quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

E é com muita alegria que te escrevo minhas tristezas!

Resultado de imagem para luna buschinelli

- Meu bem, veja bem, eu gostaria de escrever coisas felizes, mas não consigo pensar em um puto sequer de momento feliz nesse caralho que sai do coração.
- Tenta, meu bem. Apenas tenta.
- Meu bem, veja bem, eu tento pensar e escrever em todas as coisas mais lindas que existem dentro de mim, mas tenho medo de me arrepender e isso me entristece.
- Tenta, meu bem. Tenta.
- Meu bem, veja bem, tu fica sentada nesta poltrona me olhando com esta cara vazia e não me diz de coração o que eu deveria fazer. Que caralhos, meu bem!
- Apenas tenta, meu bem. Tu nunca vai saber do que és capaz se não tentares.
- Mas que caralhos!

Eu tenho dores nas costas.
Muitas dores nos ombros.
Me sinto cansado. Cansado.
Cansado. E exausto.
Mas meu coração é o que mais me causa dor.
Existe alguma fagulha aqui dentro dele que me diz a todo instante que eu deveria de ser feliz.
Muito feliz.
E escrever coisas lindas.
Muito lindas.
E isso me atormenta todas as noites. Noite após noite.
Que inferno!
Acredito que a minha postura pelas dores nas costas não me permitem escrever coisas bonitas.
Ou será o coração?
Ou será a mente?
A mente perdida da mente que mente para mim como uma semente que nunca me traz frutos.
E eu deveria de escrever textos lindos.
Muito lindos.
Bonitos o suficiente para fazer qualquer pessoa se apaixonar por esse escritor que mal sabem quem é.
E eu deveria de fazer as pessoas se apaixonarem por mim com todas as palavras lindas que sou capaz de escrever.
Elas leriam os meus textos e me achariam fabuloso.
Fariam questão de me conhecer.
Gostariam de me conhecer.
Tentariam me ter por perto.
Mas quanto mais eu escrevo, mais eu percebo que afasto as pessoas de mim.
Elas acreditam que eu sou esse ser humano depressivo o tempo todo do tempo que nos resta dentro de um todo.
Mas não, eu sou apenas um escritor bêbado que precisa se encontrar aqui dentro antes que todas as minhas palavras sumam.
E algumas sumiram enquanto eu escrevia estas mesmas palavras.
Porque a minha mente me leva para um caminho paralelo do que eu, verdadeiramente, gostaria de escrever.
E isso me irrita. E me incomoda. E me perturba.
Existe muito sentimento do sentimento do sentimento perdido e contínuo que pulsa dentro do meu coração e que salta para as minhas veias.
Eu sei que existe.
E eu gostaria de escrever coisas bonitas.
Muitas coisas bonitas.
Mas eu nunca consigo.
E tudo parece tão confuso, mas eu sou tão simples de ser entendido.
Complexo, mas simples. Você consegue me entender?
Onde estão as palavras bonitas?
CARALHO!

- Veja bem, meu bem, eu queria escrever algo para uma pessoa.
- Porque não escreves, querido. Tens estado tão inquieto.
- Veja bem, meu bem, tenho medo de me arrepender, as palavras bonitas estão começando a surgir.
- Cuspa elas para fora, querido. Vomite todas elas, quem sabe essa inquietude acalma um pouco dentro de ti.
- Veja bem, meu bem, eu tenho medo de palavras bonitas, nunca sei a forma que irão me interpretar.
- Você é a porra de um escritor que só escreve teus textos bêbado, desde quando você acha que essas pessoas se importam?! Não passam de uma dúzia de gatos pingados lendo tuas merdas.
- Os gatos pingados são os melhores, querida, eles são verdadeiros.
- Onde estão as palavras bonitas?
- Deixa eu ver se as encontro, meu bem.

Eu queria te pedir em silêncio para não sair da minha vida.
Gostaria de te pedir para ficar.
Deixa eu olhar em teus olhos e me calar.
Deixa o silêncio falar por mim tudo que eu gostaria de expressar.
E deixa o coração amolecido com tua presença demonstrar que não tenho mais medo de errar.
Mas deixa, deixa eu te mostrar que tenho medo que se vá.
De uma vez.
Eu tenho muito medo que se vá.
E eu tenho palpitações no peito e no estômago todas as vezes que penso que jamais irei segurar tuas mãos.
Sentir teus braços em meus abraços me pedindo para não ir embora.
E deixa, deixa eu encostar o rosto em teu ombro gelado e sorrir aconchegado.
Deixa eu sorrir calado.
E meu estômago esburacado pela gastrite gritar apenas teu nome enquanto tapo todos os buracos.
E eu gostaria de te olhar nos olhos para dizer que tu és o meu melhor pecado.
E que todas as mentiras que minha mente criou fazendo com que fosse necessário tua inexistência, sejam agora verdades para te fazer pedir a cópia da chave do meu quarto.
Meu quarto bagunçado.
Como minha barba bagunçada.
E emaranhada de cansaço estagnado que não sai do meu corpo desde que te perdi de vista e percebi que és capaz de viver sem meu abraço.
Eu queria te pedir um beijo.
Beijo que sara.
Que cura.
Que cala.
Que exala.
Que apaga.
Que cura toda a angústia. Que cala toda a tristeza.
Que exala paixão. Que apaga a depressão.
Me beija. Me beija como eu sempre desejei.
E deixa eu te olhar um pouco. Um pouquinho mais. Um pouquinho de um tanto mais para que eu acredite que jamais será capaz de sair de minha vida.
Eu queria te pedir para fazer com que eu acredite, novamente, no amor.
Com que eu veja em tuas curvas toda a saída do meu mal querer.
Que eu me ame um pouco mais. Não por eu precisar de outra pessoa para viver, mas sim para eu enxergar que eu tenho um bem querer.
Sorriso bobo.
Sorriso solto.
Sorriso.
Sorriso largo.
Estômago esburacado, mas não de tristeza, e sim de borboletas.
E que eu não mate todas elas.
E quando nossa primeira briga verdadeira acontecer e eu começar a assassinar todas elas por medo dessa paixão não acontecer, que tu segures minha mão e me digas que isso é apenas uma briga besta.
Faz eu esquecer de escrever.
Me faz esquecer esta merda.
Porque todas as vezes que eu escrevo, não estou bem comigo mesmo.
E isso me machuca.
Me atormenta.
Me assusta.
E me mata.
E todas as vezes em que eu escrevo, as pessoas caem de encontro com minhas palavras e sentem o que eu jamais gostaria de sentir, mas elas acham isso lindo. E eu, triste, percebo que não te esqueci e que te quero e que te desejo e que te amo, mas feliz por elas terem lido todas as minhas palavras até o fim.
Me faz esquecer a depressão, a ansiedade, o suicídio e as bebidas. Me faz esquecer a solidão. Me faz esquecer que o mundo é ruim, e eu não digo isso apenas para te usar, para que seja meu alicerce, e sim por saber que eu gostaria de te amar o suficiente para esquecer todas as coisas ruins que existem dentro de mim.
Você me faz bem!
Até quando eu erro, se estou ao teu lado, me sinto bem.

- EITA CARALHO, MEU BEM!
- O que foi, querido?
- Escrevi algumas palavras bonitas.
- Você as encontrou?
- Sim. Acho que sim.
- E foi verdadeiro?
- Sim. Acredito que sim.
- E porque o espanto?
- Não me arrependi de ter escrito todas elas.

Acho que eu escrevi uma carta para você.

Nenhum comentário:

Postar um comentário