domingo, 22 de fevereiro de 2015

A explicação monótona de todas as coisas inexplicáveis em três xícaras de café


Primeira xícara de café (O sentimento):

Meu silêncio mostra e rebate em todas as palavras que quero dizer e em todos os sentimentos que cansei de sentir e sinto desde os tempos que me conheço bem. Quer dizer, nunca me auto-conheci suficientemente bem para saber como lidar com todos os meus sentimentos, principalmente os que machucam por demais, mas ao mesmo tempo fazem com que eu sinta uma alegria imensa de poder estar vivo para sentir isso. Um deles é o amor. Oh, monótono e chato amor. Cansei de te sentir, mas ainda te quero aqui dentro de mim. Antes o amor do que o ódio. Antes a alegria do que a tristeza profunda. Antes dormir levemente bem do que a insônia. Se é que entende essas minhas confusões. Se bem que hoje já não faço questão que entendas minhas confusões. É dentro delas que me encontro. Uma junção de sentimentos, confusões e loucuras. Cansei de amar, mas também cansei de não me sentir completamente bem. Mas é amando que me sinto bem sem me sentir completamente bem e isso me mata pouco a pouco. Guardei o amor para o alguém certo ou certo alguém. Não. Talvez eu tenha guardado o amor certo para a pessoa errada por eu ser a pessoa mais errada e louca do mundo. Dessa vez eu sinto viva a loucura romântica dentro de mim, mas hoje já não quero cerveja ou uma bebida mais forte, quero continuar nessas minhas xícaras quentes de café e escrevendo minhas tais loucuras porque isso é o que sei fazer de melhor. Por partes dessa vez, apenas para tentar me encontrar de alguma tal forma. Cansei de me sentir perdido também. Incrível ressaca de loucuras que me invade manhã após manhã e me ensurdece noite após noite. Canso de mim. Cansei de mim. Sempre canso de mim por cansar demais as pessoas com minhas palavras e chatices e amores e romances e loucuras. Sinto que o amor cansou de mim também. Onde ele está? Guardado numa caixinha qualquer.

Segunda xícara de café (O diálogo):

- Porque tu sempre se cala quando é para a gente conversar e resolver as coisas? - ela perguntou.
- Prefiro calar meus sentimentos e ciúmes ao invés de enche-la de tanta merda acumulada em mim - eu disse e me deitei.
- Você é um idiota. Você sempre faz isso. Você fica mal, mas esqueces que me deixa mal também - sentou-se ao meu lado na cama e chorou.
- Sim. Eu sou um idiota. Meus sentimentos são a prova disso - eu disse e virei para o lado.
- Me desculpa - ela disse e se deitou.
- Você pede desculpas demais sem saber ao menos porque está pedindo desculpas. Isso é uma grande falha em você.
E dormimos abraçados.

E quantas pessoas você já amou ou se apaixonou? E quantas pessoas já te amaram e você nem se importou? Andando pelas calçadas de São Paulo, teorizei sobre os sentimentos que as pessoas já devem ter sentido por mim e cai numa profunda tristeza ao saber que muitas outras pessoas podem ter me amado em tal ponto de se entregarem por completo para mim. Que triste melancolia saber que várias outras pessoas ou até poucas podem ter me amado como talvez eu esteja sendo amado hoje. Tristeza saber que não sou capaz de retribui-las e deixa-las tão para baixo a ponto de sentirem vontade de não amar ninguém por NUNCA mais na vida delas. Já devo ter entristecido pessoas por estar amando outra pessoa, mas também já fui entristecido por amar alguém e ela estar amando outra pessoa. A vida amorosa de todo mundo faz parte desse ciclo constante em que amamos e não amamos, somos amados e não amados. O amor é mais triste que a vida e a morte. A gente vive para amar e morremos amando tal coisa ou um tal alguém. Não me importo em morrer amando, mas me importo bastante em não amar vivendo e me importo mais ainda que pessoas me amem e eu não possa fazer absolutamente nada por elas. Triste jogada do amor machucar a todos nós para ensinarmos o que devemos fazer, falar e entregar nas nossas vidas. Viver é muito triste. Viver amando é mais triste ainda. E que todos aprendam a separar apenas um momento da sua vida para ter aulas sobre o amor e que todos nós tentemos amar a pessoa errada do jeito certo e amar errado a pessoa certa. E que esse amor dure tempo suficiente para atrairmos a nossa felicidade. E que o amor arda dentro do peito ao fechar dos cílios e o encontro dos lábios. Que o coração daquelas pessoas se amem tanto a ponto de se tornarem apenas um.
Lembre-se sempre de minhas palavras clichês e monótonas: Todos nós seremos amados e amaremos também. Machucaremos pessoas sem querer. Entristeceremos pessoas por querer fazer outra pessoa feliz. Mas tudo, tudo mesmo na vida, é um certo aprendizado dentro dessa caixa que contém o amor mais inteligente guardado ali. Seremos inteligentes o suficiente para tira-lo de lá?

Terceira xícara de café (As palavras):

Achei em você explicação de todas as minhas confusões e loucuras inexplicáveis. Nunca quis amar do jeito que te amo e não ter uma pequena capacidade sequer em te odiar. Nunca quis me calar com o ciume do jeito que me calo quando sinto de você. Nunca quis todas as brigas bobas por conta de sentimentos mais bobos ainda, mas também nunca quis te ver chorar por coisas pequenas. Isso é triste, mas também sou um ser humano tolo que muitas vezes não sabe encaixar as peças certas nesse quebra-cabeças chamado Amor. Guardei por todos esses anos o amor que meus pais e avós e mais velhos que não conheço amam seus parceiros. Guardei o amor que arde. O amor que não tem explicação. Guardei sem um ao menos porque. Apenas guardei. Toquei todas as canções de amor em minha rádio para tentar te encontrar em qualquer entrelinha musical. Guardei o amor certo sendo eu a pessoa mais errada e ignorante de sentimentos que existe no mundo. Guardei a ultima xícara quente de café para escrever um pouco mais sobre ti de forma bem clara. Fecho os meus olhos e lembro de você. Entristeço por lembrar que já te entristeci com sentimentos tristes que batem e fluem dentro de mim. Te fiz chorar algumas vezes quando quem queria e devia chorar era eu. Continuo sendo apenas um tolo por não saber amar direito e que se encontra domingo atrás de domingo escrevendo cartas que poucas pessoas irão se interessar de verdade em ler. Acredito que ninguém se identifique com o meu amor ou romance, mas acredito que muitos desses já amaram e foram amados. E sofreram. E choraram. E ainda sofrerão e amarão. Que essa minha forma guardada de amar seja apenas para você. Meu coração arde ao me lembrar de um nome. Minhas noites são frias quando não tenho suas palavras. Teu amor em mim é viciante e o que mais queria era teus braços quentes para me esquentar nesse dia tão inquietante em que me encontro mais perdido do que todos os seres humanos burros desse planeta esquisito.

O amor está apenas me matando essa tarde e eu ainda não saquei a verdadeira explicação e motivo para esse sentimento tão inexplicável quanto te amar. Queimem minhas mãos para que eu sinta dor o suficiente e lembrar de que estou vivo. Queimem minhas cartas de amor para que eu sinta alguma outra tristeza além dessa que está corroendo o meu peito por conta do medo de ter um outro braço amável atrás de tua doce presença. Machucaria ver teus cílios piscando e se fechando para encostar os lábios em um outro lábio que não seja o meu.
O convite do meu olhar exibe em minhas retinas o poder te amar tão erradamente que sinto como se estivesse amando completamente certo. A vida deu o tiro certo em meu peito e descobri isso quando senti nada mais do que medo. O amor me deixou burro.

O meu lar é onde está o seu coração. Finalizo aqui minhas palavras porque acredito que todos os que vivenciaram as tristezas do amor não estão satisfeitos e felizes com a minha primeira realização verdadeira de amar. PARA O INFERNO com isso. Estou amando mesmo que seja errado. Certo ou errado. Estou amando.

Estou te amando. E errado. E vivendo. E escrevendo os piores contos de domingo que alguém como eu poderia escrever. A ultima xícara quente de café foi esvaziada por mim assim como minhas loucuras desses dias contidas na minha mente. Posso fechar os olhos agora e fingir uma certa felicidade.

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