segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

Cais dos sentimentos - por todas as vezes que chorei em silêncio!

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Eu segurei tuas mãos geladas embaixo das cobertas e as apertei com força.
Você se juntou mais forte a mim.
E eu chorei em silêncio.
Apertei tuas mãos um pouco mais forte.
Você respondeu de volta com o mais macio aperto.
E acariciou os meus dedos.
O frio passou. O choro congelou. O coração respirou.
E minhas palavras o vento te levou.
Palavras soltas que eu imploro já faz um tempo.
"Não vá embora. Não me deixa assim. Não tenho forças sem você".
E tu respondestes com o mais macio aperto de mãos que alguém poderia me dar.
E cruzou tuas pernas entre as minhas.
E colocou tua cabeça em meu peito dizendo o quanto sentiu minha falta.
Eu pedi mais uma vez para você me deixar ficar.
Você balançou a cabeça que sim.
E neste balanço teu perfume subiu e invadiu minhas narinas.

Acordei.
Suado.
Assustado.
Chorando.
Coração acelerado.
Mente esgotada.
Boca amarga.
Peito sangrando.
Alma em pedaços.
Olhei para todos os lados e não te enxerguei.
Novamente.
E eu chorei.
Sufoquei.
Surtei.
Lutei e relutei.
Apaga esse pensamento da minha cabeça. Apaga. E apaga. E apaga.
A tontura me invadiu.
A falta de ar piorou.
Meu grito silencioso ficou mudo e vazio.
Meus passos eu já não aguentei dar.
Minhas mãos formigavam.
Minhas forças se esgotaram.
E eu entrei em coma dentro de minhas próprias lembranças.
Me afundei em meu casulo e olhei para dentro de mim mesmo.
Viajei. Fui para oceanos e mares e rios. Fui para o espaço e planetas e viajei em cometas.
Voltei para o cais dos sentimentos onde eu sempre te encontrei.
E senti frio. Muito frio. E o peito sufocou. E minhas mãos ficaram mais trêmulas.
E eu senti o inverno que invade meu coração desde o dia que se foi.
E eu olhei para frente e encontrei o farol que tanto olhávamos juntos.
Consegui sorrir.
Cheguei na beirada do cais dos sentimentos. A brisa do mar deixou o clima muito mais frio do que era capaz de sentir. Não me importei. Arranquei os sapatos. Sentei na beirada do cais. Coloquei os pés dentro do mar calmo e lembrei de você, mais uma vez.
Pensei em te escrever. A famosa história clichê de criar uma carta, colocar dentro de uma garrafa e soltar no mar para que um dia ela chegue até você e faça meu coração respirar por você saber tudo que ainda ouso sentir sobre nós. Isso me entristece, porque não importa quanto tempo irá levar, minhas palavras jamais chegarão até você e cada vez mais o tempo passa e o tempo do meu tempo se encontra aflito por não saber a hora de parar. E meu peito não sabe mais como continuar. E a gente tem muito medo de não aguentar mais e falhar por conta de sentimentos que nós mesmos criamos.
O farol estava aceso e girando da forma como ele sempre faz. Passando por meus olhos e fazendo eu enxergar uma luz nos meus caminhos. Olhei para o lado, mais uma vez, e não te vi. Senti vontade de vomitar. Senti vontade de colocar tudo aqui dentro para fora. E então, uma lágrima escorreu dos meus olhos. Me tira daqui, eu pensei. Me leva para bem longe daqui. Não deixa minha vida acabar. Não deixa eu partir para muito mais longe do que estou de ti. Não. Não deixa.
Olhei para o mar. Desci um pouco mais meus pés. E senti muito mais frio do que deveria. Minhas lágrimas secaram. Meu coração desacelerou. Meus sentimentos sucumbiram. E minha mente foi tomada por uma escuridão sem um ponto sequer de clarão ou fechos de luz.
E então, eu percebi que realmente não importa quanto tempo passe, meus sentimentos e pensamentos jamais chegarão até você e terei que continuar fingindo meus sorrisos e saudades todos os dias em que acordo. Minhas cicatrizes estão todas abertas. Minhas feridas estão sangrando. E eu não me importo de estar indo embora pouco a pouco.
A minha maior tristeza não é partir para a última viagem. A minha maior tristeza é tomar esse caminho sabendo que você não sabe mais que existe alguém que te ama com todas as forças e que nunca esqueceu do som da tua voz.
E eu gostaria de segurar as tuas mãos e pedir para deixar meu coração respirar ao teu lado por saber que você é e sempre será a minha maior fraqueza, a minha maior ferida e o meu maior tormento.
E eu já não tenho mais forças de escrever todas as minhas palavras esperando você voltar.
E eu já não sei mais como olhar para o farol no meio do mar e enxergar você.
E eu já não sei mais encostar no cais dos sentimentos e sentir você.
Te perco cada vez mais e tenho medo de continuar.
Muito medo.
Meu peito tremeu forte o suficiente para eu me deixar deitar nesse cais, ainda com os pés no mar, olhar para os céus e pensar em jogar o resto do meu corpo naquela escuridão fria. Fechei os olhos e me imaginei afundando com as mãos para cima. Nessa esperança de que me puxes e me salve, a escuridão tomou forma completa sob a minha vida.
E ela acabou.

"Deixa eu ficar!"

Acordei.
Acordei de mais um sonho lúcido.
Dessa vez, sonhei acordado.
E isso têm se tornado cada vez mais triste aqui dentro.

- Estou te sentindo muito para baixo, filho.
- Me sinto fraco. E com muito medo.
- Quer me falar alguma coisa?
- Não consigo esquecer ela. Toda vez que eu penso nisso, sorrio vazio e me sinto infeliz.
- Como está sua depressão, filho?
- Cada vez pior. Muito pior. E tudo se multiplica quando lembro dela.
- Você tem que ser forte, filho. Muito forte. Tudo isso depende de você. Só de você.
- Eu já perdi as forças. E desisti tantas vezes.
- E sobreviveu a todas elas. Escreveu hoje?
- Eu só escrevo quando não estou bem e nem isso tenho mais vontade.
- Você tem que ser forte, filho. Conversa comigo quando perder as forças, ok?
- Ok.
- Não desiste, filho.

A falta de ar tomou conta de mim.
E eu cansei de chorar tantas e tantas vezes em silêncio.
Peguei meu telefone e pensei em te ligar, mas isso me desmontaria mais ainda.
Tua voz sempre foi minha fraqueza.

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