quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

...enfim, me despeço!

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Por mim. Por ti.
Por nós. Por vós.
E o coração esquisito como todas as estranhezas que o mundo lá tem.
E o estômago esburacado com tanta merda mastigável que fui capaz de digerir.
E que não disse nada.
Apenas digeri.
E deixei aqui dentro junto dessa vontade absurda de pegar o telefone e te ligar para saber como estão as coisas.
Minhas mãos tremem ao pensar em ouvir a tua voz me dizendo que tudo está bem.
E eu sei que estas bem.
Mas isso não me incomoda, não como deveria, não como todos pensam que eu deveria pensar em ficar feliz com tuas más noticias. Eu nunca quis isso de ti por sempre querer o melhor de ti.
Não. Não me incomoda.
O que me incomoda é saber que estas melhor sem mim em ti.
É saber que teu coração bate tão forte para o mundo quanto batia por mim.
E machuca mais ainda saber que teu estômago não está tão empapuçado de tanta ladainha de todos aqueles romances que a gente insiste em se arriscar a se entregar quanto o meu.
Tanta besteira intragável entra por um ouvido e sai pelo outro que já desisti, mais uma vez do amor.
Da mesma forma que tu tens desistido de nós.
Da mesma forma que tenho desistido de mim.
Mas eu gostaria, meu bem, de te escrever está carta para te dizer que tenho insistido em não lembrar de você, porque isso machuca por demais.
E eu gostaria de te dizer também que meus olhos choram sangue toda vez que minha mente cansada insiste em me lembrar de você. Eu lembro que não sou capaz de te esquecer e isso faz com que eu me torne um fraco.
E desde que coloquei meus olhos em você, tu tens sido a minha maior fraqueza.
E todos sabem disso.
Sempre souberam.
E eles sempre irão comentar pelas minhas costas que não sou capaz de deixar de amar você.
Nisso eles estão certos.
Eles estão errados, meu bem, quando falam que sou forte o suficiente para apagar tudo isso daqui de dentro e te esquecer e superar e seguir em frente quando, na verdade, me sinto cada vez mais fraco por saber que não sou tão forte estando cada vez mais longe de ti.
Eu não sou forte sem você. E esse é o clichê romântico de adolescente que tenho vivido dia após dia.
E esse clichê machuca. E machuca até demais.

- Sinto que estou beirando a desistência. Não me aguento mais. Não aguento mais.
- Você precisa ser forte, cara. Você precisa continuar forte. Não desiste.
- Tem dias que é tão difícil. Tão difícil.
- Eu sei. Continua forte, cara. Continua forte. Não abaixa a cabeça. Não olha para o fim.
- O fim é apenas o que enxergo. Está difícil não pensar em outra coisa. Quando penso nela, lembro do fim. Quando lembro do fim, penso no meu fim. E isso me deixa tão, mas tão para baixo.
- Não desiste!
- Vai chegando essas horas da noite e vai batendo uma angústia.

Coração angustiado.
Estômago empapuçado.
Mente esburacada.
Olhos derramando lágrimas de sangue.
Ouvi o rádio tocando uma música qualquer.
E na TV qualquer porcaria se passava.
Ouvi o latido dos cachorros de rua.
Olhei pelas frestas do meu quarto e enxerguei luzes laranjas das calçadas que iluminam nossas noites.
E eu pedi para algo me iluminar.
Mas tudo sempre se apaga quando peço qualquer tipo de ajuda.
Voltei para o que estava focado em fazer.
Ah sim, veja bem. Oh sim, uma carta.
Mais uma carta.
Mas essa era uma carta diferente.
Estranha carta. Outra carta. A última carta.
E eu pensei em tantas coisas para te falar, mas não escrevi nenhuma delas.
Você nunca lê.
Porque, meu bem, se eu te escrevesse o melhor poema, tu jamais se importaria.
E mesmo que eu te fizesse a melhor das canções, tu nunca ouviria.
E sempre que eu penso em te ligar, lembro que não fazes questão nenhuma de ouvir minha voz.
E eu minto para os meus amigos que tudo aqui dentro está bem.
Eu sorrio de mentira para que percebam e acreditem que não estou sofrendo com a tua distância.
Eu bebo e minto que é para me divertir quando, na verdade, eu bebo para te esquecer.
Eu escrevo minhas cartas e minto que tudo está definitivamente em seu lugar quando, na verdade, tudo está mais bagunçado que todas as prateleiras do meu quarto.
Eu sei, querida, eu sei que você me pediu para ser forte. E saber a hora de parar. E olhar para frente e enxergar meu futuro porque, de acordo com tuas palavras, eu sou uma pessoa incrível e tenho muita coisa linda para viver, mas eu não enxergo um palmo a frente sem visualizar o caos do teu olhar sobre mim em julgamento por todos os erros entre nós que cometi.
E eu sinto saudades desse teu olhar. Não o que me julga, mas sim o que me perturba por saber que tens o melhor olhar de todo universo seguido de um belo sorriso que me pede para ficar e não te deixar.
E eu preciso te dizer, meu amor, que tenho vivido da pior forma do mundo, não por fora, mas aqui por dentro. Meu coração é mais angustiado que o de todos os poetas que já se passaram por nós. Meu estômago é o mais esburacado e ressecado do que todos os que foram capazes de amar que existiram no mundo. E ainda sim, eu continuo tentando seguir meus caminhos sem a tua direção.

Eu tenho tentado, meu bem. Juro, estou tentando ser cada vez mais uma pessoa melhor. E ter um coração bom e olhar para as pessoas como artistas de sentimentos bons. Juro que tenho tentado me manter em forma. E me cuidar mais. E me ajudar mais. Mas todas as manhãs o meu corpo arde para se levantar porque sabe que não tem suas mãos para me ajudar a enfrentar todos os sufocamentos que o mundo nos entrega. E esses dias eu lembrei que eu poderia estar tendo o pior dia da minha vida. Tudo poderia estar errado. Estragado. Inflamado. Abusado. Absurdo. Imundo. Perdido. E mal falado. Tudo. Mas eu saberia que quando caísse de encontro com teus braços, nada disso lá fora faria algum sentido para mim.
Os teus braços me mostravam todas as coisas boas e perfeitas que o mundo é capaz de ter. Eu encontrei a perfeição em apenas um só coração e deixei toda essa merda escorrer pelo ralo. E hoje, meu amor, me sinto culpado o suficiente para te dizer adeus de vez. E te pedir para que não fiques triste jamais, porque eu lembro que todas as vezes em que te vi triste, o mundo choveu tuas lágrimas e tudo ficou cinza. E quando você abria um sorriso no dia seguinte, eu abria as janelas e todo o poder do sol e o céu azul estavam exalando sob nós.

Eu sinto tanto tua falta. Mas tanto.

Eu odeio despedidas, meu amor. Você sempre soube disso, não é mesmo?!

- Eu te conheço, meu bem, sei o que se passa ai dentro de ti.

Sim, você sempre soube.
E eu derramo todas as minhas lágrimas por todos os dias lembrar que te perdi, amor da minha vida.
E eu me despeço, enfim!
A gente odeia despedidas, mas chega uma hora que elas são necessárias, não é querida?!
Acho que te escrevi minha última carta.
E sei que não irei me arrepender dela.
Sei que entreguei meus melhores - e piores - sentimentos, mas é tudo por você e para você.
E as três palavras que jamais entregarei, VERDADEIRAMENTE, para outra pessoa, sou capaz de escreve-las e dedica-las de corpo, alma, mente e espírito para ti: Eu te amo.

Adeus, meu bem.
Você me faz muita falta para continuar lutando como tenho tentado.
Adeus!

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