucos, poetas, drogados, gays, lésbicas, fumantes, românticos. Doidos e doidos e doidos.
Somos tudo que quisermos ser aqui dentro da minha casa. Somos apaixonados. Exaltados. Deixa para andar perdidos com as mãos no bolso lá fora. Lá nas esquinas, lá nas calçadas. Deixa para sermos julgados lá no mundo, porque o mundo não entende absolutamente nada de nós. Deixa toda essa porra lá fora.
E se sinta a vontade no meu sofá.
Porque aqui a gente pode.
Tinsey Ellis está tocando Kiss of Death, ouça bem esse solo de guitarra chorosa enquanto pego o teu café.
Quero dizer, queres um café?
Uma cerveja?
Uma água?
A casa é tua.
A casa é nossa.
E você é incrível!

- Meu amor, meu amor, que porra é essa?!
- Pensei numa coisa absurda, meu bem.
- E estas escrevendo tuas coisas absurdas?
- Se eu não escrever, enlouqueço, querida.
- Porra, mas ninguém nunca entende tuas coisas quando estas bêbado deste jeito.
- Ninguém nunca entende nada das coisas que eu escrevo, caralho.
- Então porque escreves tanto? Todas as noites eu recolho papéis amassados da porra do teu quarto e tenho que jogar tudo na lixeira do teu banheiro.
- Se eu não acreditar nas coisas que eu escrevo, quem vai acreditar?
- As pessoas devem te achar um imbecil.
- Mas sou O Imbecil que consegue escrever tudo que sente, senão já teria partido deste mundo, meu bem.

E teus amores, meu bem?
O que tens sentido e escondido dentro deste coração que tanto escreve?
E eu penso que não sei muito bem, meu bem.
E eu penso que jamais serei capaz de amar novamente.
E é difícil olhar para todas aquelas pessoas lá fora e não conseguir enxergar uma só alma que faça com que eu me sinta feliz e amado como um dia fui capaz de sentir.
E é triste demais escrever tanto sobre o amor e não ter mais a capacidade de senti-lo.
Porque eu cansei de me sentir doente por conta de amores.
E eu cansei de pensar na morte por conta deles.
Eu tenho experimentado novos sabores, novos gostos, novos restaurantes, novos temperos, novos sintomas apenas para não ter que cair de encontro com um novo amor. Porque eu sinto medo, muito medo. E traumas, muitos traumas.
Meu estômago quer exalar borboletas, meu coração exala medos. Minha mente exala tristeza. E no mesmo caminho me encontro.
E todos os dias eu tenho um novo encontro, uma cama enorme e solitária pela qual me deito e me sinto sozinho. Solitário. Pensante. E triste.
Não por carência!
E sim porque eu não sei mais amar como um dia fui capaz.
A cama está vazia no momento.
O coração também.
A barba está bagunçada.
A vida também.
E eu peço para essas feridas serem cicatrizadas de uma vez por todas.
Eu gostaria de acordar e sorrir por apenas lembrar do nome de alguém.
Mas esse brilho está longe demais de ser encontrado por mim.

Eu poderia escrever milhares e milhares de poemas e cartas.
Mas o que eu mais gostaria é de encontrar um romance que me fizesse esquecer de todos eles.

Espera um momento!!!
Meu cachorro gostou de você.
Continue ai. Isso.
Não vá embora. Fique aqui. Leia minhas besteiras.
E me entenda.
Fica mais um pouco. É só o que eu te peço.
Posso te oferecer outro café.
Cerveja?
Água?
Me fale muito mais sobre você. Muito mais.
Estou disposto a te ouvir a noite toda.
Ainda mais com Stoney Curtis tocando Blues Without You.
Deixa eu te entender e te ajudar a costurar tuas feridas abertas.
Tenho feito isso todos os dias.
Pelo menos até eu encontrar alguém que seja capaz de fazer isso por mim.

Acho que enterrei meu ego junto com meu dom de amar.
Tu viste por ai?

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