quarta-feira, 22 de maio de 2019

Te encontrei nos escombros, te puxei para mim e só enxerguei tua alma vazia

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Te puxei pelos dedos e senti tua pele quente. Nada tinha a me oferecer.
Te puxei pela mão e senti tua pele macia. Nada tinha a me entregar.
Te puxei pelo braço e senti o blues de teu corpo. Nada queria me oferecer.
Te puxei pelo ombro e senti que estava sendo rude. Nada queria me entregar.
Te toquei os cabelos e senti teu olhar desviando. Tu não queria me olhar.
Te toquei levemente no queixo para olhar para mim. Olhou. Sorriu em falso. Quis me olhar.
Abaixou a cabeça.
Te toquei os lábios e senti que poderia te beijar. Você mordeu os próprios. Sorriu em falso novamente. Não quis olhar para mim. Percebi que nada queria me entregar.
Te olhei nos olhos. Você mordeu mais ainda os lábios. Te trouxe para mais perto. Tu abaixou a cabeça. Nada queria me oferecer.
E eu insisti. Sem querer ser chato. Sem querer atravessar teus limites e vontades. Te olhei. Apenas te olhei. Acreditava que não bastava ser o suficiente. Te olhar me acalmava os nervos que eu sempre senti ao teu lado. E nada mais importa. E você nada tinha e queria me oferecer e entregar. E nada mais importa. Te olhei nos olhos. E isso é o que importa.
Toquei tuas mãos. Estavam frias como o vento lá fora. Teu olhar bateu de frente com o meu. Te olhei mais de perto. Te pedi por olhar. Ah, como eu te quero da maneira que sempre te quis. E nada mais importa. Mas tua vontade me importa bastante. Se não me queres, não tenho muito o que fazer. 
Tentei aquecer tuas mãos. Você disse que não precisava. Insisti. Você não se importou e deixou. Toquei teus braços. Estavam mais gelados que tuas mãos. Tentei esquenta-los também. Tu disse, novamente, que não precisava. Insisti. Você não se importou, mas se espremeu por entre meus braços porque realmente sentia frio. Tentei te esquentar. Me senti um chato, mas queria te ver bem. E eu sempre me sinto um chato quando se trata de amor. Por isso me afasto. Por isso determino não amar mais ninguém.
Falhei ao te ver!
Toquei teus cabelos. Tu me disseste que o frio não passava. Te abracei mais forte. Tu me disseste que meus braços não eram o suficiente. Tentei te esquentar. Tu me disseste que nada passava o frio constante. 
Toquei em teu queixo para me olhar. Tu me olhou. Não sorriu. Não mordeu os lábios. Apenas tremeu levemente. Forçando não sentir o frio. Sorri em silêncio. Te olhei. Esperando qualquer poesia sair de tua boca me dizendo para ficar, me dizendo que eu era suficiente. Me dizendo que as coisas boas que escrevi sobre ti nunca saíram de tua mente e que as noites em claro que tens passado seriam todas pensando em todas as maneiras que faremos e não faremos para ficarmos juntos sem dar muita importância para o mundo. Você tremeu de frio. Te trouxe para os meus braços. Você quis recusar. Cheguei mais perto. Insisti e senti ser um chato. E eu te quis neste exato momento, mesmo pensando ser o chato que sou. 
Desculpa, meu bem!
Tu me olhou. Se afastou. Pouco, mas se afastou. Me olhou. Pensei em chorar. Não quis ser mais chato ainda. Não insisti mais nada. Não tentei mais nada. Não pedi mais nada. Deixei o frio nos consumir. Que o frio consuma nossos corações ao invés do amor e da paixão. 
E o vento bateu forte em teus cabelos.
Teu cheiro chegou até mim.
Não suportei o fato de estar tão longe mesmo estando tão perto.
Te olhei.
Tu me olhou.
Mordi meus lábios.
Tu sorriu.
Encontrei uma esperança.
Tu balançaste a cabeça.
Perguntei o que estava acontecendo?!
E foi meu erro.
Tu disseste que meu amor não era o suficiente para o teu amor. Não era o suficiente. Nem será. Nunca foi.

Ah, tudo bem, querida. Tudo bem. Tudo sempre acaba tudo bem. E se não estiver tudo bem, a gente segue mesmo assim, meu bem. E quem se importa se tudo está tão bem quanto o nosso bem?! E quem se importa em enxergar se somos os românticos ou os chatos? E quem se importa se somos os interessados ou os de poucos interesses?
Ah, querida, nossas almas estão tão vazias quanto todos os amores contidos há décadas atrás em todos as esquinas da grande cidade cinza que passamos diariamente. E ninguém se ama mais. E quando se amam, fazem questão de terem o ego maior que o amor. E quando o ego infla e se enche por completo, o amor acaba. Acaba porque a gente já não é mais suficiente para egos que não se encontram em verdadeiros blues e botecos baratos com sentimentos totalmente reais aos que o mundo seria de acordo em sentir. E quando o amor acaba, sem nem mesmo ter começado, não existe nada que possamos fazer.
E em todas essas esquinas eu te procurei e não te encontrei. E em todos os bares eu te procurei e não te encontrei. E em todos os escombros eu te procurei e não te encontrei. E eu percebi, de fato, que eu estava perdido em cada bar de esquina, jogado pelos escombros de garrafas vazias que eu bebi ao lembrar que o amor está lá fora tão perdido quanto eu.

- Garçom, uma dose, por favor?
- Dose do que, senhor?
- De qualquer 'caralha' que tenhas nessa espelunca!
- Vodca, Tequila, Whisky ou Amor?
- Amor?
- Sim, temos doses de Amor?
- Vou arriscar a Tequila, por favor!
- Sal e limão?
- Ah, sim, muito obrigado!
- Pegarei para o senhor. Um instante!
- Garçom?!
- Pois não?!
- Enfia uma dose gratuita de Amor no cu de alguém desta espelunca. Essa merda não vale um tostão furado.
- Alguém em mente?
- Encontre a pessoa mais feliz deste lugar e enfie direto no meio do cu dela para que acorde para a realidade.
- É pra já, senhor!

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