quinta-feira, 28 de maio de 2020

Hoje é quinta-feira e me deu uma saudade danada!

charles chaplin | Tumblr
Eu começo todas as minhas mil palavras por uma fotografia, apenas para mostrar que os dois juntos querem dizer muita coisa sim.
E me bateu.
A vida me bateu.
A saudade bateu.
E eu quero te mostrar que é muito simples sentir falta de todas as coisas simples.
Assim como venho sentindo.
E é tudo muito simples.
Simples de estar.
Simples de ser.
Simples de ter.
Simples de ver.
E eu passei duas noites em claro tentando chorar, não consegui.
O aperto é constante.
O vazio cortante.
As palavras insuficientes.
E o olhar que diz muito.
Mas que ninguém quer saber.
Eles nunca querem saber o que significa o nosso olhar.
E o meu, muitas das vezes, suplica por socorro.
Socorro que ladra.
Socorro que implora.
Socorro que chora.
E eu não vejo nenhum deles aqui me estendendo a mão e me chamando para dançar.
Se bem que, a gente nem pode segurar outras mãos nesses dias.
E eu sinto falta. Muita falta.
Gostaria de te dizer.
Não para me redimir. Não para me vitimizar. Não para que enxerguem minhas palavras como um canto de dor ou tristeza. Eu quero que leiam e entendam como algo bom. E que esquente a tua saudade.
Eu sei que sentes falta de algo. Ou de alguém. Ou de si mesmo.
É normal e muito simples essa falta corroer as nossas entranhas e fazer a gente vomitar todas as baboseiras comestíveis em nossos estômagos vazios de sentimentos. Ou, muitas vezes, cheios até demais.
E eu senti saudade. Saudade daqueles momentos comuns.
Saudade de te pedir para entrar e se sentar.
Te dizer para ficar a vontade. Para não se acanhar.
E colocar a tua música preferida para te dizer que eu escutei ela a semana inteira, enquanto tu esteves fora.
Saudade de te pedir para tirar a roupa.
Espera, calma, não desse jeito. Não na sujeira da limpeza carnal.
Mas para que se sintas a vontade. Tira o tênis. Fica descalça. Tira a blusa. Tira a calça. Fica a vontade. E não se importe com o teu corpo. Ele é lindo dessa forma.
Fique simples. Seja simples.
Escute a música. Tome um vinho.
Tem cigarros sob a mesa.
Fume-os.
E se não gosta, jogue-os fora. Tanto faz. Não me importo. Apenas se sinta bem. E faça eu me sentir vivo estando em um momento simples de novo.
Vamos jogar conversa fora. Vamos sorrir. Vamos gargalhar. Vamos plantar nossas sementes no coração um do outro e esperar alvorecer algo lindo que só a gente de alma nobre pode dar.
Vamos falar das nossas besteiras. Vamos chorar os nossos problemas. Vamos reclamar. Vamos falar alto. Vamos gritar nossas canções preferidas e resmungar sobre nossos chefes.
Vamos escrever nossas próprias poesias.
Vamos ler nossas poesias e darmos risadas de nós mesmos.
Não tem problema. A gente não leva nada disso para o lado negativo da coisa.
Vamos beijar nossos rostos. Vamos beijar nossas mãos. Vamos nos sentir. Vamos entender que estamos vivos e nada mais importa.
Deixa eu te abraçar.
Me conforta com o teu abraço.
Me conforta com o teu sorriso.
Me conforta com o teu jeito.
E continue me contando tuas besteiras.
Todas elas importam para mim.
Aguenta um pouco, só um pouquinho. Vou apenas buscar outra cerveja e abrir o teu vinho preferido. Não saia dai. Não vai dar tempo nem de sentir saudades. Não vai dar tempo nem do peito apertar. Não vai dar tempo nem de pedir para eu voltar, porque logo estarei em nosso quarto novamente. Tu sabes disso.
Eu disse que não iria embora.

- Eu senti tanta falta das nossas conversas.
- Eu senti tanta falta dos nossos sorrisos.
- Eu senti tanta falta dos teus palavrões.
- Eu senti tanta falta de você.
- E eu de você. E nada mais importa.

Eu segurei o choro por duas noites seguidas, mesmo forçando a saída de todas as lágrimas.
E eu consegui chorar apenas hoje.
Nesta quinta-feira gelada.
Entrei debaixo do chuveiro quente, apaguei as luzes para me enxergar melhor por dentro.
Fechei os olhos.
Me vi todo desfigurado.
Não entendi bem o que tudo aquilo queria dizer.
Mas eu chorei. Chorei muito. Chorei pela falta. Chorei pelas perdas. Chorei pelas crianças. Pelos idosos. Chorei pelas mulheres que sofrem e estão sofrendo agora mesmo. Pelo país. Pelos meus pais. Chorei por mim. Chorei por meus amores. Chorei pelos romances. Chorei pelos abraços que eu não entreguei quando eu deveria. E chorei pelos beijos que eu deveria ter dado e por todas as palavras que eu deveria ter lançado. Chorei por conta do presidente. Chorei pelo que bate aqui dentro da mente. Chorei pelos socos que a vida entrega ao meu coração. Chorei assim, de repente. E nada mais importou naqueles 14 minutos que passei derramando lágrimas. E eu lembrei de todas as vezes que pensei em desistir. Eu lembrei de todas as vezes que pensei em sorrir. E não consegui. As duas coisas.
Eu lembrei das palavras que eu gostaria de escrever. Eu pensei em todas elas. E de todas elas eu senti medo e euforia. Eu gostaria de ter gritado. Eu gostaria de ter esperneado. Eu gostaria de ter dado murros e socos na parede. Mas eu apenas chorei. E deixei as lágrimas escorrerem enquanto eu tentava me entender e me compreender e me reconectar melhor com tudo isso. E o universo me disse para continuar e botar todas as palavras engasgadas para fora. Doces palavras. Palavras que ninguém entende, mas que são bonitas se tu parares para pensar.
Eu senti um medo absurdo de escrever.
Eu tremi em frente a tela com medo de falhar.
E não saber demostrar minhas saudades.
E talvez eu mesmo não tenha conseguido demonstrar tão bem assim. Acho que ninguém irá se identificar dessa vez. Não dessa forma.
As pessoas gostam de me ver sofrendo por amor.
Eu sei que gostam.
Porque todas elas sofrem por amor, por mais que esteja tudo dando certo nesse ramo.
É bom sentir, não é?
É bom o frio na espinha.
As borboletas no estômago.
E quando tudo da errado, a gente assassina todas elas lá de dentro. Mas é sempre bom amar e ter a quem amar.
Mas, como todas aquelas coisas que apertam o coração.
Como carinho sem afeto.
E amor sem relação.
Hoje apenas me deu saudade.
Saudade de estar.
Saudade de ser.
Saudade de ter.
Saudade de ver.
Saudade de ser tão simples quanto o amor que bate aqui dentro do peito.
E quando digo simples, não é sobre algo comum que a gente descarta facilmente, mas sim, de algo tranquilo e calmo e fácil.
O amor é fácil demais, nós como seres humanos que complicamos todas as coisas.
E isso é natural também.
Difícil mesmo é quando a saudade aperta.
Quando a boca boceja.
Quando o hálito revela apenas um aroma doce de aperto vindo do coração.
E quando a vontade de não existir mais come as tuas entranhas até você sentir a falta de chorar.
A solidão invadiu.
O coração apertou.
Os olhos choraram.
O peito acelerou.
Eu me desesperei e não soube para onde ir.
Então me tranquei. Me calei. E chorei. Chorei até a garganta doer e os olhos incharem.
E foi tudo muito bom para mim.
"É impossível ser feliz sozinho" já dizia Tom Jobim. Talvez ele estivesse certo. E calhou a gente se foder de tal maneira universal para entender que a solidão não faz sentido algum.
E eu, que sempre dei valor para pequenos encontros e grandes momentos, me visto da frase mais triste feita pelo homem que já existiu "Eu sempre gosto de andar na chuva porque ninguém pode ver minhas lágrimas".
Lembrando que quem disse isso foi Charlie Chaplin, o melhor ator, gênio absurdo, comediante de todo o universo. E que morreu triste.
E eu me senti assim embaixo daquele chuveiro quente.
Escrevi algumas palavras e já me sinto bem melhor.
Quem sabe eu não tenha escrito algo que realmente dê algum impacto.
Quem sabe eu não morra triste também.
E com uma puta dor nas costas.
A gente nunca sabe, não é mesmo?

- A gente nunca sabe, meu bem!
- A gente nunca sabe do que, querido?
- Quando a saudade vai revestir nossos corações.
- Porque está falando isso, meu bem?
- Me deu uma saudade danada de um momento simples, querida. Uma saudade danada!

Toda vez que eu escrevo, sinto que não foi o suficiente.
Sinto que falta algo.
E eu nunca sei bem o que é.
Se estiver faltando algo no teu coração ou nessa carta, me conte, ok?!
Estou triste demais para lembrar de tudo que eu gostaria de te dizer.
E comecei a chorar novamente.
Mas dessa vez não estou pensando em desistir.
Não agora.
Apenas tentando me enxergar um pouco menos desfigurado para compreender melhor tudo isso.
É triste, né?
Mas eu sei que tu estas triste também.
É normal.
É simples.
É genial.
Mas passa.
Sempre passa!

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