sexta-feira, 12 de julho de 2019

NÃO!

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...e naquele boteco da esquina!

- Cara, vai com calma, tu estas bebendo pra caralho hoje!
- Meu coração é uma merda, parceiro!
- Mas vai com calma. O mundo não vai acabar amanhã.
- Meu cupido é um puta de um filho da puta!
- Calma, cara, calma! Coração foi feito para isso.
- Para isso o que, caralho?
- Para sentir. Para sofrer. Para amar. Para não ter!
- Que caralhos de filosofia barata essa, hein?!
- Você está bebendo igual um filho da puta mais desmiolado da porra desse mundo.
- Estou sofrendo, cara!
- Sofrendo por causa da porra de um amor?
- Sofrendo por causa da porra de uma mulher!
- Você é um burro. Te falei para não se apaixonar.
- Eu vou te matar, cara!
- Se mate primeiro! Eu disse para não se apaixonar.
- PORRA DE AMIGO DE MERDA!

Coração sentiu. Me desesperei.
Te esperei. Coração sentiu.
Coração sentiu. Te chamei.
Esperei teu chamado. Coração sentiu.
Coração sentiu. Ouvi tua voz.
Tu falou calma e sincera. Coração sentiu.
Coração sentiu. Te pedi para não ir embora.
Tu me olhou nos olhos. Coração bateu.
Coração acelerou. Te pedi para ser minha.
Senti medo de ouvir um "não". Coração sentiu.
Coração pulsou. Eu disse que te queria para mim.
Tu disse que não sabia o que queria. Coração encolheu.
Coração apertou. Tu continuou a me dizer que eu era incrível.
Mas disse que não podia ser minha. Coração quase parou.
Coração sentiu. Tu disse que gostaria de ser minha.
Mas me disse que agora não dava. Coração implodiu.
Coração sufocou. Te ofereci uma cerveja.
Você aceitou a cerveja. Coração sentiu.
Coração sonhou. Tu bebeu a cerveja.
Disse que pensou num futuro entre nós. Coração explodiu.
Coração respirou. Pegou tuas coisas e foi embora.

...sem ao menos me dar um beijo sequer.

*

E eu encontrei por pessoas me dizendo para entregar esperanças para as pessoas que são capazes de ler textos meus. E eu não entendi nada do que elas queriam me dizer. E eu olhei minha cartas. Averiguei minhas cartas. Li e reli minhas palavras. Não encontrei um pingo sequer de esperanças em palavras minhas. E isso me incomodou. Dei um passo para trás. Voltei todas as casas possíveis e pensei em como entregar esperanças para pessoas que ousam abrir teu coração e entregar o melhor delas para ter alguém importante em tuas vidas. Não consegui pensar em nada. NÃO. NÃO. NÃO!
Não cheguei em nenhuma esperança sequer. Esperança maldita! Onde se encontra esperança em caixas de amor? Não me ensinaram isso. Não. Não me ensinaram. E eu te procurei entre minhas cartas. Não te encontrei. Te procurei entre meu quarto. Não te encontrei. Te procurei entre meus quadros. Jamais te encontraria neles. Te procurei entre meus perfumes e aromas. Não te encontrei. Tentei te encontrar em tuas fotografias. Ansiedade de te encontrar por aí assolou meu coração de tal forma que beirou o sofrimento. Tentei te encontrar nas minhas formas de te querer. Não te encontrei aqui. Olhei para o lado e não te vi. Olhei para o outro e não te achei. Revistei mensagens nossas e te encontrei mais perto possível de que eu tenha capacidade de pedir para ficar. E te pedir para ser minha. Sorri. Não tive coragem. Voltei para o meu mundo. Voltei para o meu quarto. Apaguei a luz. Abri uma cerveja. Acendi um trago. Coloquei um blues. Fechei os olhos. Te senti. Te enxerguei. Te chamei. Pensei em escrever os meus melhores poemas desde que bati meus olhos em você. E teus olhos cor de fogo dizem que sou capaz de te querer cada vez mais. Cada dia mais. Cada minuto mais. E já não vejo esperança. E já não encontro saída. E eu sentei de frente com uma tela branca para te escrever e não consegui pensar em nada. Surtei. Aumentei o blues. Tomei outra golada de cerveja. Acendi mais um trago. Pensei em todos os começos possíveis de poemas para que fossem capazes de chegar até você. Não consegui pensar em um caralho sequer de título que não fosse em teu próprio nome. Surtei mais uma vez.
Bebi. Bebi mais. Bebi mais uma vez. Outra vez mais.
Surtei. Botei as mãos na cabeça. Arregalei os olhos.
Aumentei mais ainda o som do blues. Bebi mais um pouco.
Não consegui te esquecer e encontrar essa porra de esperança.
Senti que tua vinda para minha vida foi a minha destruição. Procurei por novos títulos. Procurei por novas esperanças. Não te encontrei, porra. 
Bebi um pouco mais na esperança de te esquecer. Falhei, porra!!!
E eu gritei para o mundo que não podia te deixar dentro da minha mente.
Ele voltou o grito dizendo que eu não podia te deixar dentro do meu coração.

CARALHO, como vou entregar esperança para quem lê essa merda se eu sou a maior falha que aqui se encontra? Eu não sei usar essa merda de amor. E sinto que irei me foder mais uma vez. Foda-se a esperança!

- Cara, vai com calma.
- NÃO VENHA COM ESSA DE NOVO, PORRA!
- Abaixa o tom da voz, filho da puta.
- Vais falar que não sei amar. Que eu deveria ficar quieto dentro de meu quarto. Que eu não deveria ter me apaixonado e me aproximado daquela mulher. Que eu sou uma falha em amar outra pessoa que não seja a mim mesmo, sendo que nem a mim mesmo consigo me amar por completo. Vais dizer que eu não deveria escrever mais uma poesia pensando em uma pessoa que nem te quer. Que nem se importa. E eu estou cagando para isso. E eu estou cagando para esse amor. E eu estou pouco me fodendo para o amor. AMOR, VAI TOMAR NO CU, AMOR! Foda-se essa merda, cara. E foda-se se eu escrevo apenas sobre o amor, porque o mundo está tão cheio de merda que esqueceram do amor, quando elas caem de cara com minhas cartas, elas lembram que essa merda existe, pelo menos por um curto período de tempo. E isso me entrega algum caralho de paz. O amor. É só isso que sei escrever. É só isso que sei fazer. Como se essa merda fosse algo extremamente importante. CALMA É O CARALHO, não vou ter calma quando meu maior medo é ouvir um NÃO daquela mulher. E eu quero ela para mim, cara. Eu quero! Ela é a mulher mais linda da cidade!!! E VAIS TE FODER!
- Estava falando sobre a bebida, seu filho da puta. Vai com calma.
- Mas que caralho!


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